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PROCESSOS FONOLÓGICOS E DESVIOS DE ESCRITA: A NÃO EMERGÊNCIA DAS VOGAIS

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA – UFU INSTITUTO DE LETRAS E LINGUÍSTICA – ILEEL

PROCESSOS FONOLÓGICOS E DESVIOS DE ESCRITA: A NÃO

EMERGÊNCIA DAS VOGAIS

Orientanda: Stefanne Almeida Teixeira

Orientadora: Profº Dr. José Sueli de Magalhães

Plano de trabalho apresentado à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), com o intuito de pleitear uma bolsa de Iniciação Científica pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC/FAPEMIG/UFU).

UBERLÂNDIA, Setembro, 2016

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 3 2. JUSTIFICATIVA ... 4 3. OBJETIVOS... 6 4. METODOLOGIA ... 6 5. CRONOGRAMA ... 7

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1. INTRODUÇÃO

Segundo Miriam Lemle em seu Guia Teórico do Alfabetizador (2002), para entendermos os desvios cometidos durante o processo de aprendizagem da língua, faz-se necessário analisarmos as mudanças linguísticas, bem como os desvios dos aprendizes.

Na língua portuguesa, assim como em todos os sistemas linguísticos humanos, durante processo de aprendizado, o aprendiz deve dominar diversos aspectos, dentre eles os processos fonológicos, ambiente no qual se encaixam também processos morfológicos, sintáticos e textuais. Durante o longo processo de aquisição da escrita, o aprendiz faz hipóteses quanto a grafia correta de cada palavra e, certamente, estas hipóteses estão correlacionadas com seu conhecimento fonológico acerca da língua. Ao ouvir ou produzir qualquer enunciado, muitas vezes, há um agrupamento da grafia associada aos sons e a outros conhecimentos que já foram adquiridos em outros níveis (módulos) de sua gramática. Dessa forma, o aprendiz ao defrontar-se com a palavra gigante, por exemplo, pode grafá-la como *jigante, uma vez que o grafema g possui o som [ʒ] diante das vogais /e/ e /i/, esse é o mesmo som do grafema ‘j’ como em jiboia. Esses tipos de relações compõem o processo natural de aprendizagem e aperfeiçoamento da escrita.

Ao analisar e classificar os desvios, tem-se uma análise da forma de aprendizado e quais hipóteses o aprendiz está fazendo a cada produção. A todo momento estamos produzindo textos, sejam eles orais ou escritos. No caso da produção oral, tem-se diversos dialetos e variações que, quando o aprendiz escreve, pode encadear uma série de dúvidas, indagações. Isto posto, faz-se necessário uma investigação e análise para se alcançar uma correta descrição dos principais erros de escrita para um maior entendimento acerca da influência oral no desvio por apagamento das vogais.

Lemle (2002), depreende a complexidade da sociedade ocidental à qual estamos inseridos como catalizador dos desvios cometidos pelos aprendizes. É de interesse da língua que sua modalidade escrita tenha uma representatividade ampla, uma vez que esta modalidade é documental e legitimizada, logo deve alcançar o maior número possível de indivíduos. Entretanto, essa intenção de uma linguagem escrita inclusiva, como uma estrutura fixa, torna-se conflitante quando o aprendiz a associa à sua modalidade oral, como meio de facilitar o processo escrito. Esquece-se de que a modalidade escrita da língua é conservadora, dado os propósitos documentais que a encerram. Portanto, ao se

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relacionar a língua escrita e oral, é inevitável que situações incompatíveis com a chamada modalidade culta se manifestem.

Ao hipotetizarmos a oralidade como um fator significativo nos desvios cometidos na produção do texto escrito, compreendemos que a língua sofre interferências externas, e que estas influências não podem ser negadas pelo professor. Elas fazem parte do mundo real do aluno. O plano de trabalho aqui proposto tratará desse tipo de influência de modo a verificar como processos de natureza fonológica são refletidos na escrita. Especificamente traremos da não emergência de vogais na escrita. Isso ocorre quando o aprendiz deixa de redigir este segmento, seja no início, no meio ou no fim da palavra. Para tanto, objetivamos também estabelecer uma categorização de desvios de escrita envolvendo os fonemas vocálicos do português, a partir de um banco de dados composto por cerca de 1200 textos escritos por alunos de variados níveis escolares do ensino básico.

2. JUSTIFICATIVA

Oliveira (2005) categoriza os desvios de escrita em três grupos: G1, G2 e G3, embora o autor advirta que nem todos os erros sejam caracterizados sob o mesmo critério, uma vez que há fatores variados, como os dialetos.

