• Nenhum resultado encontrado

Formação continuada para docentes da educação superior : um estudo de caso

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Formação continuada para docentes da educação superior : um estudo de caso"

Copied!
244
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO

TESE DE DOUTORADO

FORMAÇÃO CONTINUADA PARA DOCENTES DA EDUCAÇÃO SUPERIOR: UM ESTUDO DE CASO

Sueli Petry da Luz

Orientador: Dr. Newton Cesar Balzan

Campinas – São Paulo 2007

(2)

SUELI PETRY DA LUZ

FORMAÇÃO CONTINUADA PARA DOCENTES DA EDUCAÇÃO SUPERIOR: UM ESTUDO DE CASO

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas, como requisito à obtenção do título de Doutora em Educação.

Orientador: Prof. Dr. Newton Cesar Balzan

CAMPINAS 2007

(3)
(4)

! " #$% & '( $%! " #$ % # & #' " " % ( " )* " %& " )* " ) ! " % & + , - . /0 1 2 &2 " $ 3 & 3 -2 &-2 4 4 2 &2 5 6 - 7 * $ % 89::9 ! +$,- %" )* ,! % ; 88 6 )* )* 9 <- = > 0 + , - . ' / 1?% " - 6 " )* : " )* / 1 % @ 6 )* A B C. + , - CC % " - 6 " )* CCC'( 07-571/BFE

(5)

DEDICATÓRIA

Para e por Rodrigo, Roberto, Felipe (meus filhos), Bruno (meu marido), e Ivone, minha mãe, meu porto seguro.

Recebi muitas bênçãos:

Oxigenar-me, permanentemente, com novas idéias Mas sempre com os pés no chão.

Voar, criar e me libertar Voltar e ver a realidade.

Sonhar, lutar, trabalhar, dedicar-me ao máximo e me comprometer Cair e recomeçar quantas vezes fossem necessárias.

Sonhar alto e pensar grande Aprender em cada parada... Pois a essência da vida Não está no aqui e no agora, Nem no conhecer e fazer acontecer. Ser, enquanto pessoa e profissional Valorizar tensões e relações... Viver e conviver

Sem medo dos valores morais e éticos Que nos responsabilizam e nos qualificam E nos tornam orgulhosos do sentimento De pertencer e sermos acolhidos

Num espaço de muito amor e compreensão Que se chama FAMÍLIA.

(6)

AGRADECIMENTOS

A palavra agradecer tem, para mim, significativa responsabilidade, considerando tudo o que já passei na vida. Responsabilidade de mencionar corretamente todos os nomes que estiveram em ação e/ou colaboraram, de maneira direta ou indireta, sem cometer indesejada omissão. Esquecer alguém é imperdoável e, normalmente, gera desconforto e sentimentos diversos. Tentando não incorrer na situação descrita, peço desculpas caso aconteça.

AGRADEÇO:

Aos meus especiais seres superiores de fé e de crença religiosa, pelas energizações positivas nas horas em que precisei e recorri com humildade e amor.

Ao meu ex-Reitor, Prof. Dr. Edison Villela, pelo espaço e confiança no meu exercício profissional, fundamentalmente pelos questionamentos dos quais resultaram esta pesquisa.

Ao atual Reitor, Prof. Dr. José Roberto Provesi, pelo compartilhamento acadêmico, num passado saudoso quando nos direcionávamos à consolidação da UNIVALI e, pelo apoio ao prosseguimento da minha carreira profissional.

Ao querido orientador, Prof. Dr. Newton Cesar Balzan, por sua clara, firme, objetiva e perspicaz orientação científica, com as permanentes palavras de incentivo.

À querida Profª. Dra. Elisabete Monteiro de Aguiar Pereira, coordenadora do nosso GEPES, Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Superior da UNICAMP que, com sua visão à frente do nosso tempo, permitiu-nos alçar vôos acadêmicos aos autores clássicos e modernos para ver a Universidade com outro olhar: o da autonomia intelectual. Por sua amizade, por sua presteza, por seu companheirismo de longos anos, o meu eterno agradecimento.

Ao Prof. Dr. Angelo Luiz Cortelazzo, companheiro de diretoria do ForGRAD, ex-Pró-Reitor de Graduação da UNICAMP e membro do Conselho Estadual de Educação do Estado de São Paulo, por suas qualidades profissionais, aliadas à sua parcela de redireção de minha vida profissional, fortalecendo-me e me agregando valores como objetivos de vida.

À Profª. Dra. Graziela Giusti Pachane, pelos momentos de compartilhamento de vida intelectual no GEPES, em eventos e por estar comigo nesta jornada.

À Profª. Dra. Vera de Faria Caruso Ronca, por sua amabilidade e disponibilidade de compartilhamento neste dia tão importante de minha carreira profissional.

(7)

À Profª. Dra.Corinta Maria Grisolia Geraldi, da UNICAMP, e Profª. Dra. Sueli Cristina Marquesi, ex-vice-reitora Acadêmica da PUC – SP, pelos estímulos de ingresso no Doutorado.

Aos Professores do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Campinas, que, em cada disciplina, subsidiaram com seu aporte teórico, crítico e reflexivo.

Aos colegas integrantes do Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Superior – GEPES – da UNICAMP, composto por MSc. Cássio Ricardo Fares Riedo, MSc. Fabrizio Marchese, MSc. Paulo Sérgio de Oliveira Melo, Dra. Patrícia Trindade, pela amizade e apoio intelectual.

À secretária e funcionários técnico-administrativos do Programa de Pós-Graduação em Educação da UNICAMP, pelo apoio e atenção permanentes.

Aos meus colegas pró-reitores de graduação, em geral, mas especialmente os da Região Sul, da época do ForGRAD e da ACAFE, até 2002, pelo diálogo, convívio, aprendizagem e interação franca de assuntos acadêmicos.

À atual Pró-Reitora de Ensino da UNIVALI – Profª. Dra. Amândia Maria de Borba – e ao Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura – Prof. Dr. Valdir Cechinel Filho – e equipes de trabalho, pela compreensão e disponibilização de material e documentos de pesquisa.

Aos Professores que colaboraram durante a validação de conteúdo e testagem do instrumento: MSc. Cássio Ricardo Fares Riedo; MSc. Clarice Menegatti; Dr. Flávio Ramos; D(er) Josemar Sidnei Soares; MSc. Leo Lynce Valle de Lacerda; M(er) Lourdes Alves; Dra. Marlete dos Santos Dacoreggio; MSc. Márcia Schmitt; Dra. Regina Celia Linhares Hostins; D(er) Sérgio Saturnino Januário.

Aos diretores e coordenadores da gestão 1998-2002, bem como aos docentes da UNIVALI, participantes da pesquisa, que ajudaram na reflexão sobre o Programa de Formação Continuada para Docentes do Ensino Superior da UNIVALI.

Aos diretores da gestão 2002-2006 e responsáveis diretos que não mediram esforços para obtermos até 30% de questionários respondidos em cada centro:

- Centro de Ciências Jurídicas, Políticas e Sociais – CEJURPS – Itajaí : D(er) José Carlos Machado, Diretor de Centro; Yeda Maria Wiese, Secretária da Direção; Prof. Bruno Schmitt da Luz.

(8)

- Centro de Ciências Sociais Aplicadas – CECIESA –, Itajaí: MSc. Mércio Jacobsen, Diretor de Centro; Sabrina Pereira da Silva, Secretária de Centro; Márcia Guidine, Estagiária.

- Centro de Ciências Humanas e da Comunicação – CEHCOM – Itajaí: MSc. Alberto Cesar Russi, Diretor de Centro; Coordenadores de Cursos responsáveis: MSc. Aurea Salete Moser, Letras; MSc. Ediene do Amaral Ferreira, Comunicação Social: Relações Públicas; MSc. Giovana Cristina Pavei, Comunicação Social: Publicidade e Propaganda; MSc. Janete Jane Cardozo da Silveira, Comunicação Social: Jornalismo; MSc. José Mauro Junglhaus, Pedagogia; D(er) Raquel Alvarenga Sena Venera, História.

- Centro de Ciências da Terra e do Mar – CTTMAR – Itajaí: Dr. João Luiz Baptista de Carvalho, Diretor de Centro; MSc. Janete Feijó, Chefe da Seção Pedagógica.

