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Mercado Futuro: Uma Alternativa de Comercializaçao para os Sojicultores da Região Médio Norte do Mato Grosso na Safra de 2003 a 2007

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Mercado Futuro: Uma Alternativa de Comercializaçao para os Sojicultores

da Região Médio Norte do Mato Grosso na Safra de 2003 a 2007

Delita Longo (FASIPE) - delitalongo@gmail.com

Benedito Albuquerque da Silva (UFMT) - ba.silva@terra.com.br

Resumo:

Este estudo analisou a eficiência do Mercado Futuro como instrumento de comercialização dos sojicultores

da região médio norte do Mato Grosso com a finalidade de minimizar riscos em relação ao preço, na safra de

2003 a 2007. Para comprovar esta eficiência simulou comercializações efetuadas pelo proprietário de uma

“propriedade-padrão”, que comercialize sua produção no mercado físico local, comparativamente aos

resultados obtidos via negociação no mercado físico na mesma região com a utilização de contratos futuros

de venda de soja da BM&F – empregando a margem de segurança como estratégia para nortear a

permanência no mercado futuro, no período de estudo. Constatou a ineficiência da utilização de contratos

futuros como um mecanismo de proteção do preço da soja. A pesquisa apresentou algumas limitações como a

diferença de base da commodity soja na região em comparação ao preço negociado na BM&F, a diferença

cambial da moeda doméstica em relação ao dólar e o custo operacional aparentou ser elevado para um

pequeno produtor negociar no mercado futuro. Este estudo contribui para demonstrar aos empresários rurais

e comunidade que ao negociar no mercado futuro, no período de safra estudado, não foi vantajoso em

comparação à comercialização no mercado físico, bem como demonstrar limitações dos contratos futuros de

soja da BM&F.

Palavras-chave: Soja. Custo de Produção. Mercado Futuro.

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XVI Congresso Brasileiro de Custos – Fortaleza - Ceará, Brasil, 03 a 05 de novembro de 2009

Mercado Futuro: Uma Alternativa de Comercializaçao para os

Sojicultores da Região Médio Norte do Mato Grosso na Safra de 2003

a 2007

Resumo

Este estudo analisou a eficiência do Mercado Futuro como instrumento de comercialização dos sojicultores da região médio norte do Mato Grosso com a finalidade de minimizar riscos em relação ao preço, na safra de 2003 a 2007. Para comprovar esta eficiência simulou comercializações efetuadas pelo proprietário de uma “propriedade-padrão”, que comercialize sua produção no mercado físico local, comparativamente aos resultados obtidos via negociação no mercado físico na mesma região com a utilização de contratos futuros de venda de soja da BM&F – empregando a margem de segurança como estratégia para nortear a permanência no mercado futuro, no período de estudo. Constatou a ineficiência da utilização de contratos futuros como um mecanismo de proteção do preço da soja. A pesquisa apresentou algumas limitações como a diferença de base da commodity soja na região em comparação ao preço negociado na BM&F, a diferença cambial da moeda doméstica em relação ao dólar e o custo operacional aparentou ser elevado para um pequeno produtor negociar no mercado futuro. Este estudo contribui para demonstrar aos empresários rurais e comunidade que ao negociar no mercado futuro, no período de safra estudado, não foi vantajoso em comparação à comercialização no mercado físico, bem como demonstrar limitações dos contratos futuros de soja da BM&F.

Palavras-chave: Soja. Custo de Produção. Mercado Futuro. Área Temática: Novas Tendências Aplicadas à Gestão de Custos

1. Introdução

O objeto de estudo consiste em analisar a eficiência da utilização do contrato futuro como instrumento de minimização de riscos e prejuízos por ocasião da comercialização da soja, no médio norte de Mato Grosso, que compreende as cidades de Sinop, Sorriso, Santa Carmem, Vera e Feliz Natal, no período da safra de 2003 a 2007. Para tanto, efetuou-se uma simulação, comparando-se os resultados obtidos por um produtor de uma “propriedade padrão”, que comercializam seu produto respectivamente no mercado físico local e no mercado futuro de soja. Como estratégia de negociação, utilizou-se a margem de segurança como indicador de permanência para a comercialização no mercado futuro.

2. O agronegócio da soja

O agronegócio no Brasil mostra que a produção de soja brasileira ultrapassou 50 milhões de toneladas, sendo que a cadeia produtiva da soja concentrou um terço de todo agronegócio brasileiro, gerando divisas de mais de US$ 10 bilhões/ano, conforme relatos da revista AGRIANUAL (2006), assim, o Brasil é o segundo produtor e exportador mundial, superado apenas pelos Estados Unidos. De acordo com o estudo elaborado por pesquisadores do CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) e da Esalq-USP, em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) a importância da soja no contexto internacional (2006), cujas vendas de seu complexo agroindustrial correspondem em torno de 24% das exportações do agronegócio brasileiro, respondendo por

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cerca de 10% das remessas totais ao exterior.

2.1 A importância da análise de custos da produção de soja

A importância da análise do custo de produção de soja de acordo com Gonçalves (2008) tem contribuindo para um melhor gerenciamento de riscos da competitividade interna e externa, através da estimativa de custo e receita para determinar a capacidade de autofinanciamento da atividade, como o do investimento na propriedade.

Conforme Assaf Neto e Martins (1986), há os pontos de equilíbrio contábil , o financeiro e o econômico. Para determinar esses pontos deve-se inserir todo um mecanismo de controle de custos, que deve estar amparado pela análise do custo padrão, representando a base orçamentária de custos. O ponto de equilíbrio permite estabelecer metas e desenvolver estratégias para aumentar rendas ou reduzir os gastos na sua produção. Qualquer variação na estrutura de custos e preço acarretará variação no ponto de equilíbrio e margem de segurança. De acordo com Vieira (2002) os sojicultores devem ter seu planejamento de resultado traçado através de um orçamento empresarial. Quando se elabora o orçamento estima-se qual deve ser o faturamento para geração do lucro mínimo estimado. Neste momento avalia-se a margem de segurança do negócio. A margem de segurança é utilizada para informar quão próximo ao ponto de equilíbrio o empresário rural está operando. Quanto menor a margem de segurança, maior o grau de risco. Assim, o produtor que trabalha próximo ao seu ponto de equilíbrio possui elevado grau de risco que reduz quando se afasta do ponto de equilíbrio.

