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Rev. adm. empres. vol.34 número6

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Academic year: 2018

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(1)

POR QUE

OS

PROGRAMAS DE

.

tALHAM?

*JOM Tolovl Jr.

Quais as causas de insucesso

em

programas de qualidade? Este artigo analisa

situações reais e oferece sugestões de superação.

Which are the failure causes in quality programs? This article analyses actual situations

and offers suggestions

to

overcome them.

*ICEYWOROS:

Quality, total quality mana-gement, planning for quality, motivation for quality.

Parece.quenão existem<mais dúvidas sobre se qúalidade êboIfi ou não. As em-presas não f~ de outra coisa! Segun40 Paul Osterman1 do MIl' (Massachussets· Institute of Tecnology), aproximadamen-te80%das empresas americanas, nos mais

YanadÓl).setote~, adotaram alguma forma de círculos de qualidade, qualidade total (TQW), gestão baseada em equipes, ou al-gumacombinação entre elas.

Além disso, observamos também uma verdadeira febre de certificações nas

nor-"PAUVRA$-CHAVE:

dualidade, ,estio da qualidade total, planejamento paraa qua-lidade, motivBÇ'O para. quali-dade.

·Professor do GVPEC da EAESPI FGV e do POG-EXEC da Sociedade de Desenvolvimento Empresarial.

(2)

mas ISO 9000, o que poderia nos indicar que nossas organizações estão cada vez . mais "qualificadas", ou seja, trabalham

com melhor qualidade.

Contudo, quando nos aproximamos mais das pessoas que fazem, ou deveriam fazer, qualidade, nem sempre encontra-mos aquilo que leencontra-mos nos jornais e revis-tas. As pessoas se queixam que seu pro-grama não é bem o que é publicado; que o nível de qualidade na empresa melhorou, mas está longe do que poderia ou deveria ser; que a direçãQ da empresa, na verda-de, não se importa com qualidade; que estão perdendo tempo com um PrQgrama que não está levando a lugar algum; e as-sim por diante.

São familiares essas frases? Temos cer-teza que já as ouviram, e, recentemente! O que está, então, acontecendo com nos-sos programas de qualidade? Por que al-guns funcionam maravilhosamente en-quanto outros parecem apenas uma per-da de tempo e dinheiro?

Vamos analisar os vários aspectos ou situações que têm levado inúmeras orga-nizações (infelizmente mais que o desejá-vel!) a situações de insucesso em sua bus-ca pela qualidade.

NÃO-ENVOLVIMENTO DA ALTA DIREÇÃO

Mais uma vez voltamos ao decantado envolvimento da alta direção. Não deve-mos ter assunto tão

mar uma organização

ações "matriciais" tão cruraC1teri:stic:as programas de qualidade. Est:as IdifilcuJlda-des estão na seguinte orc1etln:e'smutulra, sistemas, comJ)ortarnelrttoJe c:ultur'a.,1\0se falarem

Temosobservadoqueosprincipaisex~ cutivos, ou os donos, das organizações que se interessam por qualidade, na verdade, estão mais interessados com o modismo do que com as verdadeiras implicações e conseqüências de um tal programa. Para não sermos totalmente injustos, alguns

É fundamental que os

dirigentes de nossas

empresas entendam que

programas de qualidade são

programas que tratam do

comportamento das pessoas

e, portanto, levam tempo.

estão interessados nos efeitos debottom Une

(afinal, como se diz isto em português?) de sew; programas, o que é perfeitamente compreensível, sem contudo se darem conta que estão lidando com comporta-mento, com pessoas, com interesses pes-soais e com (des)equilíbrios de poder.

Éinútil, vamos repetir, é inútil, tentar iniciar programas de qualidade sem o ver-dadeiro interesse da alta administração. Temos constantemente dito a empresas, qUleJ:.ensarn em i5eini<:iar no modismo da

1. Susiness Week.Oct. 17. 1994.

2. TOM - Total Ouallty

Mana-g8lT18ntoU. em portullu8s. Ges-tio da Qualidade Total.

a.

