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O reenvio prejudicial como instrumento de harminização do dieito comunitário europeu e cooperação jurisdicional

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Academic year: 2017

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MARCELO LEANDRO PEREIRA LOPES

O REENVIO PREJUDICIAL COMO INSTRUMENTO DE

HARMINIZAÇÃO DO DIREITO COMUNITÁRIO EUROPEU E

COOPERAÇÃO JURISDICIONAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito da Universidade Católica de Brasília, como requisito para a obtenção do Título de Mestre em Direito.

Orientador: Prof. Dr.João Rezende Almeida Oliveira

Co-orientadora: Prof. Dra. Arinda Fernandes

(2)

7,5cm

L864r Lopes, Marcelo Leandro Pereira.

O reenvio prejudicial como instrumento de harmonização do direito comunitário europeu e cooperação jurisdicional. / Marcelo Leandro Pereira Lopes – 2012.

120f. : il.; 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2011. Orientação: João Rezende Almeida Oliveira

Coorientação: Arinda Fernandes

1. Direito. 2. União Europeia. 3. Cooperação internacional. I. Oliveira, João Rezende Almeida, orient. II. Fernandes, Arinda, coorient. III. Título.

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TERMO DE APROVAÇÃO

Dissertação de autoria de MARCELO LEANDRO PEREIRA LOPES, intitulada “O REENVIO PREJUDICIAL COMO INSTRUMENTO DE HARMONIZAÇÃO DO DIREITO COMUNITÁRIO EUROPEU E COOPERAÇÃO JURISDICIONAL”, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito, defendida e aprovada, em 19 de dezembro de 2011, pela banca examinadora abaixo assinada:

____________________________________ Prof. Dr. João Rezende Almeida Oliveira

Orientador

____________________________________ Prof. Dra. Arinda Fernandes

Co-orientadora

____________________________________ Prof. Dr. Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy

Examinador Externo

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Dedico a presente monografia à minha

avó, Maria Soares, que com sua

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AGRADECIMENTOS

À Deus pela fortaleza e espiritualidade, mostrando sempre o caminho nos momentos que estes pareciam inexistir;

À Sarah Maria, pelo companheirismo, dedicação e incentivo, em todas as horas, pela compreensão da importância do estudo, certa de que os momentos de distância resultariam nesta importante conquista.

Ao João Marcelo, para que entenda que o conhecimento enobrece o homem,

e são esses valores que posso, como pai, acreditar e transmitir.

Aos meus pais (João Batista e Teresinha) e irmãos (Samuel e Lucas), pelo amor, orientação, apoio e incentivo constante;

Às minhas tias, Laudy e Graça, pela colaboração e presença constantes. Ao meu orientador, Prof. Dr João Rezende Almeida Oliveira, pelo estimulo e competência sempre presentes no exaustivo mister de revelar valorosos caminhos do conhecimento no programa de Mestrado da UCB;

À Prof. Dra. Arinda Fernandes, pela amizade, incentivo e pelas discussões sempre renovadas;

Aos demais professores do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu – Mestrado em Direito Internacional e Econômico da Universidade Católica de Brasília – UCB, em especial, professores Eduardo Sabo, Eduardo Chacon, Leila Bijos e Arnaldo Godoy, pelas provocações e ensinamentos.

Aos amigos e colegas de Mestrado Larissa Borges, Plínio Neto, Kércia Batista, Cristina Matos, Lorena Beserra, Rosiany Karine, em destaque, Carlos Henrique e Ricardo Bersan, pelo acolhimento em Brasília e pelas interlocuções constantes no Mestrado;

Aos professores Éfren Paulo Porfírio de Sá Lima e Marcelino Leal Barroso de Carvalho, meus primeiros orientadores na academia e na vida, pela dedicação como pesquisadores e professores, pela amizade e companheirismo incondicionais sempre demonstrados, apoiando e incentivando, dignos dos grandes mestres, com os quais aprendi a pesquisar;

Ao prof. Antônio Moura Borges, Coordenador do Mestrado em Direito da UCB, sempre disponível a atender as indagações e dúvidas;

À Faculdade Piauiense – FAP TERESINA e FUNPESQ – Fundação de

Incentivo à Pesquisa, em nome de Lívia Guimarães Pacheco, pelo incentivo, com vistas ao aperfeiçoamento contínuo do seu corpo docente;

Ao corpo diretivo da FAP, em nome das professoras Roseane Pierot e Adriana Pacheco, pela compreensão e significativo apoio; e,

(6)

“Quando há um firme propósito sobre o objetivo que se quer atingir, é preciso agir sem fazer hipóteses sobre os riscos de não alcançar o resultado final. Enquanto não tiver tentado, você não pode dizer que uma coisa é impossível.”

(7)

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CECA Comunidade Europeia do Carvão e do Aço EURATOM Comunidade Europeia de Energia Atômica JOUE Jornal (Diário) Oficial da União Europeia MERCOSUL Mercado Comum do Cone Sul

RP Reenvio Prejudicial

TCE Tratado Comunitário Europeu

TFUE Tribunal de Funcionamento da União Europeia

TJ Tribunal de Justiça

TJCE Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias TJUE Tribunal de Justiça da União Europeia

TPI Tribunal de Primeira Instância

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LISTA DE TABELAS

TABELA 01 Quadro dos Presidentes do TJUE (1952 a 2011) ... 44

TABELA 02 Natureza dos processos entre 2006 e 2010 (ENTRADA) ... 60

TABELA 03 Natureza dos processos (2006-2010) - Processos findos ... 61

TABELA 04 Natureza dos processos entre 2006 e 2010 (FINDOS) ... 62

TABELA 05 Processos findos — Duração dos processos (2006-2010) ... 63

TABELA 06 Evolução geral da atividade judicial (1990 a 2010) ... 64

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RESUMO

O presente trabalho tem por objeto de análise um instituto específico do Direito Comunitário Europeu: Reenvio Prejudicial. Partindo das transformações ocorridas no Direito Internacional pós-guerra, através da formação das estruturas comunitárias, hoje, União Europeia, o alinhamento econômico necessitou de um sistema jurídico que lhe desse garantia. O Direito Comunitário Europeu nasce, portanto, desta perspectiva jurídico-política, através de um arcabouço normativosui generis, bem como, de uma fartacontribuição do Tribunal de Justiça Europeu.A pesquisa tem o objetivo de analisar os efeitos do instituto do Reenvio Prejudicial perante o Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias como instrumentos de harmonização da ordem jurídica comunitária europeia e cooperação jurisdicional. Ainda, visa demonstrar a evolução histórica do direito internacional após II Guerra Mundial, a partir da formação do Direito Comunitário e sua estruturação em Direito da União; analisar o objeto do reenvio prejudicial, suas funções, necessidade e efeitos; quantificar o número de ações, tipo Reenvio Judicial, julgadas pelo Tribunal de Justiça da União Europeia entre os anos de 2006 e 2010; e, estruturar, através de fluxograma, o desenrolar do processo perante o Tribunal de Justiça Europeu. Neste sentido, buscou-se na doutrina e jurisprudência, através de uma pesquisa de cunho bibliográfico e documental, perceber o fenômeno estudado. Por meio de umexame qualitativo, utilizaram-se recursos metodológicos como a pesquisa doutrinária, legislação, jurisprudência e estudo do caso dos processos envolvendo o reenvio prejudicial perante o Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias. Acrescentou-se a verificação de dados relativos à quantidade de reenvio prejudicial entre os anos de 2006 e 2010 e seu percentual em relação às demais ações propostas junto ao Tribunal de Justiça da União Europeia a fim de entender a sua aplicação. Por fim, concluiu-se que o Reenvio Prejudicial é um importante instrumento de harmonização entre o direito interno e comunitário à medida que possibilita a participação do juiz nacional na construção legal e cooperação jurisdicional para a efetivação da justiça europeia.