A margem de segurança oferece uma proteção contra eventos inesperados em cada período da safra, protegendo contra perdas nos casos em que sobreestima o valor intrínseco, conforme citado por Weston e Brigham (2000). A margem de Segurança é um indicador de risco que aponta a quantidade a que a produção pode cair antes de se ter prejuízo.

2.2 Mercados de Comercialização do Agronegócio da Soja: funções econômicas e instrumentos de operações.

De acordo com Oliveira (2001) fatores como capital, liquidez, disponibilidade de credito e aversão ao risco são essenciais na decisão de comercialização, que os empresários rurais devem estar cientes. A comercialização dos produtos agrícolas pode ocorrer em dois modos distintos: Mercado Spot (á vista) e o Mercado Derivativo (contrato a termo, futuros e opçoes). Sendo que, este ultimo, consiste na negociação de bens e direitos que derivam de outros ativos, com a finalidade de evitar, assumir ou transferir riscos, como é descrito por Silva Neto (1999) que ressalta, ainda, que a existência de um derivativo só é possível porque o preço da mercadoria à vista (ativo) está sujeito às oscilações de mercado.

2.3 A necessidade da utilização do contrato futuro da soja

De acordo com Corrêa e Raíces (2005), existem fatores econômicos que influenciam no mercado de commodities como: os níveis de produção dos principais países produtores; consumo mundial da commodity; o ritmo das exportações; os estoques nos países produtores; estoques nos países consumidores; as questões econômico-políticas dos países produtores; os fatores meteorológicos; os preços relativos; os ciclos de produção; os relatórios de safra dos órgãos governamentais; os programas de governos; a taxa de juros; o câmbio; os acordos internacionais; as políticas de subsídios. Portanto, a principal razão para a utilização do contrato futuro de soja é sem dúvida, o risco e a incerteza que gera em torno da venda da

commodity, bem como a evidência de uma maior competitividade nesta atividade.

3. Mercado Futuro

Corrêa e Raíces (2005) relatam que no Brasil, em 1910, surgiu no Distrito Federal, a primeira bolsa negociando algodão e café e, em 1914, a Bolsa de Santos. Em 1917 surge a

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Bolsa de Mercadorias de São Paulo (BMSP) na qual negociava contratos a termo, destacando o boi gordo, café e algodão.

Em 2008 integram a Bovespa com a BM&F, principais bolsas operando no Brasil, criando a BM&FBOVESPA S.A. - Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros , tornando-se a terceira maior bolsa do mundo em valor de mercado, a segunda das Américas e a líder no continente latino-americano.

3.1 Agentes participantes do mercado futuro

O sistema de pregão ocorre de forma eletrônica e viva voz. Sendo que, a tendência das operações é pelo sistema eletrônico devido à agilidade, à eficiência e, inclusive, à facilidade do acesso direto do investidor por meio da internet, através do sistema Web Trading.

Pinheiros (2001), relata que o hedger visa garantir o preço de compra ou de venda de uma commodity, numa data futura e eliminar risco de variação adversa de preço e possíveis perdas. Ao utilizar o hedge, tomando uma posição contrária à natural em sua origem, estará neutralizando as mudanças de preços da mercadoria de seu interesse no mercado à vista. Quando ocorre um hedge de venda, é chamado de short, e quando ocorre um hedge de compra, é conhecido como long. Assim, para proteger-se contra a queda dos preços de uma

commodity, geralmente, o produtor utiliza-se do hedge de venda e o exportador de hedge de

compra para proteger-se de uma possível alta nos preços da commodity.

O especulador atua na compra e venda e aposta na volatilidade do mercado para obter ganho, expondo-se, assim, ao risco, conforme é relatada por Hull (1993). Portanto, o especulador é de grande importância ao mercado futuro, pois ele assume os riscos que os

hedger não estão dispostos a incorrer, além de darem liquidez ao mercado.

O arbitrador tira proveito da variação na diferença entre o preço de dois ativos ou mercados, ou das expectativas futuras de mudança nessas diferenças, ou seja, ganhar com diferenças de preços entre os mercados derivativos e seus respectivos ativos-objeto, conforme é destacado por Pinheiros (2001). Assim, sua estratégia consiste em comprar no mercado onde o preço está mais baixo e vender no mercado mais alto, lucrando no diferencial e imune de risco, visto que este sabe quando e onde comprar.

Mello (2005) relata a participação dos agentes do mercado futuro ao dizer que para realizar uma operação no mercado futuro, devem operacionalizar as suas intenções através de uma corretora de mercadorias que seja membro da BM&F. As corretoras são credenciadas a participar do pregão através dos seus operadores, e além de executar as ordens do seu cliente, orientam e acompanham as suas contas e a sua posição junto à câmara de compensação.

A Clearing House ou Câmara de Compensação, que se interpõe entre, o comprador e o vendedor, assumindo o risco do não cumprimento de alguma parte. Para ressalvar-se desse risco, ela adota mecanismos como a exigência do depósito das margens de garantias e o monitoramento do risco, conforme é descrito por Mello (2005).

Mello (2005) ressalta que a BM&F, tem como finalidade fornecer um local adequado, onde são disponibilizadas facilidades para efetivação de negócios, e cuidar da continuidade, eficiência, e transparência das negociações. Sua receita deriva, majoritariamente, de venda de licenças para operadores, do pregão que ocorre na própria instituição.

3.2 Mecanismos peculiares do mercado futuro

As peculiaridades que caracterizam o mercado futuro são os ajustes diários, as margens de garantias, padronização e suas formas de liquidação. Conforme Pinheiros (2001), o ajuste diário é um sistema de equalização de todas as posições de mercado futuro, com movimentação diária de débito e crédito, nas contas dos clientes, de acordo com a variação negativa ou positiva no valor das posições por eles mantidas.

