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Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Rio Grande do Sul 13ª Vara Federal de Porto Alegre

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Poder Judiciário

JUSTIÇA FEDERAL

Seção Judiciária do Rio Grande do Sul

13ª Vara Federal de Porto Alegre

Rua Otávio Francisco Caruso da Rocha, 600, 7º andar - Ala Leste - Bairro: Praia de Belas - CEP: 90010-395 - Fone: (51)3214-9476

AÇÃO ORDINÁRIA (PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO) Nº 5094477-30.2014.404.7100/RS

AUTOR: SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS NO ESTADO DO RS ADVOGADO: CARLOS PAIVA GOLGO

ADVOGADO: LEONARDO NELSIS SUAREZ RÉU: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL

DESPACHO/DECISÃO

Trata-se de ação ordinária ajuizada por Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Rio Grande do Sul, em face da União – Fazenda Nacional, na qual postula seja declarada “a não incidência do Imposto de Renda sobre o terço constitucional de férias gozadas, assim como a restituição dos valores recolhidos a maior nos últimos 5 (cinco) anos”. Em sede de antecipação de tutela, requer seja autorizado “que as fontes pagadoras dos substituídos depositem integralmente em juízo o Imposto de Renda incidente sobre o terço constitucional de férias dos trabalhadores da categoria profissional com abrangência territorial no Estado do Rio Grande do Sul suspendendo-se, por consequencia, a exigibilidade do tributo em discussão judicial”.

Vieram os autos conclusos. Decido.

Os requisitos para concessão da antecipação de tutela estão inscritos no artigo 273 do Código de Processo Civil, a saber:

Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e: (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994).

(2)

A antecipação de tutela é instituto de aplicação excepcional, não podendo ser ministrada na ausência de qualquer um desses requisitos. Portanto é necessário que as alegações da inicial sejam relevantes a ponto de, em um exame perfunctório, possibilitar ao julgador prever a probabilidade de êxito na ação (verossimilhança da alegação).

Mais, deve estar presente, também, a indispensabilidade da concessão da medida (fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação), a fim de que não haja o risco de perda do direito ou a sua ineficácia, o que poderia ocorrer se a tutela judicial a ser deferida à parte somente lhe fosse alcançada ao final do processo.

Com relação às férias indenizadas, vencidas ou proporcionais, simples ou em dobro, entende-se que não constituem acréscimo patrimonial, mas indenização pelo não exercício de direito assegurado constitucionalmente à época própria, motivo pelo qual se justifica a não incidência de imposto de renda sobre os referidos valores, nos termos do art. 6º, V, da Lei nº 7.713/88.

Nesse sentido, foi editada a Súmula nº 125 do Superior Tribunal de Justiça:

O pagamento de férias não gozadas por necessidade do serviço não está sujeito à incidência de imposto de renda.

Assim, a mesma sorte segue o terço constitucional de férias respectivo. Nesse sentido:

IMPOSTO DE RENDA. PESSOA FÍSICA. VALORES RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. REGIME DE COMPETÊNCIA. Tem o contribuinte do imposto de renda pessoa física o direito de recalcular o imposto de renda sobre os valores recebidos acumuladamente, a título de verbas trabalhistas, observado o "regime de competência", para efeito de obter a restituição do que foi recolhido a mais por força da aplicação do "regime de caixa" ou pela sistemática de cálculo prevista no art. 12-A, da Lei nº 7.713, de 1988. IMPOSTO DE RENDA. PESSOA FÍSICA. FÉRIAS INDENIZADAS E RESPECTIVO TERÇO CONSTITUCIONAL. São isentos do imposto de renda

os valores recebidos a título de férias indenizadas e respectivo terço constitucional, consoante a Súmula nº 386 do STJ. (TRF4, APELREEX

5046099-77.2013.404.7100, Segunda Turma, Relator p/ Acórdão Rômulo Pizzolatti, juntado aos autos em 14/10/2014, grifei)

Quanto ao terço constitucional de férias gozadas, a jurisprudência do Tribunal Regional Federal da 4ª Região também vem decidindo que esta parcela possui natureza indenizatória e, portanto, é isenta do imposto de renda. Nesse sentido:

