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Os níveis de garantias constitucionais ao trabalho em Caxias-MA (2010-2014)

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The levels of constitutional guarantees to work in Caxias-ma

(2010-2014)

Os níveis de garantias constitucionais ao trabalho em Caxias-ma (2010-2014)

Niveles de garantías constitucionales al trabajo Caxias-ma (2010-2014)

ABSTRACT

Objective: This work aims to study the History of Brazilian Law, based on the constitutional bias. Methodology: This is a quantitative-qualitative research. The methodology of data analysis was done

mainly through the construction of tables, based on a questionnaire collecting data on the levels of constitutional guarantees to the work applied especially in the Caxias-MA Labor Force. Then, a detailed interpretative analysis of statistical and bibliographic data and of the causes, circumstances and results linked to the levels of constitutional guarantees for the population of the city of Caxias-MA, such as life and work, was carried out. Results: The statistical data revealed that the level of constitutional guarantee to work in Caxias-MA is not full. With respect to labor lawsuits, it was found that the main motivations for labor lawsuits in the city surveyed are the recognition of an employment relationship registered with the Labor and Social Security Portfolio (CTPS) and the collection of defaulted labor in the course of the contract or on termination. Conclusion: With the digitalization of the processes, 15 cases of moral harassment were registered. On the other hand, the Regional Court of Labor-MA registered only 41 cases with the subject of sexual harassment.

RESUMO

Objetivo: Este trabalho tem como objetivo estudar a História do Direito Brasileiro, a partir do viés

constitucional. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa quanti-qualitativa. A metodologia de análise dos dados se deu principalmente através da construção de tabelas, baseadas em um questionário de coleta de dados sobre os níveis de garantias constitucionais ao trabalho aplicado especialmente na Vara de Trabalho de Caxias - MA. Em seguida, foi realizada uma análise interpretativa detalhada de dados estatísticos e bibliográficos e das causas, circunstâncias e resultados vinculados aos níveis de garantias constitucionais à população da cidade de Caxias – MA, tais como: vida e trabalho. Resultados: Os dados estatísticos revelaram que o nível de garantia constitucional ao trabalho em Caxias - MA não é pleno. No que diz respeito aos processos trabalhistas, foi constatado que as principais motivações de ações trabalhistas na cidade pesquisada são o reconhecimento de vínculo empregatício com registro na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) e a cobrança de verbas trabalhistas inadimplidas no curso do contrato ou na rescisão. Conclusão: Com a digitalização dos processos, foram registrados 15 casos de ações envolvendo assédio moral. Por outro lado, o Tribunal Regional do Trabalho - MA registrou apenas 41 processos com o tema assédio sexual.

RESUMEN

Objetivo: Este trabajo tiene como objetivo estudiar la Historia del Derecho Brasileño, a partir del sesgo

constitucional. Metodología: Se trata de una investigación cuantitativa. La metodología de análisis de los datos se dio principalmente a través de la construcción de tablas, basadas en un cuestionario de recolección de datos sobre los niveles de garantias constitucionales al trabajo aplicado especialmente en la Vara de Trabajo de Caxias-MA. A continuación, se realizó un análisis interpretativo detallado de datos estadísticos y bibliográficos y de las causas, circunstancias y resultados vinculados a los niveles de garantías constitucionales a la población de la ciudad de Caxias-MA, tales como: vida y trabajo.

Resultados: Los datos estadísticos revelaron que el nivel de garantía constitucional al trabajo en

Caxias-MA no es pleno. En lo que se refiere a los procesos laborales, se constató que las principales motivaciones de acciones laborales en la ciudad investigada son el reconocimiento de vínculo laboral con registro en la Cartera de Trabajo y Previsión Social (CTPS) y el cobro de fondos laborales inadimplidos en el curso del contrato o en la rescisión. Conclusión: Con la digitalización de los procesos, se registraron 15 casos de acciones que involucra acoso moral. Por otro lado, el Tribunal Regional del Trabajo-MA registró sólo 41 procesos con el tema acoso sexual.

