A20 201590085574
ANÁLISE
NÚMERO E ORIGEM: 74/2015-GCIF DATA: 5/6/2015 CONSELHEIRO RELATORIGOR VILAS BOAS DE FREITAS
1. ASSUNTO
Recurso Administrativo, cumulado com pedido de efeito suspensivo, recebido como Pedido de Reconsideração, interposto por NET SERVIÇOS DE COMUNICAÇÃO S.A., CNPJ/MF nº 00.108.786/0001-65, sucessora por incorporação da Vivax Ltda., concessionária do Serviço de TV a Cabo em diversas Áreas de Prestação do Serviço (APS), adaptada para o Serviço de Acesso Condicionado (SeAC) nos termos do Ato nº 6.978, de 21/11/2012, em face do Despacho nº 1.198/2013-CD, de 22/2/2013. 2. REFERÊNCIAS 2.1Análise nº 76/2013-GCRZ, de 1/2/2013; 2.2Despacho nº 1.198/2013-CD, de 22/2/2013; e 2.3Processo nº 53500.012927/2010. 3. EMENTA
PADO. SUPERINTENDÊNCIA DE CONTROLE DE OBRIGAÇÕES. SERVIÇO DE TV A CABO. DESCUMPRIMENTO DE IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA (HOME PASSED). PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO. PROPOSTA DE CONVERSÃO DA DELIBERAÇÃO EM DILIGÊNCIAS.
3.1. O descumprimento do cronograma de implantação do sistema (home passed) enseja a aplicação de sanção de caducidade, podendo ser convertida na aplicação de sanção de multa, consoante precedentes reiterados do Conselho Diretor.
3.2. Nesse sentido, por meio do Despacho nº 1.198/2013-CD o Conselho Diretor converteu a
sanção de caducidade em de multa, no valor total de R$ 1.404.569,08 (um milhão, quatrocentos e quatro mil, quinhentos e sessenta e nove reais e oito centavos), relativamente à infração de descumprimento do cronograma de implantação do sistema (home passed) em diversas APS dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
3.3. Verificada a necessidade de conversão da deliberação em diligências para adequação dos parâmetros adotados para a fixação de sanção de multa.
4. RELATÓRIO
4.1.DOS FATOS
4.1.1. Cuida-se de recurso contra a aplicação de sanção no âmbito de Procedimento para Apuração de Descumprimento de Obrigações (Pado), instaurado contra NET SERVIÇOS DE COMUNICAÇÃO S.A. (NET SERVIÇOS), CNPJ/MF nº 00.108.786/0001-65, sucessora de VIVAX Ltda, concessionária do Serviço de TV a Cabo em diversas Áreas de Prestação do Serviço (APS), em virtude da constatação de indícios de irregularidades ao disposto na Lei nº
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8.977/1995 – Lei do Serviço de TV a Cabo; no Regulamento do Serviço de TV a Cabo – Decreto nº 2.206/1997 e na Norma nº 13/96, aprovada pela Portaria MC nº 256/1997, os Contratos de Concessão firmados com a União, notadamente no que tange ao descumprimento de compromisso de instalação de infraestrutura de cabos (Home Passed) em diversas APS nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro1.
4.1.2. Após a apresentação de defesa por parte da Interessada, a Superintendência de Comunicação de Massa (SCM) expediu o Informe nº 155/2012-CMLCE, de 19/11/2012, em que apresentou proposta de substituição da sanção de cassação da outorga por sanção de multa, no
valor total de R$ 1.404.569,08 (um milhão, quatrocentos e quatro mil, quinhentos e sessenta e
nove reais e oito centavos).