- Centro de Ciências da Saúde – CCS – Itajaí: MSc. Arlete Teresinha Besen Soprano, Diretora de Centro; Dalva Custódio Costa Pinto, Secretária de Centro; MSc. Lídia Morales Justino, Chefe da Seção Pedagógica; MSc. Roberta Pimenta Vieira de Carvalho, Responsável Pedagógica do Curso de Medicina; MSc. José Roberto Bresolin, Coordenador do Curso de Farmácia; Josana Reiser Souza Hall, Auxiliar Administrativa de Centro.

- Colégio de Aplicação de Itajaí – CAU – Itajaí: MSc. Maria Cristina Kunn Pontes, Educação

de Jovens e Adultos – EJA: MSc. Anderson Sartori; MSc. Lourdes Furlanetto, Diretora do

CAU Infantil de Itajaí e da Educação de Adultos de Piçarras.

- Reitoria de Ensino – ProEn –: MSc. Marisa Zanoni Fernandes, Seção Pedagógica.

Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura – ProPPEC: Glaucia Tomaz,

Secretária de Pós-Graduação; Vanessa da Silva, Secretaria Executiva.

- CES Balneário Camboriú: Dr. Carlos Alberto Tomelin, Diretor do Centro; Íris Kuhnen, Secretária de Centro.

- CES Tijucas: Dr. Valério Cristofolini, Diretor do Centro; Fabiana Bittencourt Rangel, Secretaria de Centro e Acadêmica.

- CES Biguaçu: D(er) Alceu de Oliveira Pinto Junior, Diretor de Centro; Profª Adélia Terezinha Massaro, Coordenadora Acadêmica.

- CES São José: Dr. José Marcelo Freitas de Luna, Diretor de Centro; MSc. Viviane Frare dos Santos, Secretária de Centro; Jaqueline Becker Carbonera, Secretária da Direção.

Aos diretores da gestão 2002-2010, na pessoa da Profª. MSc. Arlete Teresinha Besen Soprano e do Dr. João Luiz Baptista de Carvalho, pelas palavras generosas e de estímulo constante para o término da tese.

Aos integrantes da equipe da Pró-Reitoria de Ensino, do período 1989-2002, da Universidade do Vale do Itajaí, pela amizade e companheirismo profissional.

(9)

Ao Prof. MSc. Armando Furlani, Chefe do Departamento de Administração Docente, e ao Fabrício de Souza, chefe da Seção de Estatística e Controle Docente, pelo constante atendimento às solicitações na síntese dos dados.

Às irmãs MSc. Silmara da Costa Maia e Silvana da Costa Maia, que subsidiaram a programação da primeira planilha Excel, possibilitando desencadear toda a análise e a síntese dos dados.

À Profª. MSc. Rosa de Lourdes Vieira Silva, por sua incansável disponibilidade, competência e doação pessoal e profissional na revisão de português, do qual somos eternos aprendizes.

À Profª. MSc. Janete Jane Cardozo da Silveira, por sua sempre prestativa correção de português, quando de minhas produções intelectuais de Doutorado.

À Profª. MSc. Maria Joana Barni Zucco, pelo atendimento rápido e qualificado, quando da revisão final.

À Virgínia Kuhnen Zunino, por sua disponibilidade e presteza.

Ao Prof. MSc. Jonas Tadeu Nunes, qualificado parceiro profissional de quem recebi pertinentes e valiosas contribuições.

Aos Professores doutores Elisete Navas Sanches Próspero, Henry Stuker e Miguel Verdinelli, pelos subsídios estatísticos facilitadores da análise e síntese dos dados e pelo doutrinamento do olhar para uma leitura dos dados focada nos objetivos.

À Profª. Dra. Cássia Ferri, pela análise científica e crítica da tese.

À Profª. Dra. Maria Elizabeth da Costa Gama, por sua gentil contribuição.

À Profª. MSc. Margarida Emmerich de Borba, parceira no início do Doutorado na UNICAMP.

À Terezinha Lúcia Waschburger, funcionária da Associação Catarinense das Fundações Educacionais do Estado de Santa Catarina – ACAFE –, pela eficiência no envio de material.

À secretária dos Órgãos Colegiados, Rosângela Tolentino da Silva e sua equipe, por sua atenção pessoal e organização que muito facilitou a identificação dos documentos institucionais.

À Eliane Campregher, funcionária responsável pelo Centro de Memória e Documentação Histórica da UNIVALI, por sua gentileza e atenção permanente no fornecimento de material.

(10)

Às professoras MSc. Ana Luiza Maximo Ramos, do Núcleo das Licenciaturas, e Dra. Kátia Kuroshima, Coordenadora Acadêmica do Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar e profª Ilse Meri da Silva, diretora da Escola de Educação Básica Deputado Nilton Kucker pela compreensão durante o processo.

Aos meus filhos Rodrigo e Josiane Lima, pelo companheirismo e sacrifício de dois meses de férias, para transcrição das respostas de todos os questionários e lançamento dos dados na planilha Excel, minha gratidão especial.

Roberto, pela presença amiga nos meus momentos de sombras, mostrando sempre os momentos luminosos, e Felipe, pelo socorro técnico permanente, quando os computadores e impressoras resolviam não ajudar.

À Graciliana Gomes P. da Luz e Marina Elisa Philippi, pelo diálogo sempre construtivo. Ao Bruno Schmitt da Luz, meu marido, fiel companheiro e paciente parceiro de todas as horas.

À minha mãe que me poupou e poupa das incumbências domésticas e pelos mimos recheados de novas e saborosas receitas culinárias, salgadas ou doces.

À minha irmã, Profª. MSc. Ceili Borba Furtado e família, pelo estímulo permanente à conclusão desta tese.

(11)

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Considerações positivas do programa de formação continuada para os docentes do ensino superior – 2005... 125 FIGURA 2– Considerações negativas do programa de formação continuada para os docentes do ensino superior – 2005... 125 FIGURA 3 – Expectativas dos docentes atribuídas ao programa de formação continuada para os docentes do ensino superior – 2005... 126 FIGURA 4 - Ressignificação do papel docente atribuída ao programa de formação continuada para os docentes do ensino superior – 2005. ... 126 FIGURA 5 – Mudanças na prática docente oriunda da pesquisa - ação do programa de formação continuada para os docentes do ensino superior – 2005... 127 FIGURA 6 – Sugestões ou propostas alternativas para melhoria do programa de formação continuada para os docentes do ensino superior – 2005... 127 FIGURA 7 – Níveis de significado atribuídos ao programa de formação continuada para os docentes do ensino superior, por área de conhecimentos – 2005... 130 FIGURA 8 – Níveis de significado atribuídos ao programa de formação continuada para os docentes do ensino superior, por carga horária –2005. ... 130 FIGURA 9 – Níveis de significado atribuídos ao programa de formação continuada para os docentes do ensino superior, por titulação – 2005 ... 131 FIGURA 10 – Níveis de significado atribuídos ao programa de formação continuada para os docentes do ensino superior, por tempo de experiência – 2005. ... 131 FIGURA 11 – Níveis de significado atribuídos ao programa de formação continuada para os docentes do ensino superior, por ano de ingresso – 2005. ... 132

(12)

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Organização curricular do Programa de Formação Continuada para docentes do ensino superior da UNIVALI – 2001 ... 81 QUADRO 2 - Sugestões de Estratégias de Ensino para Melhoria do Programa, Segundo os Docentes – 2005 ... 116 QUADRO 3 - Exemplificações de mudanças na prática docente quanto à avaliação de aprendizagem, segundo os docentes – 2005... 134 QUADRO 4 - Exemplificações de mudanças na prática docente do módulo de objetivos de aprendizagem, citadas pelos docentes por áreas de conhecimento – 2005 ... 135 QUADRO 5 - Estratégias de ensino aplicadas em sala de aula, citadas pelos docentes, por áreas de conhecimento – 2005... 137 QUADRO 6 - Depoimentos dos docentes sobre plano de ensino nas diferentes áreas de conhecimento – 2005... 138 QUADRO 7 - Exemplificações de estratégias de ensino mais utilizadas pelos docentes, segundo os gestores acadêmicos – 2005... 153 QUADRO 8 - Exemplificações de Mudança da Prática Docente Segundo os Docentes e Gestores Acadêmicos – 2005 ... 170 QUADRO 9 - Exemplificação das estratégias utilizadas, segundo docentes e gestores acadêmicos – 2005 ... 171