Gabriela Mota Moraes¹

Jordana Princesa Ferreira Guimarães¹

Luiza Emanuelly Vilanova Gomes¹

Emília Saraiva Nery²

Descriptors

History of Law. Constitutional right. Labor. Caxias - MA.

Descritores

História do Direito. Direito Constitucinal. Trabalho. Caxias-MA.

Descriptores

Historia del Derecho. Derecho constitucional. Trabajo. Caxias-MA.

Sources of funding: No Conflict of interest: No

Date of first submission: 2017-03-12 Accepted: 2017-05-19

Publishing: 2017-06-25

Corresponding Address

Emília Saraiva Nery Rua Aarão Reis, 1000 Centro Caxias – MA

E-mail: emilia.nery@gmail.com

ORIGINAL / ORIGINAL ARTICLE / ORIGINALE

¹Graduanda em Direito pela Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão/FACEMA.gabilestrange10@hotmali.com; jordanaguimaraes76@outlook.com; luizavilanovagomes@hotmail.com.

²Doutora em História Social pela Universidade Federal de Uberlândia/UFU. Docente em Direito pela Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão/FACEMA. emilia.nery@gmail.com

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INTRODUÇÃO

No cenário empregatício, são muito comuns as situações nas quais os empregados ingressam com ações de cunho trabalhista contra os locais em que trabalham. Os processos que movimentam a Justiça trabalhista possuem as mais diversas motivações, tais como horas extras não pagas, danos morais ou materiais, adicional de insalubridade, verbas de rescisão de contrato, doenças ocupacionais, diferenças salariais por desvios de função, entre outros.

As pequenas e médias empresas são os alvos mais comuns de ações, já que muitas delas enfrentam o despreparo administrativo. A alta demanda pelo direito trabalhista está atrelada ao grande custo empregatício no país, o que se relaciona ao fato de muitas empresas agirem em desconformidade com a legislação, por outro lado há o desconhecimento da lei pelos trabalhadores.

A partir dos dados do levantamento anual de 2014 feito pelo Conselho Nacional de Justiça, tem-se no ranking de processos por assunto os seguintes índices: Direito do Trabalho com um total de 5.281.354 processos 22,3%; trabalho/processual 2.081.758 processos 8,8%; dano moral trabalhista 700.595 processos 3,0%; remuneração trabalhista 688.621 processos 2,9%; rescisão contratual trabalhista 673.809 processos 2,8 %.

METODOLOGIA

Em Caxias-MA, foi aplicado um questionário de coleta de dados sobre os níveis de garantias constitucionais (2010-2014), no Ministério de Trabalho e Emprego (MTE), Sistema Nacional de Emprego (SINE) e na Vara do Trabalho de Caxias-MA, apenas o questionado aplicado na Vara do trabalho foi respondido. No que diz respeito aos processos trabalhistas, foi constatado que as principais motivações de ações trabalhistas na cidade pesquisada são o reconhecimento de vínculo empregatício com registro na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) e a cobrança de verbas trabalhistas inadimplidas no curso do contrato ou na rescisão.

Quanto ao reconhecimento do vínculo empregatício com registro na CTPS, o diretor da Vara do Trabalho de Caxias-MA, afirma que o grande número de ações com essa motivação está vinculado à busca dos

trabalhadores de manter assegurados os seus direitos, tais como seguro-desemprego, em caso de dispensa sem justa causa; FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço); benefícios junto ao INSS (auxilio maternidade; auxilio doença; auxilio acidente, aposentadoria, dentre outros). Foi salientado ainda que o trabalho que é exercido sem a carteira de trabalho se configura em fraude trabalhista e previdenciária, conforme prescrito no artigo 203 do Código Penal. A obrigatoriedade do registro na CTPS está disciplinada no artigo 29 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

A segunda maior causa de processos movidos na área trabalhista em Caxias e região, está na cobrança de verbas trabalhistas inadimplidas no curso do contrato ou na rescisão. As verbas citadas podem ainda ser divididas em remuneratórias e indenizatórias.