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RESUMEN

El presente trabajo tiene por objeto de análisis un instituto específico del Derecho Comunitario Europeo: Reenvío prejudicial. Partiendo de los cambios ocurridos en el Derecho Internacional pos guerra, a través de la formación de las estructuras comunitarias, hoy, Unión Europea, el alineamiento económico necesitó de un sistema jurídico que le garantizase. El Derecho Comunitario europeo nasce, por lo tanto, de esta perspectiva jurídico política a través de un marco normativo, sui generis, bien como, de una harta contribución del Tribunal de Justicia Europeo. La pesquisa tiene el objetivo analizar los efectos del instituto del Reenvío Prejudicial ante el Tribunal de Justicia de las Comunidades Europeas como instrumentos de armonización del orden jurídica comunitaria europea y cooperación jurisdiccional. Visa, todavía, demonstrar la evolución histórica del Derecho Internacional después de lI Guerra Mundial, a partir de la formación del Derecho Comunitario y su estructuración en Derecho de la Unión, analizar el objeto del reenvío prejudicial, sus funciones, necesidades y efectos; cuantificar el número de acciones, como Reenvío Judicial, juzgadas por el Tribal de Justicia de la Unión Europea entre los años de 2006 y 2010; y, estructurar, a través de diagrama de flujo, el desarrollar del proceso ante el Tribunal de Justicia Europeo. En este sentido, se buscó en la doctrina y jurisprudencia, a través de una pesquisa de cuño bibliográfico y documental, percibir el fenómeno estudiado. Por medio de un examen cualitativo, fue utilizado recursos metodológicos como la pesquisa doctrinaria, legislación, jurisprudencia y estudio de caso de los procesos envolviendo el reenvío prejudicial ante el Tribunal de Justicia Europeo de las Comunidades Europeas. Añadiendo la verificación de dados relativos a la cuantidad de reenvío prejudicial entre los años de 2006 y 2010 y su porcentual en relación a las demás acciones propuestas junto al Tribunal de Justicia de Unión Europea a fin de entender su aplicación. Por fin, se concluye que el Reenvío Prejudicial es un importante instrumento de armonización entre el derecho interno y comunitario a medida que posibilita la participación del juez nacional en la construcción legal y cooperación jurisdiccional para la efectuación de la justicia europea.

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ABSTRACT

The present work has as its object of analysis an specific procedure of the European Community Law: The Reference for Preliminary Ruling. Starting from the changes occurred in the post-war international law, through the formation of community structures, today, European Union, the economic alignment required a legal system that gave it assurance. The European Community Law is born, therefore, in this legal-political perspective, through a sui generis normative framework, as well as a generous contribution of the European Court of Justice. The research aims to analyze the effects of the institution of the preliminary ruling before the Court of Justice of the European Communities as instruments of harmonization of European Community law and jurisdictional cooperation. Still, aims to demonstrate the historical evolution of international law after World War II, from the formation of Community law and its organization into the Union law; to analyze the object of referral, functions, necessity and effects; to quantify the number of lawsuits, Judicial Referral type, judged by the Court of Justice of the European Union between 2006 and 2010; and structure through a flowchart, the proceedings carried out before the European Court of Justice. In this sense, we sought in the doctrine and jurisprudence, through a survey of bibliographic and documentary sources, understand the studied phenomenon. Through a qualitative examination, were used as methodological resources doctrinal research, legislation, jurisprudence and case study of processes involving the preliminary ruling before the Court of Justice of European Communities. It was added the verification of data regarding the amount of preliminary ruling referrals between the years 2006 and 2010 and its percentage in relation to other actions brought before the Court of Justice of the European Union in order to understand its application. Finally, it was concluded that the preliminary ruling is an important instrument of harmonization between national and Community law as it allows the participation of the national judge in building legal and jurisdictional cooperation for the realization of European justice.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 13

1. ASPECTOS METODOLÓGICOS ... 18

1.1 PLANO DE DESENVOLVIMENTO ... 20

1.1.1 Tipo de delineamento ... 20

1.1.2 Análise legislativa e jurisprudencial ... 20

1.1.3 Pesquisa Bibliográfica ... 20

1.1.4 Pesquisa Quantitativa ... 21

1.1.5 Análise dos dados obtidos ... 21

1.1.7 Apresentação dos resultados ... 21

2. A ORDEM JURÍDICA COMUNITÁRIA ... 23

2.1. DO DIREITO INTERNACIONAL AO DIREITO COMUNITÁRIO ... 23

2.2 FONTES DO DIREITO COMUNITÁRIO ... 29

2.2.1 O direito comunitário primário ou originário ... 29

2.2.2 O direito comunitário secundário ou derivado ... 31

2.3 PRINCÍPIOS DA ORDEM JURÍDICA COMUNITÁRIA ... 37

3. O SISTEMA JURISDICIONAL DA UNIÃO EUROPEIA ... 39

3.1 O TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA UNIÃO EUROPEIA ... 44

3.1.1 Composição ... 46

3.1.2 Funcionamento ... 47

3.1.3 Serviços ... 47

3.2. COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA ... 48

3.2.1 Competência consultiva ... 48

3.2.2 Competência contenciosa ... 49

4. O REENVIO PREJUDICIAL ... 51

(13)

4.2 SUJEITOS ... 49

4.2.1 Órgãos Jurisdicionais Nacionais ... 52

4.2.2 Tribunal de Justiça ... 53

4.3 OBJETO ... 54

4.4 NATUREZA ... 54

4.5 FUNÇÕES ... 54

4.6 MODALIDADES ... 55

4.6.1 Reenvio de interpretação e o reenvio de validade ... 57

4.6.2 Reenvio facultativo e obrigatório ... 57

4.7 A EFICÁCIA DOS ACORDÃO PREJUDICIAIS ... 59

4.8 FLUXOGRAMA DO REENVIO PREJUDICIAL ... 60

4.9 O REENVIO PREJUDICIAL EM NÚMEROS ... 62

4.9.1 Natureza dos Processos perante o Tribunal de Justiça – ENTRADA ... 63

4.9.2 Natureza dos Processos perante o Tribunal de Justiça – FINDOS ... 64

4.9.3 Processos findos — Acórdãos, despachos, pareceres (2010) ... 65

4.9.4 Processos findos — Duração dos processos (2006-2010) ... 66

4.9.5 Evolução geral da atividade judicial (1990 a 2010) ... 66

4.9.6 Evolução geral da atividade judicial (1986-2010) ... 67

4.10 O REENVIO PREJUDICIAL COMO COOPERAÇÃO JURISDICIONAL ... 69

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 71

REFERÊNCIAS ... 76

ANEXO A ... 81

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INTRODUÇÃO

A globalização e a interdependência acentuaram a necessidade de maior organização e normatividade em diversas áreas das relações internacionais, inclusive no tocante à proteção econômica e política. A expansão do mercado através da formação de blocos econômicos, reduzindo e findando as tarifas alfandegárias, facilitando o livre comércio, a moeda comum e a integração econômica em escala mundial, possibilitou na economia-mundo o surgimento das instâncias supranacionais. Com elas, surgem novos problemas que podem afetar toda a comunidade mundial, por transcenderem os limites estatais, problemas estes suscitados no cotidiano das relações institucionais e que carecem de solução jurídica. Além disso, os objetivos comuns nos blocos econômicos forjaram uma nova realidade que acarretou a criação do direito comunitário, transcendendo o direito internacional.

Deve-se ressaltar que a internacionalização jurídica se fortalece com a necessidade de tornar o poder supranacional mais democrático, de modo que o processo decisório não se restrinja apenas às instâncias supranacionais, que são redes de escala mundial cada vez menos sujeitas ao controle político e jurídico no âmbito nacional.

O sistema internacional é um ambiente de interação entre unidades soberanas, os Estados, que se reconhecem como tal. Consideram-se, neste meio, os aspectos cooperativos da interação entre os mesmos, formando uma comunidade de Estados que, embora soberanas, partilham certos valores e concordaram em submeter suas ações a um conjunto de regras e normas de influência recíproca, formando, dessa forma, uma comunidade.

