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ÉTICA NA PREVENÇÃO DA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA: OLHAR DA EQUIPE DE SAÚDE

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ÉTICA NA PREVENÇÃO DA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA: OLHAR DA EQUIPE DE SAÚDE

FREITAS, P.S. (Acadêmica de Enfermagem - UEPG)¹ ALMEIDA, E.A. (Acadêmica de Enfermagem – UEPG)² ZIMMERMANN, M.H. (Docente de Enfermagem – UEPG)³

RESUMO

Os profissionais da saúde, além do compromisso ético e profissional, são educadores e responsáveis por sistematizar e incentivar o autocuidado, desenvolver atividades educativas de promoção e prevenção à saúde reduzindo a incidência de insuficiência doença renal crônica (IRC) em hipertensos e diabéticos. Esta pesquisa teve como objetivo investigar, sob o olhar dos profissionais de saúde, a contribuição da ética na prevenção da IRC em portadores de Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial Sistêmica. Pesquisa de campo, exploratória, qualitativa, com participação de 6 (seis) profissionais da saúde atuantes em ESF na cidade de Ponta Grossa-PR. O método de coleta foi entrevista individual semi-estruturada, com a análise de dados através da interpretação das falas dos sujeitos. Resultados encontrados: participantes da pesquisa apresentaram idade entre 24 a 73 anos de idade, com média de 43 anos; 50% com ensino médio e 50% ensino superior. A consulta de enfermagem é realizada de maneira informal, na passagem do paciente dentro da UBS; os profissionais têm conhecimento que a HA e o DM levam a complicações renais e realizam ações para preveni-las; A ética contribui na prevenção da IRC, contudo, os profissionais não sabem identificá-la. Conclusão: O enfermeiro juntamente com a equipe de saúde, por meio do compromisso ético e profissional que o título lhes confere, deve ter participações em ações preventivas na atenção primária, através da educação. As UBS se tornam campos férteis para que o auto cuidado e adesão ao tratamento se tornem realidade na vida dos portadores de doenças crônicas objetivando prevenção de complicações.

Descritores: Ética, Enfermagem, Rim

¹ Paula Souza de Freitas: Acadêmica do 4º ano do Curso de Enfermagem e Saúde Pública- UEPG

² Eva Aparecida Almeida: Enfermeira e bióloga formada pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). ³ Marlene Harger Zimmermann: Mestre, professora assistente do Departamento de Enfermagem e Saúde Pública da UEPG

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INTRODUÇÃO

A prática do profissional da saúde, em especial a do enfermeiro, é permeada pelos aspectos teóricos, técnicos, humanísticos e éticos.

A palavra ética vem da palavra grega ethos, que se refere seja à moralidade do agente, seja à moralidade de seus atos, ou seja, tanto ao “caráter“ de um indivíduo como aos “costumes” de uma comunidade ou população1.

De acordo com o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (CEPE) o aprimoramento do comportamento ético do profissional passa pelo processo de construção de uma consciência individual e coletiva, pelo compromisso social e profissional configurado pela responsabilidade no plano das relações de trabalho com reflexos no campo científico e político2.

Com as transformações e o novo ritmo que começou a ser experimentado no mundo, os aspectos éticos vêm exigindo participação direta nas discussões de trabalho com vistas ao bem-estar futuro das pessoas e comunidade.

No caso brasileiro, é imprescindível que essa discussão (ética) passe a ser incorporada ao próprio funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS), no que diz respeito à responsabilidade social, à definição de prioridades com relação à alocação e distribuição de recursos, ao gerenciamento de sistema, ao envolvimento organizado e responsável da população em todo o processo, à preparação mais adequada dos recursos humanos1.

Em relação a esta consciência coletiva, ações preventivas fazem parte do cotidiano dos profissionais de saúde, podendo assumir também a conotação de dever e de responsabilidade para com o outro.

Estas ações definem-se como intervenções orientadas a evitar o surgimento de doenças específicas, reduzindo sua incidência e prevalência nas populações. Seu objetivo é a redução do risco de doenças degenerativas ou outros agravos específicos3.

Doenças como Diabetes Mellitus (DM) e Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) são consideradas degenerativas e as principais causadoras tanto de Insuficiência Renal Crônica (IRC) ainda sem necessidade de diálise quanto em tratamento dialítico4.

