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A IMPORTÂNCIA DE OFICINAS INTERATIVAS NA AMPLIAÇÃO DO CONHECIMENTO DE ADOLESCENTES SOBRE SEXUALIDADE E DROGAS

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A IMPORTÂNCIA DE OFICINAS INTERATIVAS NA AMPLIAÇÃO DO CONHECIMENTO DE ADOLESCENTES SOBRE SEXUALIDADE E DROGAS

Camila Silva Barbosa1

Samuel Victor Pereira Barbosa2

Rafael Rodrigues Cardoso3

Thamara Joyce Alves Rocha4

INTRODUÇÃO

A adolescência corresponde a um longo período do desenvolvimento humano, que se estende por até 10 anos, caracterizado por grandes transformações físicas, sociais e psicológicas (DUCAN, 2004). Seu início, acontece entre os oito e treze anos para as meninas e de nove aos quatorze anos para os meninos (MINAS GERAIS, 2006).

As transformações psicológicas associadas às pressões sociais e familiares vivenciadas pelos adolescentes costumam agravar os problemas decorrentes desta fase e, em consequência, acentuam os quadros clínicos de doenças adquiridas neste período (DUCAN, 2004). As mudanças nessa fase da vida fazem com que o adolescente viva intensamente sua sexualidade, manifestando-a muitas vezes através de práticas sexuais desprotegidas, podendo se tornar um problema devido à falta de informação, de comunicação entre os familiares, tabus ou mesmo pelo fato de ter medo de assumi-la (CAMARGO & FERRARI, 2009).

A adolescência é uma época de exposição e vulnerabilidade relacionada também ao consumo de drogas, ocorrendo frequentemente sua experimentação. Para alguns adolescentes, o uso indevido de substâncias psicoativas será apenas parte de seu processo de desenvolvimento, e cessará com o amadurecimento. Outros, porém, desenvolverão um uso problemático, interrompendo o processo normal da adolescência, podendo acarretar graves consequências a curto e longo prazo para a vida desses indivíduos (TAVARES et al, 2004).

A identidade sexual e social de cada indivíduo é construída, primeiramente pela influência familiar, através da visão de mundo e valores que se herda dos familiares. Refere-se ainda o ambiente escolar, no qual o jovem entra em contato com outros valores e significados e, ao confrontar ao herdado, elabora sua própria conduta, ou seja, escola oferece aos jovens uma realidade diferente da família (CAMARGO & FERRARI, 2009).

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Além do estímulo constante dos meios de comunicação e da condescendência dos pais, é possível mencionar vários outros fatores de risco que viabilizam o acesso dos adolescentes a substâncias psicoativas como sua grande disponibilidade, principalmente de drogas lícitas em estabelecimentos comerciais e a falta de fiscalização adequada para sua venda, sendo comum a aquisição por menores de 18 anos. Os costumes culturalmente aceitáveis, que estimulam o hábito de “beber socialmente” ou fumar por “ser elegante” aliado ao baixo custo de algumas dessas substâncias colaboram para a inserção do jovem no âmbito do álcool e outras drogas. Em relações familiares conflituosas, o adolescente pode utilizar o consumo como fuga à situação. O risco generalizado parece, assim, definir e circunscrever negativamente a adolescência, dando ensejo a expressões, ações e atitudes absurdas em relação aos adolescentes. (CAVALCANTE, ALVES & BARROSO, 2008).

As abordagens multidisciplinares permitem identificar e atuar sobre fatores de risco de forma preventiva. Além disso, existem boas evidências de que, quando pautado na integralidade do cuidado e na educação em saúde, o acompanhamento longitudinal promove a adoção de hábitos e atitudes de vida mais saudáveis, por parte, principalmente, do estudante cidadão que está em formação (BRASIL, 2009).

Tais fatos, que justificam a necessidade de ações direcionadas para o adolescente, motivaram a realização de oficinas de prevenção a partir de projetos de extensão da Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES).

METODOLOGIA

Trata-se de um relato de experiência da oficina “Adolescentes e a Nova Onda” realizada na Escola Estadual Antônio Canela como parte do projeto de extensão “10º Fórum de Biotemas na Educação Básica” no dia 27/04/2013. No citado fórum, além de minicursos e oficinas, havia palestras, exposições, stands, apresentações artísticas e culturais.

O projeto Biotemas é realizado anualmente e representa a interação entre a Universidade, suas diversas áreas do conhecimento e a Educação Básica. Favorece a aproximação dos futuros profissionais com o âmbito social, por meio da aplicação de conhecimento científico e intercâmbio de experiências. É um projeto que congrega diversas áreas do conhecimento, e se materializa na interação entre alunos e professores do ensino fundamental e médio assim como acadêmicos e docentes das instituições participantes. O projeto é um espaço para a aplicação e compartilhamento de conhecimentos acadêmicos, científicos e culturais além da discussão de temas associados à ciência e tecnologia.