Assim, as normas internacionais serão respeitadas até que não contradigam os interesses de algum Estado e, as relações de poder, dentro do sistema internacional, seriam tão ou mais importantes que as normas nacionais.

(15)

Destaca-se que, no atual sistema de cooperação internacional, a União Europeia desponta como um sistema jurisdicional integrado e sui generis, possibilitando o rearranjo institucional com a colaboração efetiva dos Estados-membros.

Dentre os diversos princípios e institutos da ordem jurídica comunitária europeia apresenta-se o Reenvio Prejudicial. Como importante instrumento de cooperação judiciária, o referido instituto integra a jurisdição nacional e comunitária, na medida em que os Estados-Membros são chamados a contribuir na construção de um novo modelo jurídico, com vista a assegurar a aplicação uniforme do direito a todos os estados participantes.

Para tanto, visando preservar a unidade sem eliminar a soberania estatal, contando com a participação integral dos sujeitos envolvidos (juízes dos Estados-Membros), o Reenvio Prejudicial surge como importante instrumento de análise e digno de estudo.

Neste sentido, a proposta do presente trabalho é realizar uma análise do “O REENVIO PREJUDICIAL COMO INSTRUMENTO DE HARMONIZAÇÃO DO DIREITO COMUNITÁRIO EUROPEU E COOPERAÇÃO JURISDICIONAL”.

Justifica-se o referido estudo pelo fato do Reenvio Prejudicial ser um instrumento primaz de integração jurídica comunitária, apesar da doutrina jurídica pátria pouco tenha se interessado em analisar de modo mais profundo seus meandros, a fim de esclarecê-lo.

Objetiva-se, com a pesquisa, sedimentar a ideia de que o processo de integração política necessita de instrumentos específicos para sua construção e a participação direta de atores estatais envolvidos no processo.

Para tanto, é imperioso o estudo do Direito Internacional, sua transposição para o Direito Comunitário, e consequente instrumentalização deste direito através de institutos específicos, no caso, o Reenvio Prejudicial, que visem sua uniformização e cooperação entre os entes integrados.

(16)

Registra-se, por oportuno, que se utiliza como metodologia, no presente trabalho,o método monográfico, adaptando-o ao comparativo e analítico. Dentre as técnicas de pesquisa emprega-se a análise documental e bibliográfica, além do estudo analíticodos textos legislativos. Por meio de um exame qualitativo, utilizaram-se recursos metodológicos como a pesquisa doutrinária, legislação, jurisprudência e estudo do caso dos processos envolvendo o Reenvio Prejudicial perante o Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias.

Ainda, verificaram-se dados relativos às quantidades do referido instituto entre os anos de 2006 e 2010, e seu percentual em relação às demais ações propostas junto ao Tribunal de Justiça da União Europeia, a fim de entender a sua aplicação.

Portanto, o intuito da pesquisa é analisar os efeitos do instituto do Reenvio Prejudicial perante o Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias como instrumentos de harmonização da ordem jurídica comunitária europeia e cooperação jurisdicional. Ainda, visa demonstrar a evolução histórica do direito internacional após II Guerra Mundial, a partir da formação do Direito Comunitário e sua estruturação em Direito da União; analisar o objeto do reenvio prejudicial, suas funções, necessidade e efeitos; quantificar o número de ações, tipo Reenvio Judicial, julgadas pelo Tribunal de Justiça da União Europeia entre os anos de 2006 e 2010; e estruturar, através de fluxograma, o desenrolar do processo perante o Tribunal de Justiça Europeu.

A estrutura básica do trabalho, no sentido de introduzir, de modo claro e objetivo, os conceitos iniciais até abordar o tema em análise, divide-se em sete partes, desde a introdução até as considerações finais.Partindo dos conceitos gerais que orientam o tema até objeto de estudo, propor-se-á uma “viagem” sobre a construção de direito comunitário europeu e seus princípios até a apreciação do Reenvio Prejudicial e seus desdobramentos.

No primeiro momento, após a Introdução, disserta-se sobre o os aspectos metodológicos que orientaram o trabalho. De importante significância, neste momento,explicitam-se os caminhos percorridos, além dos métodos e as técnicas utilizadas para a aproximação e análise do tema.

(17)

direito comunitário. Seu objetivo é discorrer sobre as fontes e os princípios que orientam o Direito Comunitário Europeu.

No capítulo seguinte, o objeto é o Sistema Jurisdicional da União Europeia, dando ênfase ao estudo do Tribunal de Justiça, desde sua criação até a sua importante contribuição na formação da sólida ordem jurídica europeia.

A quarta e última parte analisa, com profundidade, o instituto do Reenvio Prejudicial, destacando sua importância, os sujeitos competentes para sua utilização, seu objeto, natureza, funções, modalidades e eficácia. Como elementos quantitativos, através de coleta e analise de dados secundários, apresentar-se-ão números do Relatório de Atividadesdo Tribunal de Justiça da União Europeia, comparando-os entre os anos (2006 a 2010) e demonstrando os aspectos relevantes do Reenvio no direito comunitário europeu. Ainda, far-se-á um fluxograma dos diversos estágios percorridos para a consecução deste instituto. Por fim, o Reenvio Prejudicial será apresentado como importante instrumento de harmonização e cooperação jurisdicional na construção do direito comunitário europeu.

Por fim, por questão terminológica, cabe esclarecer que o termo reenvio prejudicial, a priori, no direito brasileiro, causa estranheza. Isto porque, ao se fazer uma analise literal do instituto, pode-se acreditar que trata de uma ação de despacho do processo antes da sua fase judicial (prejudicial),ou,no sentido legal brasileiro,a questão prejudicial é aquela decidida antecipadamente, antes de tomada a decisão posterior (questão prejudicada), pois predeterminam o teor e sentido desta.

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1. REFERENCIAL METODOLÓGICO

O referencial metodológico alude mais do que um simples conjunto de métodos, ele propicia, de modo sistematizado, fundamentos e pressupostos filosóficos de um estudo particular.

Segundo Lakatos (2009, p.46): “a finalidade da atividade científica é a obtenção da verdade, por intermédio da comprovação de hipóteses, que por sua vez, são pontes entre a observação da realidade e a teoria científica, que explica a realidade”.

Esse conjunto de atividades sistemáticas e racionais traça o caminho a ser seguido para alcançar os objetivos, dando suporte as decisões de cientistas.

Macêdo (2009, p. 47) enfatiza que “os passos de uma investigação científica são os resultados de um planejamento elaborado pelo pesquisador para responder ao problema de pesquisa e testar as hipóteses construídas como soluções desses problemas”.

O objeto desse trabalho de pesquisa é a análise do instituto do Reenvio Prejudicial como instrumento de harmonização e uniformização do direito comunitário europeu, tendo que percorrer os diversos caminhos trilhados desde o direito internacional até a composição/construção do direito comunitário. Desta forma, muitos pensadores e estudiosos, fundamentam ser o referido instituto um importante instrumento de consolidação de uma justiça europeia.

Trata-se de uma análise qualitativa, e fez-se a apreciação de dados cumulando-se com a exposição dos pensamentos dos diversos doutrinadores sobre a utilização do Reenvio Prejudicial como fonte de cooperação entre os Estados-membros.

(19)

Neste trabalho, faz-se necessário a pesquisa de maior número possível de obras publicadas sobre o assunto de forma a elencar, organizar, agrupar e apresentar de forma coesa e inteligível.

A dissertação de compilação é basicamente a exposição do pensamento de vários autores sobre o tema com apresentação do discurso e opinião dos autores no mesmo sentido ou sentido contrário, onde se permite a colocação da própria opinião nos pontos relevantes de forma que haja uma organização lógica e sistemática dos aspectos abordados, finalizando com a apresentação da conclusão dos autores e conclusões próprias, através do estudo exploratório e análise dedutiva.