A IRC é definida como condição fisiopatológica secundária a um grande número de etiologias, resultante da lesão de néfrons, muitas vezes necessitando de terapia dialítica para a sobrevivência. A IRC terminal é o resultado da perda progressiva, lenta e irreversível da função renal5, que quando diagnosticadas precocemente, oferecem múltiplas chances de evitar complicações; quando não, retardam a progressão das já existentes e as perdas delas resultantes6.

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No Brasil, o DM e a HAS, são responsáveis pela primeira causa de mortalidade e de hospitalizações, de amputações de membros inferiores e representa ainda 62,1% dos diagnósticos primários em pacientes com IRC submetidos à diálise7.

Pela importância que assumem, o Brasil implantou desde 2002 o Programa HIPERDIA (Hipertensão/Diabetes) nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), cujos pacientes com diagnóstico de HAS e/ou DM são inscritos e passam a ter acompanhamento médico regular, fornecimento de medicação e principalmente acesso a um atendimento direcionado a educação, prevenção e reconhecimento de sua doença8.

No Brasil são cerca de 17 milhões de portadores de hipertensão arterial, 35% da população de 40 anos e mais. E esse número é crescente; seu aparecimento está cada vez mais precoce e estima-se que cerca de 4% das crianças e adolescentes também sejam portadoras. A carga de doenças representada pela morbimortalidade devida à doença é muito alta e por tudo isso a HA é um problema grave de saúde pública no Brasil e no mundo7.

Segundo o DATASUS (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde), janeiro de 2010 à junho de 2011, no Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos, o número de portadores destas doenças no Paraná totaliza 37.469 portadores destas patologias9.

O DM configura-se hoje como uma epidemia mundial, traduzindo- se em grande desafio para os sistemas de saúde de todo o mundo. As consequências humanas, sociais e econômicas são devastadoras: são 4 milhões de mortes por ano relativas ao diabetes e suas complicações (com muitas ocorrências prematuras), o que representa 9% da mortalidade mundial total. O grande impacto econômico ocorre notadamente nos serviços de saúde, como consequência dos crescentes custos do tratamento da doença e, sobretudo das complicações, como a doença cardiovascular, a diálise por IRC10.

No Brasil, a prevalência de pacientes com IRC cresce em torno de 10% ao ano. Estima-se que existam atualmente 77.000 pessoas submetidas a tratamento dialítico e em torno de dois milhões de pessoas portadoras de doença renal crônica em todo o País5.

Frente à relação que o DM e a HAS apresentam na relevância do aparecimento da IRC, podemos destacar o papel do enfermeiro na prevenção dessas doenças crônicas degenerativas, e o envolvimento da ética profissional junto ao paciente e sua família.

Diante do exposto, fica evidente a necessidade de investigar, sob o olhar dos profissionais de saúde, a contribuição da ética na prevenção da IRC em portadores de DM e HAS.

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O objetivo desse estudo foi investigar, sob o olhar dos profissionais de saúde, a contribuição da ética na prevenção da Insuficiência Renal Crônica em portadores de Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial Sistêmica.

METODOLOGIA

Este trabalho é parte da análise de dados da pesquisa intitulada “Contribuição da Ética na prevenção da Insuficiência Renal Crônica aos portadores de Diabetes Méllitus e/ou Hipertensão Arterial”, aprovada pela Comissão de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Ponta Grossa em 27/02/11 sob Parecer nº 10/2011, protocolo nº 16275/10.

Trata-se de pesquisa de campo, exploratória de abordagem qualitativa. O estudo foi realizado em Estratégia Saúde da Família, na cidade de Ponta Grossa – PR, com seis profissionais de saúde que trabalham neste local: uma enfermeira, três técnicas de enfermagem, uma farmacêutica e um médico.

A coleta de dados realizou-se através de entrevista individual semi-estruturada. Estas ocorreram nos dias 25 e 27 de maio. As perguntas foram relativas à ação dos profissionais da saúde aos usuários do programa HIPERDIA na prevenção da IRC Ao seu término, as respostas foram lidas para validação. Os participantes autorizaram a pesquisa após leitura, retirada de dúvidas e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

A análise dos dados ocorreu através da interpretação das falas dos sujeitos, as quais foram agrupadas e apresentadas em quadros para melhor visualização das informações levantadas.