As verbas rescisórias podem decorrer das seguintes situações: dispensa sem justa causa, dispensa por justa causa, pedido de demissão, rescisão indireta, culpa recíproca e morte do empregado. Em cada um desses casos são determinadas quais verbas devem ser pagas. Essas verbas rescisórias são saldos de salários, saldo de férias, 13º salário proporcional, aviso prévio indenizado entre outros.

Diante do exposto entende-se a importância do pagamento das verbas trabalhistas e rescisórias, elas garantem dignidade nas relações de trabalho, assim como na interrupção dessa relação tanto para o trabalhador quanto ao empregador. Antônio Álvares da Silva (1-12) dispõe que trabalho não é apenas o meio de subsistência do trabalhador, mas o sustento da vida social e o suporte de toda a produção de bens e serviços necessários à sua existência.

O questionário aplicado na Vara do Trabalho indagou ainda se os direitos fundamentais da igualdade e do contraditório e da ampla defesa dos trabalhadores estão sendo respeitados nas relações de emprego. De acordo com Ferraz Júnior, diretor da Vara do Trabalho de Caxias-MA, esses direitos estão sendo sim respeitados, pois sem eles os processos não poderiam estar em andamento, já nas relações de emprego esta questão não pode ser verificada, a não ser que algum caso venha ao conhecimento da justiça. Sobre as políticas públicas desenvolvidas na cidade pesquisada, se pode observar que

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as mesmas decorrem de campanhas promovidas por entidades como SINE e TEM, além das campanhas nacionais promovidas pelos tribunais superiores do trabalho, a Vara local não possui campanhas próprias, apenas adere a campanhas que vem de níveis estaduais e nacionais

RESULTADOS

Esses processos trabalhistas têm como essência a proteção do trabalhador, pois este se encontra em posição natural de hipossuficiência em relação ao empregador detentor do capital. De acordo com a pesquisa realizada na Justiça do Trabalho de Caxias, que tem jurisdição em oito cidades maranhenses, o Gráfico 1apresenta as demandas trabalhistas entre os anos de 2010 e 2014, com considerável aumento no ano de 2013.

Gráfico 1 – Quantidade de processos trabalhistas em Caxias-MA

Fonte: Elaboração própria

Devido à crise econômica, aumenta o desemprego e a procura dos trabalhadores pelos seus direitos devidos, que muitas empresas não tiveram recursos para pagar. Os trabalhadores que permanecem, ficam sobrecarregados, tendo que trabalhar por mais horas, sem receber horas extras e muitos outros trabalhadores optam pela informalidade, sujeitando-se a condições de trabalho inferiores ao que seria ideal. Bonadiman (2-12) aponta as causas desse aumento: “[...] devido às crises econômicas e o aumento do desemprego passou-se a defender a flexibilização das normas trabalhistas com o intuito de diminuir a rigidez das

mesmas sobre a justificativa de se permitir o progresso econômico”.

Em meio a tantas demandas trabalhistas, o sistema brasileiro mostra uma deficiência em apresentar uma prestação jurisdicional que satisfaça as partes e promova pacificação social, portanto os meios alternativos de resolução de conflitos são uma necessidade diante da morosidade do judiciário e para reduzir a litigiosidade dos processos, assim em uma situação conflituosa vigorando o princípio da livre iniciativa presente na Constituição Federal (3-12), que por ser democrático e de fácil acesso, não precisaria ser administrada apenas pelo Estado, mas a solução das divergências pode ser encontrada pelas próprias partes.

Muito se questiona que pelo fato dos direitos

trabalhistas serem irrenunciáveis, estariam os

trabalhadores e empregadores sendo submetidos a transação ou renúncia de seus direitos, por temer a falta de celeridade da justiça ou por insegurança de suas sentenças, mas o que há é uma flexibilização desses direitos, que deve ser compreendida como modo de suavizar os rigores da lei, promovendo mais diálogo entre as partes para que cheguem nos seus reais interesses, resultando na redução do número de litígios apreciados pelo judiciário, tendo em vista a autonomia de vontades e a negociação pelos próprios trabalhadores de seus direitos legais judicialmente.

O Gráfico 2 mostra a pesquisa feita sobre conciliações na Vara do Trabalho de Caxias, foi constatado um maior número de interessados em conciliar com o decorrer dos anos de 2010 até 2014, com uma breve retração no ano de 2013.