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eficiência dos ajustes diários, que é uma espécie de cautela, onde o investidor deposita antecipadamente estas margens para operar no mercado, que devem ser suficientes para cobrir a volatilidade de preço em pregão do ativo específico, podendo estas serem de dois tipos, inicial e adicional. O primeiro é um depósito efetuado pelo cliente, em geral, uma fração do valor do contrato, podendo ser depositado por meio de ativos financeiros. A margem adicional é utilizada quando o valor do contrato oscila, a níveis distintos aos inicialmente estabelecidos, tanto acima quanto abaixo, será necessário um ajuste na margem. Deve-se ressaltar que estas margens são apenas garantias e não custos de operação, pois as mesmas serão devolvidas ao proprietário depois do encerramento do contrato, conforme é constato por Mello (2005).

O mercado futuro possui uma característica de padronização que permite aos participantes do mercado futuro, fazer a intercambialidade, ou seja, possibilita reverter suas posições antes da data de vencimento, tornando este contrato atrativo financeiramente pela sua liquidez, de acordo com Pinheiro (2001).

A liquidação no mercado futuro ocorre de três formas, a primeira pela liquidação física quando há a entrega física da commodity (quase inexistentes). Na liquidação financeira, o contrato é ajustado por um índice, dado pela BM&F, que representa o preço da commodity no mercado à vista dado através de um acerto financeiro em relação ao preço à vista, com a reversão da sua posição inicial. Outra forma de liquidação é por reversão de posições (operação de natureza inversa a inicial) possibilitando que o investidor saia a qualquer momento da negociação na qual permite a liquidez no mercado.

3.3 Determinação do preço futuro e valor de base

O preço futuro é a cotação de determinado produto, em uma data futura, refletindo as expectativas que os participantes do mercado têm sobre as condições de oferta e demanda desse produto, conforme é definido pela BM&F (2008). A formação do preço neste mercado ocorre em consenso entre o comprador e vendedor, que será o preço da commodity numa data futura, de acordo com Silva Neto (1999) existem duas teorias que explicam o valor futuro de um bem. A primeira diz que o valor futuro do bem é aquele que equilibrará a oferta e a demanda futura esperada para o produto. A segunda é a teoria da arbitragem, que contempla o preço de um mesmo produto, entre dois ou mais mercados e consiste em comprar onde é mais barato e vender onde é mais caro, contudo esta ação continuada provoca o estabelecimento de um preço em ambos os mercados.

A tendência de convergência dos preços futuros à vista existe. Se tal convergência não existisse em determinado mercado, não haveria o porquê realizar o hedge, conforme descrito por Corrêa e Raíces (2005). Embora, a maioria dos contratos seja liquidada financeiramente, se os preços no físico estiverem superiores aos do futuro, os operadores vão buscar a entrega física, forçando um equilíbrio no mercado. Portanto, a base é a diferença entre o preço de um ativo no mercado físico e a cotação para o mesmo no mercado futuro,

3.4 Custos operacionais do contrato futuro BM&F

A classificação dos custos operacionais é compreendida por Hull (1993) como cobrança de taxas feitas pela bolsa e corretoras, cálculos estes estabelecidos de regra claras, sendo de conhecimento e fácil compreensão de todos que operam no mercado futuro.

O site da BM&F (2008) demonstra os custos operacionais fixados pela BM&F atuais para negociar soja no mercado futuro:

a) Taxa de Operação Básica (TOB): Esta taxa, conhecida como taxa de corretagem, é para à corretora. A TOB é de 0,30% para as operações normais (de compra ou venda) e de 0,07% para as operações day trade (compra e venda realizada no mesmo pregão). A TOB é calculada sobre o ajuste (dia anterior) do 2º vencimento;

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b) Taxa de emolumento: US$ 0,12 por contrato. A taxa de Emolumento é devida no dia útil seguinte à data de ocorrência do fato gerador, o que poderá acontecer em datas diferenciadas nos contratos liquidados em dólares, caso haja feriado na praça Nova Iorque ou caso não haja operação de câmbio na data devida; os participantes podem habilitar-se a desconto sobre o valor da Taxa de Emolumento por contrato, conforme OC079/2007-DG, de 28/9/2007 e OC099/2007-DG, de 19/12/2007.

c) Taxa de liquidação: 0,45% sobre o valor de liquidação financeira no vencimento. Taxa que incide sobre as entregas físicas de mercadorias e ativos financeiros negociados no mercado futuro, conforme especificado nos respectivos contratos. Assim, a taxa de Liquidação é devida quando da liquidação financeira de uma entrega física; os participantes podem habilitar-se a desconto sobre o valor da Taxa de Liquidação por contrato, conforme OC079/2007-DG, de 28/9/2007 e OC099/2007-DG, de 19/12/2007;

d) Taxa de permanência: US$1.000,0009523 em unidade US$ 0,0009523 em valor financeiro; e

e) Taxa de registro: 5% do valor da taxa de emolumentos para operação normal. É a taxa que incide sobre as operações realizadas nos mercados a prazo, de acordo com o estabelecido nos respectivos contratos.

A BM&F apresenta, ainda, outras taxas cobradas somente quando é solicitado um serviço, como: Taxa de Classificação e Taxa de Arbitramento.

Além dos custos operacionais existe o custo de transação no quais decorre do pressuposto que uma transação freqüentemente sujeita as partes envolvidas ao risco de que os elementos acordados entre elas não se efetivem, e que, há custos para proteger-se desse risco.

Os pressupostos fundamentais dos custos de transação relacionados ao comportamento do indivíduo e as características de uma transação são: racionalidade limitada e oportunismo, conforme é citado por Almeida, Corbari e Huppes (2007).

4. Premissas e Critérios para a Realização da Simulação

Para contemplar o objeto de estudo, realizou-se uma simulação de um produtor comercializando sua produção, de 5.400 sacas de soja de 60 kg, no mercado à vista e no mercado futuro (BM&F) nas safras de 2003 a 2007. Na simulação, foram considerados dois cenários distintos. O primeiro cenário corresponde à comercialização no mercado à vista e o segundo cenário contempla à negociação no mercado físico regional com a utilização de contratos futuros. Sendo que neste ultimo cenário, utilizou-se a comparação da margem de segurança dos preços (à vista e a futuro) como estratégia de permanência no mercado futuro.