(...)se desenvolve, digamos assim, de uma verdade sabida ou admitida a uma nova verdade, apenas graças às regras que presidem à inferência das proposições, ou, por outras palavras, tão somente em virtude das leis que regem o pensamento em sua “consequencialidade” essencial. (Miguel Reale, Lições Preliminares de Direito. Saraiva, 1998, p.83)

Para o desenvolvimento do trabalho utilizou-se recursos metodológicos como a pesquisa doutrinária, legislação, jurisprudência e estudo do caso dos processos envolvendo o Reenvio Prejudicial perante o Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias.

Realizou-se a pesquisa quantitativa para fins de verificação de dados relativos à quantidade de Reenvio Prejudicial entre os anos de 2006 e 2010 e seu percentual em relação às demais ações propostas junto ao Tribunal de Justiça da União Europeia.

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1.1 PLANO DE DESENVOLVIMENTO 1.1.1 Tipo de delineamento

Conduziu-se a pesquisa de forma sistematizada, de modo a apresentar qualidade técnico-científica, priorizando o modo de exposição do conhecimento obtido.

O trabalho proposto constitui-se numa análise de matriz qualitativa, dos estudos do Reenvio Prejudicial como instrumento de harmonização/uniformização do Direito Comunitário Europeu.

1.1.2 Análise legislativa e jurisprudencial

Nesta etapa visou-se a realização do exame pormenorizado dos estudos da legislação europeia (tratados constitutivos e legislação derivada, bem como, a jurisprudência do Tribunal de Justiça da União Europeia). Buscou-se, com a análise legislativa, um estudo minucioso dos textos legislativos encontrados que tratem a respeito do assunto e periféricos.

1.1.3 Pesquisa Bibliográfica

Colacionou-se, dentre os estudos jurídicos realizados, textos que tratem do desenvolvimento da justiça europeia e de sua uniformização através do instituto do Reenvio Prejudicial, pesquisando uma gama de textos colhidos em livros, artigos científicos, revistas, jornais e na Internet. Tal procura foi de fundamental importância para um melhor embasamento teórico-técnico do tema.

Como indica a metodologia científica, dos documentos colhidos fez-se fichamentos, a fim de facilitar a fase final da redação. Para Macêdo (2009, p. 40): “a revisão bibliográfica significa o levantamento do conhecimento disponível sobre o atual estado-da-arte de determinado tema, ou seja, refere-se ao conhecimento existente sobre o assunto”, sendo, portanto, indispensável em qualquer estudo de cunho exploratório.

(21)

Nesta etapa do trabalho, coletou-se dados secundários, através do Relatório do Tribunal de Justiça da União Europeia - Ano 2010 (apresentado em relação ao Reenvio Prejudicial, por completo, no ANEXO B).

Analisou-se dados relativos ao Reenvio Prejudicial, tanto do ano de 2010, como e, principalmente, sua evolução ao longo dos anos pretéritos. O intuito é, também, através dos números, demonstrar a importância deste instituto na construção do direito comunitário europeu.

O objetivo é proceder a interpretação dos dados em comunhão com as referências colecionadas, contextualizando-ase promovendo uma integração entre os dados quantitativos e as diversas referências, sejam elas bibliográficas, legislativas ou jurisprudenciais.

1.1.5 Análise dos dados obtidos

Estudou-se os dados obtidos com o intuito de buscar uma solução para os problemas propostos.

Nesta fase, analisou-se os dados de forma a promover uma discussão crítica com grande senso analítico, relacionando, conforme já informado, a pesquisa qualitativa e quantitativa.

1.1.6 Interpretação de dados

Consiste na apuração dos resultados obtidos de forma que as respostas sejam agrupadas de acordo com suas respectivas áreas temáticas. Nesta fase, fez-se o confronto teórico das diversas fafez-ses anteriores com os resultados teóricos obtidos.

1.1.7 Apresentação dos resultados

(22)
(23)

2. A ORDEM JURÍDICA COMUNITÁRIA

A consequência necessária disto foi a centralização política. Províncias independentes, províncias com interesses, leis, governos e sistemas de impostos separados foram aglomerados em um bloco, em uma nação com um governo, um código de leis, um interesse nacional de classe, uma fronteira e uma tarifa alfandegária (O Manifesto Comunista – Karl Marx – p. 17)

2.1. DO DIREITO INTERNACIONAL AO DIREITO COMUNITÁRIO

Com o fim da II Guerra Mundial, o eixo geopolítico mundial alterou-se consideravelmente. A Europa, centro de orientação das grandes mudanças mundiais, ao longo dos últimos séculos, perdia o monopólio da direção política global. Ocorre daí a bipolarização do mundo entre Estados Unidos da América e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, que passaram a ser as duas superpotências existentes. (VISENTINI; PEREIRA; 2008, p 151)

Na Europa, a ordem do dia era sobreviver à destruição da guerra e reerguer seus Estados devastados, sem perder de vista seu passado glorioso e sua irremediável posição vanguardista desde os tempos imemoriais. Para Le Goff (2008, p.158), “a lição dos desastres causados pelas duas guerras parece que desta vez foi compreendida. Os europeus querem a paz na Europa”. No entanto,

O custo social e econômico da Segunda Guerra Mundial foi elevadíssimo. Além da destruição propriamente dita, foram gastos um trilhão e meio de dólares – ao valor de 1939 – durante o conflito, que envolveu diretamente 72 países e mobilizou 110 milhões de soldados. Houve 55 milhões de mortos, 35 milhões de mutilados e 3 milhões de desaparecidos (VISENTINI; PEREIRA; 2008, p 146)

(24)

Na busca de integridade e segurança, os europeus entendem por “ser livre é ter acesso a uma miríade de relacionamentos interdependentes com os outros”. Para a formação da identidade europeia, “quanto maior o número de comunidades a que o indivídua tem acesso, mais opções e escolhas ele possui para levar uma vida plena e significativa. Com os relacionamentos vem a inclusividade, e com esta a segurança”. (RIFKIN, 2005, p. 5).

A aproximação dos estados europeus na busca de formação de um bloco econômico conta com quatro importantes pilares: econômico, político, social e jurídico.

Em razão da integração, uma nova ordem jurídica precisa ser estabelecida a fim de consolidar as pretensões de fortalecimento de uma unidade europeia. A realidade socioeconômica interfere na gênese normativa e um procedimento jurídico original é formatado. Para Le Goff (2008), a UE passa a ser a primeira megaestrutura de governo em toda a história a nascer das cinzas da derrota.

Entende Bauman (2006, p. 13) que

a Europa como ideal é um desafio à propriedade monopolista. Não se pode negá-la ao “outro”, já que ela incorpora o fenômeno da “alteridade”: na prática do europeísmo, o esforço perpétuo de separar, expelir e expulsar é constantemente frustrado pela atração, admissão e assimilação do “externo”.

Portanto, percebe-se na formação europeia um desejo constante da busca pelo diverso, da procura do novo, na tentativa de encontrar nas diferenças a harmonia.

Nesses termos, GAUDET expressa seu sentimento de Europa entendendo que:

Los resultados alzanzados y laevolución em marcha confirmanlaoridinalidad y El valor de la fórmula comunitária europea. Sindesconecerla existência de los Estados, losasocia a labúsqueda de um interescomún por médio de una cooperación constante e institucionalmente organizada de lãs autoridades nacionales y de lasinstituiciones comunitárias. (GAUDET, 1970, p. 56)

Para Vitagliano e Biasi (2011),

(25)

movido por uma forte determinação política dos Estados, amparada internamente pelos seus nacionais, torna-se indispensável a elaboração de um arcabouço jurídico institucional que seja capaz de materializar e de efetivar o processo de integração, tornando-o autossustentável.

