Prática clínica adaptada ao
atleta/desportista diabético
Prof. Adriano Cavalcanti Nóbrega
Nutricionista (UFPE); Educador em diabetes (UNB, IDF);
Especialista em Nutrição Clínica Funcional (VP/Unicsul);
Especializando em Fitoterapia Funcional (VP/Unicsul); Professor dos cursos especialização Nutrição Clínica Funcional e Nutrição Esportiva Funcional (VP/Unicsul); Pioneiro na Nutrição Funcional em Sergipe; Atendimento em consultório particular (SE); Consultor técnico da Vitallis Alimentação Funcional (SE)
•
Porque falar sobre diabetes
•
Quais os benefícios da AF para o diabetes
•
Impacto do estado diabético para o organismo e para a
prática da AF nestes pacientes
•
Ajustes dietéticos para a prática da AF no paciente DM2
•
Ajustes para a prática da AF no paciente DM1
Modelo de slide indicado para
transições de temas
Por que falar de diabetes?
Por que falar de diabetes?
Modelo de slide indicado para
transições de temas
Causas para epidemia de diabetes
O que é diabetes?
Doença crônico-degenerativa
Pode levar a complicações agudas ou crônicas
Tipos de diabetes
Baseia-se na etiologia e não no tratamento
4 tipos de diabetes e 2 tipos de categoria de risco aumentado
Diferenças entre tipos 1 e 2
Qual o problema de ter excesso açúcar no sangue?
• Poliidroxicetonas ou poliidroxialdeídos com no mínimo 3C • Biomolécula mais abundante na natureza
• Também chamados glicídios, hidratos de carbono ou açúcares
• Unidos por ligações glicosídicas α1-4, α1-β2 (sacarose), α1-6 (amilose e
amilopectina) ou ligações β (fibras)
• Em solução, apresentam estrutura cíclica
CHAMPE, P. C.; HARVEY, R. A.; FERRIER, D. R. Introdução aos carboidratos. In: Bioquímica ilustrada. 4ed – Porto Alegre: Artmed, 2009. cap. 7, p. 83-90.
Glicose é um
radical livre
em meio
aquoso
Controle hormonal da glicemia
Oscilação da glicemia
CHAMPE, P. Efeitos metabólicos da insulina e do glucagon. In: Bioquímica ilustrada. 4ed – Porto Alegre: Artmed, 2009. cap. 723 p. 307-320.
REDUZ
Exercício prolongado
Jejum prolongado
AUMENTA
Ingestão alimentar
Estresse
CHAMPE, P. Efeitos metabólicos da insulina e do glucagon. In: Bioquímica ilustrada. 4ed – Porto Alegre: Artmed, 2009. cap. 723 p. 307-320.
ASPECTO
PRESENÇA AUSÊNCIA
Alimentação (CHO)
↑
↓
Insulina
↓
↑
Atividade física
↓
----Estresse
↑
Quais os benefícios da
atividade física para o
•
↑ expressão GLUT4 nas fibras musculares
•
↑ TMB
•
↑ gasto glicose e gordura como fontes de
energia (durante e em repouso)
•
Melhor controle peso e composição
corporal
•
Estimula biogênese mitocondrial
•
Reduz lipotoxicidade
•
Reduz glicotoxicidade
•
Aumenta captação muscular glicose,
reduz adipocitária e hepática
•
Previne DM2
•
Parte fundamental do tratamento do DM2 e DM1
•
Reduz risco complicações crônicas
•
Pode aumentar riscos de hipoglicemias (complicação aguda)
Impacto do diabetes
para o organismo e
Diabetes tipo 2
• ↑ AGL circulantes
• ↓ produção adiponectina (expressa glut4, sensibiliza insulina) • ↑ produção citocinas inflamatórias
LIPOTOXICIDADE: hepática, muscular e pancreática
• Redução capacidade de metabolização da glicose (RI)
• Disfunção das células beta: estresse oxidativo e apoptose celular • Disfunção mitocondrial
• Inflamado, resistente à insulina, elevado estresse oxidativo • Excesso AGL e glicose circulantes
• Baixa capacidade oxidativa (tem mas não queima bem)
• Vasos, olho, neurônios, rins: inflamação local, ↓NO, glicotoxicidade
PARA DESEMPENHO ESPORTIVO:
• Boa capacidade oxidativa (performance e recuperação) • Boa resposta CV, pulmonar, neuronal
• Inflamação e E.O. na medida certa, boa sensibilidade à insulina
Usamos termogênicos em diabéticos tipo 2?