Os preços do primeiro cenário foram obtidos pela FAMATO e os custos pelo CONAB, a venda da safra ocorreu no mesmo dia de vencimentos das séries (de abril) de cada ano em estudo negociadas no mercado futuro nas datas entre 18 e 21 de março.

No segundo cenário, o produtor utilizou-se de contratos de venda (hedge de venda ou

short) para se proteger de uma possível queda nos preço e garantir a mínima rentabilidade

desejada. O empresário rural iníciou suas negociações a partir do dia 15 do mês de outubro, fechando o contrato futuro na primeira cotação que estivesse acima do custo de produção da saca de soja. Este período foi escolhido, conforme recomendações da FAMATO para os sojicultores iniciarem suas plantações e planejamentos, entre o período de 15 de outubro a 20 de novembro.

O agricultor negociou 12 contratos futuros (correspondem 5.400 sacas de 60 kg) nas safras de 2003 a 2007 sendo negociada a série de abril com vencimento em 19/03/2003, 18/03/2004, 18/03/2005, 21/03/2006, 20/03/2007. Assim, elegeu-se a série de abril porque está no período em que ocorre a colheita da soja e a sua comercialização da mesma no mercado físico.

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mercado futuro o empresário rural obteve custos operacionais da bolsa e da corretora. Portanto, considerou como custos operacionais para operar na BM&F em todos os anos, como:

 Taxa de Corretagem = 0,30% do valor inicial do contrato;

 Taxa de Emolumentos = US$ 0,12 X taxa cambial do dia X número de contratos; e  Taxa de Registro = 5% da Taxa de Emolumento;

 Taxa de Liquidação = 0,45% do valor final do contrato.

Estes custos operacionais ocorreram na entrada e saída do mercado, incidindo na abertura e na liquidação da operação a futuro. Fora os custos para operar na bolsa, o agricultor deve desembolsar uma montante para a margem de garantia. As margens de garantia exigida para o

hedger pela BM&F nos períodos de estudos foram:

 2003*= 689,31 X 12 (número de contratos) = R$ 8.271,72;  2004* = 689,31 X 12 (número de contratos) = R$ 8.271,72;  2005 = 689,31 X 12 (número de contratos) = R$ 8.271,72;  2006 = 1.008,18 X 12 (número de contratos) = R$ 12.098,16; e  2007 = 370,44 X 12 (número de contratos) = R$ 4.445,28.

Nota: * Média ponderada dos três últimos anos (2007, 2006, 2005), vistos que nesses

períodos a margem de segurança não está disponível no site da BM&F.

Para análise desse estudo a margem de segurança não será considerada como custo, já que a mesma é devolvida para o agricultor e se houver mais que uma operação entrada e saída do mercado futuro, manten-se a mesma margem de garantia.

O ajuste diário, no primeiro dia de negociação nos períodos analisados, ocorreu pela multiplicação da variação do preço médio com o ajuste diário do dia de fechamento. O número de contratos (12), o número de sacas que contêm cada contrato (450) e a paridade cambial do dia. Na simulação, o sojicultor fez o hedge com o preço médio do dia, não havendo assim a variação de ajuste diário. Portanto, o ajuste diário do primeiro dia foi zero para todos os contratos futuros. No segundo dia aconteceu-se de forma semelhante, diferindo a variação do ajuste diário do dia com o ajuste diário do dia anterior.

A margem de segurança é utilizada para informar o quão próximo do ponto de equilíbrio o empresário rural está operando. O cálculo da margem de segurança representa à subtração da produção com o ponto de equilíbrio divido pela produção, conforme é representado abaixo:

Margem de segurança = Produção - PE Produção

Dessa forma, a mensuração dos componentes da margem de segurança calculada neste estudo é composta por:

a) O valor de produção = Preço recebido da soja unitária X a quantidade de sacas negociadas da mesma;

b) Ponto de Equilíbrio (PE) = Total de gastos fixos / (preço recebido da soja unitária – gasto variável unitário);

c) Total de gastos fixos = (Custo fixo + total de renda de fatores*) X quantidade de sacas negociadas;

d) Gasto variável unitário = Custo variável unitário. No mercado futuro, utilizou-se, também, como custo variável o ajuste diário pago ou recebido do dia / quantidade de sacas negociadas. Portanto, no mercado futuro, o gasto variável unitário corresponde a soma do custo variável unitário com os ajustes diário por sacas (quando houver crédito diminui o gasto variável unitário e quando houver debito aumento o custo variável unitário);

e) Preço de Venda Unitário = Preço recebido da soja unitária;

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Nota: * Renda de fatores corresponde à soma da remuneração esperada pelo sojicultor sobre

capital fixo e a remuneração da terra, conforme è disponibilizado pela CONAB.

Quanto menor a margem de segurança, maior o grau de risco. Dessa forma, quando a margem de segurança dos preços à vista ultrapassa a margem de segurança dos preços futuros da BM&F, o sojicultor inverte a posição e liquida seus contratos por reversão. Porém, se a margem de segurança dos preços futuros da BM&F ultrapassar a margem de segurança dos preços físico, o empresário rural matem a posição e liquida financeiramente seus contratos. Assim, o segundo cenário corresponde à soma do lucro/prejuízo do mercado à vista com os ajustes diários negociado no mercado futuro. A análise da eficiência do mercado futuro ocorre em comparação dos rendimentos entre os dois cenários.

4.1 Primeiro Cenário – Negociação no mercado físico na região médio norte do Mato Grosso, na safra de 2003 a 2007.

No primeiro cenário, o sojicultor comercializou sua produção no mercado à vista regional. Observa-se que o empresário rural teve uma receita total no período de estudo de R$ 764.640,00 e o custo total de 653.562,00, conforme tabela abaixo:

Tabela 1– Síntese do resultado da comercialização no mercado à vista regional de soja (5.400 sacas de 60kg) nas safras de 2003 a 2007, em reais.