OAVIS. Stanley M.• LAW-RENCE. Paul. Matrlx. Mass.: Addison Wesley O. D. Series.

(3)

i1~11

EXECUTIVA

5. GRANT, R. M., SHANI, R., KRISHNAN, R. TOM's Cha-lIenge to Management - theory and practice. stoen Mana-gement Review,Winter 1994.

8

REUÇÔES EfflRe CAUSAS DE"INSUCesso

DE PROGRAMAS Dl: QUALIDADE

~ ..

J

Desinteresse do __ ~ nível gerencial

para a empresa, para os colaboradores e para a sociedade. Isto só é. viável com o real interesse e entendimento que quali-dade é bom e traz retornos para a organi-zação.

Ansiedade por resultados

Éfundamental que os dirigentes de nos-sas emprenos-sas entendam que programas de qualidade são programas que tratam do comportamento das pessoas e, portanto, levam tempo. Temos vivenciado vários casos de ansiedade por resultados q!le le-vam ao insucesso de programas bem

ini-ciados, simplesmente porque as pessoas não 'têm a. paciência adequada ao tipo de projeto que estão conduzindo.

Ouvimos, no Japão, frases corno"Nosso programa de qualidade está muito no inicio; oiniciamos há seis anos!" É claro que estamos no Ocidente e nossa cultura (ou

paciência) é diferente, mas temos que ter consciência de que os primeiros resulta-dos demoram a surgir. Provavelmente nada ocorrerá antes

de

um ano, e talvez os primeiros' resultados sejam modestos, Mas as empresas que têm trabalhado com perseverança têm provado que a espera vale a pena. E também que a soma de pe-quenos resultados pode trazer grandes beneficios para a organização.

Éfundamental que se tenha em mente

Planejamento inadequado

Falta de apoio técnico

Ansiedade por resultados

a necessidade de superar a fase inercial inicial. Em uma gráfica de grande porte passamos um ano em eternas discussões sobre os efetivos resultados do projeto de qualidade em implantação. Em um deter-minado momento, e isto tem se repetido inúm.eras vezes! os resultados começaram a aparecer e as discussões sobre resulta-dos tomaram outra forma, bem mais

sau-cl,ável.

Além da ansiedade por resultados a curto praz<,>,outra situação que leva ao aborto de inúmeros programas de quali-dade éa expectativa exa,gerada dentro das empresas. O processo de implantação da qualidade é gradual. Gradual e crescente, de tal forma que é preciso entender em que fase da curva de desenvolvimento es-tamos,

A qualidade não acontece por conta própria. Éum conunuo envolvimento de pessoas que, no início parece inócuo, mas no decorrer do tempo, e se o processo for continuamente estimulado, apresenta

te-sultados crescentes e cada vez mais sur-preendentes.

Desinteresse do nível gerencial

u.A

grande popularidade dos programÇls de qualidade tem impedido que Onível gerencial das organizações' entenda profundamente sua ideologia e coneequêncioe'" .Esta frase nos

Sistema da remuneração inconsistente

Descuido com a motivação

Treinamento precário

Escolha inadequada de multiplicadores

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oferece, talvez, uma boa indicação do que. pode ocorrer com o nível gerencial das empresas. Não se questiona a qualidade, mas, muitas vezes, também não ~e entra no íntimo da questão. Se o envolvimento da alta administração ébásico para o su-cesso, o do nível gerencial é-crucial para sua sustentação.

Não basta a vontade do presidente, é preciso que ele tenha suporte de todas as camadas organizacionais pois, mais uma vez, programas de qualidade são progra-mas de envolvimento e comprometimen-to de pessoas. O nível gerencial tende a achar que qualidade é algo óbvio e que, portanto, não necessita de grande energia ou dedicação. Sem dúvida, este é o cami-nho certo para grandes dificuldades na implantação.

Acompanhamos, recentemente, uma grande empresa industrial de processos sofrer uma enorme dificuldade em desen-volver seu programa de qualidade e de certificação ISO, apesar de ter seu presi-dente e principal executivo como princi-pal patrocinador. Somente quando os ou-tros níveis gerenciais da, organização as-sumiram seu papel no processo, a quali-dade começou a trazer os benefícios ante-riormente projetados.