Gráfico 2 – Conciliações em processos trabalhistas em Caxias-MA

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Segundo Morais (4-12), a conciliação pode ser exercida mediante acordo para ser homologado, ou seja, extrajudicialmente entre os particulares e também no decurso da audiência diante do Juiz no órgão judiciário, que neste deve ser tentado no mínimo em dois momentos no procedimento ordinário e uma no procedimento sumaríssimo, sem impedimentos, mesmo se for realizado na prolação da sentença ou em grau de recurso, como consta na CLT, nos artigos 846 e 850. Podendo ocorrer em qualquer grau de jurisdição ou fase processual, segundo o artigo 831 da CLT, parágrafo único, como garantia de paz social e segurança jurídica, depois da conciliação, será considerado como decisão irrecorrível, apenas podendo ser impugnado por ação rescisória.

DISCUSSÃO

Antes de adentrar no assunto, se faz necessário esclarecer o conceito puro de assédio, por conseguinte, nos campos moral e sexual. Assédio em sua amplitude relaciona-se aos mais diversos tipos de comportamentos ofensivos. É geralmente entendido como um comportamento que importuna ou perturba e é caracteristicamente repetitivo [...] o termo "assédio" se referia aos cercos militares a cidades e fortalezas. Posteriormente, o termo foi atribuído, de modo figurado, às situações semelhantes na vida cotidiana das pessoas (5-12).

O psicólogo alemão Heinz Leymann definiu o assédio moral como:

A deliberada degradação das condições do trabalho através do estabelecimento de comunicações não éticas (abusivas), que se caracterizam pela repetição, por longo tempo, de um comportamento hostil de um superior ou colega(s) contra um indivíduo que apresenta, por reação, um quadro de miséria física, psicológica e social duradouro (6-12).

O assédio moral foi apontado como objeto de pesquisa, em 1996, na Suécia, pelo psicólogo do trabalho Heyns Leymann, que, por meio de um levantamento junto a vários grupos de profissionais chegou a um processo que qualificou de psicoterror, cunhando o termo mobbing (7-12). Nas relações de emprego se trata de toda a conduta abusiva que se manifesta notadamente por comportamentos, palavras, atos, gestos, que podem causar danos à personalidade, à dignidade ou

à integridade física ou psíquica de uma pessoa, colocando em risco o emprego desta ou degradando o clima de trabalho (8-12).

O assédio moral nas organizações, geralmente, nasce de forma insignificante e propaga-se pelo fato de as pessoas envolvidas (vítimas) não quererem formalizar a denúncia e encararem-na de maneira superficial, deixando passar as insinuações e as chacotas; em seguida, os ataques multiplicam-se, e a vítima é regularmente acuada, colocada em estado de inferioridade, submetida a manobras hostis e degradantes por longo período (9-12).

De início o assédio pode passar despercebido e as vezes até ignorado e essa situação em que o empregado aceita e submete-se à agressão do seu empregador faz com que o caso não venha ao conhecimento da justiça.Geralmente o assédio moral nasce com pouca intensidade, como algo inofensivo, pois as pessoas tendem a relevar os ataques, levando-os na brincadeira; depois, propaga-se com força e a vítima passa a ser alvo de um maior número de humilhações e de brincadeiras de mau-gosto (7-12). O que alavanca esse quadro é em grande parte dos casos o medo de perder o emprego, porém, esta não é a única explicação para a submissão da vítima. A pesquisadora Maria Ester Freitas em seu artigo “Assédio moral e assédio sexual: faces do

poder perverso nas organizações” de 2001, elenca

algumas situações nas quais o agressor impede a vítima de agir.

a) Recusar a comunicação direta: o

conflito não é aberto, ainda que diariamente expresso por atitudes de desqualificação; essa negação paralisa a vítima, que não pode defender-se, pois, como o ataque não é explícito, ela não sabe definir bem contra o que deve lutar.

b) Desqualificar: não é uma

agressão aberta que permite a réplica ou o revide, ela é praticada de maneira subjacente, sutil, insinuante e não-verbal: suspiros, dar com os ombros, olhares de desprezo, fechar os olhos e balançar a cabeça[...]

c) Desacreditar: basta uma ligeira

insinuação você não acreditará se eu disser que fulano... e construir um argumento falso, um amontoado de mal entendidos, de não-ditos. Existe ainda um esforço em ridicularizar o outro, em humilhar, cobri-lo de sarcasmo até fazê-lo perder a confiança em si.

d) Isolar: quebrar todas as alianças

possíveis. Quando se está só, é mais difícil de se rebelar, especialmente se alguém crê que o mundo está contra si.

