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Vista do A recepção da sexualidade nos quadrinhos. Analisando o caso Lanterna Verde

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A recepção da sexualidade nos quadrinhos:

analisando o caso Lanterna Verde

Claudio Bertolli Filho Graduado em História pela Universidade de São Paulo (1979) e em Ciências Políticas e Sociais pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (1988); mestre em História Social pela Universidade de São Paulo (1986), doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo (1993) e Livre-docente em Antropologia (2010) pela Universidade Estadual Paulista. Atualmente é professor adjunto na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Tem experiência na área de Antropologia, com ênfase em Antropologia e Comunicação e Ensino de Ciências, atuando principalmente nos seguintes temas: mídia e cultura, mídia e representação social da medicina, do corpo e das enfermidades, representações sociais, saúde pública. Muriel Emídio Pessoa do Amaral Doutorando pela Universidade Estadual Paulista (Unesp/Bauru), bolsista Capes/Unesp, mestre pela mesma

instituição. Foi professor dos cursos de Comunicação Social - Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Universidade Norte do Paraná (Unopar/Londrina).

Resumo

Esse artigo pretende analisar como foi realizado o fenômeno de recepção da sexualidade do personagem Lanterna Verde quando ele foi retratado beijando seu companheiro. Para analisar esse fato, é importante estabelecer como foram edificadas as relações de experiências estéticas, os processos de midiatização, bem como o reconhecimento dos estudos de gêneros, sexualidades e identidades na perspectiva pós-estruturalista.

Palavras-chave

Experiência estética; sexualidade; identidade; Lanterna Verde.

Abstract

This article aims to analyze how the phenomenon of reception Green Lantern’s sexuality happened when he was presented kissing his date. To analyze this case, it’s important to establish how the aesthetics experiences were built, the processes of mediatization and studies about genders, sexualities and identities in poststructuralist perspective.

Keywords

Asthetic experience; sexuality; identity; Green Lantern.

Introdução

Ainda nas primeiras páginas da edição de número 10 da coletânea de histórias em quadrinhos (HQ) Earth2, que é editada pela DC Comics, a sexualidade de Alan Scott foi evidenciada, ele poderia ser homossexual1. O personagem em questão é Lanterna Verde,

1 Não pretendemos nos posicionar com convicção sobre a sexualidade do personagem, até porque o reconhecimento da sexualidade não se encontra exclusivamente nas práticas consideradas homoeróticas e há um processo subjetivado para que a sexualidade seja definida e, mesmo que seja definida, não se encontra um apenas um código absoluto e universalizante de representação.

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120 super-herói criado por Martin Nodell e Bill Finger, em 1940 que, além das capacidades sobre-humanas de força e inteligência apresentadas por muitos super-heróis, porta um anel que é considerado no enredo das tramas das histórias como sendo “a arma mais poderosa do mundo”, por que é capaz de conseguir lidar com a imaginação de quem o detém. A cena que revela a possível homossexualidade do personagem é de apenas um quadrinho em que o personagem, sem a caracterização de super-herói, chega de viagem é recepcionado na saída do aeroporto pelo companheiro com um beijo na boca. Mesmo antes do lançamento dessa edição ainda nos Estados Unidos, onde os exemplares são lançados primeiramente em relação ao Brasil, grupos que acompanham ou que têm alguma admiração pelo personagem e histórias em quadrinhos manifestaram repúdio, estranheza e surpresa após o roteirista James Robinson escancarar a sexualidade do super-herói.

Com o objetivo de acompanhar a relação de recepção dessa informação, foram analisadas as postagens de leitores do site O Globo que divulgou o lançamento do álbum que veicula o beijo. A escolha desse site se realiza devido à representatividade do veículo no meio comunicacional (pertencente a um dos maiores grupos de comunicação do mundo, a Rede Globo de Comunicações) e por ser o único que ainda dispõe na íntegra os comentários dos receptores da matéria veiculada no dia 1º de junho de 20122. A intenção dessa pesquisa não é de se reter apenas nos dados quantitativos dos comentários proferidos no site, mas de analisar a ocorrência desses números em face às reflexões teóricas e metodológicas acerca de temas pertinentes à sexualidade e recepção, além de dialogar com as novas perspectivas sobre identidade e gênero. É importante estabelecer a ligação entre os números dessa coleta com as perspectivas teóricas para percebemos mais claramente as dinâmicas e as formas de entendimento sobre sexualidade entre os comentadores do site, reconhecendo, assim, a importância do posicionamento do receptor no processo comunicativo e a forma de lidar com o conteúdo. Mesmo levando em consideração que os comentários são identificados por muitos de seus autores, pode ser que não seja a identidade verdadeira do autor da postagem, reconhecemos também que, paralelamente a essa condição, por ser um meio digital, o conteúdo das postagens podem estar carregadas de exacerbação passional de ódio e desprezo.