Planejamento inadequado

A implantação da qualidade é sempre um projeto delongo prazo, e, portanto.não

Tteinamento precáriG

RAE • v. 34 • n. 6 • Nov./Dez. 1994

prescinde deum bom planejamento. Mais uma vez, como o conceito de qualidade parece óbvio e evidente para todos, mui-tas empreees partem diretamente para a execução, sem se preocuparem muito com o planejamento. Para sermos sinceros, ain-da é melhor esta atitude de sair executan-do executan-do que nada fazer. Contuexecutan-do, à.medida que o tempo passa, e as exigências por ní-veis superiores de qualidade aparecem, a falta de um planejamento adequado pode levar a situações indesejáveis.à inseguran-ça e ao insucesso de um caminho" que vi-nha sendo trilhado.

É inútil insistir sobre os benefícios do planejamento. Convém, no entanto, ressal-tar que a implantação da qualidade é um processo bastante complexo com muitas incertezas e ambigüidades. Isto poderia nos sugerir que nestas condições não há o que planejar. Afirmamos que se trata jus-tamente do contrario. Um bom planeja-mento poderá nos dar as bases de compa-ração para saber se estamos ou não indo no rumo certo e se devemos corrigir nossa rota de tempos em tempos, O exercício do planejamento para programas de qualida-de qualida-deve incluir metas, treinamento, meto-dologia a ser aplicada, velocidade de im-plantação, áreas a serem abordadas e pes-soas envolvidas. Essa abrangência, por si só, mostra-nos os riscos que podemos cor-rer se não dermos a devida importância ao planejamento.

Insucesso dos programas de

qualidade

6.Não se pode falar de um pro-grama formal de qualidade nesta situação de ausência de planejamento!

(5)

11~12

EXECUTIVA

7. ISHIKAWA, K. Atividades do Circulo de CO.Controlede Qua-lidade Total.Rio de Janeifo: Campus, 1993.

8.KUME, H.Métodos estatfs-licos para melhoria da quali-dade.São Paulo: Gente e AOTS, 1993.

9.ISHIKAWA, op. cit., OSADA, T.Th85S's flve keys toatotal quality envlronment. Tokyo: Asian Productivity Organlzatlon, 1991; SHIOZAWA, R.S.C. Qua-lidade no atendimento e tec-nologia de Informaçlo. Slo Paulo: Atias, 1993.

10.KUME, H. Op. cit.

11.Sempre ébom relembrar os conceitos de higiene e motiva-elo de HERZBERG. F'f

MAUS-MER.B., SNYDERMAN, B. Tbe motlvat/Qo to work.New York: Wiley, 1959.

10

Treinamento precário

Um dos comentários mais freqüentes é que círculos de qualidade são coisas do passado, ou ainda, coisas que não funcio-nam. Muitas empresas colocam grupos de pessoas para discutirem problemas sem o menor preparo para tal.

Não é óbvio para as pessoas como se deve analisar problemas. Em,geral, as pes-soas nem sabem por onde começar. Qual-quer tentativa de montagem de grupos de trabalho para se analisar problemas deve se iniciar com tr~inamento. Parece óbvio, mas não é o que se faz muitas vezes, atri-buindo-se, depois, os maus resultados ao conceito e não à falta de preparação das pessoas.

~ fundamental o estabelecimento de um programa de treinamento em solução de problemas7, treinamento em ferramentas estatísticas simples8,

visi-tas a outras empresas, e estímulo ao autodesen-volvimento. Étambém importante que o treina-mento

técnicas e métodos10• Já acompanhamos casos em que as pessoas envolvidas com a. implantação da qualidade se sentiam frus-tradas e mesmo incapadtadas de seguir em frente sem entender bem o que estava ocorrendo. Este é quase sempre um indí-cio da falta de apoio técnico, isto é, aque-las pessoas que já superaram seus limites de conhecimento e que carecem de técni-cas que as auxiliem a sair da situação. Não estamos dizendo que o apoio técnico deva ser externo à organização. Freqüentemente este é o caminho mais curto, mas muitas empresas têm desenvolvido seus própri-os técnicprópri-os com excelentes resultadprópri-os.