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e) Vexar constranger: dar-lhe tarefas inúteis e degradantes, fixar objetivos inatingíveis, solicitar trabalho extra (à noite ou no fim de semana) [...]

f) Empurrar o outro a cometer uma

falta: é uma maneira hábil de desqualificar para em seguida criticar a vítima e justificar o seu rebaixamento, além de levá-la a ter uma má imagem de si mesma (9-12)

Com o questionário aplicado na Vara do Trabalho de Caxias-MA, podemos aferir que a partir de 2013 até a data de 31 de dezembro de 2014, com a digitalização dos processos, foram registrados 15 casos de ações envolvendo assédio moral, conforme disse o diretor da Vara do Trabalho, antes desta data não há como verificar se há registros de casos assim, pois normalmente o assédio moral não aparece como motivo principal na ação, normalmente vem acompanhando cobrança de verbas rescisórias.

O fato de não haver um registro mais específico e uma maior quantidade de processos por assédio moral, não significa que isso não ocorra em grande escala. O assédio, neste artigo sendo tratado pelo lado do subordinado sendo agredido pelo superior, é mais antigo e recorrente do que se pensa, apesar de sua discussão ser recente. Ainda neste assunto, trataremos também do tema do assédio sexual que segundo Elisete Maria da Cunha (10-12) reflete os conflitos de interesses, oriundos do convívio social entre os sexos e remonta à Antiguidade. Atinge as sociedades e culturas do mundo todo, não sendo, portanto, um ato de ocorrência característica dos tempos atuais.

Apesar de poder sair tanto do homem quanto da mulher, é bem mais comum se ouvir falar de uma mulher que foi assediada sexualmente, isto decorre de um longo histórico vindo do sistema patriarcal, sobre este fato Lenise Fabres Machado (11-12) explica que

A desigualdade sexual decorreu,

principalmente, da típica estrutura patriarcal existente na grande maioria das sociedades primitivas, estrutura esta que, advém do poder do “pater” – o pai, o homem; “o dono”. A mulher enquanto inexistente como força geradora de trabalho, inexistente o era, também, em termos de direitos.

A ideia de superioridade masculina e a visão da mulher como propriedade e objeto sexual,

infelizmente perdura até os dias de hoje, embora não ocorra de forma livre e assumida, pode ser percebida no dia-a-dia com cantadas exageradas, frases como “lugar de mulher é na cozinha”, e até mesmo mulheres que são tocadas num simples trajeto de ônibus, sem esquecer-se de mencionar o estupro, feminicídio e outras formas de violência que revelam a mentalidade machista que permanece nas sociedades atuais.

O assédio sexual é uma forma decorrente do assédio moral, e o ambiente de trabalho não está isento desta modalidade de cerco. O questionário aplicado na Vara do Trabalho de Caxias-MA indagou sobre a quantidade de processos movidos por assédio sexual, porém não existiam ações com esta temática nos registros da Vara, inclusive responsável por repassar os dados da pesquisa achou o fato de não ter processo com este tema algo estranho, porém ele afirmou que mesmo que não venha como motivo principal, o assédio sexual pode estar incluído sim em outros processos. Foi-nos informado ainda que no Tribunal Regional do Trabalho-MA, foram registrados apenas 41 processos com o tema assédio sexual.

Sobre as campanhas realizadas para coibir esses tipos de assédio, a informação fornecida na coleta de dados deste trabalho, fora que a Vara de Caxias não é responsável por fazer este tipo de ação, ela apenas adere a campanhas regionais e nacionais. O diretor da Vara do trabalho disse ainda que muitas dessas diligências para fins de conscientização são feitas por grandes empresas que foram condenadas judicialmente a fazê-las.