RESULTADOS

Os seis participantes da pesquisa apresentaram idade entre 24 a 73 anos de idade, com uma média de 43 anos de idade. Em relação ao grau de escolaridade, 50% possuíam ensino médio e 50% ensino superior. Perfil dos mesmos está descrito no quadro 1.

QUADRO 1- PERFIL DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA.

PROFISSINAL IDADE SEXO ESCOLARIDADE PROFISSÃO

1 37 F Ensino Superior Enfermeira

2 24 F Ensino Médio Técnica de Enfermagem

3 28 F Ensino Médio Técnica de Enfermagem

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5 48 F Ensino Superior Farmacêutica

6 73 M Ensino Superior Médico

Fonte: elaborada pelas autoras, Ponta Grossa (2011).

Quando os profissionais de saúde foram questionados quanto ao conhecimento do número de hipertensos e diabéticos atendidos na UBS, percebeu-se que estes estavam informados. Totalidade dos participantes (100%) respondeu que o atendimento era em torno de 600 pacientes com HAS e 300 portadores de DM.

A HAS é um dos mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e renais, sendo responsável por pelo menos 40% das mortes por acidente vascular cerebral, por 25% das mortes por doença arterial coronariana e, em combinação com o diabetes, 50% dos casos de insuficiência renal terminal7.

Em relação à disponibilidade de medicamento para os portadores de HAS e DM, 100% responderam que ofertam tratamento medicamentoso regularmente, de acordo com a relação municipal de medicamentos (REMUME).

Sobre a distribuição de medicamentos, a Lei nº 8.080/90, em seu artigo 6º, estabelece como campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS) a “formulação da política de medicamentos (...) de interesse para a saúde (...)”11, pois a Política Nacional de Medicamentos, definida pela Portaria nº 3.916/98 aborda a importância do fornecimento dos medicamentos essenciais, devendo ser direito aos pacientes receberem gratuitamente esses medicamentos nas unidades básicas de saúde12.

A adesão ao tratamento medicamentoso é essencial. Neste sentido, ao serem questionados se esta adesão era efetiva, obtiveram-se as respostas que estão no quadro 2.

QUADRO 2 – EFETIVIDADE DA ADESÃO MEDICAMENTOSA.

Respostas positivas “sim, com exceção de alguns pacientes resistentes a alguns medicamentos específicos, como diuréticos”.

“na maioria sim, alguns temos que realizar aconselhamento individual”.

“é efetiva, pois de 2 em 2 meses eles vêm consultar, e é realizado entrega de medicamentos em casa também, para os acamados”. Resposta negativa “a adesão é regular a razoável, adesão à dieta e outros tratamentos

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Percebe-se que a adesão ao medicamento é reforçada pela equipe da UBS. De acordo com MS, o seu propósito é o de garantir a necessária segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos, a promoção do uso racional e o acesso da população àqueles considerados essenciais13.

Quanto à realização da consulta de enfermagem, as respostas foram: Quadro 3. QUADRO 3- CONSULTA DE ENFERMAGEM

PROFISSIONAL RESPOSTA

Enfermeiro “de maneira informal, em sala de espera, no momento da pré-consulta, em forma de orientação individual”.

Técnica de enfermagem

“quando necessário, não tem agendamento, pois há falta de funcionário”. “sim, alguns pacientes é realizado HGT, e dado às orientações cabíveis, não posso esclarecer completamente o que é feito, mas cada paciente é feito de acordo com o problema que ele apresenta de doença”.

“sempre que necessário, não é agendado, devido à grande procura pelos demais serviços de enfermagem (procedimentos), isso porque esta unidade contava com 7 aux”. Enfermagem, hoje ficou reduzida a 3 técnicos (8hs) e 1 aux. Enfermagem (6hs).

A pesquisa revela que a consulta de enfermagem é realizada de maneira informal, durante a passagem do paciente dentro da UBS. A escassez de recursos humanos em relação à demanda é citada como fator impeditivo para que esta se torne realidade.

A Consulta de Enfermagem, sendo atividade privativa do Enfermeiro, utiliza componentes do método científico para identificar situações de saúde/doença, prescrever e implementar medidas de Enfermagem que contribuam para a promoção, prevenção, proteção da saúde, recuperação e reabilitação do indivíduo, família e comunidade. Possui como fundamento os princípios de universalidade, eqüidade, resolutividade e integralidade das ações de saúde14.