Para quantificar as informações sobre os comentários, as postagens dos internautas foram divididas em quatro categorias que apresentaram as variações de posicionamento em relação ao conteúdo da matéria apresentada pelo site. Ao todo, foram contabilizados 337 comentários e foram classificados em: 1ª categoria: comentários que apresentam repúdio, ódio, indignação à homossexualidade do personagem; 2ª categoria: comentários que apoiam ou apresentam algum tipo de solidariedade à sexualidade revelada do super-herói; 3ª categoria: comentários pulverizados que não dizem respeito à sexualidade de Lanterna Verde ou de qualquer outro assunto e 4ª categoria: comentários que se repetiram, independente do motivo3. Na primeira categoria, a maior delas, apresenta 209 comentários; a segunda contempla 64 comentários; a terceira abrange 57 comentários e quarta contabiliza 08 comentários.

2 Os comentários começaram a ser realizados a partir da data citada ao decorrer de um mês. Ver em http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2012/06/proxima-edicao-da-revista-do-lanterna-verde-revela-que-heroi-e-gay.html (Acesso em junho de 2015).

3 Em caso de repetição, apenas um comentário seria contabilizado nas categorias apresentadas e os demais repetidos foram enquadrados na 4ª categoria.

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121 Fonte: Autor

A grande maioria dos receptores da página que o jornal mantém na internet apresentou algum tipo de reprovação, ódio, desconforto, descrença ou alguma manifestação negativada sobre a possível homossexualidade do personagem Lanterna Verde. As justificativas pela desaprovação perpassam por várias condições que são baseadas em discursos religiosos que apontam que os comportamentos homoeróticos são abomináveis; a intenção de doutrinação da sociedade para heterofobia e normalização da diversidade sexual como algo natural; a perda dos valores de família tradicional; a influência que a homossexualidade pode exercer no comportamento infantil, já que algumas das pessoas que comentaram a notícia consideram que as publicações DC Comics são direcionadas a crianças e adolescentes, e, por fim, a descrença de acreditar que um personagem já consagrado pela heterossexualidade não poderia ter sua identidade, desejo ou relações afetivas modificadas que fugissem à regra da condição da heterossexualidade. Esse artigo vai se ater em explanar mais sobre os comentários de repúdio à sexualidade do personagem, uma vez que essas manifestações abrangem em mais de 60% dos comentários realizados pelo leitores que se posicionaram sobre o conteúdo da informação.

Entre os comentários de reprovação, alguns chamaram a atenção como o feito por M.L.4 ao rechaçar a atitude da DC Comics

Palhaçada, falta de respeito, uma coisa é uma pessoa já nascer cm um jeito

afeminado, outra coisa é querer transformar o resto da populaçao em

homossexuais...alguem tem q dar um basta, ja ta fikando xato...c vc é homossexual, pronto, agora n precisa inventar q um heroi

em quadrinho tb é....pelo amor de Deus, onde estamos chegando...5(grifo

nosso).

4 Os nomes dos leitores do site não serão divulgados nessa pesquisa. Caso haja interesse, essa informação pode ser procurada no site http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2012/06/proxima-edicao-da-revista-do-lanterna-verde-revela-que-heroi-e-gay.html (Acesso em junho de 2015).

5 A ortografia e o estilo dos comentários, bem como os erros ortográficos, foram mantidos de acordo com a postagem realizada pelo internauta. O destaque em itálico desse comentário em específico é para designar que a palavra toda foi escrita em caixa alta, um recurso comumente utilizado para enfatizar algum trecho do discurso. Todos os comentários, independente da qualidade de classificação oferecida nessa pesquisa, podem ser lidos no endereço: http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2012/06/proxima-edicao-da-revista-do-lanterna-verde-revela-que-heroi-e-gay.html (Acesso em junho de 2015).

Tabela sobre os comentários

Categorias Nº de comentários Porcentagem (%)

1ª Categoria 209 62

2ª Categoria 64 19

3ª Categoria 57 17

4ª Categoria 7 2

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122 Já a preocupação da leitora E.C. é quanto à influência que pode causar nas crianças. Ela é uma das leitoras do site que acredita que a homossexualidade pode ser propagada e reproduzida enquanto uma manifestação comportamental pelos meios de comunicação de massa, no caso, pelos quadrinhos. A postagem dela foi toda composta em caixa alta.

