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Observatório do emprego e da trajectória profissional dos diplomados da Universidade do Porto

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Academic year: 2021

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Observatório do emprego e da trajectória profissional dos

diplomados da Universidade do Porto

1. Introdução

De entre os desafios que hoje se colocam às instituições de ensino superior, o do conhecimento dos percursos profissionais e do emprego dos diplomados ocupa um lugar de grande relevo e de fortíssimas consequências de ordem social, política, económica e cultural. As diversas dimensões do problema têm profundas implicações na própria definição da missão da Universidade, particularmente em Portugal, na medida em que os resultados da massificação do ensino superior nas últimas três décadas conduziu a novas responsabilidades e a pressões sociais a que tradicionalmente a universidade se mantinha relativamente alheia. A criação do espaço europeu de ensino superior, por um lado, e o aumento da competitividade no plano internacional de muitas universidades de distintos continentes, por outro, vieram colocar desafios mais prementes às universidades portuguesas em geral e à do Porto em particular.

Além disso, as formações de nível superior deixaram de ser o caminho seguro para um emprego garantido e prestigiado. Por isso a formação que hoje se faculta aos estudantes do ensino superior terá de ter em consideração, além da qualidade da mesma, também o que ela pode significar em termos de mais-valia na hora de procurar um emprego qualificado e o consequente reconhecimento social e económico. De facto, o valor de um grau dependerá, cada vez mais, não só da qualidade da formação em concreto, mas também do prestígio e respeito que a instituição que o atribuiu conseguiu granjear a nível nacional e internacional. Só esse prestígio, alicerçado em sólidas bases científicas e pedagógicas, em dados reconhecidos e acreditados através de avaliação externa, permitirá atrair os melhores estudantes e, consequentemente, potenciar a saída de diplomados (nomeadamente de segundo e terceiro ciclos) de elevada qualidade, capazes de evidenciar na sociedade essa mesma qualidade e a mais-valia que representa em termos sociais, culturais e económicos.

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Neste quadro, o seguimento dos diplomados que inclua, além dos indicadores de empregabilidade, também indicadores relativos ao grau de satisfação com a sua formação académica revelar-se-á um fortíssimo instrumento para estratégia da Universidade, incluindo a definição de políticas de melhoria da qualidade, e para a afirmação e competitividade internacional dos ciclos de estudos e da própria universidade.

Há, no entanto, que ter em consideração uma condicionante prévia e fortemente limitadora, sobretudo ao nível das formações de primeiro ciclo e de mestrado integrado: o sistema de acesso ao ensino superior em Portugal. A actual impossibilidade de as universidades portuguesas definirem a sua política de acesso aos ciclos de estudos iniciais e os critérios oficiais de entrada no ensino superior baseado exclusivamente numa fórmula de classificação do ensino secundário têm conduzido a situações altamente potenciadoras quer do abandono dos percursos iniciais, quer de algum insucesso escolar em determinados ciclos de estudos universitários. Esse abandono ou insucesso é um elemento altamente penalizador da universidade e de vários dos seus ciclos de estudo. Este factor é ainda agravado quando o emprego dos diplomados desse(s) ciclo(s) de estudos, já marcado(s) por taxas de abandono ou de insucesso significativas, é difícil, reduzido ou problemático.

2. As múltiplas potencialidades da criação de um observatório do emprego

2.1. Conhecer tipologias de percursos profissionais dos diplomados da U.Porto permitirá compreender com mais rigor qual o impacte social, económico e cultural da universidade na região, no país e talvez mesmo no estrangeiro (um dos aspectos que a Lei da Avaliação expressamente valoriza – Lei 38/2007, de 16 de Agosto, al. m) do nº 2 do artº 4º);

2.2. Pensar maduramente o desenho dos planos de estudos que tenha em consideração a relevância e qualificação das formações, tanto do ponto de vista da produção científica das várias faculdades e centros de investigação associados, quanto das competências e resultados da aprendizagem conferidos, bem como a sua influência social, cultural e económica e ainda o grau de satisfação dos diplomados, permitirá definir políticas que vão do desenvolvimento interno à projecção externa dos resultados do investimento realizado na qualidade de formação (associada, naturalmente, à investigação produzida na universidade).