O direito internacional “como um conjunto de princípios e normas, positivas e costumeiras, representativas dos direito e deveres aplicáveis no âmbito da sociedade internacional”(REZEK, 2011), não mais responde aos anseios desta nova comunidade jurídica. Um novo direito precisa ser criado. Um direito dialógico, reflexivo, que no aperfeiçoamento do direito internacional e na transposição de suas normas, nasce, gradativamente, o direito comunitário, futuro direito da união.

A complexa interligação entre os Estados europeus carece de um amparo legal harmônico e que respeita a particular maneira de ser de cada Estado-membro. Este intricado normativo, não deve ser imposto e sim construído, paulatinamente, da convergência entre a ordem jurídica interna e a integracionista.

A ordem internacional pós-guerra, leva a uma crise de legitimidade do Estado-nação. Para tanto, necessário se fez uma reconstrução do direito, em razão das profundas alterações na sociedade. Nesse sentido, REALE (1999, p. 2) enfatiza que “o direito como fato social ou fenômeno social; não existe senão na sociedade e não pode ser concebido fora dela”. Ora, atendendo tal assertiva, impõe-se que qualquer alteração social produz reflexos no direito. E o direito comunitário é mostra disso.

O direito comunitário nasce como adaptação às exigências das mudanças na ordem internacional. Tais exigências transformam o direito e impõe a necessidade de profundas alterações. NADER (1997, p. 20) afirma que “o processo adaptativo é elaborado sempre diante de uma necessidade, configurada por um obstáculo da natureza ou de carência”. À medida que as normas de direito internacional não atendiam mais às necessidades de integração europeia, um novo conjunto normativo foi, gradativamente, sendo criado, com características diferenciadas, visando organizar um novo panorama político-social.

Não se pode perder de vista a dialética relação entre direito e sociedade, visto que:

(26)

de outro, o Direito estabelecido cria a necessidade de o povo adaptaro seu comportamento aos novos padrões de convivência (NADER, 1997, p. 21).

O direito comunitário cônscio desta realidade nasce entendendo que “as necessidades de paz, ordem e bem comum levam a sociedade à criação de um organismo responsável pela instrumentalização e regência desses valores” (NADER,1997, p. 22), adaptando e sendo adaptado pelo direito em razão dessa auto interferência.

Nesse sentido, Gaspar (?,1) assegura “que os momentos mais relevantes da construção europeia foram jurídicos e judiciais e não políticos”.

Este autor ainda complementa

Na grandeza visionária dos fundadores de 1952 e 1957, a realização da Europa da paz desenvolveu-se, em primeiro plano e como imediata prioridade, em redor da economia. (...)

A Europa de hoje á a Europa dos cidadãos, dos seus povos, das nações, das regiões, das culturas, das religiões, das tradições jurídicas. É fundada na supremacia de um direito fortemente integrador que visa realizar entre as nações da Europa uma sociedade caracterizada pelo pluralismo, tolerância, justiça, solidariedade e não discriminação. (GASPAR, ?; 2)

Portanto, para a conformação desta integração econômica fez-se necessário constituir uma ordem jurídica própria, autónoma e distinta dos ordenamentos jurídicos nacionais, o ordenamento jurídico da União Europeia. Pois, “embora a ordem jurídica comunitária repouse na união das vontades dos Estado-membros, desde cedo adquiriu autonomia normativa” (MACHADO, 2010, p 179). Essa nova ordem jurídica supranacional, visando um melhor rearranjo institucional, possui inúmeros e importantes pontos de contato com os sistemas jurídicos dos Estados-Membros, visando uma aplicação eficaz do direito comunitário, entendendo que:

(27)

Por fim, Borges (2011) ainda aponta que “a amplitude do direito comunitário é paralela ao grau de desenvolvimento do respectivo bloco regional, encontrando a União Europeia sua maior expressão”. (BORGES, 2011, 297)

O Direito Comunitário, como fruto dessa nova organização política regional, trata de normas supranacionais, ou seja, normas comuns a todos os estados que integram o bloco, “valendo-se de instrumentos hermenêuticos e gnoseológicos próprios, sem prescindir daqueles utilizados pelo Direito Interno e Internacional, em face de seu hibridismo”, (VITAGLIANO; BIASSI, 2011, p. 1) “apresenta-se hierarquicamente estruturado”. (MACHADO, 2010, p. 180)

Para Machado (2010, p. 179-180), o ordem jurídica comunitária da UE possuiinúmeras peculiaridades. Dentre elas, observa-se:

1) Uma ordem jurídica atípica, no sentido de que constitui uma ordem intermediária entre o direito internacional e o direito federal; 2) uma ordem jurídica autónoma, assim definida em virtude da autonomia das fontes de direito (...); uma ordem jurídica uniforme, válido em igual medida para todos os estados-membros, e 4) uma ordem jurídica integrada na dos Estados-membros. (MACHADO, 2010, p. 189-180).

Entre as instituições que compõem a União Europeia, destaca-se o Tribunal de Justiça, “tribunal independente e responsável por garantir a observância da legislação comunitária” (ZANOTO, ?; 2), instituído em 1952 pelo Tratado de Roma que cria a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (primeiro tratado constitutivo).

A aplicação do direito comunitário nos diferentes Estados-Membros da União Europeia está vinculada às instâncias nacionais, fazendo com que os tribunais nacionais funcionem como verdadeiros tribunais comuns de direito comunitário.

Tal prática enfatiza a participação dos Estados-membros, contribuindo para facilitar a integração e harmonização do direito comunitário. Foi uma inteligente opção do legislador europeu, pois, ao mesmo tempo em que consolida a ordem jurídica comunitário, harmonizando-a e uniformizando-a através da cooperação jurisdicional, investe nas autoridades nacionais (judiciais e administrativas), dando competência ainda na primeira instância para a aplicação do direito comunitário.

Para os fundadores da integração europeia, não se pode perder de vista que:

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simbolicamente das competências tradicionais do Estado. (GASPAR, ?, 3)

Entretanto, com a possibilidade dos juízes nacionais possuírem a competência de aplicação do direito comunitário europeu, institutos jurídicos foram necessários para garantir a cooperação entre os órgãos internos e supranacionais e sua consequente uniformização.

Ou seja, se no momento presente nada obsta a que o direito da União Europeia possa ser aplicado por tribunais e administrações de 25 Estados-Membros, já pareceria de todo desaconselhável que a interpretação do mesmo fosse deixada igualmente na disponibilidade de 25 sistemas jurisdicionais diferentes. (hoje 27 Estados-membros). (GASPAR, ?, 3)

Os Estados-membros passaram, então, através de diversos mecanismos, a criar um direito específico para resolução dos problemas gerados em decorrência da aproximação entre os estados europeus.

Neste esteio, passa-se a estudar as fontes do direito comunitário europeu para melhor compreensão e entendimento.

2.2 FONTES DO DIREITO COMUNITÁRIO

O estudo das fontes é imprescindível para a análise do Direito Comunitário Europeu. Como direito em construção, o direito comunitário tem em suas fontes suporte constante para desenvolvimento. Para ASCENSÃO (1993; p. 232), “a ordem social tem os seus tempos e formas de evolução, de maneira que se poderia dizer que a verdadeira fonte do direito é sempre e só a ordem social; só desta deriva afinal a juridicidade de qualquer regra”. E completa, “assim, a lei só traz realmente uma norma se se interagir na ordem social”.

(29)

2.2.1 O direito comunitário primário ou originário

Conforme demonstrado, o direito comunitário europeu inicia-se como a formação da Comunidade Econômica Europeia, através de Tratado de Roma, em 1957. Ele é o primeiro passo para uma sequência de tratados que irão fomentar uma ordem jurídica europeia una.

Para Accioly (2010, p 107), “os Tratados Institutivos compõem o direito originário, e são base da ordem jurídica comunitária, obrigatórios para os Estados-membros e Instituição da União, em todos os seus elementos e disposições”.

Muitos estudiosos veem nos tratados originários um verdadeiro texto constitucional da UE à medida que se tem uma estruturação jurídico-política da união e, inclusive, uma carta de direitos.