• Perfil: hipercorticosolêmico, hiperadrenérgico e com baixa capacidade mitocondrial (oxidativa)
• Perfil termogêmicos: adrenérgicos • Qual o resultado provável: ↑ AGL?
Usamos CHO e PTN de rápida absorção em diabéticos tipo 2?
• Perfil: resistente à insulina, falência parcial células beta
• Perfil destes suplementos: rápida absorção, insulinotrópicos
• Qual o resultado provável: hiperglicemia? Hiperinsulinemia? Adipogênese? Recuperação muscular?
• Para onde irão estes nutrientes: fígado? Músculo? Adipócito?
Kopp, W. The atherogenic potencial of dietary carbohydrate. Prev Med 42 (2006): 336-342.
EXCESSO CARBOIDRATO REFINADO:
• Reproduzem as características da SM
(sobrepeso, dislipidemia)
• Afetam adversamente o perfil lipídico
(↓HDL, ↑TG)
• Diminuem a tolerância à glicose
• Justificativa: liberação excessiva de
PETERSEN, B.L et al. A whey protein supplement decreases post-prandial glycemia. Nutrition Journal 2009, 8:47
• Adequar dieta para que seja fonte de carboidratos, proteínas e gorduras de boa qualidade;
• Ajustar VET para a demanda em questão (TMB + AF);
• Ajustar CHO pré, durante e pós-exercício de acordo com a demanda gerada pelo exercício: há necessidade? Qual a intensidade e duração? É necessária rápida recuperação muscular ou é possível fazê-la através da alimentação?
• Planejar dieta com caráter antioxidante, anti-inflamatório, alcalino
Considerações sobre AF em DM2
Considerações sobre AF em DM2
Impacto do diabetes
para o organismo e
Diabetes tipo 1
SBD, Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes, 2015-2016
• Causado por reação autoimune que destrói as células β produtoras de insulina. 5 a 10% do total casos diabetes
• Afeta qualquer idade, sendo mais comum e agressivo em crianças e adolescentes
• Necessita de insulina para sobreviver (perda total da produção insulina) • 3 tipos: Autoimune, LADA e Idiopático
• Acentuada variação geográfica
Objetivos do tratamento no DM1
• Permitir adequado crescimento e desenvolvimento;
• Evitar complicações agudas: CAD e hipoglicemias graves;
• Prevenir complicações crônicas através do bom controle glicêmico; • Permitir socialização e integração nos diversos contextos sociais
In su lin as A lim e n ta çã o sa u d áv el C o n ta ge m C H O A u to m o n it o ri za çã o gl ic ê m ic a A ti vi d ad e fí si ca
Características do tratamento do DM1
• Insulinização plena/intensiva
• Alimentação saudável + Contagem CHO
• Atividade física regular (recreativa, orientada, rendimento) • Automonitorização diária das glicemias
• Sono adequado • Controle estresse
Tipos de insulinas
INSULINA INÍCIO PICO TÉRMINO
Ultra-rápida ~15min ~1,5h ~4h Rápida ~45min ~3h ~6h
Intermediária ~1,5h ~6h ~16h
Objetivos da atividade física no DM1
• Auxiliar no bom controle da glicemia; • Manter peso adequado;
• Manter boa SI ajudando a reduzir a dose total insulina exógena; • Socializar e integrar a criança/adolescente/adulto DM1
O que observar, orientar e ajustar para a
prática da AF no DM1
• Principais aspectos a serem ajustados: CHO e insulina
• Parâmetro para orientar estes ajustes: glicemias pré, durante e pós exercício
• Objetivo principal: evitar hipoglicemias durante ou após a AF • Evitar CAD em casos de hiperglicemia pré-exercício
O que observar, orientar e ajustar para a
prática da AF no DM1
• Principais aspectos a serem ajustados: CHO e insulina
• Parâmetro para orientar estes ajustes: glicemias pré, durante e pós exercício
• Objetivo principal: evitar hipoglicemias durante ou após a AF • Evitar CAD em casos de hiperglicemia (pré-exercício)
SBD, Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes, 2015-2016
Há diferenças no tipo exercício? E entre as pessoas?