Safra Preço da saca R$ Custo da saca R$ Quantidade de sacas negociadas Receita total da safra R$ Custo total da safra R$ Lucro total da safra R$ Data da venda 2003 31,10 16,75 5.400 167.940,00 90.450,00 77.490,00 19/3/2003 2004 44,80 22,90 5.400 241.920,00 123.660,00 118.260,00 18/3/2004 2005 27,90 25,89 5.400 150.660,00 139.806,00 10.854,00 18/3/2005 2006 16,00 29,17 5.400 86.400,00 157.518,00 -71.118,00 21/3/2006 2007 21,80 26,32 5.400 117.720,00 142.128,00 -24.408,00 20/3/2007 Total 764.640,00 653.562,00 111.078,00 Fonte: Próprio

No período analisado o empresário rural teve um lucro total de R$ 111.078,00, sendo os dois últimos anos obteve um prejuízo considerável de R$ 71.118,00 no ano de 2006 e R$ 24.408,00 no ano de 2007, totalizando um prejuízo acumulado de R$ 95.526,00.

118.260,00 10.854,00 -71.118,00 -24.408,00 -100.000,00 -50.000,00 0,00 50.000,00 100.000,00 150.000,00 2003 2004 2005 2006 2007

Lucro total da safra

Fonte: Próprio

Figura 1 -Lucro/Prejuízo no Mercado à Vista no norte do Mato Grosso, safra de 2003 a 2007 (reais)

Este prejuízo, observado na figura acima, ocorreu devido ao valor recebido da soja na região médio norte do Mato Grosso ser menor que o valor do custo de produção da mesma, verificado pelo aumento expressivo no custo da saca desta commodity.

Observa-se que o custo de plantação da saca de soja de R$ 16,75 na safra de 2003 passa a R$ 29,17 na safra de 2006, isto é, um aumento de aproximadamente 74,15%. Este representa uma diminuição na margem de lucro dos empresários rurais Na safra de 2007 houve uma sensível queda no custo de produção da saca de 10,83% passando para R$ 26,32.

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A alta valorização dos custos pode ter sido ocasionada pelo aumento do valor dos insumos importados e por certas estruturas oligopólicas e monopólicas de alguns componentes da composição dos custos de produção da saca de soja.

O preço da commodity soja na região esteve em ascensão na safra de 2003 e 2004 em R$ 31,10 e R$ 44,80 respectivamente. Os valores destas safras podem ser considerados atípicos em relação ao histórico das safras anteriores, decorridos, principalmente:

a) Oferta escassa do período, ocasionado por problemas climáticos nos Estados Unidos; b) Aumento da demanda mundial estimulada, principalmente, pela China;

c) A valorização da moeda doméstica do Brasil perante o dólar, conforme foi constada nas datas de venda no mercado à vista (as datas podem ser verificadas na Tabela 4): R$ 3,47 em 2003; R$ 2,90 em 2004, R$ 2,71 em 2005; R$ 2,16 em 2006 e R$ 2,13 em 2007.

Contudo, na safra de 2006 o preço da soja desvalorizou em 180% em comparação a safra de 2004, isto é, o valor da soja estava em R$ 44,80 na safra de 2004 teve uma queda para R$ 16,00 na safra de 2006. Já, na safra de 2007 teve um aumento de 36,25% no valor da saca de soja comparada ao ano anterior, passando a ser negociada a R$ 21,80. Esta queda ocorreu devido ao excesso de oferta e estabilização da moeda nacional

A comercialização no mercado local, conforme a tabela 1 verifica a lucratividade do agricultor em todos os anos, com exceções dos dois últimos anos, nos quais o valor da soja estava abaixo do custo de produção da mesma. Assim, se o empresário rural obteve um ganho de que obteve uma lucratividade de R$ 111.078,00 no período estudado.

4.2 Segundo Cenário: Negociação da produção no mercado físico na região médio norte do Mato Grosso com a utilização de contratos futuros de soja da BM&F, no período de 2003 a 2007.

No segundo cenário, o empresário rural comercializou sua produção, com a finalidade de proteger-se das oscilações do preço, utilizando-se de contratos de venda (hedge de venda ou short). A estratégia estabelecida neste estudo para negociar no mercado futuro contempla na comparação da margem de segurança no mercado a vista e no mercado futuro como norteador para o empresário rural entrar e sair do mercado futuro.

A média da margem de segurança da soja no mercado futuro da BM&F foi bem superior a média no mercado físico regional, conforme pode ser observado na figura 2. Nas duas primeira safras, 2003 e 2004 as margens desses mercados estavam na mesma tendência com uma média, respectivamente, de: 86,49% e 81,62% no mercado futuro; e 84,64% e 75,22% no mercado local. Isto é, o produtor estava com uma margem superior a 80% no mercado futuro e superior a 75% no mercado físico evidenciando a alta rentabilidade da produção da soja nestes períodos.

Contudo, a margem de segurança no mercado futuro teve uma queda de 45,84% na safra 2005, -6,64% em 2006 e reagindo em 2007 com uma margem de segurança 51,78%. Estes resultados ressalvam a crise de 2005 da soja no cenário nacional e mundial e o seu reflexo em 2006 e uma sensível recuperação em 2007.

-250,00% -200,00% -150,00% -100,00% -50,00% 0,00% 50,00% 100,00% 150,00% 2003 2004 2005 2006 2007

(10)

Fonte: Própria

Figura 2 – Comparação entre as margens de segurança entre o Mercado Futuro da BM&F e o Mercado à Vista da região médio norte do Mato Grosso na safra de 2003 a 2007, em percentual.

Nota-se que no ano da crise (2005) e os anos de seus reflexos (2006 e 2007) a margem de segurança da soja na região médio norte do Mato Grosso demonstrou a inviabilidade do empresário rural em produzir soja com os preços negociados no mercado físico regional. Pois, o valor recebido da soja estava, demasiadamente, baixo e os seus custos elevados, implicando numa margem de segurança negativa da sua atividade.

Nos cálculos efetuados apenas duas safras, 2003 e 2006, utilizaram a margem de segurança, como indicador de risco, para entrar e sair do mercado futuro. Nos demais anos a margem de segurança no mercado futuro da soja foi superior à margem de segurança no mercado local, isto é, o produtor levou o contrato até a data de liquidação.