Sistema de remuneração inconsistente A questão da remuneração é sempre debatida e extremamente polêmica, parti-Cularmente em nosso país onde existem tantas diferenças salariais. Sabemos, e

acreditamos, que a re-muneração não é fator de motivação, mas de

hígíene".

No entanto, é preciso estar atento para as incoerências que podem se formar ao se estimular pessoas a trabalharem com quali-dade.

(6)

---,,---,--está associado a um sistema de metas .ou orçamentário, que quase nunca está asso-ciado ao programa de qualidade. Mais grave ainda é o fato que, em geral, os pro:-gramas e qualidade estimulam resultados de equipes enquanto que os sistemas de avaliação, quase que unanimemente, enfatizam o desempenho individual.

Escolha inadequada de multip\icadores , Como o treinamento é algo contínuo e dinâmico, é crucial a escolha de elemen-tos multiplicadores do conhecimento que se quer disseminar para toda a organiza-ção. O erro mais comum que se vê na es--colha destas pessoas, e que leva geralmen-te ao insucesso, está ligado à não-obser-vância de seu perfil realizador. Ou seja, a capacidade destas pessoas gerarem resul-tados, o que se pode observar em suas fun-ções correntes. Como se diz popularmen-te, "se você quer que algo seja feito, peça a al-guém ocupado". Esta parece ser uma boa indicação inicial para o perfil dos multi-plicadores: pessoas ocupadas. Existe, no entanto, uma certa tendência a se indicar justamente aquelas pessoas que dispõe de mais tempo. Será que este "mais tempo" já não é um mau indicador deperformance?

Por outro lado, não nos iludamos quan-to ao aspecquan-to da capacidade de comunica-ção destes multiplicadores. A função é a da disseminação do conhecimento, formal e informal, portanto, essa característica é também crucial ao sucesso do programa. Em quase todos os proçessos que partici-pamos, ~a éomb Observadores ou cômo elementos atuantes, confrontamo-nos com essa questão. Normalmente, passamos por duas ou três seleções antes de chegar à equipe desejada de multiplicadores.

do com. suas idéias se não forem recompensa-das por isso" .Parece inacreditável, mas ain-da se deixa de lado o aspectomotivacional envolvido em programas de qualidade. Cada um precisa sentir que também será beneficiado pela qualidade. Podemos fa-zer isto de várias formas, desde a mais sim-ples que é mostrar claramente os benefíci-os para as pessoas, até as mais sofistica-das que envolvem prêmios e recompen-sas até financeiras.

O reconhecimento do resultado obtido" ainda continua sendo a forma mais eficaz de se motivar colaboradores. A descon-sideração por esta simples regra é um dos caminhos mais rápidos para o fracasso de programas de qualidade.

As pessoas percebem se os níveis supe-riores estão motivados ou não, e isto pode ser um elemento altamente positivo ou al-tamente negativo. Não estamos falando só em discurso, mas nas atitudes perante a qualidade, nas demonstrações contínuas, por todos os níveis de gestão, de seu inte-resse pelos resultados do programa.

CONCLUSÃO

De uma maneira geral, pode-se afirmar que todos os casos de insucesso em im-plantação de programas de qualidade es-tão associados a um ou mais dos fatores aqui apresentados. Em geral, são mais de

um que causam os

pro-blemas 0111oatr.a80 no atiJngimento das

me-cada um dos

uerus,ass~~Qes!~Ore~lti~,m~~resim-•

12. Quando estou certo nin-guém sé lembra, quando estou errado niriguém se esquece.Bar do leo, Silo Paulo;

13. BusllI6ss Ktlsk,Oct. 17,

1994.

14.KONDO,Y.Human

motlva-tton. Tokyo: 3A Corporation,

1991.

o

autor gostaria de agradecer ao professor Marilson Alves GonçalVespelas pacientes revi-sões e inameras sugestGes.

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