(13)

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Questionários recebidos, referentes ao programa, por áreas de conhecimento do

CNPq – 2005 ... 87

TABELA 2 - Questionários recebidos, referentes ao programa, por centro da UNIVALI – 2005 ... 87

TABELA 3 - Síntese da oferta de cursos da UNIVALI – 2002/I – segundo áreas de conhecimento do CNPq... 91

TABELA 4 - Ordenação das propostas de temas para o Programa, segundo os docentes – 2005 ... ...115

TABELA 5 - Fatores que concorrem para a mudança na prática docente, segundo os docentes – 2005 ... ..139

TABELA 6 - Atendimento às expectativas quanto ao programa se formação continuada para os docentes do ensino superior da UNIVALI, segundo os docentes e gestores acadêmicos – 2005 (em %) ... 163

TABELA 7 - Síntese da opinião dos professores e dos gestores acadêmicos sobre os fatores que contribuem para a mudança da prática docente – 2005... 164

TABELA 8 - Processo de expansão da UNIVALI até 1989 e sua situação até 2002 no ensino e na administração ... 204

TABELA 9 - Total de Docentes por Áreas de Conhecimento – 2005 ... 224

TABELA 10- Titulação Acadêmica dos Docentes por Áreas de Conhecimento – 2005... 224

TABELA 11 - Ano de ingresso dos docentes por áreas de conhecimento – 2005... 225

TABELA 12 - Carga horária dos docentes por áreas de conhecimento – 2005... 225

(14)

LISTA DE SIGLAS UTILIZADAS

ACAFE Associação Catarinense das Fundações Educacionais.

CAS Conselho de Administração Superior.

CONSEPE Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão.

CONSUN Conselho Universitário.

Cun Conselho Universitário.

CEDs Comissão de Educação Superior, do CEE/SC.

CEE/SC Conselho Estadual de Educação do Estado de Santa Catarina.

DGEs Distritos Geoeducacionais.

FEPEVI Fundação de Ensino do Pólo Geoeducacional do Vale do Itajaí.

ForGRAD Fórum de Pró-Reitores de Graduação.

FILCAT Faculdades Integradas do Litoral Catarinense

FURB Fundação Universidade Regional de Blumenau

IES Instituições de Ensino Superior

PAIUB Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras.

PNE Plano Nacional de Educação

ProAd Pró-Reitoria de Administração.

ProEn Pró-Reitoria de Ensino.

ProPPEX Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão

PDI Plano de Desenvolvimento Institucional

PPI Plano Pedagógico Institucional

PP Projeto Pedagógico

SAPI Sistema de Avaliação da Produção Institucional

UDESC Universidade do Estado de Santa Catarina

UnC Universidade do Contestado

UNESC Universidade do Extremo Sul Catarinense

UNIDAVI Universidade para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí

UNIPLAC Universidade do Planalto Catarinense

UNISUL Universidade do Sul de Santa Catarina

(15)

UNIVILLE Universidade da Região de Joinville

UNOCHAPECÓ Universidade Comunitária Regional de Chapecó

(16)

RESUMO

O Programa de Formação Continuada para Docentes do Ensino Superior da UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí, com sede em Itajaí, Estado de Santa Catarina, Brasil, foi direcionado a capacitar docentes do ensino superior, objetivando a melhoria da prática pedagógica. Foi desenvolvido entre 2000-2004, contando com a participação de 1.344 professores e gestores acadêmicos. O presente estudo visa investigar a opinião desses profissionais sobre as mudanças na prática docente em sala de aula que podem ser atribuídas ao referido Programa. Para isto recorreu-se a questionário e entrevistas aplicados, respectivamente, junto a docentes e gestores. O primeiro instrumento, composto por três itens abertos e sete fechados, foi encaminhado à totalidade dos sujeitos participantes, obtendo-se 385 respostas durante o período de 30/08 a 30/10/2005. O segundo, constante de oito itens, foi aplicado junto a 21 gestores acadêmicos entre 25/01 e 18/03/2005. Tendo em vista apresentar a experiência institucional da UNIVALI para socializar análises e reflexões sobre formação continuada de professores da educação superior, bem como contribuir com propostas alternativas para este nível de ensino, utilizou-se da narrativa para tratar da implantação do Programa, a partir do olhar da própria autora, na qualidade de ex-pró-reitora de ensino da graduação. Para tratamento e análise dos dados recorreu-se à Análise Fatorial de Correspondências Múltipla – AFCM – e análise de conteúdo. Os resultados da pesquisa mostraram o atendimento satisfatório às expectativas

explicitadas no projeto original, a existência de fatores de importância para mudanças da prática docente e propostas alternativas para melhoria do Programa. O Programa de Formação

Continuada para Docentes do Ensino Superior sinalizou melhorias nos seguintes focos: instrumentalização em estratégias de ensino e avaliação de aprendizagem e ressignificação do papel do professor. Constatou-se que há evidências de percepção dos docentes tendendo para agrupamento de respostas por área de conhecimento, que diferiram em termos de assimilação,

atribuição de valor e percepção do Programa. Tendências de maior valorização ao Programa foram encontradas junto a professores com tempo parcial e integral, com maior tempo de

experiência na Instituição e com titulação superior a mestrado. Programas deste tipo demandam

atenção quanto às áreas de conhecimento. Por se tratar de estudo de caso, as contribuições e recomendações sinalizam para a necessidade de estudos sobre avaliação e impactos desses programas bem como sobre a relação entre mudanças pedagógicas e programas de formação continuada nas Instituições de Ensino Superior.

Palavras-chave: Educação Superior. Universidade Municipal. Formação Continuada. Mudança

(17)

ABSTRACT

The Lifelong Development Program designed for Higher Education Teachers of UNIVALI- Universidade do Vale do Itajaí, based on Itajaí, State of Santa Catarina, Brazil, was focused on the development of these professionals and the upgrading of their teaching practices. It was carried out in the period 2000- 2004 and attended by 1,344 teachers and university managers. The present study aims to investigate the opinion of these professionals about changes in their classroom teaching practice, supposedly attributed to the above mentioned Program. In order to accomplish this purpose, questionnaires and interviews were applied to teachers and university managers, respectively. The first instrument, which comprises three open and seven closed questions, was sent to all subjects, totaling 385 answers from August 30th to October 30th 2005. The second one, which was composed of eight items, was applied among 21 university managers from January 25th 2001 to March 18th 2005. In order to present UNIVALI’s institutional experience both to socialize analyses and reflections about higher education teachers’ lifelong development, and to contribute with alternative plans for this educational level, narration was employed to deal with the implementation of the Program, taking into account the author’s own perspective as a former pro-rector of undergraduate teaching herself. Multiple Factor Correspondence Analysis - MFCA- and content analysis were employed in treatment and analyses of data. Research results showed that original project expectations were satisfied. Moreover, it revealed the existence of important variables for teaching practice transformation and alternative suggestions for the improvement of the Program. The Higher Education Lifelong Development Program developed for teachers signaled progress in the following areas: instrumentalization of teaching strategies and new meanings of teachers’ roles. Research also showed evidence of teachers’ perception towards grouping their answers according to field of knowledge, which differed in terms of assimilation, value attribution and perception of the Program. The major predisposition for Program support was found among partial and full time teachers, who had longer experience in the Institution and whose qualification was higher than that of Masters’s Degree. Programs of this kind demand attention in relation to fields of knowledge. Being this a case study, contributions and recommendations signal for the need of studies on assessment, the impact of these programs and the relationship between pedagogical changes and lifelong development programs in Higher Education Institutions. .