No ordenamento jurídico brasileiro, o acesso à justiça é uma norma de direito fundamental com assento constitucional que prevê a acessibilidade igualitária à ordem jurídica justa, assim como a produção de resultados materialmente justos. Luiz Guilherme Marinoni sintetiza o acesso à justiça nos seguintes termos: Esse direito nada mais é do que manifestação do direito à tutela jurisdicional efetiva, insculpido no art. 5º, XXXV, da CF. o direito fundamental à tutela jurisdicional efetiva, além de dar ao cidadão o direito à técnica processual adequada à tutela do direito material, igualmente confere a todos o direito de pedir ao Poder Judiciário a tutela dos seus direitos (12-12).

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O benefício da Justiça gratuita está previsto na Lei n. 1.060/1950, conhecida como Lei da Assistência Judiciária, e no novo Código de Processo Civil (CPC).Ao tratar de Justiça gratuita, o novo CPC traz extenso rol de despesas inseridas na gratuidade de Justiça. O § 1º do artigo 98 tem nove incisos que elencam as principais despesas e custas processuais, como a indenização devida à testemunha, o custo do exame de DNA, os honorários de advogado, perito, intérprete ou tradutor, depósitos devidos para recursos, entre outros, no artigo 99 trata sobre a formulação do pedido da justiça “O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso”. Pelo texto da lei, podem pedir a gratuidade de Justiça, mesmo com a contratação de um advogado particular, a pessoa física ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios.

A garantia à justiça gratuita também foi expressamente garantida pelo Uma nova súmula do Tribunal Superior do Trabalho, A Súmula 463, já publicada no site do TST, passa a ter a seguinte redação:

ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA.

COMPROVAÇÃO

(conversão da Orientação Jurisprudencial 304 da SBDI-I, com alterações decorrentes do CPC de 2015).

I – A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência judiciária gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração com poderes específicos para esse fim (art. 105 do CPC de 2015);

II – No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte arcar com as despesas do processo (Súmula nº 463 do TST).

A Justiça do Trabalho tem a incumbência de solucionar os conflitos no âmbito trabalhista. Para os casos de dissídios individuais, onde os beneficiários são pessoas determinadas, individualizadas, as Varas do Trabalho são investidas da função de processar as ações referentes a esta esfera. Já nos Tribunais Regionais do Trabalho e no Tribunal Superior do Trabalho são ajuizados os dissídios

coletivos, que não versam de interesses concretos, mas abstratos em si, pertencentes à uma categoria específica. No município de Caxias-MA como já foram apresentados no presente trabalho alguns dados referentes à pesquisa realizada, houve a preocupação em saber qual foi o índice de pedidos de justiça gratuita por empregados e empregadores entre os anos de 2010 e 2014, de acordo com os resultados obtidos na pesquisa, não existe um registro específico, mas segundo o diretor da Vara do Trabalho de Caxias, quase 99% dos trabalhadores pedem justiça gratuita. Os empregadores que ajuízam a ação possuem a garantia de acesso à justiça gratuita por conta da sua hipossuficiência econômica e do princípio da proteção ao trabalhador.

O princípio da proteção é a direção que norteia todo o sentido da criação do Direito do Trabalho, no sentido de proteger a parte mais frágil na relação jurídica – o trabalhador – que até o surgimento de normas trabalhistas, em especial desta especializada, se via desprotegido face a altivez do empregador.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com o que pôde ser observado nos dados recolhidos na Vara do Trabalho de Caxias-MA, há uma grande demanda de processos trabalhistas, o que demonstra que a garantia constitucional ao trabalhador encontra-se em baixos níveis, as principais causas são por pedidos de registro na CTPS cobrança de verbas rescisórias e verbas pendentes no curso do vinculo empregatícios. Essas são garantias básicas que o trabalhador tem direito, porém ainda sim, ensejam um grande número de ações no Direito laborativo.