Accioly complementa, citando Borchardt, que:

Os tratados originários e as respectivas alterações, sobretudo as introduzidas pelo Ato Único Europeu e pelo Tratado da União Europeia, contém as normas fundamentais relativas aos objetivos, organização e modo de funcionamento da Comunidade, bem como partes do seu direito econômico. Sãopois as disposições “constitucionais” da Comunidade que proporcionam às instituições comunitárias um quadro para o exercício das suas competências legislativas e administrativas no interesse da Comunidade. Uma vez que se trata de direito criado diretamente pelos Estados Estados-membros, é designado por direito comunitário primário. (BORCHARDT apud Accioly, 2010, p. 107)

Verifica-se, portanto, que as fontes primárias ou originárias do Direito Comunitário decorrem dos tratados constitutivos, seus anexos e dos atos modificativos, ou seja, nascem com os Tratados de Paris e de Roma, os denominados Tratados de Fusão dos Executivos, de Luxemburgo (1970), de Bruxelas (1975), os Atos de Adesão e o Tratado de Maastricht (1992), e, por fim, o Tratado de Lisboa (2007).

Atualmente, a União Europeia funda-se no Tratado de Lisboa (2007), que em razão da tentativa, sem sucesso, de implementar o Tratado Constitucional, obstacularizada por França e Holanda, redefiniu o papel da União Europeia e fortaleceu seus institutos.

(30)

(...) o direito criado pelos Estados membros através de tratados internacionais, constituído pelas normas que criaram a União Europeia, conferindo-lhe as suas atribuições e regulando a sua organização e funcionamento internos, bem como por aquelas normas que, de forma parcelar ou global, específica e geral, vêm modificando e completando o sentido dos tratados originários.

Destaca-se que a fonte primaz do direito originário europeu são os tratados internacionais, figura comum no Direito Internacional e que se forma através da comunhão de vontades intergovernamentais.

Sob este ponto de vista, afora os temas apresentados pelos tratados originários, sua forma ainda coaduna-se com as regras do direito internacional. Visto que, segundo a Convenção de Viena sobre os Tratados (1969), art. 2°, n°1, “tratado designa um acordo internacional, quer esteja consignado num instrumento único, quer em dois ou vários instrumentos conexos e qualquer que seja sua denominação particular”. Os tratados fundadores são autônomos e independentes entre si, no sentido de que, salvo disposições específicas objetivando a unidade institucional, não é possível aplicar a um tratado a regra inscrita noutro.

Em razão da matéria discutida, os tratados originários europeus possuem uma significativa diferenciação. Neste sentido, anota Carvalho (1993, p. 60) que, neles figuram:

a) osobjectivos fundamentais das Comunidade e os instrumentos da sua realização;

b) a estrutura institucional das Comunidades – os vários órgãos e suas competências;

c) a forma como se processam as relações da Comunidade com os vários Estados membros e com a comunidade internacional; d) as bases do direito econômico e social comunitário;

e) a forma de salvaguardar todo o ordenamento jurídico comunitário;

f) as regras que se referem à administração das receitas e despesas da Comunidade e que se designa por Direito Financeiro Comunitário.

(31)

2.2.2 O direito comunitário secundário ou derivado

O Direito Comunitário derivado nasce das próprias instituições criadas pelo direito originário, trazendo assim, efetivamente, um direito propriamente comunitário. Portanto, o direito derivado é constituído pelo conjunto dos atos jurídicos adotados pelas instituições comunitárias no exercício de suas competências, estando subordinado ao Direito Comunitário originário.

O artigo 288° do TFUE dispõe sobre os atos normativos secundários, conforme as abaixo:

Para o desempenho das suas atribuições e nos termos do presente Tratado, o Parlamento Europeu em conjunto com o Conselho e a Comissão adotam regulamentos e diretivas, tomam decisões e formulam recomendações ou pareceres.

O regulamento tem caráter geral. É obrigatório em todos os seus elementos e diretamente aplicável em todos os Estados-membros. A diretiva vincula o Estado-membro destinatário quanto ao resultado a alcançar, deixando, no entanto, às instâncias nacionais a competência quanto à forma e aos meios.

A decisão é obrigatória em todos os seus elementos para os destinatários que designar.

As recomendações e os pareceres não são vinculativos.

Para Machado (2010, p. 199), “o artigo 288° TFUE consagra um catálogo de actos jurídicos de direito secundário da EU, que compreende os actos legislativos e os actos não legislativos”, formando “um conjunto diversificados de fontes formais do direito”.

Destaca-se que o Tratado de Lisboa, também chamado de Tratado Reformador, no sentido de uma maior consolidação da estrutura institucional da União Europeia, foi criado para emendar o Tratado da União Europeia (TUE,

Maastricht; 1992) e o Tratado que estabelece a Comunidade Europeia (TCE, Roma; 1957), dando “significativos passos na hierarquização dos actos comunitários ao prever uma hierarquização dos actos de direito derivado da União Europeia” (GORJÃO-HENRIQUES, 2010, p. 326).

Em razão, passa-se a uma breve análise destes atos:

(32)

Previsto pelo § 2° do art. 288° TFUE, o regulamento configura-se uma das mais importantes fontes do direito europeu, disciplina-se através de três elementos básicos:

a) Caráter geral

Através de seu caráter geral, os regulamentos equiparam-se às leis, apesar do PTCE ter rejeitado tal expressão. Nos moldes do direito europeu, o regulamento institui uma regra, fixa uma obrigação ou atribui direitos a todos os que se incluam ou possam vir no futuro a incluir-se na categoria de destinatários que o regulamento define em abstrato e segundo critérios objetivos, neste sentido, regulam “um conjunto indeterminado de situações de facto através de proposições dotadas de generalidade e abstração e de propósito normativo” (MACHADO, 2010, 199).

Com pretensa força normativa, o regulamento submete-se ao controle de constitucionalidade europeu devendo adequar-se, formal e materialmente, aos atos constitutivos.

A doutrina e jurisprudência do TJUE assenta que em caso de conflito entre o direito interno e o regulamento, aplica-se o segundo em detrimento do primeiro; prevalecendo as normas jurídicas comunitárias.

b) Obrigatoriedade do regulamento em todos os seus elementos

O caráter geral e obrigatório do regulamento é nasce da autoridade comunitária que impõe autonomamente, ou seja, prescindindo da participação das instituições nacionais, a observância da totalidade das disposições desse ato aos Estados-membros, aos seus órgãos e autoridades, e a todos os particulares sujeitos à jurisdição comunitária.

Ainda, pelo fato de ser obrigatório em todos os seus elementos, o regulamento se distingue da diretiva, a qual prescreve imperativamente o resultado a atingir, mas não os meios que os Estados devem usar para alcançar esse resultado. O ato regulamentar pode, diversamente da diretiva, impor quaisquer modalidades de aplicação e de execução julgadas necessárias ou úteis pela autoridade comunitária.

(33)

Tem a ver com a característica da aplicabilidade imediata. Ser diretamente aplicável nos Estados-membros significa que, depois de aprovado o regulamento e se ele cumprir todos os requisitos, o regulamento vigora diretamente no território dos Estados sem necessidade de qualquer ato de recepção por parte dos Estados-membros.

As expressões diretamente aplicável em todos os Estados-membros, que figuram no art. 288ºrevelam o traço mais característico dos regulamentos comunitários: uma vez publicados no Jornal Oficial das Comunidades e decorrida a

vacatio legis, entram em vigor em todo o território comunitário e ficam de pleno direito (automaticamente) incorporados no ordenamento jurídico interno dos Estados, sendo aí aplicáveis a qualquer pessoa física ou jurídica sujeita à jurisdição comunitária.

O regulamento é um instrumento de uniformização por contraposição à diretiva, que é um instrumento de harmonização.