Segundo Oliveira, primeiro grupo (G1) compreende os casos mais visíveis de desvios. São os casos que, em um primeiro momento podem causar um maior estranhamento, porém esses casos sãos os mais fáceis de correção. Nesse grupo se encontram os casos de violação da essência da escrita alfabética. Acontecem, geralmente, no início da aquisição da escrita, como em ‘mviaemba’, “para minha vizinha é muito boa”; ou em ‘amnaeboa’ para “a minha mãe é boa”. Segundo o autor, casos assim acontecem porque o aprendiz ainda não conseguiu compreender como são feitas as representações de grupos de sons (sílabas) ou a representação de sons individuais (escrita alfabética). Há ainda neste grupo, a “Escrita alfabética com correspondência trocada por semelhança de traçado”, o que consiste na confusão que alguns aprendizes fazem com letras que possuem o traçado parecido. É o caso de “m” e “n”; “p” e “q”; “b” e “d”; entre outros. Por fim, a “Escrita alfabética com correspondência trocada pela mudança de sons” refere-se a casos em que os alunos trocam os sons, geralmente entre os sons surdos e sonoros. É muito comum que em atividades de ditado, ao cochicharem as palavras ditadas por professores, os alunos inferem um som surdo a um seguimento sonoro.

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No segundo grupo (G2), estão inseridos os casos mais graves e de maior dificuldade de resolução. Primeiramente, “violações das regras invariantes que controlam a representação de alguns sons”, o que compreende os desvios que fundamentam-se na oralidade, ou seja, na modalidade oral da língua. É o caso do desvio citado no início deste plano de trabalho, em que o aprendiz se confunde acerca do uso do grafema “g”. Depois, vem as “violações da relação entre os sons e os grafemas por interferências das características estruturais do dialeto do aprendiz”, caso que abrange os diversos dialetos dos aprendizes e, dessa forma, devem ser ajustados às situações que podem ocorrer em decorrência da heterogeneidade da língua. Um falante da região de Belo Horizonte, por exemplo, pode escrever “o sou brilha”, uma vez que, no dialeto dessa região, som de [l] não aparece ao final de silabas, porém pode ocorrer em outras regiões, em outros dialetos (OLIVEIRA, 2005:45). No caso das “violações das formas dicionarizadas”, encontram os mais sérios erros, uma vez que no português há diversas formas irregulares de escrita. Oliveira as separa em dois subgrupos: I) as formas X e Y são existentes, mas possuem conceitos distintos, como em *cesta-feira (sexta) ou *cinto muito (sinto) e II) a forma X existe, mesmo a Y sendo possível, como em *jelo; *progeto, *xoque, *xeirar, entre outras. No último grupo sugerido pelo autor (G3), compreendem-se os casos que transcendem a relação “som & escrita”, exigindo um maior tato do aprendiz ao elaborar suas hipóteses. São eles: “violação na escrita de sequências de palavras”, que compreendem os casos de desvios que alteram a divisão das palavras, o que no português acontece, geralmente, em torno de unidades de acento, tornando muito comum que aprendizes hipotetizem escritas como: *mileva (me leva) ou *oprato (o prato); e o que autor chama de “outros casos”, classificados aqui casos de “hipercorreção ou acidentais” (OLIVEIRA, 2005: 46).

Isto posto, entendemos que um estudo acerca dos desvios se justifica por ser necessário uma maior compreensão de como a oralidade se manifesta na escrita. Aqui trataremos de modo especial aos desvios por apagamentos, ou não emergência, de vogais na escrita. Inúmeros casos podem ser enumerados, mas como exemplo citamos alguns retirados aleatoriamente do corpus a ser utilizado no desenvolvimento deste plano de trabalho:

- apagamento inicial: “vitamina de bacate” (abacate); “quele menino” (aquele) - apagamento medial: “musca boa” (música); “acender o fosfo” (fósforo)

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- apagamento final: “reloji novo” (relógio)

Por fim, este plano também se justifica pelo fato de que, ao se promover uma análise crítica dos desvios cometidos por aprendizes da língua portuguesa, pode-se, também, auxiliar professores no que respeita ao ensino de ortografia associando-o à teoria fonológica.

3. OBJETIVOS

O presente trabalho tem por objetivo geral analisar, na sequência, categorizar os desvios de escrita em que não há a emergência de vogais.

Como objetivos específicos, destacamos:

I. Investigar o que os dados de escrita revelam sobre fatos tipicamente orais; II. Compreender em que medida a oralidade influencia (ou interfere) na

escrita e vice-versa;

III. Analisar e descrever os principais processos fonológicos por trás do desvio por apagamento de vogais no texto escrito.