Como pode uma revista agira dessa forma como é que as crianças vão ver esse herói de quadrinhos??? Crianças já vão crescer vendo homens se beijando??? Qual será a visão delas??? Estão transformando todos em gays não vou deixar meus filhos ler essa revista isso e um cumulo do absurdo...

No entendimento de F.V., a postura adotada pela DC Comics foi de doutrinar para a naturalização das homossexualidades e que esse comportamento contempla a criação de “novos conceitos” desenvolvidos em nome de uma “modernidade”, tornando-se, assim, uma ameaça à moral cristã

Faz parte do plano da Nova Ordem Mundial, a derrubada dos valores morais e cristãos, a mudança do conceito de família, etc. Estamos vivendo numa sociedade altamente sexualizada, temo pelos nossos filhos, que ainda viverão muito tempo neste mundo perverso e de luxúria. Não recrimino a homossexualidade, mas recrimino a divulgação e a exposição em excesso que a mídia e os governos estão fazendo desses novos "conceitos" de "modernidade".

Mesmo sendo uma análise empírica da recepção pelos comentários do site O Globo, torna-se muito taxativo condicionar que os todos os receptores de conteúdos de HQs apresentam comportamentos homofóbicos e de intolerância às manifestações que abordam a diversidade sexual. Todavia, como apresenta Jean Caune “o comportamento dos indivíduos só tem sentido quando relacionados ao do grupo social no qual eles vivem, mas, por outro lado, o comportamento social só se torna realidade nas condutas individuais” (CAUNE, 2014, p.53). Dessa forma, é a partir da percepção do receptor com o conteúdo que surge o sentido, essa relação se torna uma experiência estética, a capacidade de sentir e produzir o sentido compreendido. Não cabe mais o pensamento utilitarista nos processos comunicacionais que reconhece o receptor como um ator passivo para a decodificação de alguma mensagem. A organização desse pensamento não leva em consideração as condições culturais e histórias dos contextos comunicacionais, tão pouco a subjetividade dos receptores dentro desse processo. Por isso, nas considerações de Mauro Wilton Souza (1995), o receptor é contemplado nos processos da comunicação e entendido não apenas enquanto um sujeito empírico, no sentido de ser meramente observável, mas também um sujeito social que interage e se torna uma representação do diálogo entre o tempo e do espaço que comunga e, por isso, a necessidade de considerar as contribuições de outras áreas do conhecimento para compreender a recepção dos conteúdos midiáticos como, por exemplo, História, Psicanálise, Antropologia para reconhecer as ações do receptor enquanto uma experiência estética.

Ainda dento dessa perspectiva, se tornam pertinentes as colocações de Maria Tereza Cruz (1986) que inserem o receptor em uma condição ativa no processo comunicacional. Ela considera a recepção como sendo “uma produção, cujas determinantes se tratam de um novo descobrir, já não pelo lado do autor, mas, pelo lado do leitor” (CRUZ, 1986, p.57). Por isso que Cruz não considera como questão fundamental quem é detentor do sentido (texto ou sujeito),

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123 [...] mas a de saber como é que o texto e o sujeito se constituem, de que modo o sentido os atravessa. Assim, concebido, este não é um conteúdo que resida num ou no outro, mas antes uma realidade transversal, que se constitui atravessando-os a ambos, no momento em que se confrontam (CRUZ, 1986, p.57).

Reconhecer os posicionamentos dos leitores é compreender a recepção enquanto um processo estético que propõe ao receptor a realização algum tipo de ação, uma práxis, não apenas no sentido de articulação de movimentos energéticos ou a tomada de posturas, mas a realização de procedimentos que envolvem a produção de significados e sentidos. Laan Mendes de Barros considera a estética da recepção como uma práxis, um “processo de pensamento-ação, de ação consciente, que incorpora valores e implica inserção no espaço social e tempo histórico [...] um fazer consequente, com sentido e significado” (BARROS, 2014, p.148). Assim, a estética da recepção e a experiência estética comprometem o receptor enquanto um participante do processo na produção de sentido e a tomada de alguma ação. É importante também considerar reflexões sociais e culturais para perceber a ação dos receptores dentro desse esquema, debruçar-se sobre os códigos culturais e históricos elucida para compreender as ações realizadas pelos receptores em face aos conteúdos midiáticos. Dessa forma, se torna relevante considerar o modo de entendimento da homossexualidade e outras representações do desejo que estão alheias às condições heteronormativas, as relações existentes entre poder e sexualidade e o quanto essas relações são embasadas para discursos hierarquizantes da subjetividade.