2.2.2.2 Diretiva

Nos termos do art. 288º do TFUE“a directiva vincula o Estado-membro destinatário quanto ao resultado a alcançar, deixando no entanto às instâncias nacionais a competência quanto à forma e aos meios”.

Resulta desta disposição, que as diretivas são atos pelos quais a autoridade comunitária competente, ao tempo em que fixa aos respectivos destinatários um resultado que no interesse comum deve ser alcançado, permite que cada um deles escolha os meios e as formas mais adequadas – do ponto de vista do direito interno, da realidade nacional ou dos seus interesses próprios – para alcançar o objetivo visado.

A diretiva é um instrumento de harmonização, e com ela pretende-se que haja uma certa compatibilidade entre todos os ordenamentos jurídicos, ou seja, que os ordenamentos dos Estados sejam semelhantes.

(34)

É a diretiva um método de legislação por etapas. Vincula o Estado-membro quanto ao resultado, deixando os destinatários escolherem a forma e os meios para alcançar aquele fim. Assim, vincula quanto ao fim, estabelece um resultado que no interesse comunitário deve ser alcançado, mas permite que cada Estado escolha os meios e formas mais adequados para alcançar aquele fim, isto é, aquele resultado.

A diretiva, em princípio, não possui caráter geral (ao contrário do regulamento), porque vincula um ou mais Estados-membros; logo são perfeitamente identificados esses Estados. A diretiva possui a característica da generalidade de forma indireta, já que depois de transposta para o direito nacional, passa a aplicar-se a um número indeterminado de pessoas.

Tendo como objetivo um fim comum, a diretiva é um instrumento privilegiado de harmonização das legislações, pois consagra um fim que os Estados têm de cumprir. Esta obrigação decorre dos arts. 288º e 10º TFUE.

Quanto à escolha da forma, os Estados são livres para escolher o ato jurídico da transposição da diretiva. O art. 112º CRP refere-se ao princípio da tendencial paridade; as diretivas comunitárias são transpostas obrigatoriamente para lei ou decreto-lei. Quanto à escolha dos meios, estes se vinculam à escolha das medidas concretas suscetíveis de conduzir ao resultado imposto pela diretiva.

Salienta-se as características essenciais da diretiva:

- A diretiva só pode impor uma obrigação de resultado, nunca pode impor uma obrigação de meios;

- As diretivas são cada vez mais minuciosas e parecidas com os regulamentos comunitários, privando os Estados das escolhas dos meios.

Destaca-se que as diretivas gozam de aplicabilidade imediata porque a transposição da diretiva é um mero ato de execução.

É importante ressaltar que é possível a um particular invocar as disposições da diretiva em três casos:

1) No caso do Estado não cumprir com a sua obrigação, com a não transposição o Estado está a prejudicar os cidadãos;

(35)

3) Para verificar se existiu uma correta escolha da forma e dos meios para a execução daquela diretiva.

Os particulares podem invocar em juízo o disposto na diretiva, desde que ela tenha o direito que eles possam fazer valer em juízo.

2.2.2.3 Decisões

Nos termos do art. 288º TFUE a decisão é obrigatória em todos os seus elementos para os destinatários a designar.

O objetivo da decisão é o de dar aplicação prática das regras dos tratados aos casos individuais.

a) A limitação dos destinatários da decisão

A decisão obriga apenas os destinatários que ela própria designar, individualizando-os. Tais destinatários tanto podem ser Estados (um, vários ou todos) como pessoas de direito público ou de direito privado, e mesmo simples indivíduos.

Dirigida quer a um indivíduo ou a uma empresa, quer a um Estado, a decisão tem normalmente por finalidade aplicar as regras de direito comunitário a casos particulares, sendo, então, assimilável a um ato administrativo; apresenta-se, por isso, como um instrumento que as instituições podem utilizar para aplicação, por via administrativa, das normas comunitárias.

Mas a decisão pode também ser utilizada para prescrever a um Estado ou grupo de Estados-membros um objetivo cuja realização passa pela adoção de medidas nacionais de alcance geral – apresentando-se, neste caso, como um instrumento de legislação indireta, próximo da diretiva – com a diferença de que é obrigatória em todos os seus elementos.

b) A obrigatoriedade da decisão

(36)

2.2.2.4 Recomendações e pareceres

Ao contrário das demais, as recomendação e pareceres não possuem caráter obrigatório; suas influências são, na maior parte dos casos, indireta, uma vez que contribuem para orientar as legislações dos Estados-membros.

Têm as recomendações e pareceres uma função de integração de lacunas de outros atos comunitários com caráter obrigatório; não são vinculativos e não impõem obrigações para os seus destinatários.

a) Recomendações

São atos do Conselho dirigidos aos Estados-membros, ou atos da Comissão dirigidos quer ao Conselho, quer aos Estados-membros, exprimindo-lhes o respectivo ponto de vista sobre determinadas questões, apontando-lhes as medidas ou soluções reclamadas pelos interesses comunitários, sugerindo-lhes os comportamentos a adotar.

As recomendações foram concebidas como um instrumento de ação indireta da autoridade comunitária, visando frequentemente à aproximação das legislações nacionais ou à adaptação de uma dada regulamentação interna ao regime comunitário.

b) Pareceres

A noção de parecer engloba diversas modalidades de atos que têm em comum a ausência de força vinculativa, pelo que não constituem só por si os respectivos destinatários em qualquer obrigação.

3.3 Princípios da Ordem Jurídica Comunitária

No sentido de respaldar a ordem jurídica comunitária, alguns princípios foram construídos, principalmente, pelo Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias visando fortalecer a eficácia do direito comunitário.

(37)

interior de determinado sistema jurídico positivo. (OLIVEIRA, 1998, p 230)

Os princípios servem como normas guia que informam os demais mecanismos do sistema como devem se adequar. Funciona ciclicamente, contribuindo desde a feitura (processo nomogenético) da norma, passa pela sua integração até chegar a aplicação do direito; participando do começo, meio e fim do sistema jurídico.

Nesse sentido, os princípios possuem um papel preponderante no ordenamento jurídico, influenciando-o nitidamente a ordem jurídica comunitária europeia.

The incorporation of general principles of law within the body of EC law is one of the essential features of the jurisprudence of the ECJ, representing a high degree of judicial activism. The ECJ has been encouraged to develop jurisprudence to fill many of the gaps left by the Treaty and by secondary legislation. (KENT, 1996, p. 30)

Para Lima Filho (2006, p. 79),

Os três primeiros princípios são intrínsecos à ordem jurídica comunitária e concretizam-na como uma ordem jurídica própria no sistema jurídico internacional. Por conseguinte, uma ordem autônoma em relação ao direito interno e ao direito internacional, na medida em que tem as suas próprias fontes e modo de produção jurídica, operando nos limites dos próprios seres que lhe dão vida, estando – em toda a sua ação traduzida na adoção de atos jurídicos – sujeita ao império do Direito.

(38)

3. O SISTEMA JURISDICIONAL DA UNIÃO EUROPEIA

Entende-se por sistema jurisdicional o conjunto de órgãos e institutos comunitários responsáveis pela administração da justiça na União Europeia. Para reger seu ordenamento jurídico integrado, fez-se necessário a institucionalização e aperfeiçoamento de instrumentos hábeis a responder as demandas comunitárias.

Para Pazzoli (2003, p. 33), “um sistema não é uma realidade, é um objeto ideal, é, simplesmente, um modo de ver a realidade, que por seu turno não é sistemática. É um complexo que se compõe de um repertório e uma estrutura”. E complementa, “falar em sistema é falar em ordenamento”.

A disposição institucional do principal bloco regional de integração - a União Europeia – apenas desenvolveu-se e tornou-se realidade com uma incrível contribuição do direito comunitário, sendo este, inclusive, sua principal novidade, face às tentativas anteriores para unificar a Europa. Destarte, não se utilizou a subordinação ou a força para alcançá-la, e sim, o direito. Este, portanto, deve conseguir aquilo que, durante séculos, o sangue e as armas não conseguiram. Só uma unificação baseada no livre arbítrio, em valores fundamentais, como a liberdade e a igualdade, e preservada e concretizada pelo direito poderá ter futuro duradouro.

