Profº Dr° Rafael Montanari DISC IPLINA DE C IÊNC IAS BIOLÓGICAS
Ilha Solteira – SP 2014 AULA 5
RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA DE REMANESCENTES FLORESTAIS
Roteiro para a elaboraç ão de pr ojeto para a recuperação de áreas degradadas:
INTRODUÇÃO Importância do projeto; Obrigações legais; Objetivos da recuperação.
II.Histórico da área Uso atual;
Como era antes da degradação: vegetação, fauna, hidrografia, clima, atividades antrópicas);
III.Diagnóstico
Identificação e avaliação de impactos; Caracterização da paisagem;
Caracterização do solo (limitações, fertilidade);
Análises biológicas e químicas da água;
Fauna (espécies,bioindicadoras e dispersoras, relação flora/fauna)
Flora (características, levantamentos florísticos e fitossociológicos)
IV.METODOLOGIA Obras de Engenharia:
Contenção de erosão, rede de drenagem; Construção de barragens de rejeito (mineradoras)
Métodos para a revegetação e manutenção: Escolha de espécies;
Plantio de mudas; Uso de bancos de sementes; Hidrossemeadura;
ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO ORÇAMENTO
CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
Té cnicas empregadas visando:
Conservação de fragmentos de matas nativas já existentes numa microbacia ou propriedade rural.
Fragmentos em Áreas de Preservação Permanente e na forma de Reserva Legal:
Tamanho reduzido e continuam sofrendo pressão antrópica.
Em propriedades rurais:
Florestas reduzidas a uma faixa estreita, cujo entorno é ocupado por lavouras e pastagens.
a) Impactos Indiretos: 1. Entrada de agrotóxicos: cultivos; 2. Entrada de gado bovino; 3. Entrada de animais domésticos
.
b) Impactos Diretos:
1. Retirada de lenha;
2. Extração de plantas ornamentais ou medicinais; 3. caça, extração de areia dos rios, incêndios provocados pela
queima de pastagens e/ou, restos vegetais.
Os impactos tendem a ser mais drásticos:
Quanto menor e mais isolado de outros fragmentos florestais que se deseja restaurar.
Efeito das atividades agrícolas mal planejadas sobre os fragmentos florestais:
Extinção local de espécies fauna e flora; simplificação da estrutura da floresta; redução da regeneração de espécies arbóreas nativas; invasão de espécies e animais exóticas (cultivadas ou não); erosão e compactação do solo.
Estratégias para a Recuperação de Áreas Degradadas
Deve-se associar planejamento + processos naturais de sucessão. A)Seleção de espécies
Espécies típicas dos ambientes que serão recuperados;
Seleção baseada:
conhecimento da composição florística e fitossociológica de ambientes similares;
Obs. do desenvolvimento de spp em arboretos e plantios experimentais
Obs. de áreas degradadas em início de regeneração natural -vizinhas ao local;
Conhecimento ecofisiológico das spp. – não restringir ao uso de apenas pioneiras arbóreas mas também gra míneas e arbustivas.
Número de espécies = baseado no conhecimento da sequência de sucessão.
Ex: usar um > número na fase inicial (pioneiras e secundárias iniciais) e, posteriormente, enri quecer com espécies secundárias tardias e clímax.
Critérios para a seleção de espécies
Ocorrência naturalna região;
Caráter pioneiro apresentando rápido crescimento e rápida cobertura do solo (paralisação dos processos erosivos); Alto potencial de dispersão da espécie; Rusticidade e bom desenvolvimento emsolos pobres;
Alimento para a fauna regional; Facilidade de propagação de mudas;
Grande densidade foliar e bom formato de copa;
Sistemas radiculares profundos e grande potencial de reciclar nutrientes.
B)Métodos biológicos para a recuperação de áreas degradadas
Utilização de fungos micorrizicos. B1) Plantio de mudas
Objetivo principal = proteção rápida do solo contra erosão;
Muito usado em áreas com boas precipitações; Fácil operacionalização e custo reduzido em áreas de
fácil acesso;
Usado p/ introduzir espécies tardias e clímax onde já exista certa cobertura (enriquecimento);
B2) Semeadura direta
Plantio de sp secundárias tardias e clíma x com o plantio de mudas de pioneiras ou leguminosas;
Pode aumentar a diversidade da flora da área a ser recuperada.
B3) Semeadura aérea ou chuva de sementes
Áreas de difícil acesso, com altas precipitações – inviável uso de outros métodos;
São semeadas, principalmente, spp. pioneiras e menor quantidade de secundárias iniciais;
Limitações: tamanho das sementes, dormência, custo, compactação do solo local.
B4) Hidrossemeadura
Técnica mecanizada – jateamento com uso de bomba; Lançamento de uma mistura de água, sementes e fertilizantes.