É importante a realização da consulta de enfermagem dentro da UBS, pois além de ser uma atividade privativa do enfermeiro, é um instrumento para a prevenção de agravos das doenças crônicas degenerativas. A consulta de enfermagem possibilita conhecimento maior do cliente, sua história de vida, seus problemas, maiores dificuldades de conviver com a sua doença podendo assim ajuda-lo de forma integral através de medidas preventivas próprias e cabíveis, analisando suas condições; socioeconômicas, culturais, mentais e pessoais para que a prevenção possa assim ser efetiva.

Segundo os cadernos de atenção básica (hipertensos/diabéticos)7,10, alguns aspectos referentes ao papel do enfermeiro na prevenção da HAS e DM foram selecionados; entre ele:

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- Realizar consulta de enfermagem, abordando fatores de risco, tratamento não medicamentoso, adesão e possíveis intercorrências ao tratamento, encaminhando o indivíduo ao médico, quando necessário;

- Desenvolver atividades educativas individuais ou em grupo de promoção de saúde;

- Solicitar, durante a consulta de enfermagem, os exames mínimos estabelecidos nos consensos e definidos como possíveis e necessários pelo médico da equipe.

Tendo em vista a prevenção da IRC em portadores de HAS e DM, os participantes foram questionados sobre o conhecimento das repercussões destas patologias à função renal. As respostas estão no quadro 4.

QUADRO 4 – CONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS SOBRE AGRAVOS RENAIS PROVENIENTES DA HAS E DM

PROFISSIONAL RESPOSTA

Enfermagem “Sim. Porque eles comprometem os rins, dificuldade de excretar a glicose, e a circulação do sangue. O rim não faz o seu papel direito, levando ao paciente para diálise, se tratado no início acho que tem volta, mas se não só piora.” “Sim; quando estão em níveis altos tanto a HAS como a DM, o corpo sofre, o paciente retém liquido, aumenta os batimentos, assim como pode causar o infarto nos pacientes hipertensos. Os diabéticos podem ocorrer de os rins pararem; ficar cego”.

“Sim. Porque a hipertensão aliada ao colesterol e triglicerídeos altos, provoca placas de ateroma dificultando a circulação do sangue nos rins, e o diabetes devido a ser uma molécula de maior tamanho tem dificuldade de ser excretado, prejudicando a capacidade funcional do rim”.

Outros

profissionais da saúde

“Sim, uma das principais complicações, principalmente quando está associado DM e HAS”.

“Sim”. A briga é a adesão ao tratamento do DM e HAS. Tem que chegar e falar para o paciente ‘Se você não se tratar vai perder o seu rim’. Se você faz uma boa consulta, o paciente sai da sala se sentindo bem, a linguagem tem que ser de acordo com o paciente.

Os profissionais demonstraram ter conhecimento que tanto a HA quanto o DM levam a complicações renais.

Com frequência, as doenças crônicas degenerativas levam à invalidez parcial ou total do indivíduo, com graves repercussões para o paciente, sua família e a sociedade. Quando

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diagnosticadas precocemente, essas são bastante sensíveis, oferecendo múltiplas chances de evitar complicações; quando não, retardam a progressão das já existentes e as perdas delas resultantes6.

Segundo o Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus6, estas são doenças que apresentam vários aspectos em comum, entre eles ser de difícil adesão ao tratamento pela necessidade de mudança nos hábitos de vida e participação ativa do indivíduo; necessidade de controle rigoroso para evitar complicações e necessidade de acompanhamento por equipe multidisciplinar, entre elas.

Os rins sofrem bastante com o aumento da pressão arterial. Sendo o glomérulo a unidade morfofuncional do rim e caracterizado como um tufo vascular, qualquer aumento da pressão nesse território (hipertensão intraglomerular) leva à diminuição progressiva de sua função, na maioria das vezes silenciosa6.

Em relação às ações de prevenção a pesquisa obteve como respostas: orientação sobre hábitos de vida, reeducação alimentar, realização de atividade física, adesão ao tratamento, grupos de caminhada de hipertensos e diabéticos, palestras, consultas, recomendações dietéticas (médico), trabalho de prevenção com representações (paródias, teatros...), etc.

A Atenção Básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde7.