Sexualidade e poder

Para estabelecer uma relação entre sexualidade e poder, essa pesquisa se ampara nas considerações realizadas por Michel Foucault, reconhecendo que a sexualidade se torna um dispositivo de poder. De acordo com o autor, não cabe apenas ao Estado e às instituições ligadas a ele o exercício do poder, sob a ótica foucaultiana, há uma associabilidade entre os agentes participantes envolvidos nas diversas relações de poder. O poder não tem obrigatoriamente como sintoma a obediência passiva e a repressão, mas se concretiza de acordo com valores, redes e os efeitos que são agenciados por práticas, instituições e saberes. Por isso, para o teórico, o poder está em movimento e acompanha as dinâmicas históricas. Como a proposta desse artigo não é de traçar a linha histórica dos agenciamentos realizados pela sociedade para a configuração dos poderes, o recorte será realizado a partir da Modernidade no final do século XVIII quando os valores de poder foram representados pela ideia de produção e prestação, período que contempla a consolidação do capitalismo, da moral burguesa e os modos de constituição familiar tradicionais. Assim, havia a necessidade de disciplina, controle e rechaço aos indivíduos que desafiavam a conduta para o estabelecimento moral dominante de produção e reprodução de valores.

Os comportamentos que interferissem de modo significativo para a licitude da moral burguesa deveriam ser disciplinados segundo uma ordem de poder, o biopoder. Não apenas na questão sobre formas de lidar com as homossexualidades, o biopoder se caracteriza pela atuação de dispositivos e tecnologias que agiriam também na subjetividade do indivíduo de modo a promover o controle e disciplina dos corpos. Nessa condição de oferecer uma ameaça à condição normativa, Foucault (1988) aponta a homossexualidade como sendo sexualidades periféricas, ou seja, não representam e nem compartilham de comportamentos que estão relacionados às práticas morais do discurso dominante. Para traçar um paralelo às contribuições de Foucault, se tornam interessantes as colocações feitas por Hannah Arendt (1983) acerca das manifestações de poder, tendo como base os regimes totalitários e

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124 autoritários. Mesmo produzindo em épocas e sobre assuntos diferentes, em alguns momentos as reflexões deles conseguem dialogar. Para Arendt, a sociedade apresenta uma parcela significativa para a manutenção das estruturas de poder, uma vez que há complacência dos indivíduos para que algum poder seja exercido, por isso a obediência. Essa obediência não é no sentido de algo passivo e irracional, como também acreditava Foucault, mas é entendida como um código a ser produzido e reproduzido e, que de alguma forma, são estabelecidas vantagens para manutenção de um código moral dominante, cristalizando, assim, as representações de poder em intenção de naturalizá-las como procedimentos categóricos dentro de uma sociedade.

Nessa perspectiva, a homossexualidade seria uma ameaça à condição social burguesa basilar e também uma afronta à heterossexualidade, que seria uma manifestação naturalizante da condição humana. Os valores burgueses tradicionais e heteronormativos se tornaram dominantes na sociedade moderna e se edificaram por uma ordem de normatividade enquanto uma relação de poder, pois interfere consideravelmente enquanto referências econômicas, políticas e científicas.

Em nossa sociedade, a não heterossexualidade foi gravemente condenada pelo discurso hegemônico, que, influenciado pelo discurso religioso e médico-científico, legitimou instituições e práticas sociais baseadas em um conjunto de valores heteronormativos, os quais levaram à discriminação negativa e à punição de diversos comportamentos sexuais, sob a acusação de crime, pecado ou doença. (...) As práticas sociais baseadas na heteronormatividade constituíram-se, ao longo da história ocidental, em processos capazes da construção de subordinação de outras práticas sexuais e sociais. O que significa não a exclusão das homossexualidades do cenário social, mas sim a sua subalternidade no interior dos processos hegemônicos (PRADO; MACHADO, 2008, p.12-14).

Os discursos científicos, médicos e biologizantes contribuíram para a consolidação da condição normalizante da heterossexualidade. Essas referências legitimam e condicionam as formas de reprodução e os valores hierárquicos de uma sociedade patriarcal e consideram outras manifestações de desejo como sexualidades periféricas, o que incluem não apenas as homossexualidades, mas também as bissexualidades e transsexualidades. É importante considerar não apenas o aspecto econômico quanto às sexualidades, mas também as relações simbólicas que são traçadas paralelamente a essa condição como as representações culturais que fortalecem e propagam o repúdio à diversidade sexual.