4.1.3. Tal proposta foi acatada por unanimidade pelo Conselho Diretor, em sua Reunião nº 684, de 7/2/2013, nos termos da Análise nº 76/2013-GCRZ, de 1/2/2013, da lavra do Conselheiro Relator Rodrigo Zerbone, decisão consubstanciada no Despacho nº 1.198/2013-CD, de 22/2/2013, a saber:
O CONSELHO DIRETOR DA AGÊNCIA NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES, no uso de suas atribuições legais, regulamentares e regimentais, examinando o Procedimento para Apuração de Descumprimento de Obrigações (Pado) em epígrafe, instaurado em desfavor da NET SERVIÇOS DE COMUNICAÇÃO S/A, CNPJ/MF nº 00.108.786/0001-65, à época da ocorrência dos fatos concessionária do Serviço de TV a Cabo em diversas Áreas de Prestação do Serviço e atualmente empresa autorizada a explorar o Serviço de Acesso Condicionado (SeAC), a fim de apurar o descumprimento do cronograma de implementação do sistema (Home Passed), conforme detalhado no Ato de Instauração nº 26-CMLCE/CMLC/SCM, de 10 de junho de 2010, em sua Reunião nº 684, realizada em 7 de fevereiro de 2013, nos termos da Análise nº 76/2013-GCRZ, de 1º de fevereiro de 2013, decidiu:
a) Afastar a aplicação da sanção de caducidade das outorgas detidas pela empresa NET SERVIÇOS DE COMUNICAÇÃO S.A. (NET), inscrita no CNPJ/MF sob o nº 00.108.786/0001-65, para a prestação do Serviço de Acesso Concidionado (SeAC) nas Áreas de Prestação de Araçatuba/SP, Araraquara/SP, Barra Mansa/RJ, Bragança Paulista/SP, Diadema/SP, Hortolândia/SP, Itapetininga/SP, Limeira/SP, Mauá/SP, Mogi Guaçu/SP, Mogi Mirim/SP, Resende/RJ, Rio Claro/SP, Santa Bárbara D’Oeste/SP e São José dos Campos/SP.
b) Aplicarà NET as seguintes sanções de multa em decorrência do descumprimento ao cronograma de implantação do sistema (home passed) fixado nos Contratos de Concessão para a prestação do Serviço de TV a Cabo:
b.1) R$ 263.458,82 (duzentos e sessenta e três mil, quatrocentos e cinquenta e oito reais e oitenta e dois centavos) na Área de Araçatuba, no Estado de São Paulo;
b.2) R$ 65.378,47 (sessenta e cinco mil, trezentos e setenta e oito reais e quarenta e sete centavos) na Área de Araraquara, no Estado de São Paulo;
b.3) R$ 96.227,50 (noventa e seis mil, duzentos e vinte e sete reais e cinquenta centavos) na Área de Barra Mansa, no Estado do Rio de Janeiro;
1 Áreas de Prestação de Araçatuba/SP, Araraquara/SP, Barra Mansa/RJ, Bragança Paulista/SP, Diadema/SP,
Hortolândia/SP, Itapetininga/SP, Limeira/SP, Mauá/SP, Mogi Guaçu/SP, Mogi Mirim/SP, Resende/RJ, Rio Claro/SP, Santa Bárbara D’Oeste/SP e São José dos Campos/SP.
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b.4) R$ 35.582,20 (trinta e cinco mil, quinhentos e oitenta e dois reais e vinte centavos) na Área de Bragança Paulista, no Estado de São Paulo;
b.5) R$ 141.139,96 (cento e quarenta e um mil, cento e trinta e nove reais e noventa e seis centavos) na Área de Diadema, no Estado de São Paulo;
b.6) R$ 114.261,16 (cento e catorze mil, duzentos e sessenta e um reais e dezesseis centavos) na Área de Hortolândia, no Estado de São Paulo;
b.7) R$ 6.861,77 (seis mil, oitocentos e sessenta e um reais e setenta e sete centavos) na Área de Itapetininga, no Estado de São Paulo;
b.8) R$ 55.909,19 (cinquenta e cinco mil, novecentos e nove reais e dezenove centavos) na Área de Limeira, no Estado de São Paulo;
b.9) R$ 203.979,93 (duzentos e três mil, novecentos e setenta e nove reais e noventa e três centavos) na Área de Mauá, no Estado de São Paulo;
b.10) R$ 36.615,46 (trinta e seis mil, seiscentos e quinze reais e quarenta e seis centavos) na Área de Mogi-Guaçu, no Estado de São Paulo;
b.11) R$ 36.483,67 (trinta e seis mil, quatrocentos e oitenta e três reais e sessenta e sete centavos) na Área de Mogi-Mirim, no Estado de São Paulo;
b.12) R$ 125.076,96 (cento e vinte e cinco mil e setenta e seis reais e noventa e seis centavos) na Área de Resende, no Estado do Rio de Janeiro;
b.13) R$ 54.521,28 (cinquenta e quatro mil, quinhentos e vinte e um reais e vinte e oito centavos) na Área de Rio Claro, no Estado de São Paulo;
b.14) R$ 60.026,48 (sessenta mil e vinte e seis reais e quarenta e oito centavos) na Área de Santa Bárbara D’Oeste, no Estado de São Paulo;
b.15) R$ 109.046,23 (cento e nove mil e quarenta e seis reais e vinte e três centavos) na Área de São José dos Campos, no Estado de São Paulo; e
c) Determinar ao Superintendente de Serviços de Comunicação de Massa que estabeleça novo prazo para a completa implementação da infraestrutura de atendimento a domicílios (home
passed) nas áreas mencionadas.