A prevenção é a forma mais eficaz, barata e gratificante de tratar esses agravos. É de suma importância e engloba, além da educação para a saúde, a reorganização das comunidades e da rede básica6. Neste sentido, a atuação do enfermeiro na prevenção e progressão da DRC se dá a partir das necessidades reais da clientela. É preciso detectar os grupos de risco, bem como os pacientes com a doença instalada, nos quais a avaliação da função renal é imprescindível15.

A atividade educativa pode ser realizada desde a atenção primária até o nível terciário de saúde. As ações de educação em saúde de forma conjunta e construtiva com a população são imprescindíveis para que ocorram ações efetivas na progressão da doença. O enfermeiro possui importante papel de cuidador e educador, além do compromisso ético e profissional, que o torna um dos grandes responsáveis por sistematizar e incentivar o autocuidado, desenvolver atividades educativas de promoção de saúde, reduzir a incidência da DRC, bem como buscar a melhoria da qualidade de vida15.

Medidas de prevenção da DRC e de intervenção no ritmo da progressão como combate ao fumo, ao álcool, à obesidade e ao sedentarismo devem ser implementadas no atendimento aos pacientes na atenção básica em saúde. Tais medidas visam à promoção da saúde e o controle rigoroso da DM e HAS, bem como a investigação da função renal, em especial nos grupos de risco para DRC. Para tanto são necessários à capacitação de profissionais, estabelecimento de diretrizes

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clínicas, realização de exames laboratoriais, acesso a medicamentos e a equipamentos para diagnóstico15.

Em reação aos aspectos éticos relacionados à prevenção, as respostas estão no quadro 5. QUADRO 5 – ÉTICA NA PREVENÇÃO DA DRC

PROFISSIONAL RESPOSTA

Enfermeiro “Eu tenho ética quando estou com o paciente, quando dou privacidade para ele, na prestação de informação. Ela é essencial pra gente.”

Técnica de enfermagem

“Quando eu dou informação para o paciente se cuidar, mas em específico para o diabético e o hipertenso, não focando a IRC, mas sim a DM e a HAS”. “Não sei... as pessoas descobrem tarde que tem doença renal, vai cada vez mais trazendo complicações, se tratado no inicio tem volta IRC, mas se não, não tem volta”.

“O paciente tem direito em saber sobre as consequências que a DM e a HA trazem. Porque muitas vezes se ele não souber dessas consequências ele não dá muita atenção, não se importa com a doença que pode complicar”.

A ética contribui na prevenção da DRC, quando os profissionais prestam informações como os pacientes devem se cuidar, como suas doenças podem levar as complicações, quando respeitam a privacidade do paciente.

De acordo com o CEPE, no artigo 17º, é de responsabilidade e dever prestar adequadas informações à pessoa, família e coletividade. Sobre os direitos, riscos, benefícios e intercorrências acerca da assistência de enfermagem, no artigo 19º há menção de que devem ser respeitadas a privacidade e a intimidade do ser humano, seja ela em qualquer situação existente2.

Quando o paciente é informado, se está demonstrando atenção a ele, mesmo que muitas vezes, a sobrecarga do trabalho impeça o profissional de dedicar-se quanto gostaria, mas não se pode deixar que isto seja impecílio para que as informações sejam fornecidas. A ética profissional deve ser colocada em prática de maneira adequada e eficiente.

A prática do profissional na saúde precisa ser permeada pela ética e é através dela que o diálogo efetivo acontece individualmente ou coletivamente, levando informações claras para os diferentes indivíduos. Neste contexto a autonomia deve ser respeitada, permitindo que o sujeito faça suas próprias escolhas sendo incentivado para realizar condutas com hábitos mais saudáveis, adesão ao tratamento medicamentoso, entre outros fatores determinantes para que sua saúde não seja prejudicada. A justiça e a beneficência também devem se fazer presente para que o cuidado seja ético.

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CONCLUSÃO

A ética reflete um modo de ser, fundamentada em princípios e valores permeando os aspectos preventivos, neste sentido, os profissionais da saúde, em especial o enfermeiro, tem participação importante na promoção, prevenção, recuperação, e reabilitação da saúde.

A pesquisa desvelou que, sob o olhar dos profissionais da saúde, estes muitas vezes não a percebem na prática, talvez pelo seu teor abstrato ou pela falta de reflexão sobre o tema, ficando esta a cargo de filósofos.