4. METODOLOGIA

Para o desenvolvimento deste projeto, empreenderemos as seguintes etapas: primeiramente, será feita uma seleção e leitura de obras publicadas sobre aquisição da escrita; sobre processos fonológicos e sobre desvios no processo de escrita do português envolvendo as vogais. Esse levantamento bibliográfico nos dará suporte para nos dedicarmos à análise dos dados.

Acerca dos dados a serem analisados, será consultado o banco de dados do GEFONO, Grupo de Estudos em Fonologia, criado e organizado pelo orientador deste projeto. Este banco conta com cerca de 1200 textos escritos por alunos de ensino básico de escolas públicas de diferentes cidades de Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal. Os textos serão digitalizados e armazenados em plataformas virtuais, como Box.com e Dropbox.com. Serão selecionados textos representativos de todos os anos do ensino

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básico para que se tenha uma amostra da evolução do aluno no que se refere a processos de natureza silábica. Importante destacar os dados utilizados advêm de banco já constituído, portanto, não haverá necessidade de submissão ao Comitê de Ética. Os dados serão catalogados por escola, escolaridade e município, de modo que a categorização dos desvios seja um espelho de cada realidade diferente. Feita a análise, após todas as investigações, e com base nos textos teóricos citados na bibliografia, será produzido um artigo científico resultante da pesquisa.

5. CRONOGRAMA

Mar. 2017 Abr. 2017 Mai. 2017. Jun. 2017 Jul. 2017 Ago. 2017 Set. 2017 Out. 2017 Nov. 2017 Dez. 2017 Jan. 2018 Fev. 2018 Leituras teóricas X X X X X X X X X X X X Categorização dos textos do acervo X X Leitura e análise dos textos do acervo X X X X X X Relatórios trimestrais X X X Apresentação da pesquisa em andamento em eventos da área X X X X X X X X X X Encontros com orientador X X X X X X X X X X X X Finalização da análise/ Redação do relatório (ARITGO) final X X X

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABAURRE, M. B. M.; R. S. FIAD; M. L. T. MAYRINK-SABISON. Cenas de aquisição da escrita: o sujeito e o trabalho com o texto. São Paulo: Mercado das Letras, 1999. ABAURRE, Maria Bernadete (org). A Construção da Palavra Fonológica. Contexto, São Paulo, 2013.

ALVARENGA, D. et al. ‘Da Forma Sonora da Fala à Forma Gráfica da Escrita Uma análise Linguística do Processo de Alfabetização’. Caderno de Estudos Linguísticos. Campinas. (16):5-30, jan/jun.1989.

BISOL, Leda (Org.) Introdução a estudos de fonologia do português brasileiro. Porto Alegre: Edipucrs, 2005.

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e linguística. São Paulo: Scipione, 1989.

HORA, D. e MAGALHÃES, J. Fonologia, Variação e Ensino (e-book). EDUFRN, 2016. Disponível em: http://www.sedis.ufrn.br/bibliotecadigital/site/interativos/profletras/ LEMLE, Miriam. Guia Teórico do Alfabetizador. São Paulo, Ática. 2000.

MOTA, J. A. e ROLO, M. C. S T. A. ‘’Um Estudo Sociolinguístico sobre o Apagamento de Vogais Finais em Uma Localidade Rural da Bahia. Sigum: Est. Ling., Londrina, 15/1, p. 311-334, jun. 2012.

OLIVEIRA, Marco Antônio de et al. ‘Da Forma Sonora da Fala A Forma Gráfica da Escrita’. Cadernos De Estudos Linguisticos, v. 16, n.2, p. 5-30, 1989.

OLIVEIRA, M. A. de ; NASCIMENTO, M do . ‘Da Analise de Erros Aos Mecanismos Envolvidos Na Aprendizagem da Escrita1. EDUCACAO EM REVISTA, v. 12, n.1, p. 33-43, 1990.

OLIVEIRA, Marco Antônio de . Conhecimento linguístico e apropriação do sistema de escrita. 1. ed. Belo Horizonte: CEALE/FAE/UFMG, 2005. v. 01. 70p .

SILVA, Miriam Barbosa da. Leitura, ortografia e fonologia. São Paulo: Ática, 1981. SOARES, Magda. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação. UFMG. p.5-17.2003.

VIEGAS, M. do C. e OLIVEIRA, A. J. ‘Apagamento da vogal átona final em Itaúna/MG e atuação lexical’. Revista da Abralin, vol 7, p. 303-322, jul/dez, 2008.

Referências

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