Neste sentido, Magnoli (2004, p.63):

A União Europeia funciona como megabloco regional no cenário da economia mundial globalizada. O Mercado único Europeu integrou o espaço econômico da Europa dos quinze. As instituições europeias fundiram soberanias, gerando políticas supranacionais.

Destaca-se que o direito da União Europeia nasceu com a formação da Comunidade Econômica Europeia, instituída pelo Tratado de Roma, em 1957.

(39)

com a finalidade de regular as relações entre os Estados integrantes, e destes com os particulares.

Destarte, o direito da União Europeia é composto de tratados constitutivos, classificados como normas de caráter originário, e de atos normativos, classificados como normas derivadas, sendo que ambos são obrigatórios para os Estados-membros e instituições. Os tratados constitutivos da União Europeia são: o Tratado de Roma, o Ato Único Europeu, o Tratado da União Europeia, o Tratado de Amsterdã, o Tratado de Nice e o Tratado de Lisboa, sendo os atos normativos derivados chamados de regulamentos, diretivas, decisões, recomendações e pareceres.

Deste modo, para Ambos (2006, p. 49) a característica marcante da União Europeia é a de que:

Os tratados que instituíram as Comunidades Europeias são tratados internacionais. Sem dúvida que eles apresentam, na sua interpretação e na sua aplicação, especialidades em relação ao Direito Comum dos Tratados; mas nada disso interfere com o princípio de base de que eles são instrumentos do Direito Internacional e não se confundem designadamente com a Constituição de um Estado. Para chegarmos a essa conclusão foi decisivo o fato de, de harmonia com o Direito Comunitário vigente, os tratados institutivos das Comunidades, que foram concluídos pelos Estados, continuarem subordinados à vontade comum dos Estados-membros quer quanto à sua ab-rogação.

Assim, a característica peculiar da Comunidade Europeia é realizar a cooperação internacional, mediante o emprego de processos integradores capazes de consolidarem no grupo de suas partes um nível de coesão interna de expressão comunitária.

Tendo os tratados institutivos da comunidade como início, as normas de direito comunitário visam a regulamentação de suas relações jurídico-econômicas, não só no tocante ao regime fiscal e de concorrência, direito do consumidor e agricultura, apresentando caracteres que ora o enquadram como direito internacional público, e ora como direito interno.

(40)

Portanto, a suma diviso entre o Direito da União o Direito Internacional Público está no seu ordenamento jurídico, com suas características ousadas e inovadoras, quais sejam: a autonomia; a aplicabilidade direta, o efeito direto; a primazia; e a uniformidade de interpretação e aplicação do Direito da União.

Este conjunto de características esboça os contornos de um arquétipo historicamente novel de composição internacional, que congrega em si competências legislativas e jurisdicionais próprias, e independência em relação aos seus membros.

Neste tocante, a ordem normativa comunitária corresponde a uma razão através da qual, as normas jurídicas estatais internas devem ser substituídas por um ato comunitário, sempre que uma regulamentação precisa, comum a todos os Estados-membros, seja necessária, do contrário, deve respeitar as ordens jurídicas nacionais.

Por conseguinte, foi na conjuntura do direito comunitário derivado que se desenvolveram os instrumentos jurídicos que permitem às instituições comunitárias agir, em graus diferentes, sobre as ordens jurídicas nacionais, sendo a forma extrema desta ação a substituição das normas nacionais por normas comunitárias. Seguem-se as normas que permitem às instituições comunitárias agir, indiretamente, sobre as ordens nacionais. Prevê-se, ainda, a possibilidade de, para a regulamentação de casos concretos, tomar medidas em relação a um destinatário determinado ou determinável. Por último, preveem-se atos jurídicos que não contêm qualquer disposição vinculativa para os Estados-membros ou para os cidadãos da União.

O sistema jurídico comunitário contém todos os tratados, regulamentos, diretivas, atos em geral dos institutos da União Europeia. A mais importante alteração no sentido de sua implementação, foi entender que a pessoa jurídica de direito internacional público não é só os Estados, mas, a partir da União, também as instituições comunitárias.

(41)

comunitário nos ordenamentos jurídicos nacionais e no primado deste sobre os direitos nacionais. Esta relação não é oriunda dos tratados, mas da jurisprudência do já mencionado Tribunal de Justiça.

Deste modo, os conflitos entre as legislações nacionais e comunitárias, inevitáveis, são resolvidos pelo Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias, conforme ensina Magnoli (2004, p. 87):

A atividade do tribunal de Justiça reflete o surgimento de um direito comunitário, que se superpõe aos direitos nacionais e os subordina, no âmbito das questões ligadas aos tratados. O direito comunitário tem força de lei nos países-membros, aplicando-se diretamente a Estados, pessoas jurídicas e particulares.

Essa atividade do referido tribunal, então, consiste basicamente em produzir corpo jurisprudencial suficiente, baseado nos três princípios fundamentais supracitados: a autonomia do direito comunitário em relação aos direitos nacionais; a aplicabilidade direta das normas comunitárias sobre todo o seu âmbito de jurisdição territorial; e, o primado da norma comunitária sobre a estatal.

Para Machado (2010, p. 480), “o poder judicial constitui um instrumento da maior importância na efetivação e desenvolvimento do direito europeu. Isto não inclui apenas os órgãos judiciais da EU propriamente ditos, mas também os tribunais dos Estados-membros”.

Entende-se que o direito comunitário deve ser aplicado uniformemente e prevalecer sobre o direito nacional. Portanto, para que a União Europeia continue seu processo de integração, fundamentada na unificação por meio de tratados é preciso garantir:

a) a aplicabilidade direta, na qual as normas comuns se integram automaticamente no direito interno e podem ser invocadas;

b) a exclusão pela norma comunitária da aplicação de qualquer norma; c) a salvaguarda jurisdicional, ou seja, o respeito às normas deve ser garantido para meio de uma interpretação uniforme.

(42)

A ordem jurídica instituída no quadro das Comunidades não seria verdadeiramente eficaz se as normas que a integram não beneficiassem de sólida garantia jurisdicional do respeito que lhes é devido por parte de todos os seus destinatários (órgãos comunitários, Estados e simples particulares).

Na senda dessas ações, o Tribunal de Justiça, que tem por função a interpretação do direito comunitário como um todo, e através desta prerrogativa, decidir sobre o conjunto das disputas surgidas entre as diversas instituições comunitárias entre si, entre os Estados membros, entre os Estados membros e as instituições comunitárias, e finalmente, entre as pessoas privadas e os Estados e as instituições comunitárias.

Afinal, a existência de um órgão jurisdicional centralizado é um componente essencial num processo de integração, e este foi, e ainda é garantido pela ordem jurídica criada no âmbito da União Europeia, que dispõe de um sistema coerente de proteção jurídica ao direito das comunidades. No núcleo desse sistema de proteção está o Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias, que possui a mais elevada competência jurisdicional no tocante às regras do direito comunitário, com esfera de atuação tanto na jurisdição voluntária, quanto na contenciosa, envolvendo Estados-membros, instituições europeias, pessoas jurídicas e físicas.

Entende-se, destarte, que o Tribunal de Justiça da União Europeia foi uma importante ferramenta de apoio e construção do direito comunitário europeu, resolvendo e propondo soluções as demandas enfrentadas pelos Estados em integração.

3.1 O TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA UNIÃO EUROPEIA

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TABELA 01 – Quadro dos Presidentes do TJUA (1952 a 2011)
TABELA 01 - ENTRADA - Natureza dos processos entre 2006 e 2010
TABELA 02 - Processos findos — Natureza dos processos (2006-2010)
TABELA 03 - ENTRADA - Natureza dos processos entre 2006 e 2010
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