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TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. IRPF. LIMITAÇÃO TERRITORIAL. AÇÃO COLETIVA. SINDICATO. TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS. NATUREZA JURIDICA. 1. O art. 8º, inc. III, da CF/88, confere aos sindicatos legitimação ativa autônoma para atuar como substitutos processuais não apenas dos seus filiados, mas de toda a categoria profissional ou econômica. 2. Não se aplica a limitação territorial nem o impedimento previstos no art. 2º da Lei nº 9.494/97 e parágrafo único do art. 1º da Lei 7.347/85. 3. Os valores

percebidos a título de terço constitucional de férias gozadas possuem natureza indenizatória, não incidindo imposto de renda. (TRF4, APELREEX

5018970-88.2013.404.7200, Segunda Turma, Relator p/ Acórdão Otávio Roberto Pamplona, juntado aos autos em 04/12/2014, grifei)

Outrossim, o Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial nº 1.230.957-RS, decisão sujeita ao regime do art. 543-C do CPC, decidiu que o terço constitucional de férias, gozadas ou indenizadas, possui natureza indenizatória/compensatória. Naquele caso concreto, discutia-se a incidência da contribuição previdenciária, entretanto, assentou-se a natureza indenizatória do terço constitucional. Confira-se:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSOS ESPECIAIS. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA A CARGO DA EMPRESA. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. DISCUSSÃO A RESPEITO DA INCIDÊNCIA OU NÃO SOBRE AS SEGUINTES VERBAS: TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS; SALÁRIO MATERNIDADE;SALÁRIO PATERNIDADE; AVISO PRÉVIO INDENIZADO; IMPORTÂNCIA PAGA NOS QUINZE DIAS QUE ANTECEDEM O AUXÍLIO-DOENÇA.

(...)

1.2 Terço constitucional de férias.

No que se refere ao adicional de férias relativo às férias indenizadas, a não incidência de contribuição previdenciária decorre de expressa previsão legal (art. 28, § 9º, "d", da Lei 8.212/91 - redação dada pela Lei 9.528/97).

Em relação ao adicional de férias concernente às férias gozadas, tal

importância possui natureza indenizatória/compensatória, e não constitui ganho habitual do empregado, razão pela qual sobre ela não é possível a incidência de contribuição previdenciária (a cargo da empresa). A Primeira

Seção/STJ, no julgamento do AgRg nos EREsp 957.719/SC (Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, DJe de 16.11.2010), ratificando entendimento das Turmas de Direito Público deste Tribunal, adotou a seguinte orientação: "Jurisprudência das Turmas que compõem a Primeira Seção desta Corte consolidada no sentido de afastar a contribuição previdenciária do terço de férias também de empregados celetistas contratados por empresas privadas". (...)

(REsp 1230957/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 26/02/2014, DJe 18/03/2014, grifei)

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Destarte, tenho que resta inequívoca a prova e a verossimilhança da alegação em relação à incidência de imposto de renda sobre a verba paga a título de terço constitucional de férias.

Quanto ao fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, em que pese, de regra, entender que eventual adiantamento financeiro não justifica a concessão de provimento liminar, no caso em tela deve ser levada em consideração a decisão proferida pelo Plenário do Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o Recurso Especial nº 1.230.957. Ademais, são evidentes os prejuízos financeiros decorrentes do recolhimento de contribuições sobre uma base de cálculo maior que a devida.

Assim, tenho que presentes os pressupostos para o deferimento do pedido de antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional. Fica indeferido o pedido de depósito judicial das parcelas controvertidas pelas fontes pagadoras, pois certamente acarretaria tumulto processual, considerando que o número de empregadores dos substituídos é incerto e, provavelmente, numeroso. Além disso, não integram a lide e o seu interesse no feito é indireto.

Ante o exposto, DEFIRO PARCIALMENTE o pedido

antecipatório, determinando que a parte ré não exija e, em consequência,

suspenda a cobrança e retenção do imposto de renda incidente sobre o terço constitucional de férias gozadas dos substituídos pela parte autora até final decisão de mérito.

Cite-se e intimem-se. Fica intimada a parte ré para que dê integral

cumprimento à presente decisão. O Sindicato autor fica incumbido de noticiar às fontes pagadoras do conteúdo da presente decisão com a abstenção da retenção da exação que teve sua exigibilidade suspensa, bem como da respectiva declaração.

Documento eletrônico assinado por RICARDO NÜSKE, Juiz Federal, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código

verificador 710000240258v3 e do código CRC 0227aa5f.

Informações adicionais da assinatura:

Signatário (a): RICARDO NÜSKE

Data e Hora: 12/01/2015 16:33:25

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5094477-30.2014.404.7100 710000240258 .V3 TDL© RNU

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