Quanto às causas de assedio moral e sexual, pode ser constatado com o questionário de coleta de dados, um número bastante reduzido de processos, o que não significa dizer que é o que realmente ocorra. De acordo com o diretor da Vara do trabalho de Caxias-MA, existem sim casos de assédios, porém os mesmos só poderiam ser averiguados com uma pesquisa mais profunda nos processos, o que não foi permitido.

De acordo com a pesquisa realizada na Justiça do Trabalho de Caxias, que tem jurisdição em oito cidades maranhenses, as demandas trabalhistas entre os anos de 2010 e 2014, com considerável aumento no ano de

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2013, esses processos tem como essência a proteção do trabalhador, pois este se encontra em posição natural de hipossuficiência em relação ao empregador detentor o capital.

Em meio a tantas demandas trabalhistas, o sistema brasileiro mostra uma deficiência em apresentar uma prestação jurisdicional que satisfaça as partes e promova pacificação social, portanto os meios alternativos de resolução de conflitos são uma necessidade diante da morosidade do judiciário e para reduzir a litigiosidade dos processos, assim em uma situação conflituosa vigorando o princípio da livre iniciativa presente na Constituição Federal, que por ser democrático e de fácil acesso, não precisaria ser administrada apenas pelo Estado.

Em Caxias, as conciliações seguem o mesmo aumento das demandas, com 23% de conciliações em 2010, 36% no ano de 2011, 49% no ano de 2012, 37, 59% em 2013 e 49, 24% no ano de 2014, mostrando a maior utilização dos meios alternativos de resolução de conflitos, tantos aqueles acordos que são homologados, como os realizados no decorrer de uma audiência. Como já foram apresentados no presente trabalho, há um índice muito grande de justiça gratuita por empregados e empregadores entre os anos de 2010 e 2014, de acordo com os resultados obtidos na pesquisa, não existe um registro específico, mas segundo o diretor da Vara do Trabalho de Caxias, quase 99% dos trabalhadores pedem justiça gratuita.

REFERÊNCIAS

1 SILVA, Antônio Álvares da. Competência Penal

Trabalhista. São Paulo: LTR, 2006, P. 48.

2 BONADIMAN, Daniela. A conciliação na Justiça do Ttrabalho: garantia ou flexibilização dos direitos?. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XVII, n. 121, fev 2014.

Disponível em:

<http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&arti go_id=14297>. Acesso em set 2017.

3 BRASIL. CRFB/1988. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Co nstituicao.htm>. Acesso em: 07 de agosto 2017.

4 MORAES, Vanderlei Pascoal. Conciliação na justiça do

trabalho as duas faces do direito., v. 17, n. 17, 2009.

Disponível em: Intertem@s Acesso em: 08 set. 2017. 5 FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua

portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira.

1986. p. 183.

6 LEYMANN, Heinz. Mobbing:lapersécutionautravail. Paris: Seuil, 1996.

7 HELOANI, Roberto. Assédio Moral: Um Ensaio sobre

Expropriação da Dignidade no Trabalho.

Disponívelem<http://www.rae.com.br/eletronica/index. cfm?FuseAction=Artigo&ID=1915&Secao=PENSATA&Volum e=3&Numero=1&Ano=2004> Acesso em 05 de setembro de 2017.

8 HIRIGOYEN, Marie-France. Le harcèlement moral: laviolenceperverseauquotidien. Paris:Syros, 1998. 9 FREITAS, Maria Ester de. Assédio Moral e Assédio

Sexual: faces do poder perverso nas organizações. RAE -

Revista de Administração de Empresas. São Paulo: Abr./Jun. 2001, p.8-19.

10 CUNHA, Elisete Maria da. Assédio sexual no trabalho.

Disponível em

<ftp://177.53.191.50/biblioteca/52521.pdf> Acesso em 07 de setembro de 2017.

11 MACHADO, LeniseFabres. O assédio sexual como fator

discriminatório no trabalho feminino. Justiça do

Trabalho, Porto Alegre, v. 18, n. 207. p. 17. mar. 2001. 12 MARINONI, Luiz Guilherme. Teoria Geral do Processo. São Paulo: RT, 2006. vol. 1, p. 185.

Referências

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