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O público alvo foi de 12 adolescentes, de 14 a 17 anos, do Ensino Médio da citada escola, tendo em vista que essa é a faixa etária em que, frequentemente, ocorre a iniciação sexual e inserção do jovem no âmbito das drogas, fazendo-se necessária a realização de ações de intervenção.

Os adolescentes foram divididos em dois grupos de seis participantes, denominados “A” e “B”, sendo cada grupo acompanhado por um dos acadêmicos pertencentes à equipe organizadora da oficina. Foram preparadas dezoito questões (tabela 1) relativas à sexualidade e uso de drogas, em que um dos grupos escolhia uma questão a ser respondida pelo grupo oposto no período de aproximadamente dois minutos. A resposta poderia ser contestada e completada pelo grupo questionador. Em cada questão foi atribuído o valor de um ponto, distribuído de forma proporcional à colaboração de cada grupo na construção da resposta correta, fomentando assim a discussão e evocação de conhecimentos prévios. Após a argumentação dos participantes, os acadêmicos ministraram informações objetivas e abrangentes às indagações dos estudantes.

Tabela 1 – Questões ministradas na oficina “Adolescentes e a nova onda”.

1- Qual é o dia certo para começar a tomar a pílula anticoncepcional? O que fazer quando se esquecer de tomar?

2-Qual é o único método contraceptivo que previne as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)?

3-Cite três DST’s e os modos de como podem ser contraídas.

4- Quais são os indícios da gravidez e quais as atitudes devem ser tomadas caso se confirme que está grávida?

5- O que é a pílula do dia seguinte e quando deve ser usada? Você conhece as consequências de seu uso?

6- Até qual idade deve acontecer a 1ª menstruação?

7- Você conhece o exame de prevenção de câncer de colo uterino? Quem deve fazê-lo? Quando deve ser iniciado?

8- Quais são as consequências do aborto?

9- Cite as duas drogas que possuem uma disseminação significativa na população do Brasil e do mundo.

10- Cite três fatores de proteção que evitam o uso de drogas pelo indivíduo. 11- Quais são os riscos decorrentes do uso esporádico de drogas pelo indivíduo.

12- O que significa a sigla AIDS? Qual o sistema e célula acometidos pela doença? Cite quatro sintomas comuns que aparecem na evolução da doença.

13- Quais os riscos que o álcool e outras drogas acarretam para o feto se usados pela mãe durante a gestação?

14- Dentre os métodos a seguir (camisinha, diafragma, pílula anticoncepcional, espermicida), qual não representa um método de barreira?

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Durante o período das atividades, foi colocada à disposição dos estudantes uma caixa, com o objetivo de coletar dúvidas que os estudantes porventura se mostrassem inibidos de esclarecer em frente aos colegas. Além disso, ao final, os alunos receberam o material “Diário do adolescente: crescer com saúde” do Ministério da Saúde, com informações e instruções relativas à vivência de uma adolescência saudável no que se refere à sexualidade e as transformações físicas características desta fase.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A diminuição gradativa da idade média da entrada da puberdade, caracterizada pela antecipação do desenvolvimento fisiológico ante ao cognitivo e o emocional, consiste em um fator de risco para a iniciação sexual prematura. Por conseguinte, tal antecipação é passível de acarretar, além de uma gravidez não planejada, infecções com doenças sexualmente transmissíveis (DST) e suas consequências.

A vulnerabilidade se expressa como um componente inerente ao processo da adolescência, constituindo uma intensa fase de mudanças biológicas e psicossociais, a qual o jovem percorre. Ressalta-se o seu comportamento perante as situações de risco, em que muitas vezes adotam posturas de negligência frente ao perigo.

Constatou-se que os adolescentes possuem concepções errôneas quanto à transmissão das DST/AIDS. A conceituação relatada pelos participantes baseia-se predominantemente em conhecimentos prévios, advindos de relatos de amigos, influência midiática e experiências próprias. Nota-se que há uma esteoreotipação das DST/AIDS seja quanto aos seus portadores, aos seus sintomas ou quanto aos meios de transmissão.

No que tange a inserção dos jovens no âmbito do álcool e outras drogas, os adolescentes demonstraram conhecimento quanto à diversidade destas substâncias e salientaram a atual facilidade para adquiri-las. É notória a disseminação do consumo nos diversos núcleos sociais, destacando entre estes o centro escolar, a família e a comunidade. Entretanto, as respostas referentes às consequências biopsicossociais do uso de substâncias psicoativas não foram satisfatoriamente contempladas pelos jovens, uma vez que relataram dúvidas quanto aos transtornos psíquicos decorrentes do vício, a influência da drogadição na gestação, os processos biológicos afetados, as consequências jurídico-morais, os mecanismos de ação das substâncias e os recursos sociais para a reintegração do usuário a sociedade.

