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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 11ª Câmara de Direito Público

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Academic year: 2021

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Registro: 2014.0000647521

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Agravo de Instrumento nº 2134852-39.2014.8.26.0000, da Comarca de São Paulo, em que é agravante FUNDAÇÃO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR DE SÃO PAULO - PROCON, é agravado ALSARAIVA COMÉRCIO EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS E PARTICIPAÇÕES EIRELI (HABIB'S).

ACORDAM, em 11ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de

São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmo. Desembargadores LUIS GANZERLA (Presidente sem voto), RICARDO DIP E PIRES DE ARAÚJO.

São Paulo, 23 de setembro de 2014.

OSCILD DE LIMA JÚNIOR

RELATOR

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VOTO Nº 14557

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 2134852-39.2014.8.26.0000 COMARCA: SÃO PAULO

AGRAVANTES: PROCON FUNDAÇÃO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR E OUTRA

AGRAVADA: ALSARAIVA COMÉRCIO EMPREENDIMENTOS

IMOBILIÁRIOS E PARTICIPAÇÕES EIRELI

Juiz de 1ª Instância: Kenichi Koyama

ANULATÓRIA DE ATO ADMINSITRATIVO PROCESSO ELETRÔNICO Decisão que indeferiu pedido de juntada de mídia eletrônica (CD), não passível de download, de modo a rebater alegação trazida pela agravada Mídia eletrônica que busca comprovar fato controvertido, ao qual deve ser oportunizado às partes a dilação probatória, sob pena de vulneração da ampla defesa e do devido processo legal - Inteligência do art. 11, § 5º, da Lei nº 11.419/2006 Decisão reformada.

Recurso provido.

Trata-se de recurso de agravo de instrumento com pedido de efeito ativo contra a decisão copiada a fls. 95/96, proferida nos autos de ação anulatória de ato administrativo, que indeferiu a juntada de mídia eletrônica, não passível de download no processo digital, sob argumento de que a juntada do CD não serve à solução do litígio e se traduz em simples guarda, desvinculada dos autos, dentro da estrutura cartorária, já confusa com as petições físicas.

Os agravantes alegam, em síntese, cerceamento de defesa e negativa de vigência ao disposto no art. 11, §5º, da Lei nº 11.419/06, que dispõe sobre a informatização do processo judicial. Isso porque a juntada dessa prova se destina a rebater a alegação da agravada de que a campanha veiculada destinava-se à distribuição de livros infantis, tendo, portanto, caráter educativo.

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Em sede de análise preliminar, foi indeferido o efeito ativo à decisão agravada (fls. 100/101).

Contraminuta a fls. 106/121.

É o relatório do necessário.

Diante da análise dos autos, depreende-se que a Alsaraiva Comércio Empreendimento Imobiliários e Participações EIRELI (“Habibs”) ajuizou ação objetivando a nulidade do auto de infração e imposição de multa 5466, série D7, processo administrativo 1674/10, lavrado pelo Procon Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor, que cominou sanção pecuniária no importe de R$ 2.408.240,00, em razão de autora promover publicidade que se aproveita da deficiência de julgamento e experiência da criança, com infração ao art. 37, §2º, do CDC.

Ocorre que, ofertada a contestação, os réus requereram, nos termos do art. 11, §5º, da Lei nº 11.419/06, a juntada de mídia eletrônica, não passível de download no processo digital, destinada a rebater a alegação da agravada de que a campanha veiculada destinava-se à distribuição de livros infantis, tendo, portanto, caráter educativo.

Sobreveio, então, a r. decisão agravada, que indeferiu o pleito formulado pelos réus, mediante argumento de que a juntada do CD não serve à solução do litígio, traduzindo-se em simples guarda desvinculada dos autos.

Esses são os fatos.

O recurso deve ser provido.

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fundamentos para a inocorrência da infração o fato de que a campanha estimulava a leitura, e que o kit poderia ser vendido separadamente:

“A campanha publicitária considerada abusiva pelo PROCON foi criada com a preocupação de incentivar a interação infantil com o meio ambiente e com a leitura, ensinando as crianças, de forma lúdica, o papel que os animais desempenham no equilíbrio do planeta. Para tanto, foi contratada equipe especializada na criação de material literário com redação acessível ao público infantil, que, por meio de ilustrações, com estética agradável e envolvente, pudesse gerar o interesse infantil pela leitura e pelo aprendizado” (fls. 14/15).

Todavia, os réus, na contestação, impugnaram tal assertiva, salientando que não se trata, na realidade, de uma campanha de estímulo à leitura, e sim de campanha publicitária abusiva destinada ao público infantil, que consistia na venda de alimentos acompanhados de brindes colecionáveis brinquedo e livro. Isso porque “no vídeo publicitário em questão, em síntese, aparecem diversas crianças interagindo com os brinquedos “Bichinhos” divulgados na campanha”. Nota-se que a situação, à evidência, atribui relevância ao fato de brincar com os bichinhos, representando o simples 'ter por ter'” (fls. 67).

Desta feita, forçoso reconhecer a controvérsia que paira em torno deste fato, uma vez que a postulação formulada pela autora foi expressamente impugnada pelos réus. Repita-se: segundo a autora, trata-se de campanha que estimula a leitura, segundo os réus, trata-se de campanha que se resume à apresentação de 16 bichinhos que possuem corda, de modo a estimular a compra do referido kit, pelo simples fato de adquiri-los.

Desta feita, ousa-se discordar do r. entendimento do juízo a quo de que, na espécie, a juntada de mídia em Cartório não diz respeito à controvérsia do processo. Vale dizer, os réus requereram a juntada de mídia eletrônica, não passível de download no processo digital, destinada a

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rebater a alegação da autora de que a campanha veiculada se destinava à distribuição de livros infantis, tendo, portanto, caráter educativo.

Obviamente que se trata de ponto controvertido e, como tal, às partes deve ser assegurada a dilação probatória, de modo a comprovarem suas alegações. Desta feita, não é possível o indeferimento da juntada, em Cartório, de mídia eletrônica, vez que encerra prova que não pode ser anexada ao processo eletrônico, sendo descabida a nomeação da parte como “depositária da prova”.

Isso porque a Lei nº 11.419, de 19.12.2006, que dispôs sobre a informatização do processo judicial e alterou a Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, tem a seguinte redação em seu art. 11:

Art. 11. Os documentos produzidos eletronicamente e juntados aos processos eletrônicos com garantia da origem e de seu signatário, na forma estabelecida nesta Lei, serão considerados originais para todos os efeitos legais.

(...)

§ 5o Os documentos cuja digitalização seja tecnicamente inviável devido ao grande volume ou por motivo de ilegibilidade deverão ser apresentados ao cartório ou secretaria no prazo de 10 (dez) dias contados do envio de petição eletrônica comunicando o fato, os quais serão devolvidos à parte após o trânsito em julgado.

Assim, não há como deixar de atender o pleiteado pela recorrente, ante a comprovação da impossibilidade técnica de juntada dos documentos referentes a autuações de 4.498 veículos, consubstanciado em 30.000 laudas.

Observe-se, o indeferimento da juntada da documentação em mídia eletrônica “CD”, poderá acarretar prejuízo à parte e

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cerceamento de defesa, razão pela qual, sempre com a devida permissão, de rigor o seu deferimento.

Ante o exposto, pelo meu voto, dou provimento ao recurso para reformar a r. decisão copiada a fls. 95/96 e, por conseguinte, autorizar a juntada da mídia eletrônica em Cartório, nos termos do art. 11, §5º, da Lei nº 11.419.

OSCILD DE LIMA JÚNIOR Relator

Referências

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