As contribuições da ética se reportam à prevenção na atenção primária, da IRC em portadores de HAS e DM. O enfermeiro juntamente com a equipe de saúde, por meio do compromisso ético e profissional que o título lhes confere, deve ter participações em ações preventivas através da educação. Neste sentido, as UBS se tornam campos férteis para que o processo educativo no incentivo ao auto cuidado e adesão ao tratamento se tornem realidade na vida dos portadores de doenças crônicas objetivando prevenção de complicações.

Neste sentido, estes profissionais têm o dever de escutar, orientar, auxiliar os pacientes, sem interferir nos seus valores. Deve-se evitar a discriminação e a estigmatização das pessoas em virtude de suas características pessoais e escolhas. O indivíduo não deve ser visto como o ‘hipertenso’ ou ‘diabético’, mas sim como um ser holístico. Princípios como autonomia, beneficência e justiça devem fazer parte do cotidiano do profissional, bem como o direito a informações esclarecedoras a fim de que mudanças de estilo de vida ou de comportamentos saudáveis sejam atingidos.

Deve-se ressaltar, que é por meio da atenção primária que se começa a prevenção de doenças, é através dela que os indivíduos terão o seu primeiro contato com profissionais da saúde, tendo em vista este aspecto, vê-se a importância que os profissionais apresentam frente ao cuidado ético, humanizado, de qualidade, usando com respeito e dignidade o “cuidar”.

Espera-se que esta pesquisa possa auxiliar os profissionais de saúde em ampliar suas ações em relação à importância da prevenção da IRC nos portadores de doenças crônicas, para que seja efetivado o discurso de promoção e prevenção à saúde.

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REFERÊNCIAS

1 - Fortes, PA de C.; Zoboli, ELCP. Bioética e Saúde Púbica. Centro Universitário São Camilo. São Paulo: Loyola, 2003.

2 – BRASIL. Resolução Cofen 311/2007: Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, 2007. [acesso em: 2011 Mai 24]. Disponível em: http://www.portalcofen.gov.br/sitenovo/node/4394 3 – Czeresnia, D.. O conceito de saúde e a diferença entre prevenção e promoção. Promoção da Saúde: conceitos, reflexões, tendências. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003.

4 - Martins, HS.. Principais Temas em Nefrologia para Concursos Médicos. São Paulo: Medcel, 2005.

5 - Cruz, J. et al. Atualidades em Nefrologia 10. São Paulo: Sarvier, 2008.

6 - Ministério da Saúde (Brasil). Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Ações. Plano de reorganização da atenção à hipertensão arterial e ao diabetes mellitus: hipertensão arterial e diabetes mellitus. Ministério da Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Brasília: Ministério da Saúde, 2002.

7 - Ministério da Saúde (Brasil). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Hipertensão Arterial Sistêmica. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.

8 – Volquind, GG; Lazzari, CA; Souza, LNS.. Tratamento Anti-Hipertensivo de Idosos em Unidade Básica de Saúde. Rev. Técnico-Científica do Grupo Hospitalar Conceição. Momentos e Perspectivas em Saúde. Porto Alegre, 2005 jul/dez18(2). [acesso em: 2011 Mai 24]. Disponível em: http://www.portalcofen.gov.br/sitenovo/node/4394

9 – Ministério da Saúde (Brasil). DATASUS: Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos – PR, 2011. [acesso em: 2011 Jun 10]. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?hiperdia/cnv/hdpr.def

10 - Ministério da Saúde (Brasil). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Diabetes Mellitus. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.

11 - BRASIL. Lei Nº 8.080, de 19 de Setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências, 1990. [acesso em: 2011 Jun 10]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8080.htm

12- BRASIL. Portaria Nº 3.916/MS/GM, de 30 de Outubro de 1998. [acesso em: 2011 Jun 10] Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/legis/consolidada/portaria_3916_98.pdf

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13 - Ministério da Saúde (Brasil). Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política nacional de medicamentos. Ministério da Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde, Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2001.

14 - BRASIL. Resolução Cofen 159/1993: Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, 1993. [acesso em: 2011 Mai 24]. Disponível em: http://site.portalcofen.gov.br/node/4241

15- Travagim, DSA; Kusumota, L.. Atuação do Enfermeiro na Prevenção e Progressão da Doença Renal Crônica. Rev. Enf. UERJ, 2009 jul/set; 17(3): 388-93.

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