A homossexualidade, interpretada enquanto uma manifestação de desejo, segundo Foucault, foi denominada no final do século XIX, isso não quer dizer que não houvera essa prática em momentos anteriores, mas naquele período a homossexualidade foi construída e não, necessariamente, descoberta (SPARGO, 2006). Por ser considerada como uma condição desviante da conduta moral foi vasculhada e estudada para ser decifrada pelo viés das ciências médicas e de outras áreas do conhecimento como os saberes jurídicos e pedagógicos a encontrar uma forma de contê-la

Junto com um grupo de outros tipos de sujeitos cuja sexualidade era de interesse ou preocupação especial para a ciência médica do século XIX (incluindo mulheres, crianças e as classes trabalhadoras), o “homossexual” tornou-se foco de uma variedade de estudos e estratégias. Essa “tecnologia do sexo” tinham por objetivo preservar e fomentar uma população (ou força de trabalho) produtiva e procriadora que ia ao encontro das necessidades de um sistema capitalista em desenvolvimento. A unidade-chave dessa ordem

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125 social era a família burguesa, na qual a futura força de trabalho era produzida (SPARGO, 2006, p. 17-18).

É pertinente, dessa forma, que a homossexualidade se torna uma prática que fere também a ordem de produção econômica de indivíduos produtivos. Para Foucault, não apenas a homossexualidade se tornou uma ameaça à moral burguesa tradicional, mas outras práticas que violassem o pudor ou que de alguma forma pudesse causar estranheza a esse código moral como é o caso da masturbação, loucura e o desejo sexual infantil (2001). Esses comportamentos deveriam ser exilados, reprimidos, adestrados para se tornarem corpos dóceis para a manifestação do código normativo. Assim, para o autor, a disciplina, a eugenização e homogeneização não se tornam apenas uma conduta de cunho individual, mas também na perspectiva da noção do coletivo.

Com base nas reflexões de Foucault, Judith Butler (2008) descreve a associação que a homossexualidade tem com a morte que fora construída socialmente tendo como alicerce de referência a incidência da Aids, ou seja, indivíduos que estariam fadados à morte pela contaminação da doença, e também dentro do entendimento de um dispositivo econômico enquanto manutenção da ordem burguesa clássica e dos discursos médico-judiciais normativos.

É no curso desse cultivo regulador da vida que a categoria do sexo é estabelecida. Naturalizado como heterossexual, ele é desenhado para regular e assegurar a reprodução da vida. Ter um sexo verdadeiro com um destino biológico e uma heterossexualidade natural torna-se assim essencial para a meta do poder, agora entendido como reprodução disciplinar da vida (...) No discurso médico-jurídico que surgiu para administrar a epidemia da AIDS, as formas jurídicas e produtivas do poder convergem para efetuar uma produção do sujeito homossexual como portador da morte. Esta é uma matriz de poder discursivo e institucional que adjudica questões de vida e morte através da construção da homossexualidade como uma categoria de sexo (BUTLER, 2008, p.92-93).

Com essas considerações, percebe-se que o poder não é exercido exclusivamente pelas forças repressoras do Estado, mesmo havendo essa qualidade de poder que, segundo Lazzaroto (2008), foi uma herança da pastoral cristã oferecida do Estado moderno como sendo uma tecnologia humana no gerenciamento liberal de ações de governabilidade. O poder está presente em códigos normativos e imperativos de outras esferas sociais como a igreja, educação, sexualidade, biologia, por exemplo, essas relações seriam condições que se articulariam como representações culturais simbólicas que fortaleceriam as estruturas de poder.

Eu não quero dizer que o Estado não é importante; o que quero dizer é que as relações de poder, e, conseqüentemente, sua análise se estendem além dos limites do Estado. Em dois sentidos: em primeiro lugar, por que o Estado, com toda a onipotência do seu aparato, está longe de ser capaz de ocupar todo o campo de reais relações de poder, e principalmente porque o Estado apenas pode operar com base em outras relações de poder já existentes. O Estado é a superestrutura em relação a toda uma série de redes de poder que investem o corpo, sexualidade, família, parentesco, conhecimento, tecnologia, etc (FOUCAULT, 1980, p.122).

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126 Sob essa ótica, Foucault acreditava que o poder estaria difuso e diluído e que deveria ser levado em consideração as condições as problematizações do sujeito, bem como as formas para a composição dos saberes e das manifestações do poder. De acordo com o autor, a relação de poder se manifesta em condições também delimitadas e situacionais, um modo operacional muito particularizado de manifestção. Justamente por essa dinâmica que ele teorizou sobre os micropoderes, ou seja, dispositivos que são articulados através de redes e estratégias.

