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O NOVO MARCO LEGAL DA BIODIVERSIDADE E A PROTEÇÃO AOS CONHECIMENTOS TRADICIONAIS ASSOCIADOS - NEW LEGAL FRAMEWORK FOR BIODIVERSITY AND THE ASSOCIATED

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Proceeding of ISTI– ISSN:2318-3403 Aracaju/SE – 23 a 25/09/ 2015. Vol. 3/n.1/ p.387-393 387 D.O.I.: 10.7198/S2318-3403201500030047

O NOVO MARCO LEGAL DA BIODIVERSIDADE E A PROTEÇÃO AOS CONHECIMENTOS TRADICIONAIS ASSOCIADOS - NEW LEGAL

FRAMEWORK FOR BIODIVERSITY AND THE ASSOCIATED TRADITIONAL KNOWLEDGE PROTECTION

Thaisi Leal Mesquita de Lima – thaisileal@outlook.com

Graduanda do Curso de Direito – Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Thomas Kefas de Souza Dantas – prof.thomaskefas@gmail.com

Docente do Departamento de Direito do CERES da UFRN. Docente Externo do Departamento de Direito Público do da UFRN. Mestre em Direito Constitucional pela PPGD-UFRN.

Patricia Borba Vilar Guimarães – patriciaborb@gmail.com

Docente do Departamento de Direito Público da UFRN. Doutora em Recursos Naturais pela UFCG.

Resumo— O Novo Marco Legal da Biodiversidade, Lei Federal 13.123/2015, foi sancionado no dia vinte de maio de 2015 e trouxe inúmeras inovações no que diz respeito à proteção jurídica da diversidade biológica brasileira. Este artigo pretende analisar o Novo Marco Legal da Biodiversidade, evidenciando seus pontos positivos e negativos, e discutir os potenciais impactos que essa nova legislação causará às comunidades tradicionais, detentoras de conhecimentos tradicionais associados. Objetiva-se também distinguir os conceitos de conhecimentos tradicionais e conhecimentos tradicionais associados. Para alcançar esses objetivos fez-se um levantamento bibliográfico sobre o assunto e examinou-se a Lei Federal 13.123/2015, recentemente sancionada. Concluiu-se por meio deste que essa nova legislação acarretará várias modificações na comercialização de produtos com bases provenientes dos conhecimentos tradicionais associados. Além disso, ficou evidente que as comunidades tradicionais e indígenas irão sofrer grande impacto com a abertura que o Novo Marco dará aos que se valem da exploração desses conhecimentos, ao passo que essa nova legislação trará uma maior flexibilização da concessão de direitos de exploração do Patrimônio Genético brasileiro.

Palavras-Chave— Novo Marco Legal da Biodiversidade, Comunidades Tradicionais, Conhecimentos Tradicionais Associados.

Abstract— The New Legal Framework for Biodiversity, federal law n. 13.123/2015, was sanctioned on May 20, 2015 and brought numerous innovations with regard to the legal protection of Brazilian biodiversity. This article analyzes the new legal framework for Biodiversity highlighting their strengths and weaknesses, and discuss the potential impacts that this new legislation will cause in traditional communities, holders of the traditional knowledge.

It also aims to distinguish the concepts of traditional knowledge and associated traditional knowledge. To achieve these goals it was analyzed the literature and examined the Federal Law n. 13.123/2015, recently sanctioned. It was concluded that this new legislation will bring several marketing impacts over the products from traditional knowledge. In addition, it became clear that traditional and indigenous communities will suffer major impact by this new legislation that will bring greater flexibility to Brazilian genetic heritage exploration rights.

Keywords—New Legal Framework of Biodiversity, Traditional Communities, Associated Traditional Knowledge.

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Proceeding of ISTI– ISSN:2318-3403 Aracaju/SE – 23 a 25/09/ 2015. Vol. 3/n.1/ p.387-393 388 D.O.I.: 10.7198/S2318-3403201500030047

I. INTRODUÇÃO

A biodiversidade brasileira constituída, por exemplo, pela Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampas é um patrimônio de valor imensurável e que urge por uma proteção legal que contribua para a sua preservação. Além de ser um país demasiadamente biodiverso, o Brasil é também um país sociodiverso, tendo em vista que abriga inúmeras comunidades, tais como as indígenas, quilombolas, ribeirinhas, dentre outras, detentoras de conhecimento sobre a biodiversidade nacional. Os vastos recursos naturais existentes no Brasil permitem que sua população possa desfrutar de uma qualidade de vida da qual sem eles não seria possível.