Key-words: Higher Education. Municipal University. Lifelong Development. Changes in

(18)

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS...xiii

LISTA DE QUADROS...xv

LISTA DE TABELAS...xvii

LISTA DE SIGLAS UTILIZADAS ...xix

RESUMO...xxi

ABSTRACT ...xxiii

INTRODUÇÃO ...1

PARTE 1 – EXPANSÃO DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL...9

CAPÍTULO 1º - EXPANSÃO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR E DOS CURSOS, NOS NÍVEIS NACIONAL, ESTADUAL E REGIONAL...11

CAPÍTULO 2º - UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI ...19

2.1 Universidades Municipais: Um Modelo Alternativo em Busca de sua Identidade e do Fortalecimento Nacional ...19

2.2 UNIVALI: um Olhar no Histórico e na Formação Continuada de Docentes, na Estrutura Organizacional e na Expansão Institucional...26

2.3 Gestão Acadêmica no Processo de Expansão e de Formação Continuada de Professores: Papel da Pró-Reitoria de Ensino da UNIVALI...41

PARTE 2 – FORMAÇÃO CONTINUADA PARA DOCENTES DO ENSINO SUPERIOR E A MUDANÇA DA PRÁTICA DOCENTE: FUNDAMENTOS TEÓRICOS E PROGRAMA DA UNIVALI ...51

CAPÍTULO 1º - FORMAÇÃO CONTINUADA PARA DOCENTES DO ENSINO SUPERIOR E A MUDANÇA DA PRÁTICA DOCENTE: FUNDAMENTOS TEÓRICOS 52 1.1 Considerações Iniciais ...52

1.2 Formação Continuada de Professores e Mudanças na Prática Docente no Ensino Superior...55

(19)

1.3 Experiências de Programas de Formação Continuada de Docentes do Ensino

Superior e Mudança na Prática Docente no Ensino Superior...63

CAPÍTULO 2º - FORMAÇÃO CONTINUADA PARA DOCENTES DO ENSINO SUPERIOR NA UNIVALI E MUDANÇA DA PRÁTICA DOCENTE: PROGRAMA DA UNIVALI...73

PARTE 3 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...85

CAPÍTULO 1º - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...85

CAPÍTULO 2º - ANÁLISE, SÍNTESE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...99

2.1 Opiniões dos Docentes: Resultados...99

2.1.1 Perfil dos Docentes...99

2.1.2 Sobre o Programa, a Prática Docente e as Sugestões ...100

2.1.3 Sobre as Mudanças na Prática Docente – Opiniões dos Professores ...128

2.1.3.1 Exemplificações de Mudança na Prática Docente referentes aos Módulos de Estudo do Programa...133

2.1.3.2 Fatores responsáveis pela Mudança da Prática Docente...139

2.2 Opiniões dos Gestores Acadêmicos: Resultados...140

2.2.1 Sobre as Ações Administrativas, Acadêmicas ...140

2.2.1.1 Nas ações administrativas...140

2.2.1.2 Nas ações acadêmicas...141

2.2.2 Sobre o Programa de Formação Continuada para Docentes do Ensino Superior da UNIVALI ...143

2.2.3 Sobre as Mudanças na Prática Docente...146

2.2.4 Sobre as Propostas Alternativas ...158

PARTE 4 – CORRELAÇÃO ENTRE OBJETIVOS DA PESQUISA E RESULTADOS ALCANÇADOS: DISCUSSÃO...162

CONSIDERAÇÕES FINAIS...179

(20)

LISTA DE APÊNDICES

APÊNDICE A – Números da UNIVALI no ensino e administração... 204

APÊNDICE B – Roteiro de entrevista para diretores e coordenadores da UNIVALI - Gestão 1998-2002... 210

APÊNDICE C – Entrevista com coordenador de curso no 11... 211

APÊNDICE D– Questionário dos docentes ... 220

(21)

INTRODUÇÃO

Formação de professores, ultimamente, tem-se tornado um tema desafiador, em razão da abrangência e dos múltiplos olhares de docentes, pós-graduandos e pesquisadores interessados na temática. Nas incursões pela revisão da literatura, observei que existem muitas questões a serem delimitadas na área de formação, antes de uma abordagem específica. Dentre essas questões, selecionei duas relevantes: Estamos falando da formação para o ensino ou para a pesquisa? De

que lugar estamos falando?

Com relação às questões possíveis de serem pesquisadas, na área acadêmica, selecionei o Programa de Formação Continuada para Docentes do Ensino Superior da UNIVALI –

Universidade do Vale do Itajaí1 – 1ª edição2, como foco de interesse para a pesquisa de doutorado. Tenho como objeto de estudo a investigação sobre o referido Programa, iniciado na gestão 1998-2002, e concluído em 20043. Estou interessada em pesquisar sobre as mudanças na prática docente em sala de aula, atribuídas a esse Programa.

A idéia dessa pesquisa adveio de questionamentos do ex-reitor da Instituição de Ensino Superior - IES, gestão 1998-20024, quanto à eficácia do Programa, aliado às minhas dúvidas e reflexões, na qualidade de pró-reitora de ensino dessa Instituição, sobre mudanças na prática docente em sala de aula. O reforço para a referida realização adveio de resultados das avaliações externas e internas, bem como da construção do projeto pedagógico de cada curso na fase diagnóstica, os quais sinalizavam, continuamente, as deficiências didático-pedagógicas dos

docentes, revelando problemas na concepção pedagógica, na dinâmica das aulas e na correlação

entre o planejamento e a avaliação nas respectivas disciplinas.

Neste estudo, faço um recorte histórico, visando investigar a opinião dos gestores

acadêmicos5 e dos docentes do ensino superior que participaram do Programa e estão atuando na UNIVALI, buscando identificar as mudanças na prática docente em sala de aula, que podem ser atribuídas ao trabalho desenvolvido junto a eles.

1 O Programa de Formação Continuada do Ensino Superior da UNIVALI doravante será denominado apenas de Programa.

2 O Programa de Formação Continuada para Docentes do Ensino Superior, na UNIVALI, 1a edição, abrangeu a

opinião dos docentes no período de 1998 a 2004.

3 Diante da explicação, a partir daqui farei referência ao Programa, entendendo-o no período de 1998 a 2004. 4 O reitor dessa gestão era o Dr. Edison Villela.

5 Restringimos, neste estudo, o entendimento de “gestores acadêmicos” para diretores dos centros de educação e

(22)

As razões que me levaram a realizar esta pesquisa encontram respaldo:

• na existência de poucos estudos científicos relacionados aos resultados de Programas de Formação Continuada para Docentes do Ensino Superior, oriundos da fala dos participantes desse processo;

• na falta de socialização e divulgação de experiências institucionais das universidades sobre este tipo de programa de formação continuada;

• na necessidade de contribuir para o registro da memória de um período histórico no país, mais especificamente no Estado de Santa Catarina e na UNIVALI, relacionado às políticas de expansão das instituições e cursos de graduação do ensino superior e seu esforço institucional para qualificar seus docentes na parte didático-pedagógica;

• na oportunidade de responder, cientificamente, a questionamentos e dúvidas oriundas do exercício profissional, enquanto pró-reitora de ensino, sinalizando encaminhamentos e propostas alternativas.

Tenho como ponto de partida a análise da expansão das instituições de ensino superior e de cursos, nos níveis nacional, estadual, regional e local, especificamente na UNIVALI. Neste sentido, situo o tipo de Universidade que é a UNIVALI, conFIGURAndo-a sinteticamente. Narro, brevemente, o processo da gestão acadêmica, na Pró-Reitoria de Ensino, pois constituiu a base do Programa. O ponto de chegada correlaciona a revisão da literatura e os resultados obtidos com a pesquisa sobre a mudança da prática docente em sala de aula, atribuídas a esse Programa, nas áreas de conhecimento estabelecidas pelo CNPq e variáveis estudadas.

Ao narrar a experiência institucional, socializar análises e reflexões sobre formação continuada de professores do ensino superior, oriundas do programa de 1998-2004 da UNIVALI, busco contribuir, posteriormente, com propostas alternativas destinadas a esse tipo de programa.

Os participantes deste estudo – respondentes de questionários e entrevistados – totalizaram 406 sujeitos, 385 dos quais são professores e 21 gestores, sendo seis deles diretores e 15 coordenadores de curso.

No processo de pesquisa fiz uso de procedimentos diversos, como estudo de caso, narrativa e análise de conteúdo; apliquei como instrumentos de coleta de dados um roteiro de entrevista para os gestores acadêmicos e um questionário destinado aos professores participantes do Programa.