Ora, o estudo desta microfísica supõe que o poder nela exercido não seja concebido como uma propriedade, mas como uma estratégia, que seus efeitos de dominação não sejam atribuídos a uma ‘apropriação’, mas a disposições, a manobras, a táticas, a técnicas, a funcionamentos; que se desvende nele antes uma rede de relações sempre tensas, sempre em atividade, que um privilégio que se pudesse deter; que se seja dado como modelo antes a batalha perpétua que o contrato que faz uma cessão ou uma conquista que se apodera de um domínio. Temos, em suma, de admitir que esse poder se exerce mais do que se possui, que não é ‘privilégio’ adquirido ou conservado da classe dominante, mas o efeito de conjunto de suas posições estratégicas – efeito manifestado e às vezes reconduzido pela posição dos que são dominados (FOUCAULT, 1975, p.29).

Izabel C. Friche Passos (2008) apresenta de modo bem claro e didático a reflexão de Foucault acerca das condições de manifestações de poder, não atendendo exclusivamente a um olhar homogêneo, mas contemplando os discursos advindos de outras esferas sociais.

Poder, para Foucault, é apenas uma forma, variável e instável, do jogo de forças que definem as relações sociais em cada momento histórico concreto, e que se define através de práticas e discursos específicos. Só se pode apreender o tipo de poder em jogo em um determinado campo de práticas e discursos – local e temporariamente delimitados – através da descrição minuciosa, em detalhes, do funcionamento dessas práticas, nunca pela aplicação de uma teoria geral do poder “apriorística”. São as práticas que dizem o tipo de poder que as mantém ou as desestabiliza (FRICHE PASSOS, 2008, p.11).

Essa linha de raciocínio serve de guia para o entendimento da situação social que se encontram as manifestações de repúdio a homossexuais, lésbicas, transexuais e transgêneros. Esses indivíduos não se limitaram apenas aos espaços de marginalizados a que lhes eram julgados adequados, uma condição imposta dentro de uma sociedade calcada em valores heteronormativos e patriarcais, como é o caso da estrutura social brasileira. Depois de várias manifestações de visibilidade desses indivíduos no espaço social, se torna inquestionável a necessidade do reconhecimento deles enquanto cidadãos; garantindo lhes direitos iguais a qualquer outro cidadão da esfera política, independente da sexualidade, como por exemplo, a união civil, direito à pensão e previdência social.

O avanço do reconhecimento das ações de visibilidade da diversidade sexual trouxe à tona manifestações que de alguma forma ocasionam incômodo por que ameaçaram as estruturas de poder marmorizadas por vários anos de prática que contemplavam a condição heteronormativa de disciplina dos comportamentos e também da subjetividade, além de ferir uma ordem de produção econômica e outros discursos disseminados enquanto qualidades de normatização. E, ao mesmo tempo em que são realizados movimentos de expansão das conquistas desses indivíduos, mais nítidas se tornam as manifestações de repúdio e ódio a eles.

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127 Com essas reflexões pode-se deduzir sobre os motivos que levaram ao estranhamento e repulsa à homossexualidade na recepção da revelação da sexualidade do personagem Lanterna Verde e as manifestações nos comentários do site d’O Globo. Trazendo à tona novamente as considerações de Hannah Arendt, amparada no resgate nas considerações de Aristóteles sobre política, os comentários negativados sobre a possível homossexualidade do personagem em quadrinhos não dialogam com a proposta de política de democracia edificada pela autora. Para Arendt, o exercício da política se encontra em práticas que fossem realizadas sob a perspectiva de liberdade, ou seja, possibilidades de escolha e condições legítimas para o reconhecimento de uma sociedade participativa, não excludente. Para Hannah Arendt, assim como para Foucault, não é apenas o pressuposto biológico que qualifica a existência da vida, mas a participação social baseada na liberdade. E onde se encontra a liberdade frente a rechaços, discriminação e intolerâncias que são disseminadas nos espaços de sociabilidades? Para dar sequência à pesquisa, é interessante perceber a articulação para a formação das identidades e das masculinidades, discursos que são articulados em significações transitórias de representação.

Masculinidades: identidades & representação

Antes de começar a descrever como são articuladas as formações das masculinidades, é interesse pontuar uma breve explanação sobre os conceitos de identidades. Para essa pesquisa, os conceitos de identidades serão elaborados a partir da ótica dos Estudos Culturais que reconhecem que os signos identitários não se encontram mais em terrenos firmes de significação, mas flutuantes e em trânsito.