4.1.4. A Interessada foi notificada do Despacho nº 1.198/2013-CD por meio do Ofício nº 87/2013-CMLCE-Anatel, de 30/4/2015 e interpôs Recurso Administrativo cumulado com pedido de efeito suspensivo em 3/6/2013 (fls. 388/399), recebido como Pedido de Reconsideração, uma vez que foi interposto sob a égide do Regimento Interno da Anatel, aprovado pela Resolução nº 612/2013.
4.1.5. Em 12/2/2015, após sorteio eletrônico da matéria, o feito foi distribuído a este Gabinete para relatoria (Comunicação de Tramitação nº 14.687).
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4.2.DA ANÁLISE
4.2.1. Inicialmente verifico que, no curso do presente Procedimento, foram observadas
todas as disposições legais e regimentais aplicáveis, garantindo-se à recorrente margem para que exercesse suas prerrogativas ditadas pelos princípios da ampla defesa e do contraditório.
4.2.2. No tocante à metodologia de cálculo da sanção de multa constante do Informe nº
155/2012-CMLCE, de 19/11/2012 e acolhida pelo Conselho Diretor por meio do Despacho nº 1.198/2013-CD, verifico que foi adotado como parâmetro a Receita Operacional Líquida – ROL relativa ao ano de vencimento das metas não atendidas (item 5.22.1 do Informe nº 155/2012-CMLCE).
4.2.3. Não obstante, o Conselho Diretor, em outros precedentes de mesma natureza2, passou a adotar parâmetro diverso do acima apontado, consoante Parecer nº 43/2014/LCP/PFE/ANATEL/PGF/AGU, segundo o qual:
III. CONCLUSÃO
73. Diante do exposto, esta Procuradoria Federal Especializada, órgão de execução da Procuradoria-Geral Federal, vinculada à Advocacia Geral da União – AGU, opina:
(...)
i) Esta Procuradoria tem entendimento consolidado de que a aferição da capacidade econômica do infrator deve ser realizada no momento da aplicação da sanção, e não referente ao ano de prática da infração. Desse modo, a metodologia de cálculo utilizada pela área técnica deve considerar o exposto neste opinativo, no sentido de que a ROL anual a ser empregada deve ser aquela relativa ao momento de aplicação da infração;
(sem grifos no original)
4.2.4. Diante do exposto e, com base no art. 19 do Regimento Interno da Anatel3, aprovado pela Resolução nº 612, de 29/4/2013, proponho converter a presente deliberação em diligência, pelo prazo de 90 (noventa) dias, determinando que:
a) A Superintendência de Controle de Obrigações (SCO) proceda ao recálculo da sanção de multa considerando o parâmetro acima disposto e,
b) Caso se verifique o agravamento da situação da recorrente, que proceda à sua notificação para apresentação de Alegações.
2 Processos nº 53500.005870/2009, 53500.006879/2012 e 53500.032331/2008. 3
Art. 19. Caso o Conselheiro entenda que a matéria requer instrução adicional, poderá apresentar, para aprovação do Conselho Diretor, voto de Conversão da Deliberação em Diligência.
Art. 20. Aprovada a proposta de Conversão da Deliberação em Diligência, o Conselho Diretor deverá estabelecer prazo específico para a conclusão da diligência.
§ 1º Até o término do prazo do caput, a área consultada deverá encaminhar os autos ao Conselheiro proponente, que terá 15 (quinze) dias para incluir a matéria em pauta para deliberação.
§ 2º Na hipótese da área consultada não responder a diligência no prazo do caput, o Conselheiro, observado o prazo do § 1º, deverá apresentar, para aprovação do Conselho Diretor, voto deliberativo ou requerimento de dilação de prazo para conclusão da diligência.
§ 3º Caso as propostas de conversão em diligência ou de dilação de prazo para conclusão de diligência não sejam aprovadas pelo Conselho Diretor, a matéria será automaticamente incluída na pauta da Reunião ou Sessão subsequente, ocasião em que o Conselheiro deverá apresentar o seu voto deliberativo.
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5. CONCLUSÃO
5.1. Por todo o exposto proponho converter a presente deliberação em diligência, pelo prazo de 90 (noventa) dias, determinando que:
a) a Superintendência de Controle de Obrigações (SCO) proceda ao recálculo da sanção de multa considerando o parâmetro acima disposto e,
b) caso se verifique o agravamento da situação da recorrente, que proceda à sua notificação para apresentação de Alegações.
É como considero.
ASSINATURA DO CONSELHEIRO RELATOR