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2.3. Conhecer o sucesso ou o enquadramento profissional, mesmo quando ocorre em domínios não directamente relacionados com a formação obtida, pode ser muito importante para a definição de planos curriculares, das competências a desenvolver ou a valorizar, dos resultados a atingir e de afirmação do valor formativo do ensino superior para a aprendizagem ao longo da vida, para o desenvolvimento pessoal, da região e do país.

2.4. Conhecer os dados da empregabilidade (e não apenas do emprego) dos diplomados cria a possibilidade de fornecer informação credível às famílias e aos candidatos ao ensino superior, nomeadamente de origens sociais mais desfavorecidas que, conhecendo as potencialidades da formação na aquisição de competências e de resultados passíveis de serem atingidos, coloquem a formação superior no seu horizonte de expectativas e assim diminuam a tentação ou pressão para o abandono escolar.

2.5. Permite também disponibilizar dados a empregadores que, com base na percepção das competências e dos resultados da aprendizagem dos nossos diplomados, queiram estabelecer relações mais estreitas com a universidade, nomeadamente através das suas bolsas de emprego ou de projectos de investigação e desenvolvimento científico e tecnológico.

2.6. Potencia a exploração da possibilidade de manter uma ligação estreita com os alumni, fazendo-os parte interveniente e construtiva das reformas ou da melhoria da formação universitária, através das suas opiniões, análises e propostas, do contributo da sua experiência e percursos profissionais, bem como através da informação sobre o grau de satisfação com a formação de primeiro ciclo ou formações especializadas em domínios relevantes para a sua profissão ou para o seu enriquecimento pessoal.

3. O Observatório como instrumento das políticas estratégicas da universidade

Cada vez mais, a ligação à sociedade pelas vias dos alumni, da transferência de conhecimento e da influência cultural necessita de estratégias bem definidas e bem articuladas com as diversas dimensões da missão da universidade. Um bom observatório do emprego pode ser um instrumento poderoso para a definição da estratégia da Universidade, nomeadamente no que diz respeito ao desenho dos planos curriculares e à ligação à sociedade ou à região, tanto no plano da formação nos três ciclos de estudos, como no da formação contínua e da actividade cultural. Além disso, o observatório pode fornecer dados

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interessantes, mais científicos e rigorosos do que tem tido, sobre diversas dimensões da formação ministrada nos seus vários ciclos de estudos. Hoje sabe-se que estes não podem estar excessivamente prisioneiros de uma qualificação profissional específica, porque o mercado de trabalho, como toda a sociedade, tem ritmos de mudança muito fortes e profundos. O que hoje é uma profissão promissora amanhã pode não o ser, ou para o ser tem de garantir o acompanhamento constante e a própria criação de inovações científicas e tecnológicas. Por isso, o observatório deverá permitir compreender também até que ponto o desenho dos ciclos de estudos, sobretudo de primeiro ciclo, terá de abarcar diferentes dimensões da formação e como as deverá posicionar de modo a permitir preparar os jovens, mais do que para profissões concretas, para futuros desempenhos profissionais que não serão lineares nem estanques. Ou seja, as formações superiores deverão garantir o desenvolvimento de competências e de capacidades que, ancoradas num ensino/aprendizagem de elevada qualidade, preparem e habilitem os diplomados de capacidades para dar resposta aos desafios ou constrangimentos do mercado de emprego e para tirar partido das oportunidades de aprendizagem ao longo da vida.

Neste quadro, a criação de um Observatório do emprego da U.Porto deverá ter em vista o seu contributo não só para o conhecimento sólido do percurso profissional dos seus diplomados, mas também para a definição de linhas estratégicas de desenvolvimento e da qualidade da formação. Esta visão impõe a aprovação de uma metodologia que permita atingir os fins desejados.

4. Primeiro passo: o inquérito aos diplomados

Importa que o Observatório do emprego da U.Porto seja, numa primeira fase, construído a partir do lançamento de um inquérito-base comum a todas as unidades orgânicas e a todos os ciclos de estudos, para que os dados possam ser tanto comparáveis quanto agregados. Os resultados estatísticos têm de ser qualitativamente analisados e isso só é possível se existir uma visão integrada e comparável dos resultados.