Nesse sentido, há muito tempo o Brasil sofre com a ausência de uma legislação que regulamente as relações entre os detentores de conhecimentos tradicionais, os pesquisadores, as indústrias e a própria biodiversidade. Nesse contexto, surgiu a proposta de um Novo Marco Legal da Biodiversidade, o qual após muitas discussões foi sancionado por meio da Lei Federal 13.123, no dia vinte de maio de 2015.

Antes mesmo de ser sancionado o Novo Marco Legal da Biodiversidade já era alvo de inúmeras polêmicas, sendo acusado inclusive de ser uma legislação voltada para o benefício das grandes indústrias farmacêuticas, em detrimento das comunidades tradicionais.

Este trabalho pretende, portanto, discutir os impactos que a referida lei causará, principalmente, a biodiversidade brasileira, às comunidades tradicionais e aos conhecimentos tradicionais associados que estas detêm.

Também é objetivo deste artigo confrontar os pontos positivos e negativos do Novo Marco, de modo a evidenciar quais os possíveis impactos que ele pode causar a biodiversidade e aos conhecimentos tradicionais associados. Além disso, este artigo almeja distinguir os conceitos de conhecimentos tradicionais e conhecimentos tradicionais associados, os quais nem sempre são bem compreendidos e, dada a importância do momento atual para a biodiversidade, necessitam ser discutidos.

Para tanto, fez-se um levantamento bibliográfico sobre o assunto e examinou-se a Lei Federal 13.123/2015, recentemente sancionada. Este trabalho foi divido em cinco pontos, sendo três destes destinados a análise sobre o Novo Marco Legal da Biodiversidade, a proteção dos conhecimentos tradicionais associados e aos possíveis impactos que o Novo Marco Legal pode causar às comunidades tradicionais.

II. BREVEANÁLISESOBREONOVOMARCOLEGALDABIODIVERSIDADE

Embora o Novo Marco Legal da Biodiversidade1 seja fruto da discussão acerca da insuficiência da Medida Provisória 2.186-16 de 2001, a qual regula sobre o acesso ao patrimônio genético, à proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado, a repartição de benefícios e o acesso à tecnologia e transferência de tecnologia para sua conservação e utilização, bem como sobre assuntos correlatos2, a ideia de proteção legal da biodiversidade existe desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, quando ela trouxe em seu texto, mais precisamente no artigo 225, inciso II, a incumbência ao Poder Público de preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do país e de fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético.3

Somado a isso, em fevereiro de 1994 o Brasil ratificou a Convenção sobre a Diversidade Biológica, assumindo não só o compromisso formal com seus três grandes objetivos – a conservação da biodiversidade, o uso sustentável de seus componentes e, principalmente, a repartição justa e equitativa dos benefícios derivados deste uso - mas também comprometeu-se com a obrigação de criar os instrumentos legais para regulamentar o acesso e a utilização dos recursos genéticos sob sua jurisdição, responsabilizando-se também pela proteção aos conhecimentos tradicionais a eles associados.4 Só então emergiu a proposta da Medida Provisória 2.186-16 de 2001, mostrando-se ao longo do tempo insuficiente para regulamentar as relações referentes a biodiversidade.

1BRASIL. Lei Federal n° 13.123, de 20 de maio de 2015. Regulamenta o inciso II do § 1o e o § 4o do art. 225 da Constituição Federal, o Artigo 1, a alínea j do Artigo 8, a alínea c do Artigo 10, o Artigo 15 e os §§ 3o e 4o do Artigo 16 da Convenção sobre Diversidade Biológica, promulgada pelo Decreto no 2.519, de 16 de março de 1998; dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, sobre a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado e sobre a repartição de benefícios para conservação e uso sustentável da biodiversidade; revoga a Medida Provisória no 2.186-16, de 23 de agosto de 2001; e dá outras providências.

2BRASIL. Medida Provisória 2.186-16 de 23 de agosto de 2001. Regulamenta o inciso II do § 1o e o § 4o do art. 225 da Constituição, os arts. 1o, 8o, alínea "j", 10, alínea "c", 15 e 16, alíneas 3 e 4 da Convenção sobre Diversidade Biológica, dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado, a repartição de benefícios e o acesso à tecnologia e transferência de tecnologia para sua conservação e utilização, e dá outras providências.

3BRASIL. Constituição Federal de 1988.

4JOLY, Carlos Alfredo. Acesso a recursos genéticos, repartição de benefícios e proteção dos conhecimentos tradicionais. Biota Neotrop., Campinas , v. 5, n.