(23)

Os respondentes do questionário foram aqueles professores em atuação que receberam, no todo ou em parte, o Certificado de Participação no Programa, composto de seis unidades de estudo, distribuídas na seguinte matriz instrucional6: 1. Conhecendo a política institucional e organizacional da UNIVALI. 2. Articulando o Projeto Pedagógico com o programa da disciplina e o plano de ensino. 3. Pesquisando e selecionando estratégias de ensino. 4. Avaliando processos e resultados de avaliação. 5. Revendo a prática: ensino com pesquisa na sala de aula e a pesquisa-ação na prática pedagógica. 6. Tópicos especiais. Neste estudo, entendo que a mudança da prática docente constitui resultado de um conjunto de fatores que agregaria ações administrativas +

ações acadêmicas + Programa de Formação Continuada para os Docentes do Ensino Superior.

Nesse sentido, essa mudança decorreria, também, de condições mais favoráveis ao trabalho docente, providenciadas pela administração, nas áreas do ensino, pesquisa e extensão. Seria uma atuação conjunta da administração acadêmica com o docente.

O problema central de pesquisa a ser investigado está assim enunciado:

Que mudanças na prática docente, em sala de aula, podem ser atribuídas ao Programa

de Formação Continuada para Docentes do Ensino Superior da UNIVALI?

A coleta de dados teve por base buscar a opinião dos gestores acadêmicos e do corpo docente sobre o Programa, abrangendo três focos: o programa, as mudanças na prática docente

e as propostas alternativas. Assim, defini como objetivos:

a) contextualizar o locus e as características institucionais onde ocorreu a implantação do

Programa;

b) analisar o grau de atendimento às expectativas do professor7, como decorrência da participação dos docentes no Programa, e a opinião dos gestores acadêmicos sobre tais expectativas;

c) identificar os fatores que concorrem para uma mudança da prática docente, na opinião dos docentes e de gestores acadêmicos;

d) analisar o nível de significado atribuído pelo docente à mudança de sua prática, tendo por base os conteúdos pedagógicos propostos no Programa;

e) conhecer, na apresentação pelos professores e gestores, exemplos que caracterizariam mudanças na prática docente em sala de aula;

6 Denominação das Unidades de Estudo conforme apresentado no Programa. 7 O tratamento será geral, independente de sexo masculino ou feminino.

(24)

f) levantar propostas alternativas para melhoria do Programa de Formação Continuada

para Docentes do Ensino Superior da UNIVALI.

No tratamento dos dados desta pesquisa fiz uso das abordagens quantitativa e qualitativa, porque elas se complementam. Parto do princípio de que existe uma inter-relação entre essas duas abordagens e que uma ajuda a explicar a outra (SANTOS FILHO, 2002 e ANDRÉ, 1995).

Este estudo está estruturado em quatro partes. A Parte 1 aborda a Expansão do Ensino Superior no Brasil em dois capítulos:

No Capítulo 1º – Expansão das Instituições de Ensino Superior e dos Cursos nos níveis

nacional, estadual e regional – apresento as razões da correlação entre a expansão das

Instituições de ensino superior e dos cursos nos níveis nacional, estadual e regional e a formação continuada para docentes do ensino superior. Destaco dados quantitativos das instituições de ensino superior no País, situando neles a Universidade Municipal. Além disso, relaciono as universidades municipais do Estado de Santa Catarina quanto à conceituação jurídica que lhes é atribuída, bem como suas filiações às diferentes associações de entidades no País e no Estado de Santa Catarina, até chegar à UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí.

O Capítulo 2º – Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI está subdividido em três tópicos. No tópico 2.1 – Universidade Municipal: um Modelo Alternativo em Busca de sua

Identidade e do Fortalecimento Nacional focalizo, especificamente, as universidades municipais

do Estado de Santa Catarina. Declaro as produções relacionadas ao tema, encontradas no transcurso da pesquisa. Registro, brevemente, a origem dessas Instituições e as vinculações com os órgãos do sistema estadual. Pontuo, com algumas sinalizações, as características básicas dessas universidades e algumas complexidades intrínsecas relacionadas à sua origem e à administração institucional. No tópico 2.2 – UNIVALI: um Olhar no Histórico e na Formação

Continuada de Docentes, na Estrutura Organizacional e na Expansão Institucional –

contextualizo, sinteticamente, a UNIVALI, apresentando um breve histórico, contrapondo-o a um olhar para o tipo de formação continuada de docentes existente em cada época. Configuro e caracterizo FEPEVI, FILCAT e UNIVALI, fazendo um recorte temporal nos dados mais expressivos da administração, do ensino, da extensão e da pesquisa que revelam o seu processo de expansão desde 1989, quando se tornou Universidade, até 2004. O tópico 2.3 – Gestão

(25)

Superior: Papel da Pró-Reitoria de Ensino da UNIVALI tem como foco: o entendimento sobre

gestão acadêmica; as funções da Pró-Reitoria de Ensino até 20028 na estrutura organizacional da UNIVALI; o lugar da fala de uma pró-reitora de ensino de uma universidade municipal, bem como o movimento que realizava nos órgãos, entidades e associações para incluir a equipe de trabalho e os docentes nas discussões, reflexões e experiências em realização no meio acadêmico brasileiro; a caminhada de uma equipe de trabalho, conectada com a administração e colegiados superiores da Instituição, para a implantação de uma proposta de mudança pedagógica, por meio de ações administrativas e acadêmicas, que deram origem ao Programa.

Com esta parte pretendo contextualizar o locus e as características institucionais que constituíram a base de sustentação para a implantação do Programa de Formação Continuada do

Ensino Superior da UNIVALI.

A Parte 2 – Formação Continuada para Docentes do Ensino Superior e Mudança da Prática Docente: Fundamentos Teóricos e o Programa da UNIVALI – também está dividida em

dois capítulos. O Capítulo 1º– Formação Continuada para Docentes do Ensino Superior e Mudança da Prática Docente: Fundamentos Teóricos abrange três tópicos. No tópico 1.1,

intitulado Considerações Iniciais, esclareço os conceitos de formação e mudança adotados. Apresento a fundamentação teórica e deduções profissionais sobre as mudanças na educação superior. Exponho as resistências pessoais, tendo em vista as implicações para a mudança da prática docente, quando de um Programa de Formação Continuada para Docentes do Ensino

Superior. Em Formação Continuada de Professores e Mudança da Prática Docente no Ensino Superior, no tópico 1.2, apresento a posição do ensino superior em relação à pesquisa, a

constatação de problemas da falta de qualificação do professor universitário, as deficiências na formação de professores, em especial, na formação pedagógica do professor desse nível de ensino, reforçando um cenário de desafios diversos, no que concerne a estudos e pesquisas nesta área, principalmente relacionados às mudanças da prática docente. Esclareço, conceitualmente, o entendimento sobre o programa de formação continuada para os professores do ensino superior, bem como sobre mudanças na sala de aula, tanto por parte do professor como do gestor universitário. Explico como as mudanças da prática docente ocorrem quando se analisam os fatores externos e internos. Apesar de a necessidade da formação continuada para professores do ensino superior ser reiterada, as agências formadoras ainda não têm dedicado especial atenção ao

(26)

problema, haja vista a carga horária a ela destinada nos cursos de pós-graduação. Enfoco, ainda, o artigo 66 da Lei 9.394/96, que esclarece o local de preparação para o magistério do ensino superior. Deduzo que um Programa de Formação Continuada para professores do Ensino Superior, além de desafiante, constitui um processo complexo, daí a escolha da Teoria da Complexidade, de Morin. No tópico 1.3 relato Experiências em Programas de Formação

Continuada de Docentes do Ensino Superior, explorando os estudos, as experiências e as

pesquisas existentes sobre formação pedagógica, profissionalização do professor universitário disponíveis nacional e internacionalmente e, mais especificamente, em Santa Catarina.

No Capítulo 2º, apresento a Formação Continuada para Docentes do Ensino Superior e

Mudança da Prática Docente: Programa da UNIVALI, edição 1, envolvendo uma retrospectiva

histórica desde a concepção da formação pedagógica até a chegada ao Programa, cujo reforço adveio com a Avaliação Institucional. Descrevo a fundamentação teórica, os objetivos e módulos trabalhados no referido Programa e, além disso, declaro minha expectativa em relação a ele e à forma como trabalhava a tomada de decisão para o estabelecimento da relação avaliação e planejamento.