A tabela abaixo apresenta os resultados obtidos na simulação do segundo cenário ao negociar no mercado à vista regional com a utilização de contratos futuro, como instrumento de minimização de possíveis perdas e obtenção de ganhos no período em estudo.

Tabela 2 - Síntese do resultado da comercialização no Mercado à Vista (5.400 sacas de 60 kg) regional com a utilização de contratos futuros nas safras de 2003 à 2007, em reais

Safra Mercado à Vista R$ AjusteDiário R$ Custos operacionais R$ Custo operacional por saca de soja

R$ Lucro/Prejuízo R$ 2003 77.490,00 -12.668,79 7.031,36 1,3021 57.789,85 2004 118.260,00 -5.832,00 1.460,13 0,2704 110.967,87 2005 10.854,00 -52.709,88 1.204,58 0,2231 -43.060,46 2006 -71.118,00 12.364,98 2.890,39 0,5353 -61.643,40 2007 -24.408,00 -36.986,37 1.057,82 0,1959 -62.452,18 Total 111.078,00 -95.832,05 13.644,27 2,53 1.601,68 Fonte: Própria

Observa-se, que o empresário rural teve um lucro de R$ 1.601,68 no período estudado. O baixo lucro é devido ao pagamento dos ajustes diários de R$ 95.832,05 e do custo operacional de R$ 13.644,27.

Na safra de 2003, o sojicultor fez hedge da sua produção em R$ 45,92 (US$ 11,76 com um câmbio a R$ 3,9045) no dia 16/10/2002. No dia 25/10/2002, a margem de segurança do mercado à vista estava a 87,64% superior ao do mercado futuro de 87,14%. Assim, o empresário rural inverteu sua posição e saiu do mercado recebendo R$ 1.173,59 em ajuste diário. No dia 12/11/2002 a margem de segurança do mercado futuro de 86,46% superou a margem do mercado à vista de 85,99%. No dia 18/11/2002, a margem do mercado à vista de 86,24% ultrapassa a margem de segurança do mercado futuro de 86,09%, ocorrendo à liquidação por reversão e obtendo uma perda de R$ 2.422,42 em ajuste diário.

No dia 05/12/2002 a margem de segurança do mercado futura de 87,77% apresentou-se maior do que a margem de apresentou-segurança do mercado à vista de 87,56% iniciando, assim, uma nova comercialização dos contratos futuros. Contudo, no dia 06/12/2002 a margem de segurança do mercado à vista manteve-se a mesma e tornou-se maior do que a margem do mercado futuro que caiu para 87,26%, obtendo um ajuste diário nulo. A tabela 3 demonstra os valores das margens de segurança dos dois mercados analisados da soja na safra de 2003 e o ganho ou perda nos ajustes diários, bem como o seu custo operacional.

Tabela 3 - Síntese da negociação do Mercado Futuro, utilizando a margem de segurança, em percentual, na safra de 2003. Data Margem de Segurança no Mercado Futuro Margem de Segurança no mercado à vista Operações

realizadas Ajustes diários

Custos operacionais

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16/10/2002 88,07% 84,72% Compra de contratos futuros de venda de soja - R$ 749,76 25/10/2002 87,14% 87,64% Liquidação por reversão R$ 1.173,59 R$ 711,40 12/11/2002 86,46% 85,99% Compra de contratos futuros de venda de soja - R$ 676,30 18/11/2002 86,09% 86,24% Liquidação por reversão R$-2.422,42 R$ 674,35 5/12/2002 87,77% 87,56% Compra de contratos futuros de venda de soja - R$ 725,83 6/12/2002 87,26% 87,56% Liquidação por reversão 0 R$ 716,06 10/12/2002 87,69% 87,56% Compra de contratos futuros de venda de soja - R$ 741,04 17/12/2002 86,06% 86,71% Liquidação por reversão R$ 6.992,76 R$ 673,42 20/1/2003 85,36% 81,59% Compra de contratos futuros de venda de soja - R$ 648,69 19/3/2003 87,20% 78,40% Liquidação do contrato R$ -18.412,73 R$ 713,21 Total R$ -12.668,79 R$ 7.030,06 Fonte: Próprio

No dia 10/12/2002, a margem de segurança do mercado futuro de 87,69% deparou-se maior do que a do mercado à vista de 87,56% e no dia 17/12/2002, ocorre à liquidação por reversão visto que a margem de segurança do mercado à vista 86,06% encontra-se maior do que a margem de segurança do mercado futuro de 86,71% e o recebimento de ajustes diários no valor de R$ 6.992,76. Já, no dia 20/1/2003, a margem de segurança de 85,36% do mercado futuro demonstra maior do que a margem do mercado à vista de 81,59%. Assim, o empresário rural leva o contrato futuro até a data de liquidação pagando R$ 18.412,73 em ajustes diários.

Se o Sojicultor levasse o contrato até o final ele pagaria R$ 15.913,96 e ao utilizar a margem de segurança, como norteador da permanência do contrato futuro, demonstra uma queda de ajuste diário de R$ 12.668,79, ou seja, o sojicultor evitou um prejuízo de R$ 3.245,17. Contudo, ao utilizar a margem de segurança como norteador para permanecer no mercado futuro, o empresário rural teve que desembolsar R$ 7.031,36 em custos operacionais.

Nota-se que o custo foi elevado para o produtor de soja negociar no mercado futuro. O custo operacional por saca negociada foi de R$ 1,3021, não compensando ao produtor de pequeno porte negociar na BM&F visto que os custos operacionais são elevados. Assim, ao negociar no segundo cenário o empresário rural teve um lucro de R$ 57.789,85. Esta queda em relação ao primeiro cenário corresponde a R$ 19.700,15 equivalente a soma do ajuste diário de R$ 12.668,79 com os custos operacionais da BM&F de R$ 7.031,36.