As identidades, sob a ótica estruturalista, é uma manifestação de significação, ao mesmo tempo em que define os signos para a sua composição, delimitam as condições de expansão desse processo de significação. Em outras perspectivas, as condições essencialistas, por exemplo, oferecem condições fortemente biologizantes para a consolidação das referências de identidades; a situação biológica estabiliza as forma de representações identitárias e não apresenta variações de significação. Quando formos pensar em gênero, a condição biologizante da sexualidade impõe uma série de comportamentos e significações para homens e outras condições para mulheres, representações fortemente demarcadas. Por isso que o entendimento das identidades é algo que deve envolver as referências culturais e questões subjetivadas, o que reflete, também, seu caráter mutável.

O processo de formação das identidades se torna uma reflexão relacional (WOODWARD, 2009) no sentido de haver uma contextualização das representações sociais e culturais, que pode ser resultados das relações simbólicas desenvolvidas pelo indivíduo em sociedade. Assim, a importância de referenciar as identidades com as representações em que são construídas, o que a autora denomina como “circuito da cultura” (p. 16), envolvendo relações históricas e sociais. Desse modo, esses processos de expressões identitárias não se definem de modo único e definitivo, mas diverso.

A representação inclui as práticas de significação e os sistemas simbólicos por meio dos quais os significados são produzidos, posicionando-nos como sujeito. É por meio dos significados produzidos pelas representações que damos sentido à nossa experiência e àquilo que somos. Podemos inclusive sugerir que esses sistemas simbólicos tornam possível aquilo que somos e aquilo no qual podemos nos tornar (WOODWARD, 200, p.17).

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128 mobilidade das identidades se torna algo possível justamente pela capacidade existente de propor diálogos e interferências em diversas práticas culturais e também pelos processos subjetivos que os indivíduos conseguem promover. Por isso, a consideração da identidade compreendida como um

[...] próprio processo pelo qual a multiplicidade, contradição e instabilidade da subjetividade é significada como tendo coerência, continuidade, estabilidade; como tendo um núcleo – um núcleo em constante mudança, mas de qualquer maneira um núcleo – que a qualquer momento é enunciado como o “eu” (BRAH, 2006, p. 371).

A capacidade de mudança do modo de conceber os super-heróis também não permaneceu constante, mesmo sendo considerados elementos construídos sobre arquétipos de força, moralidade, censo de justiça e proteção contra ações destruidoras da sociedade. Viana (2011) considera que os super-heróis são produtos históricos e sociais como qualquer outra produção cultural e, por isso, podem ter suas qualidades identitárias modificadas. Vergueiro (2001) também aponta que a atual conjectura social e cultural permite novas concepções de identidades e, por isso, se apóia nas considerações de Stuart Hall (2003) ao afirmar que as atuais identidades podem estar em xeque e pode ser que haja mudanças e fragmentações do entendimento do sujeito enquanto uma “entidade que é unificada no seu próprio interior” (HALL, 2003: 24).

Essa condição móvel da identidade se insere também nas discussões e interpretações das sexualidades. Surge a representação queer que revalida e transgride o entendimento de uma identidade marmorizada e contempla o leque de indivíduos da diversidade sexual (gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais), se recusando a significações únicas, dialogando com a crise e subvertendo as concepções de gênero.

[...] a sequência é desobedecida e subvertida. Como não está garantida e resolvida de uma vez por todas, como não pode ser decidida e determinada num só golpe, a ordem precisará ser reiterada constantemente, com sutileza e com energia, de modo explícito ou dissimulado. Mesmo que existam regras, que se tracem planos e sejam criadas estratégias e técnicas, haverá aqueles e aquelas que rompem as regras e transgridem os arranjos. A imprevisibilidade é inerente ao percurso. [...] Ainda que sejam tomadas todas as precauções, não há como impedir que alguns se atrevam a subverter as normas. Esses se tornarão, então, os alvos preferenciais das pedagogias corretivas e das ações de recuperação ou de punição. Para eles e para elas a sociedade reservará penalidades, sanções, reformas e exclusões (LOURO, 2008, p.16).