Na Parte 3, organizada em dois capítulos, focalizo os Procedimentos Metodológicos e Análise dos Resultados. No Capítulo 1º – Procedimentos Metodológicos – descrevo as razões da

seleção do tipo de abordagem; as justificativas para utilização do estudo de caso, as considerações sobre narrativa e análise de conteúdo; descrevo o universo pesquisado; a composição e a forma de aplicação dos instrumentos de coleta, isto é, roteiro de entrevista e questionário; coleta, análise, interpretação dos dados e limitações do estudo. No Capítulo 2º –

Análise, Síntese e Discussão dos Resultados – analiso e discuto – à luz da fundamentação teórica

– as opiniões dos 385 docentes sobre o Programa de Formação Continuada para Docentes do

Ensino Superior da UNIVALI, coletadas em 2005. No tópico 2.1 – Opiniões dos Docentes: Resultados – abordo o perfil dos docentes, o Programa, a prática docente, as sugestões e as

mudan;as (2.1.1 a 2.1.3). No tópico 2.2 – Opiniões dos Gestores Acadêmicos: Resultados – apresento a opinião dos gestores acadêmicos (2.2.1 a 2.2.3), quanto ao programa, às mudanças da prática docente e às propostas alternativas apresentadas.

Na Parte 4, faço a Correlação entre Objetivos da Pesquisa e os Resultados Alcançados.

Nas Considerações Finais pontuo questões – chave da tese – com reflexões e recomendações para novos projetos dirigidos à formação e/ou capacitação docente.

(27)

As contribuições deste estudo situam-se, principalmente, na preocupação científica sobre as mudanças da prática docente em sala de aula oriunda de um Programa de Formação

Continuada para Docentes do Ensino Superior em uma Universidade Municipal, cujo modelo

organizacional, ainda é desconhecido no País. Colocá-lo em evidência pode vir a subsidiar as políticas públicas com novas alternativas organizacionais. Espera-se, assim, sinalizar novas frentes de reflexão sobre esses dois temas: formação e/ou capacitação docente do ensino superior e universidade municipal.

(28)

PARTE 1 – EXPANSÃO DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL

A expansão quantitativa das instituições de educação superior e de cursos, nos níveis nacional, estadual e regional, apresentada nesta parte, requereu atenção dos gestores acadêmicos quanto ao atendimento às exigências de duas frentes de trabalho na educação superior do país: qualidade de ensino e avaliação. Em nome da qualidade de ensino, tínhamos dos órgãos governamentais oficiais da educação9 um paradigma quantitativo de avaliação externa, composto de categorias e indicadores com várias especificações numéricas em cada uma das dimensões:

corpo docente, organização didático-pedagógica e infra-estrutura.

Esse quantitativo de avaliação externa de cursos revelou-se um diagnóstico deficitário por parte das instituições ante o requerido e regulamentado em lei. Dentre tantos problemas que emergiram na época, aponta-se o da organização didático-pedagógica que requereu por parte dos gestores acadêmicos das instituições uma dedicação total a ensino, pesquisa e extensão. Nesse período, as instituições passavam por uma verdadeira auditagem acadêmica, conferindo ao corpo

docente grande parcela de atenção nas várias categorias e indicadores avaliativos. Nesta

dimensão, o foco maior situava-se na formação didático-pedagógica dos docentes. Estudos e pesquisas já indicavam grandes problemas nessa área. Constatava-se, também, que as instituições de ensino superior deveriam sustentar as políticas institucionais10 definidas para atender às exigências que estavam postas no país, por parte do Ministério da Educação e dos órgãos de controle dos respectivos sistemas. Os gestores acadêmicos tinham dois focos: formação

continuada para docentes aliada a uma crescente expansão das Instituições de Ensino Superior e de cursos.

De posse desse conjunto de informações, organizadas em categorias e indicadores para dimensionar a qualidade de ensino, muitas instituições de ensino superior no país se mobilizaram na implantação dessas políticas institucionais, e a UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí foi uma delas.

Para dar conta deste cenário explicativo, abordo, no Capítulo 1º, a expansão das instituições de ensino superior e dos cursos nos níveis nacional, estadual e regional; no Capítulo

9 Entendo como órgãos governamentais oficiais da educação: MEC, INEP.

10 Entendidas como grandes metas de ação de domínio, engajamento e comprometimento dos gestores acadêmicos e

do corpo docente das instituições de educação superior, nesse caso, também da UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí.

(29)

2º, tendo em vista a UNIVALI ser uma Universidade Municipal, descrevo esse tipo de organização administrativa, destacando-a como modelo alternativo para o país. Completam o Capítulo 2º, a caracterização histórica e organizacional, a gestão acadêmica no processo de expansão e na formação continuada para docentes do ensino superior e o papel da Pró-Reitoria de Ensino da UNIVALI neste contexto.

(30)

CAPÍTULO 1º – EXPANSÃO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR E DOS CURSOS, NOS NÍVEIS NACIONAL, ESTADUAL E REGIONAL

Neste capítulo, apresento as razões da correlação entre a expansão das Instituições de ensino superior e dos cursos em níveis nacional, estadual e regional e a formação continuada para docentes do ensino superior. Destaco dados quantitativos das instituições de ensino superior no País, situando neles a Universidade Municipal. Além disso, relaciono as universidades municipais do Estado de Santa Catarina quanto à conceituação jurídica que se lhes atribuem, bem como as filiações delas às diferentes associações de entidades no país e no Estado de Santa Catarina, até chegar à UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí. Dessa forma, apresento as bases de sustentação do lócus e das características institucionais onde ocorreu a implantação do referido programa.

Objetivando contextualizar e facilitar a compreensão dos leitores, apresento, brevemente, dados gerais da expansão das instituições de ensino superior, de seus cursos no contexto nacional, e a posição das instituições de ensino superior municipais, especialmente as universidades municipais do Estado de Santa Catarina, quanto à expansão quantitativa, para, então, explanar sobre a UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí.

Para compor as idéias deste capítulo, recorri a fundamentações de autores diversos, documentos estatísticos de órgãos, associações e entidades, bem como informativos diversos do meio eletrônico. Entre eles, destacam-se: ForGRAD (1999), Pacheco e Ristoff (2004), Bojarski (2005 a, b) Göcks (2006), BRASIL (2002, 2005a, 2006 a, b, c, d, e, f), ABRUC (2006), ABRUEM (2006), ABMES (2006), AMPESC (2006), CRUB (2006), Dourado, Catani e Oliveira (2006).

No Brasil, o aumento numérico das instituições de ensino superior e a democratização do acesso ao ensino superior podem dar a impressão de crescimento, contudo, a realidade revela que ainda não se alcançaram as metas previstas para o País. O Plano Nacional de Educação – PNE (BRASIL, 2006a) e o Plano Nacional de Graduação – PNG (ForGRAD, 1999) estabeleceram que a oferta de vagas na graduação atendesse a um percentual de 30% da população de 18-24 anos.

(31)

A posição do Brasil é bastante desfavorável, e diria até constrangedora perante outras nações, quanto ao acesso à educação superior na faixa de 18 a 24 anos, se compararmos dados internacionais, especificamente de países da América Latina. De acordo com o diagnóstico apresentado no Plano Nacional de Educação, o Brasil registra menos de 12% de alunos matriculados na educação superior. A Argentina tem 40%; a Venezuela, 26%; a Bolívia e o Chile, 20,6% (BRASIL, 2006 a).

Pacheco e Ristoff (2004) destacam que, mesmo triplicando-se o número de universitários brasileiros, ainda assim o Brasil ficaria com índices menores que os da Argentina e do Chile. Alertam ainda que, para atingir o índice fixado da população na faixa etária apropriada na educação superior até 2010, o País não pode ficar na dependência da “força inercial do mercado”. Acredito, contudo, que isso demandaria políticas públicas efetivas e não apenas discursivas em prol da educação superior.

A expansão das instituições de ensino superior privada é notória, pelo que se verifica nos dados estatísticos de documentos oficiais a seguir apresentados.