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Quanto à expectativa dos organizadores da oficina para as atividades propostas, confirmou-se que atividades dinâmicas, de cunho competitivo visando à construção do conhecimento e o trabalho em equipe, tal como foi proposto, resulta em uma maior interação e compartilhamento de conhecimentos, dúvidas, opiniões e valores entre os participantes. Portanto, fomentar a capacidade de enfrentamento e de questionamento dos adolescentes caracteriza-se como uma forma de promover a prevenção por meio da consolidação de informações e reconstrução de atitudes responsáveis.

Pode ser observado a partir das impressões dos acadêmicos que o contato do acadêmico de Medicina com o estudante da Educação Básica deve ser valorizado, ultrapassando a limitação dos hospitais e unidades de saúde, partindo para a busca ativa do adolescente no seu ambiente predominante. Além disso, percebeu-se que o conhecimento, interesse e envolvimento das meninas supera a participação dos meninos, que foi bastante discreta na oficina, revelando a importância de um espaço de discussão que seja simultaneamente descontraído e construtivo, superando a timidez do adolescente. É notável que a parceria entre os acadêmicos e a equipe do projeto contribuiu para os resultados positivos, como no seguinte relato: “foi de fundamental importância para a execução do nosso projeto a parceria com a equipe do Biotemas, com o fornecimento de recursos materiais, humanos e didáticos, propiciando um espaço adequado para a construção de conhecimentos dos adolescentes”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização da oficina junto aos alunos do ensino médio de uma escola pública do município de Montes Claros, Minas Gerais, permite concluir que os adolescentes possuem concepções inadequadas no que diz respeito à transmissão das DST/AIDS, visto que tais informações são baseadas unicamente em conhecimentos prévios e experiências malsucedidas.

As oficinas representam o ponto inicial de um processo a ser complementado pela família,

pela escola e por políticas sociais voltadas para os jovens no nosso país. Propiciam um lugar para discutir assuntos dificilmente tratados em outros espaços institucionais, possibilitando a criação de uma maior autonomia, necessária para torná-los sujeitos de sua própria saúde (CAMARGO & FERRARI, 2008). Os adolescentes tiveram a oportunidade de refletir seus próprios valores, tendo os acadêmicos o papel apenas de interlocutores e facilitadores da discussão e reflexão.

Dessa forma, pode-se perceber que a metodologia baseada em oficinas favorece espaço de discussão, de trocas de experiências pessoais e do grupo, partindo da realidade para a reflexão e o debate de suas próprias práticas. Através disso, pretende-se formar adolescentes multiplicadores do

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de atividades extensionistas. Tais atividades teriam o objetivo de superar o hiato de conhecimentos sobre as formas de prevenção das DST e da inserção de jovens no âmbito das drogas, relacionada diretamente a pouca ou à falta de qualidade das informações veiculadas nas nossas escolas, bem como em outras instituições formadoras de opinião. Portanto, espera-se que o ambiente escolar constitua o espaço adequado para implementação de programas educativos, quando se leva em consideração a efetividade da participação conjunta dos adolescentes, professores e familiares.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde na escola / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2009.

CAMARGO, Elisana Ágatha Iakmiu; FERRARI, Rosângela Aparecida Pimenta. Adolescentes: conhecimentos sobre sexualidade antes e após a participação em oficinas de prevenção. Ciência & Saúde Coletiva, Londrina-PR, n. 14, v. 3, p. 937-946, 2009.

CAVALCANTE, Maria Beatriz de Paula Tavares; ALVES, Maria Dalva Santos; BARROSO, Maria Grasiela Teixeira. Adolescência, Álcool e Drogas: uma revisão na perspectiva da promoção da saúde. Esc. Anna Nery Revista de Enfermagem; v. 12, n.3, p. 555-559, 2008.

DUNCAN, Bruce B. et al. Medicina Ambulatorial: Condutas de Atenção Primária Baseada em Evidências. 3. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2004.

JEOLAS, Leila Sollberger; FERRARI, Rosângela Aparecida Pimenta. Oficinas de prevenção em um serviço de saúde para adolescentes: espaço de reflexão e de conhecimento compartilhado. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 8, n. 2, 2003.

MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Atenção à saúde do adolescente: Belo Horizonte: SAS/MG, 2006. 152 p.

TAVARES, Beatriz Franck. et al. Prevalência do uso de drogas e desempenho escolar entre adolescentes. Revista de Saúde Pública, Pelotas-RS, n. 35, v. 2, p.150-158, 2001.

Referências

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