Nessa reflexão de Louro que se encontra a justificativa do repúdio à sexualidade do personagem Laterna Verde, a identidade percorre um sentido oposto da representação de masculinidade homogênica. Com a sexualidade exposta, ele desconstrói as significações da qualidade de super-heróis na condição de masculinidade e heterossexual e provoca crises de representação que, de alguma forma, proporcionam variantes de código comportamentais. A crise das representações perpassa as relações de identidades e também os referenciais de sexualidades e gêneros. Os signos masculinos, como aponta Baubérout (2013), não surgem por uma perspectiva natural

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129 poderiam, por sua vez, isentar-se dos modelos e dos papéis ligados à sua condição de machos, libertar-se dos modelos dos imperativos da dominação masculina e entreter com as mulheres novas relações fundadas na igualdade e na compreensão mútua. (BAUBÉROUT, 2013, p. 189-190)

Nesse entendimento que a masculinidade se descortina frente a novas propostas de representação. Se no final do século XIX a homossexualidade era interpretada como sendo sinônimo de fracasso da própria masculinidade, hoje há o compartilhamento de outras representações da homossexualidade e também do próprio modo de entender a masculinidade. Tamagne (2013) constrói as mutações homossexuais de acordo com um panorama histórico sobre as práticas sexuais, identidades e arquétipos das sexualidades. O autor apresenta a hibridação entre as referências dos códigos que conotam a homossexualidade como foram apoderadas para a consolidação do discurso heteronormativo como é o caso do uso de vestimenta, relação com o corpo e, principalmente de consumo de peças íntimas, veículos de comunicação, por exemplo.

Ironicamente, ainda que hoje um certo número de signo de reconhecimento homossexuais tenham sido recuperados pelos heterossexuais, os códigos da virilidade aparece cada vez mais embaralhados. [...] É a constante apropriação de elementos diversos emprestados de diferentes tipos de masculinidades que torna o bloco hegemônico capaz de se reconfigurar e se adaptar às novas conjunturas históricas (DEMETRIOU apud TAMAGNE, 2013, p.453).

Para a autora, o bloco hegemônico se configura pelos estratos sociais detentores da qualidade de dominação cultural enquanto uma manifestação de poder. Todavia, esse diálogo entre os modos de representação das sexualidades não anulam as incidências de preconceito e homofobia, ainda mais quando o movimento vetorial ganha outro sentido, ou seja, há a apropriação das referências consideradas heterossexuais aos discursos das homossexualidades, como o exemplo da sexualidade do super-herói Lanterna Verde. Destarte, as homossexualidades se reservam a condições que esbarram na obscuridade social, um tabu que não deve ser abordado, muito menos quando oferecer alguma qualidade de risco para a condição de poder. O modo de representação da masculinidade é algo ilibado.

Considerações finais

Perceber as diversas manifestações de desejo e a transitoriedade da identidade enquanto uma experiência estética como um signo instável possivelmente não sejam sentidos prioritários aos leitores do site O Globo que traz matérias acerca de temas relacionados a HQs e demais assuntos pertinentes à área. Mesmo havendo a intenção dos produtores de conteúdos e acompanhar as dinâmicas culturais e sociais e a proposta de novas formas de masculinidades; existe claramente uma relação de poder em não reconhecer as diversidades de gêneros e a elasticidades identitárias dos sujeitos enquanto uma representação múltipla, essa proposta discursiva se torna uma experiência estética repugnante aos leitores do site. Além do mais, existe uma forte tendência em determinar as representações de masculinidade junto a signos convencionalmente pré-estabelecidos por uma ordem subjetivadora.

Os comentários que alicerçaram a reprova do reconhecimento da possível homossexualidade do personagem Lanterna Verde contribui de modo significativo para a manutenção de uma concepção conservadora e estável da representação de gêneros e sexualidades. Essa concepção foi construída sob códigos cristalizados de significação pela

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130 heterossexualidade compulsória, não havendo a alteridade entre o emissor, objeto e receptor, ou seja, não houve uma sintonia e emersão do receptor nas relações estéticas, uma experiência que seria muito enriquecedora, sendo uma possibilidade de reconhecer-se e reconhecer o outro em uma esfera maior de compreensão da alteridade, pois “a experiência estética proporciona ao sujeito o contato com a alteridade, com o diferente, com o inesperado, com o novo, engajando o sujeito em uma forma de percepção, diferente da cotidiana” (REIS, 2011, p.85).

Enquanto uma prática de ação, uma práxis, os comentários não apenas expõem opiniões, mas também são dotados de ideologia, no caso, de repúdio à diversidade sexual, sendo considerado, portanto, como tecnologias para a manutenção da intolerância e preconceito a homossexuais, talhando, também qualquer manifestação que pudesse oferecer algum risco às considerações da heteronormatividade. Levando em consideração a ótica de Arendt, os comentários ceifam noções de liberdade, uma vez que se tornam sintomas de códigos totalitários de representação das masculinidades humanas.

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