• Alta intensidade: hiperglicemia pós-exercício
Pré-exercício:
• Reduzir dose da insulina UR da refeição das < 3h
• Reduzir dose da insulina basal se necessário (mais complexo) • Checar glicemia antes de iniciar/30min antes
• Consumir CHO se necessário: não há regra, se conhecer.
• Sugestão: < 100mg/dl consumir 30-45g CHO • 100-140 = 20-30g CHO
• > 140 = nada ou <15g CHO
• Glicemia > 250mg/dl: evitar AF, reidratar, aplicar insulina Não aplicar insulina em músculo que vá ser exigido
Durante:
• Tempo e intensidade ditarão necessidade de intervenções • Checar glicemia a cada 30min (ao menos no início)
• Consumir CHO (15-30g) sempre que estiver em hipo ou em risco de hipoglicemia
Pós-exercício:
• Dividido em 2 momentos: imediato e tardio
• Captação de glicose aumentada por em média 4-6h após o término aumentando risco de hipoglicemia tardia. Por isso o ajuste de insulina e/ou CHO nas horas seguintes
• Checar glicemia logo após término e ingerir CHO se em hipo ou risco • Avaliar reduzir dose insulina UR da próxima refeição
• Avaliar aumentar ingestão CHO na ceia caso exercício tenha sido à noite (hipo noturna)
Questões para refletir...
• Diabéticos tipo 1 podem apresentar inflamação e RI em razão de um mau estilo de vida ou por mau controle glicêmico (inflamação)
• Assim com no DM2, diferenciar o paciente DM1 em bom controle (sem glicotoxicidade) do DM1 descontrolado (hipo e hiperglicemias frequentes e com valores mais críticos, glicotoxicidade, lipotoxicidade, inflamação, EO)
DM1 pode usar suplementos esportivos?
• Sim, quando necessário for!
• Proteína: risco hiperglicemia tardia pois são doses altas • Carboidratos:
• Avaliar necessidade aplicar insulina UR para controlar pico pós-prandial, ao mesmo tempo considerar SI gerada pelo exercício;
• Isto é: vai precisar de insulina? Quanto?
• Vai ingerir quanto de CHO? Dá para dividir esta dose e assim evitar insulinizar?
Adaptar conduta a um paciente diabético
não é regra geral
• É adotar estilo de vida saudável: comer bem, exercitar-se com regularidade, dormir bem, controlar estresse
• É observar e avaliar parâmetros de bom controle glicêmico e metabólico
• É monitorar diariamente as glicemias in loco e ajustar insulina quando necessário
• É adaptar-se saudavelmente • É ser feliz!
7 comportamentos de auto
cuidado em diabetes
• Comer saudavelmente • Praticar atividade física
• Vigiar taxas (glicemias)
• Tomar medicamentos
• Adaptar-se saudavelmente • Resolver problemas
Obrigado a todos os colegas que contribuíram para a elaboração desta aula e enriquecimento dos meus conhecimentos, seja através do compartilhamento de artigos, conversas individuais ou em grupos. A troca de informações enriquece, é a prova viva