Fazendo uma retrospectiva da posição quantitativa das universidades no contexto nacional, verifiquei que, segundo o Plano Nacional de Educação, período de 1988 a 1998, as municipais expandiram-se a uma taxa de 5,8% ao ano; as estaduais e particulares, 4,4% e as federais, 2,9% (BRASIL,2006 a). Mas, paralelamente a essa expansão, o diagnóstico da educação superior municipal no Plano Nacional de Educação, afirma:

Ainda que em termos do contingente a participação das municipais seja pouco expressiva – a participação das municipais correspondia a menos de 6% do total das matrículas –, esta tendência das ampliações das municipais contraria o disposto na Emenda Constitucional No 14, de 1996, onde o sistema municipal de ensino deve atender

prioritariamente à educação infantil e ao ensino fundamental (BRASIL, 2006 a, p.37). Pode-se deduzir do alerta da citação que as instituições de ensino superior municipais deveriam ser excluídas do sistema municipal de ensino, em razão do dispositivo constitucional11. Nada mais falso, porém, pois o acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística será garantido pelo Estado, segundo a capacidade de cada um, de acordo com o que determina a Constituição da República Federativa do Brasil em seu artigo 208, V. Os níveis mais básicos da educação pré-escolar e do ensino fundamental continuam sendo obrigações

11 Art. 30. Compete aos municípios:

[...]

VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação pré-escolar e de ensino fundamental;

(32)

específicas dos municípios, porém, evidentemente, não se lhes retira a possibilidade de atuarem em outros níveis mais elevados.

Há que se fazer uma distinção nesse tipo de IES, pois existem as que são criadas, as que

são mantidas e as que são predominantemente mantidas pelo poder público. Nesse sentido,

ressalto que, no Estado de Santa Catarina, as universidades municipais foram criadas pelo poder público municipal, mas não são por ele mantidas. Em 2005, no Estado de Santa Catarina, dois centros universitários municipais foram criados e são mantidos pelo poder público, situados um em São José, e outro, no Município de Palhoça (Grande Florianópolis). Mais um paradoxo de interesse político, uma vez que nesses dois municípios há campi da UNIVALI e da UNISUL, mantendo cursos de várias áreas de conhecimento.

As instituições de ensino superior municipais, incluídas como públicas, ainda são minoria e possuem pouca representatividade no País. Ao se compararem os percentuais12, verifica-se que, apesar da retração das universidades municipais no contexto das públicas, é importante que se analise a expansão das instituições privadas, em 200313, onde se incluem as

particulares ou com fins lucrativos, com 1.302 – 70,0%, e as comunitárias, confessionais e filantrópicas ou sem fins lucrativos, com 350 – 18,9%. No Estado de Santa Catarina, uma das

universidades municipais é de direito público, e as outras, de direito privado, categorizadas como

comunitárias sem fins lucrativos ou como filantrópicas sem fins lucrativos.

Posso afirmar, pela experiência profissional, participação em diferentes eventos nacionais, que as universidades municipais do Estado de Santa Catarina são desconhecidas. Elas ainda não conquistaram a devida atenção quanto ao seu diferencial no contexto das instituições de ensino superior públicas do País, tanto por parte de autoridades como dos órgãos e entidades educacionais. Apesar de compreensível, observa-se desconhecimento relativamente generalizado quanto à origem, administração funcional e organizacional dessas instituições. No entanto, autoridades, lideranças e comunidades do Estado de Santa Catarina atenderam, firmemente, ao chamado de interiorização do ensino superior, quando as políticas educacionais preconizavam a expansão. Elas responderam aos desafios da reforma universitária de 1968, criando um modelo

12 Comparando-se os dados de 1998 e 2003, apresentados pelo MEC/INEP (BRASIL 2006 b e c), constatei, em

1998, a existência de 973 instituições de ensino superior, sendo 209 públicas (21,5%) e 764 privadas (78,5%). As

municipais, incluídas nas públicas, totalizavam 78, ou seja, 8,0%. E, em 2003, existiam 1.859, sendo 207 públicas

(11,1%) e 1.652 privadas (88,9%), colocando o Brasil, segundo os indicadores internacionais, como um dos mais privatizados do mundo. Em 2004, o número de instituições de ensino superior municipais era de 62 –3,1%.

(33)

próprio, regionalizado e adequado à realidade. Santa Catarina optou, conscientemente, por instituições de ensino superior criadas pelo poder público, organizadas de acordo com o espírito público, porém, administradas nos moldes das instituições privadas, já que seria utópico imaginar que os municípios fossem capazes de financiar tamanha iniciativa. As instituições são legalmente públicas, mas não gratuitas, já que esses conceitos não se confundem. As fundações educacionais, criadas por leis municipais, mantiveram, no início, os estabelecimentos isolados de ensino superior e, hoje, mantêm universidades municipais e centros universitários. Graças à iniciativa e a mobilização comunitária, juntamente com os poderes públicos municipais, incentivados pelos governos estadual e federal, elas se tornaram realidade. Assim, coube às fundações o compromisso da auto-sustentação, do autofinanciamento e da captação de recursos públicos e privados e, em contrapartida, coube às comunidades locais e microrregionais a participação nos órgãos de controle dessas instituições. Com a implantação de 17 fundações em municípios-pólo, instituídos estes pela Lei no 5.540/68, surgiram 10 universidades municipais (até 2003), tendo a maioria delas estrutura multicampi.

Esse desconhecimento é constatado até pela classificação das instituições de ensino superior municipais apresentadas pelo MEC/INEP – Ministério de Educação e Cultura/ Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Até o ano de 2002, verifiquei haver registro de 57 no País, sendo sete na Região Sul, das quais três em Santa Catarina, localizadas em Rio do Sul – UNIDAVI –, Blumenau – FURB – e Criciúma – UNESC14. No entanto, havia, em Santa Catarina, outras sete universidades15 também municipais.

Aprofundando mais o levantamento de dados, encontrei cinco instituições de ensino superior autoclassificadas como comunitária/confessional/filantrópica, no Estado de Santa Catarina (BRASIL, 2006 d), o que difere dos dados da ABRUC mais adiante referidos.

A partir desse conjunto de dados, convém analisar, mais detidamente, a estrutura e o funcionamento das universidades municipais do Estado Catarina e das entidades que as mantêm.

De acordo com a classificação da organização acadêmica apresentada pelo MEC (BRASIL, 2005 b), as entidades mantenedoras das universidades municipais no Estado de Santa

14 UNIDAVI – Universidade do Alto Vale do Itajaí; FURB – Fundação Universidade Regional de Blumenau e

UNESC – Universidade do Extremo Sul Catarinense.

15 Outras Instituições de Ensino Superior Municipal do Estado de Santa Catarina: UnC – Universidade do

Contestado; UNIPLAC – Universidade do Planalto Catarinense; UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina; UNIVALI –Universidade do Vale do Itajaí; UNIVILLE – Universidade da Região de Joinville; UNOCHAPECÓ – Universidade Comunitária Regional de Chapecó e UNOESC – Universidade do Oeste de Santa Catarina.

(34)

Catarina podem incluir-se em uma dessas categorias: públicas municipais, privadas

comunitárias, ou privadas filantrópicas.

Entretanto, a caracterização jurídica dessas instituições é diferenciada. Conforme as respectivas especificações estatutárias, elas podem ser constituídas como fundações públicas de direito privado ou fundações públicas de direito público. As públicas de direito público possuem traços institucionais bastante definidos e restritos. As públicas de direito privado, por seu turno, podem assumir características estruturais que as venham definir mais propriamente como comunitárias ou como filantrópicas. Ser comunitárias ou ser filantrópicas são traços mais afetos às finalidades a que se destinam.