A criação do Observatório deverá seguir várias etapas sucessivas, por forma a garantir a sua eficácia. Atendendo a que os diplomados actuais fizeram toda a sua formação em cursos anteriores ao processo de Bolonha, a primeira etapa do Observatório – logo, o primeiro inquérito – a ser concretizada este ano lectivo de 2007-2008 terá de ter em

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consideração este facto. A partir do ano de 2008-2009, iniciar-se-á uma segunda etapa, considerando tanto os diplomados com formações anteriores ao processo de Bolonha como alguns já com qualificações de 1º e 2º ciclos. A terceira etapa deverá iniciar-se no ano lectivo de 2009-2010 com um inquérito mais estável e já centrado nas formações “pós-Bolonha”.

4.1. Para o lançamento da primeira etapa considera-se fundamental:

4.1.1. Que o Observatório seja coordenado centralmente pela Reitoria, apoiado numa equipa científica e técnica especializada, recorrendo contudo à colaboração e envolvimento activo dos gabinetes de inserção profissional e bolsas de emprego das unidades orgânicas;

4.1.2. Que seja adoptado um inquérito-base comum a todos os ciclos de estudos e faculdades, eventualmente com possibilidade de conteúdos específicos complementares para alguns ciclos de estudos, segundo critérios a definir com os responsáveis;

4.1.3. Que o inquérito possa ser realizado on-line, sendo indicado pela Reitoria um contacto específico e permanente de ligação aos responsáveis científicos, aos representantes das Faculdades e à equipe técnica. Esse contacto é a Drª Maria Clara Martins, da Formação e Organização Académica.

O primeiro inquérito foi preparado por uma equipa coordenada por especialistas na área do emprego (o Prof. Carlos Gonçalves da FLUP e a Profª Isabel Menezes da FPCEUP), com a colaboração de dois técnicos com larga e provada experiência neste domínio (Engº Carlos Oliveira da FEUP e Drª Conceição Costa da FCNAUP). Foi apresentado e discutido numa reunião que ocorreu em 19 de Outubro de 2007 na Reitoria por todos os contactos dos sectores de inserção profissional indicados pelas faculdades para este efeito. A versão final do inquérito é a que resulta não só dessa reunião, mas também de contributos que posteriormente foram remetidos à equipa científica e foi testada com uma amostra diplomados seleccionada pelos serviços de inserção profissional de cada faculdade. Os resultados da análise das respostas conduziram à definição da estrutura e conteúdos finais do inquérito que deverá ser aplicado durante o mês de Maio de 2008, reportando-se aos diplomados de 2005-06. No final do ano poder-se-á aplicar aos diplomados de 2006-07.

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Este projecto e o inquérito dele resultante foi sujeito à aprovação pelos órgãos competentes da Universidade em Fevereiro de 2008. Terá a supervisão científica dos coordenadores da equipa, para efeitos de análise de resultados.

O estudo dos primeiros resultados será apresentado aos órgãos competentes da Universidade em Dezembro e na primeira quinzena de Janeiro de 2009, altura em que será lançado o inquérito aos diplomados no ano lectivo de 2006-2007.

Em 2008-2009 o inquérito será ajustado para ser aplicado aos diplomados (licenciados e mestres) pelo novo regime de graus e diplomas. Será efectuado anualmente, depois de decorrido um ano sobre a data da graduação e pós-graduação, e novamente ao fim de cinco anos aos mesmos diplomados.

Deste modo, a U.Porto dará resposta à exigência da Lei de Avaliação do Ensino Superior, tanto no previsto na alínea f) do nº 2 do artigo 4º, quando do nº ii) da alínea e) do artigo 18º, que obriga a “Publicar, regularmente, informação quantitativa e qualitativa actualizada, imparcial e objectiva acerca (…) da monitorização do trajecto dos seus diplomados por um período razoável de tempo, na perspectiva da empregabilidade”. Mas este Observatório deverá, sobretudo, facultar à Universidade e às suas Unidades Orgânicas mais um instrumento de análise da sua oferta formativa e de definição de novos ou renovados desenhos curriculares atentos às mudanças científicas, sociais e culturais.

Universidade do Porto, Março de 2008

Maria de Lurdes Correia Fernandes Vice-Reitora

Referências

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