Na safra de 2004 e 2005, a margem de segurança do mercado futuro demonstrava superior ao do mercado físico regional. Desse modo, o sojicultor levou os contratos futuros até o final da liquidação dos mesmos. Em 2004, o empresário rural teve que desembolsar R$ 1.460,13 em um custo operacional (R$ 0,2724 por saca) e R$ 5.832,00 de ajustes diários. O sojicultor teve um lucro de R$ 110.967,87 o equivalente a soma do valor recebido de R$ 118.260,00 no mercado à vista e do total de ajustes diários pagos mais os custos operacionais de R$ 7.292,13.

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Em 2005, o produtor teve um dispêndio de R$ 1.204,58 de custos operacionais (R$ 0,2231 por saca) e R$ 52.709,88 de ajustes diários, totalizando R$ 53.914,46. Ao vender sua produção no mercado físico regional, o sojicultor teve um lucro de R$ 10.854,00 somados ao prejuízo de R$ 53.914,46 obtido no mercado futuro, o resultado final dessa negociação foi um prejuízo de R$ 43.060,46.

Na safra de 2006, o mercado da soja encontrava-se em crise, durante o período de negociação da soja a margem de segurança nos dois mercados apresentavam negativas em vários dias. Sendo que no mercado físico a margem de segurança permaneceu negativa durante o período negociado. Este fato ocorreu devido ao baixo valor recebido da soja, sendo que a mesma não cobria custos para sua produção.

Foi analisada a margem de segurança no mercado futuro que em muitos períodos encontrava-se negativo. Portanto, quando esta margem, no mercado futuro ficava negativa, o sojicultor saía do mercado e quando a margem de segurança encontrava positivo o mesmo entrava novamente no mercado futuro. Esta negociação é detalhada na tabela abaixo:

Tabela 4 - Negociação do Mercado Futuro, utilizando a margem de segurança na safra de 2006.

Data

Margem de Segurança no

Mercado Futuro % Operações realizadas Ajustes diários R$

Custos

operacionais R$

17/10/2005 0,74%

Compra de contratos futuros de

venda de soja - R$ 483,19

31/10/2005 -2,98% Liquidação por reversão 2.450,98 R$ 478,86

15/12/2005 0,75%

Compra de contratos futuros de

venda de soja - R$ 496,31

23/1/2006 -5,63% Liquidação por reversão 4.043,05 R$ 479,69

7/3/2006 1,87%

Compra de contratos futuros de

venda de soja - R$ 487,98 10/3/2006 -19,13% Liquidação por reversão 5.870,96 R$ 464,36

Total Total 12.364,98 2.890,39

Fonte: Próprio

Com a tabela 4 nota-se que na safra de 2006, o empresário rural fez hedge da sua produção em R$ 29,62 (US$ 13,25 com um câmbio a R$ 2,2353) com uma margem de segurança a 0,74% no dia 17/10/2005. No dia 31/10/2005, a margem de segurança do mercado futuro estava negativa em – 2,98%. O empresário rural inverteu sua posição e saiu do mercado recebendo R$ 2.45,98 em ajuste diário. No dia 15/12/2005 a margem de segurança do mercado futuro volta a ser positiva de 0,75%, iniciando uma nova negociação dos contratos futuros de soja. Já, no dia 23/01/2006, a margem de segurança do mercado futuro tornou-se negativo em -5,63%, levando a liquidação por reversão e obtendo um ganho de R$ 4.043,05 em ajuste diário.

No dia 7/03/2006, a margem de segurança do mercado futuro apresenta-se positiva em 1,87%, o sojicultor retomar a comercialização de contratos futuros. Contudo, no dia 10/03/2006 a margem de segurança deste mercado teve uma queda negativa de -19,13% na qual ocasiona a liquidação por reversão destes contratos, o produtor rural obteve um ganho de R$ 5.870,98 em ajustes diários.

O empresário rural recebeu R$ 12.364,98 de ajustes diários ao utilizar esta estratégia de margem de segurança para entrar e sair no mercado futuro. O custo operacional desta negociação foi de R$ 2.890,39 (R$ 0,5353 por saca) e a venda no mercado físico regional teve um prejuízo de R$ 71.118,00. Desse modo, o sojicultor minimizou suas perdas em R$ 9.474,60 ao utilizar o contrato futuro, obtendo um prejuízo de R$ 61.643,40.

(13)

No ano de 2007, o produtor rural levou os contratos futuros de soja até a data de liquidação, pois a margem de segurança do mercado futuro demonstrava superior ao do mercado físico regional. O resultado obtido foi o pagamento de R$ 36.986,37 em ajustes diários e R$ 1.057,82 em custos operacionais (R$ 0,1959 por saca). O empresário rural teve um prejuízo de R$ 24.408,00 ao negociar no mercado local somando os gastos de R$ 38.044,19 ao operar nos contratos futuros, o equivalente a R$ 62.452,18 em perdas.

4.4. Análise comparativa entre os dois cenários

Percebe-se que no período analisado, tanto no primeiro cenário quanto no segundo cenário o sojicultor auferiu ganhos. No primeiro, o produtor de soja teve um ganho de R$ R$ 111.078,00 e no segundo obteve ganho irrisório de R$ 1.601,68. Portanto, a negociação no primeiro cenário é mais vantajosa do que o segundo cenário, conforme é percebido no grafico 3. Na safra de 2006, o segundo cenário tornou-se vantajoso minimizando os prejuízos obtidos na venda no mercado físico de R$ 71.118,00 para R$ 61.643,40. Dessa forma, ao negociar os contratos futuros na BM&F e utilizando a margem de segurança para entrar e sair do mercado futuro, o sojicultor minimizou sua perda em R$ 9.474,59.

-100.000,00 - 50.000,00 0,00 50.000,00 100.000,00 150.000,00

Primeiro Cenário Segundo Cenário

Primeiro Cenário 77.490,00 118.260,00 10.854,00 -71.118,00 -24.408,00 Segundo Cenário 57.789,85 110.967,87 -43.060,46 -61.643,40 -62.452,18

2003 2004 2005 2006 2007

Fonte: Próprio

Figura 3 – Comparação entre o primeiro cenário - comercialização no mercado físico na região médio norte do Mato Grosso – e o segundo cenário - comercialização no mercado físico regional com a utilização de contratos futuros – 5.400 sacas de soja, nas safras de 2003 a 2007, em reais.