As fundações que mantêm as universidades municipais no Estado de Santa Catarina, sejam de direito público, sejam de direito privado, invariavelmente, cobram mensalidades dos alunos, já que os poderes instituidores não as mantêm. Desta forma, chega-se a um ponto central: as entidades mantenedoras das universidades municipais de Santa Catarina enquadram-se como instituições que possuem características próprias das IES públicas, das particulares, das não

estatais, das comunitárias, das filantrópicas. Explicitando um pouco melhor:

a) são instituições públicas por haverem sido criadas pelo poder público, através de leis municipais, e também pelo fato de que, ocorrendo sua extinção, seu patrimônio retorna ao poder instituidor ou a outra entidade com registro no Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS, ou outra entidade pública, conforme ordenações legais. b) são instituições classificadas errônea ou equivocadamente, inclusive por órgãos oficiais,

como particulares, pelo fato de cobrarem mensalidades. São sabidamente particulares as instituições que pertencem a um dono ou grupo. Não é, decisivamente, o que ocorre com as instituições que mantêm as universidades municipais catarinenses. Por exemplo, nenhum dirigente, por decisão exclusivamente sua, pode transacionar bens ou efetuar transações comerciais das mesmas. O fato de tais instituições estarem constitucionalmente (Artigo 242 da Constituição da República Federativa do Brasil), autorizadas a cobrar mensalidades não as torna, ipso facto, identificáveis com as instituições tecnicamente classificadas como particulares. Esta é uma característica jurídica diferenciadora das universidades municipais de Santa Catarina e que pode acarretar alguma dificuldade de entendimento. Ao invés de “particulares” (que não o são) talvez as universidades municipais de Santa Catarina pudessem ser melhor

(35)

caracterizadas como instituições de direito privado, porém, sempre públicas. O equívoco seria menor.

c) são instituições claramente não estatais, colocadas fora do alcance direto da ação estatal, regidas por normas próprias das entidades de direito privado e que, no entanto, suprem a ausência do Estado na oferta do ensino e seguem os mesmos princípios e a mesma ética adotada pelos órgãos públicos.

d) são instituições claramente comunitárias, compromissadas com o desenvolvimento das microrregiões nas quais estão inseridas, voltadas para o bem-estar de suas comunidades específicas, com participação decisória de lideranças representativas de diversos segmentos das sociedades local e regional em seus conselhos de administração superior. e) são instituições filantrópicas, no sentido pleno dessa palavra, porque não possuem

finalidade lucrativa, não distribuem dividendos ou bonificações de qualquer espécie e aplicam toda a sua arrecadação nos fins e objetivos para os quais foram instituídas. Gozam de imunidade parcial de impostos sobre o seu patrimônio, renda e serviços. Além de serviços que prestam à comunidade de abrangência, nas diferentes áreas do conhecimento, concedem 20% da arrecadação líquida na forma de bolsas de estudo para estudantes carentes do ensino superior.

Essas são características peculiares das instituições de ensino superior municipais do Estado de Santa Catarina. Além dessas, ressalte-se que as entidades mantenedoras das universidades municipais de Santa Catarina se integram num único organismo denominado

Associação Catarinense das Fundações Educacionais – ACAFE. Dela, em 2006, faziam parte 16

instituições de educação superior: 11 mantenedoras de universidades, das quais dez são

universidades municipais e uma estadual, além de quatro mantenedoras de centros universitários

e uma fundação isolada. No rol das universidades existentes no Estado de Santa Catarina, encontra-se, ainda, uma Universidade Federal. O número das Instituições particulares teve crescimento acentuado nos últimos anos em Santa Catarina. Segundo dados do INEP, em 2006, elas somavam 107, sendo 46 associadas à AMPESC – Associação de Mantenedoras Particulares de Educação Superior de Santa Catarina (AMPESC, 2006). O maior número delas se localiza em Joinville e Florianópolis.

(36)

Este cenário das instituições de ensino superior municipais fica ainda mais exposto e contraditório quando se verifica como elas se agregam em filiações e associações no País; a busca de um entendimento classificatório evidencia problemas de identidade institucional.

Para reforçar as sinalizações apresentadas quanto ao tipo de classificação, visitei vários

sites (2006) e verifiquei que as universidades municipais de Santa Catarina estão diferentemente

filiadas a diversas associações:

a) ABRUC – Associação Brasileira das Universidades Comunitárias – quatro universidades municipais catarinenses: UNIVILLE, UNESC, UNISUL e UNOCHAPECÓ;

b) ABRUEM – Associação Brasileira de Reitores das Universidades Estaduais e Municipais – oito universidades catarinenses: UnC, UDESC, UNISUL, UNESC, UNOESC, UNIPLAC, FURB e UNIVALI.

c) ABMES – Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior – aparece só a UNISUL.

d) CRUB – Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras – dez universidades catarinenses, sendo oito municipais, uma estadual, uma federal. São elas: FURB, UnC, UNESC, UNIPLAC, UNISUL, UNIVALI, UNIVILLE, UNOESC, UDESC (estadual), UFSC (federal).

À panorâmica sobre a expansão quantitativa das instituições de ensino superior no País, agregamos uma pequena caracterização da complexidade das universidades municipais que são a maioria no Estado de Santa Catarina, onde se distribuem de norte a sul, de leste a oeste, situando-se, principalmente, nas cidades-pólo de desenvolvimento socioeconômico, político e cultural. O exposto no tópico demonstra que, no Estado de Santa Catarina, elas se revelaram atípicas em termos de instituições de ensino superior, se relacionadas ao universo nacional.

No Brasil, a expansão quantitativa não se deu apenas nas instituições, mas também nos

cursos de ensino superior. Analisando-se o total dos cursos de graduação presencial, entre 1998 e

2003, o índice quase triplicou16. Entretanto, o número de cursos das instituições de ensino superior municipais, tanto universidades como estabelecimentos isolados, nesse período, teve redução17. Contudo, é preciso considerar que as universidades municipais do Estado de Santa Catarina são também classificadas, oficialmente, no setor privado e, ao considerar seus cursos de

16 Em 1998, o número total de cursos de graduação presencial era de 6.950 e, em 2003, totalizavam 16.453.

17 Em 1998, eram 507, isto é, 7,2% e, em 2003, reduziram-se para 482 – 2,9%. Em 2004 existiam 18.644 cursos de

(37)

graduação, constataremos uma expansão visível quantitativamente18. Na comparação total do número de cursos de graduação presencial de 2004 com o de 2003, verifica-se um acréscimo de 2.191 cursos novos, isto é, 13,3%, o que representa seis novos cursos por dia no País, o que é, no meu entender, bastante expressivo (BRASIL, 2006 f).

Neste contexto de expansão das instituições e de cursos de graduação presencial de ensino superior, encontra-se a UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí. Dentre as universidades municipais de Santa Catarina, foi a que teve maior ascensão numérica no período de 1989 a 2004: de 11 cursos regulares de graduação em 1989, atingiu o número de 50 em 2004/II, acompanhada de outras modalidades de ensino.

Com base na minha vivência profissional, posso afirmar que as universidades municipais do Estado de Santa Catarina constituem um modelo alternativo de educação pública superior no País. Este Estado desenvolveu um sistema integrado e diferenciado19.

O desenvolvimento regionalizado que as instituições municipais de educação superior proporcionaram tem um forte apelo comunitário e social, sem distanciamentos provocados pelo estilo de administração estatal e centralizada. Talvez este seja o ponto mais importante de toda essa análise: o incentivo à criação de instituições fortes e sadias, firmemente vinculadas às regiões onde se situam, administradas de modo ágil e participativo, com um outro sentido de público.

Apresentar o modelo catarinense de educação superior municipal do Estado se caracteriza como uma alternativa de expansão do sistema público de ensino.

18 Existiam 3.980 cursos de ensino superior em 1998; 10.791, em 2003 e 12.360, em 2004.

19 Aqui podemos nos referir às universidades comunitárias do Rio Grande do Sul que, conforme Bojarski (2005 a, p.

8): “[...] estão submetidas, exclusivamente, ao Código Civil e são autorizadas e avaliadas pelo Sistema Federal de Ensino, enquanto as catarinenses estão submetidas às leis municipais que as instituíram e ao Código Civil, mas são autorizadas e avaliadas pelo Sistema Estadual de Educação”.

Referências

Documentos relacionados

Além desta verificação, via SIAPE, o servidor assina Termo de Responsabilidade e Compromisso (anexo do formulário de requerimento) constando que não é custeado

de professores, contudo, os resultados encontrados dão conta de que este aspecto constitui-se em preocupação para gestores de escola e da sede da SEduc/AM, em

Fonte: elaborado pelo autor. Como se pode ver no Quadro 7, acima, as fragilidades observadas após a coleta e a análise de dados da pesquisa nos levaram a elaborar

ITIL, biblioteca de infraestrutura de tecnologia da informação, é um framework que surgiu na década de mil novecentos e oitenta pela necessidade do governo

Para Dewey (1959), o processo de educar não consiste apenas na reprodução de conhecimentos, mas em uma constante reconstrução da experiência, de forma a dar ao aluno

O Comitê Técnico Setorial é composto por profissionais internos e externos ao SENAI, que possam contribuir com suas experiências profissionais, formação e visão de futuro, sendo

Dessa maneira, justificar-se-ia o posicionamento de parte das IES entrevistadas, que manifestaram preocupação no sentido de que os programas de internacionalização da

Considerando a importância da formação continuada de docentes, a escassez destas propostas (principalmente na educação profissional e no ensino superior) e