TÉCNICAS USADAS NA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS
Alternativas para recuperação de uma mata ciliar Fonte: Carpanezzi, 1998
P: Espécies pioneiras SI: Espécie secundária inicial ST: Espécie secundária tardia C : Espécie clímax
Esquema proposto pelo IEF (1994)
50% P, 30% de SI, 10% de ST e 10% de C
ETAPAS PARA A RECUPERAÇÃO DA ÁREA
1. Levantamento das condições edáficas da área. 2. Estudos florísticos e fitossociológicos em matas ciliares
remanescentes na região; 3. Coleta de sementes e produção de mudas;
4. Preparo do solo (aração, gradagem e sulcamento ou simplesmente sulcamento, dependendo da situação do solo e do tipo de vegetação existente);
5. Combate às formigas cortadeiras;
6. Adubação (NPK 4-14-8), plantio e replantio;
7. Manutenção (capina, roçada, combate às formigas e adubação
em cobertura) enquanto for necessário (geralmente até o 3o ano). OUTRAS ETAPAS UTILIZADAS NA RECUPERAÇÃO
1. Isolamento da Área
Isolar os fatores de degradação: estabelecer o limite entre a floresta nativa e a área de atividade agrícola ou urbana.
Não é indicada a utilização de telas, pois não se deve isolar a passagemde animais silvestres.
recomenda-se a utilização da cerca normal, utilizada em pastagens!!!!!
Proteção da floresta contra a ocorrência de fogo: construção de aceiros:
Limpeza de uma faixa de vegetação de pelo menos 5 a 10 metros de largura;
manutenção constante, pois a regeneração é rápida; redobrar a atenção com o fogo nos períodos de Estiagem.
2. Implantação de Zona Tampão
Faixa com atividade agrícola menos impactante, entre o fragmento e a área com agricultura tradicional dentro da propriedade.
Largura da Zona Tampão
Depende dos interesses e das necessidades do produtor rural:
Quanto mais larga for a faixa, melhor o seu efeito protetor à vegetação do remanescente florestal.
Função:
A zona tampão atua como quebra - vento, reduzindo a velocidade dos ventos que atingem o fragmento florestal, e que causam a quebra das árvores.
Efe ito de Borda
Causado principalmente pela ação do vento, em alta frequência promove:
a abertura de grandes clareiras nas bordas
aumento dos níveis de luz no interior da floresta, favorecendo a invasão de trepadeiras e gramíneas agressivas.
Tipo de Zona Tampão
a) Implantação de Sistemas Agroflorestais - SAFs
Sistema complexo:
várias espécies e estratos verticais de vegetação; menos susceptíveis ao ataque de pragas e doenças; tendema fornecer uma ciclagem de nutrientes eficiente e bom
controle de erosão.
Pre paração da área para implantação do SAF
SAF Implantado
3. Implantação de Corredores Ecológicos
4. Controle de Cipós
Comum na borda dos fragmentos florestais
Plantas favorecidas por ambientes perturbados, onde há maior incidência de luz;
Se desenvolvem agressivamente, podendo inibir a regeneração natural das espécies arbóreas;
Causa a morte de árvores adultas pela queda ou sufocamento.
Recomenda-se o corte periódico destas trepadeiras = CONTROLE DA POPULAÇÃO u ma vez que também desempenhamfunção ecológica;
Fornecem pólen e néctar para insetos polinizadores;
Frutos para animais dispersores de sementes.
O controle deve-se restringir as bordas de matas e clareiras, mantendo as populações presentes no interior das florestas.
Resolução CONAMA 369/2006
Autoriza a adoção de técnicas de controle de espécies invasoras agressivas emAPP.
Autorização conferida por uma agência do órgão ambiental: IBAMA, Sec. Meio Ambiente Estadual ou Municipal.
5. Adensamento da Regeneração em Clareiras Origem Natural: queda de árvores pela ação de ventos fortes,
chuvas, deslizamentos de terras, ataque de insetos, etc; Origem Antrópica: corte de árvores, ação do fogo, etc.
5.1. Classificação das clareiras
Clareiras naturais pequenas: menores que 200m2. Clareiras naturais médias: entre 200m2e 400m2.
Não geram prejuízos ecológicos a floresta Contribuem para o processo de sucessão ecológica
Grandes Clareiras: maiores que 400m2.
Queda de árvores ou resultante de desmatamento, uso do fogo, etc.
Necessitam de novo estimulo para serem novamente ocupados por vegetação arbórea, RECOM ENDA-SE:
ADENSAMENTO DA REGENERAÇÂO NATURAL para estimular a sucessão natural, através do planti o de mudas ou semeadura direta.
B5) Uso de matéria orgânica
B6) Uso de serrapilheira
B7) Uso de telas naturais
B8) Aplicação de microorganismos
B9)Colocação de poleiros artificiais
Como saber se a RECUPERAÇÃO FOI EFETIVA?
Indicativos:
Eliminação da vegetação invasora por sombreamento; Fechamento das copas;
Formação de serrapilheira; Eliminação dos processos erosivos;
Desencadeamento do processo de regeneração natural.
Considerações finais
“Cada situaçãode recuperação de uma área degradadaé uma nova situação, visto que a vegetação, solo, tipo e nível de impacto, entre outras coisas, são extremamente variáveis. Assim o processo deve ser constantemente adaptado e ajustado à problemática específica.”