Nas demais safras, observam-se a desvantagem lucrativa de negociar contratos futuros para minimizar perdas no mercado físico. As safras analisadas é um período conturbado e atípico, e ao negociar no segundo cenário, o empresário rural não minimizou os seus prejuízos obtidos no mercado à vista utilizando a margem de segurança como norteador da permanência no mercado futuro.

Com a margem de segurança nota-se uma discrepância considerável nos preços praticados no norte do Mato Grosso e com os preços negociados no mercado futuro da BM&F, a chamada diferença de base, e, conseqüentemente a não viabilidade da produção de soja em comparação ao custo de produzir a mesma. Pode ser observado no ano da crise (2005) e os anos de seus reflexos (2006 e 2007) a margem de segurança da soja na região médio norte do Mato Grosso demonstrou a inviabilidade do empresário rural em produzir soja com os preços negociados no mercado físico regional. Pois, o valor recebido da soja estava, demasiadamente, baixo e os seus custos elevados, implicando numa margem de segurança negativa da sua atividade.

(14)

base obtido na região. A diferença na variação cambial é constada na tabela 2, caso não houvesse a variação cambial o sojicultor teria uma lucratividade de R$ 52.620,97, ou seja, um aumento nos lucros de 3.182,70%. O cálculo da diferença cambial procede pela subtração do valor do ajuste diário em R$ com o valor do ajuste em dólar. O Lucro/Prejuízo é obtido pela soma da venda a vista com a diferença cambial.

Nota-se que a variação cambial prejudica a finalidade do mercado futuro de proteção do preço, visto que o total do ajuste diário pago foi de R$ 95.832,05. Entretanto, se não houvesse a variação cambial o sojicultor pagaria o valor de R$ 58.453,92. Desse modo, o sojicultor desembolsaria 63,94% a menos do valor pago em ajuste diário. A cotação da soja no mercado futuro em dólar implica em um risco, bem como o risco de oscilação do preço da soja no mercado. Além da mesma influencia na lucratividade do empresário rural.

-80.000,00 -60.000,00 -40.000,00 -20.000,00 0,00 20.000,00 40.000,00 60.000,00 80.000,00 100.000,00 120.000,00 140.000,00

Lu cro/Prejuízo com variação cambial Lucro/Prejuízo s em variação camb ial Lucro/Prejuízo com v ariação

cambial 57.791,15 110.967,87 -43.060,46 -61.643,41 -62.452,19 Lucro/Prejuízo s em v ariação cambial 68.382,21 114.436,13 -21.875,98 -64.423,02 -43.898,37 2003 2004 2005 2006 2007 Fonte: Próprio

Figura 4 – Comparação entre o Lucros/Prejuízos do segundo cenário com e sem variação cambial (R$)

Mesmo sem a variação cambial o empresário rural deixaria de ganhar o quanto ganhou na venda no mercado físico. Esse fato foi ocasionado pelo preço base da região que consiste na diferença entre o preço da soja no mercado físico e a cotação para o mesmo no mercado futuro (referente aos preços praticados em Paranaguá), que é originado, basicamente, pelos custos de transporte, de armazenamento, de mão-de-obra, margem de lucro dos vendedores, qualidade do produto e escassez local. A tabela abaixo apresenta o comportamento do preço no mercado futuro que é superior aos negociado no mercado à vista.

Tabela 6 – Comparação entre as cotações da saca de soja (60 kg) no Mercado à vista da região médio

norte do Mato Grosso e a no Mercado futuro na BM&F na safra de 2003 a 2007

Safra Mercado à Vista R$ Mercado Futuro R$ Diferença de base R$

Variação % do Mercado Futuro em relação ao Mercado à vista 2003 31,10 45,92 -14,82 47,65% 2004 44,80 42,71 2,09 -4,67% 2005 27,90 32,86 -4,96 17,78% 2006 16,00 29,62 -13,62 85,13% 2007 21,80 29,45 -7,65 35,09% Média 28,32 36,11 -7,79 36% Fonte: Próprio

O percentual de diferença do preço base no mercado futuro tende a ser superior a em relação ao mercado à vista, conforme observado na tabela acima, com exceção da safra de 2004, que foi de 4,67% abaixo do valor base negociado no mercado futuro. No ano de 2006 o

(15)

valor negociado na região norte do Mato Grosso, destacou-se com uma diferença de 85,13% inferior ao comercializado no mercado futuro, valor esse, provavelmente, ocasionado pela crise do setor no estado de Mato Grosso.

5. Conclusao

O principal resultado obtido nesta inferência contempla na ineficiência da utilização de contratos futuros como um mecanismo de proteção de preço, através da utilização de margem de segurança como estratégia para nortear a permanência no mercado futuro, para os produtores de soja da região médio norte de Mato Grosso no período de 2003 a 2007.

O estudo revelou algumas limitações para a consolidação dos negócios no mercado futuro como a diferença de base e a diferença cambial. A diferença inferior do valor recebido da soja na região médio norte do Mato Grosso em relação ao índice de referência da BM&F prejudica o funcionamento do mercado futuro em minimizar perdas e obter ganhos ao empresário rural visto que, teoricamente, a diferença do ajuste diário pago no mercado futuro deveria ser pago no mercado físico regional. A variação cambial pode provocar perdas aos produtores, prejudicando a funcionalidade do mercado futuro e conseqüentemente o planejamento do agricultor, uma vez que, haverá riscos de oscilação do câmbio.

Para solucionar as limitações para a consolidação dos negócios no mercado futuro, apontam-se alguns aspectos que poderiam contribuir para a melhor eficiência do mesmo: as cotações da soja, na bolsa, deveriam ser em moeda doméstica. Desse modo, o produtor não estaria sujeito a perdas cambiais e facilitaria a administração dos riscos da atividade; o problema da diferença de base poderia ser amenizado com a disponibilização, por parte da bolsa de unidades armazenadoras locais ou regionais, bem como estratégias operacionais por parte do empresário rural na escolha da permanência no mercado futuro.

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