1, p. 3, 2005 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-06032005000100001&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 30 jun. 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S1676-06032005000100001.

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Proceeding of ISTI– ISSN:2318-3403 Aracaju/SE – 23 a 25/09/ 2015. Vol. 3/n.1/ p.387-393 389 D.O.I.: 10.7198/S2318-3403201500030047

Diante do caos na regulamentação das relações tangentes a diversidade biológica, fez-se premente a elaboração de um Novo Marco Legal acerca do tema, o qual, ainda que recém-sancionado, já é alvo de inúmeras críticas e insatisfações, principalmente por parte das comunidades tradicionais, as quais alegam terem seus direitos mais uma vez violados por meio de uma legislação que, em tese, deveria proteger e regular a exploração da biodiversidade e dos conhecimentos associados a esta.

Analisando o texto do Novo Marco Legal da Biodiversidade, o mesmo refere-se à demonstração da possibilidade de identificação ou não do conhecimento tradicional. O maior receio dos estudiosos e dos interessados no assunto é que um conhecimento tradicional de origem identificada se passe por não identificada para atender aos interesses dos agentes envolvidos, em detrimento dos direitos das comunidades tradicionais e indígenas. Além disso, ainda que seja proibido o acesso por parte de pessoa natural estrangeira, o Novo Marco Legal da Biodiversidade permite o acesso por pessoa jurídica sediada no exterior, dando margem para que uma pessoa jurídica estrangeira tenha acesso direto ao patrimônio genético e aos conhecimentos tradicionais brasileiros. Para tanto, é necessário o consentimento prévio e expresso por parte do Estado brasileiro.5

Apesar dos esforços para proteger os interesses nacionais contra a biopirataria, no artigo 12, inciso IV e no artigo 13, inciso II, o Marco da Biodiversidade erra ao prever a possibilidade de acesso in situ6 e remessa de amostra para o exterior em favor de pessoa jurídica estrangeira. Isso ocasiona duas situações, primeiro, uma pessoa brasileira, seja natural ou jurídica, pode remeter para o exterior componentes da biodiversidade, bastando fazer um cadastro prévio; segundo, uma pessoa jurídica estrangeira pode remeter para o exterior os mesmos componentes, exigindo-se aqui uma autorização prévia.7 Com isso, almeja-se simplificar o sistema, facilitando a remessa do patrimônio biológico ao exterior, dificultando a instalação de bases biotecnológicas no Brasil e reforçando as dependências internacionais, enquanto ideal seria em vez de remeter para o exterior componentes da biodiversidade nacional, construir parcerias entre universidades brasileiras e empresas e universidades do exterior, de modo a tornar o Brasil sede da pesquisa, do desenvolvimento e da exploração benéfica da sua biodiversidade.

No que diz respeito às comunidades indígenas, a Medida Provisória 2.186-16 de 2001 obriga a intervenção da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), ou seja, em termos jurídicos que, mesmo em caso de conhecimento tradicional, o Estado brasileiro sempre dará a última palavra, ficando a comunidade indígena com o direito tão somente de anuir, mesmo assim sob a tutela do órgão indigenista oficial já citado. Com o advento do Novo Marco Legal da Biodiversidade, o Estado continua a reconhecer o direito das comunidades de participar da tomada de decisões nacionais sobre assuntos relacionados à preservação e utilização sustentável de seus conhecimentos tradicionais associados.8 Contudo, não se fará necessária a intervenção da FUNAI, o que representa uma significativa emancipação das comunidades indígenas, embora a questão seja polêmica, tendo em vista que não existe uma comissão que oriente os índios acerca dos seus direitos e de como se dará o processo nos quais seus conhecimentos tradicionais estarão envolvidos.

A isenção de toda e qualquer divisão de benefícios por parte das microempresas, empresas de pequeno porte e microempreendedores individuais, com o intuito de impedir que as grandes companhias bioindustriais se desdobrarem em sociedades simples, visando o beneficio próprio por meio de tal previsão legal, tem gerado desagrado. Há também o descontentamento sobre as empresas bioindustriais só começarem a dar algum retorno ao país após o produto final entrar em fase de comercialização, pois até aí, nada seria devido ao Brasil pelo acesso e utilização de sua riqueza biológica.9

Importa também comentar o fato de o projeto de lei do Novo Marco Legal da Biodiversidade ter sido desenvolvido sem a participação direta das comunidades indígenas e tradicionais, o que fere a Convenção 169 da

5TOLEDO, André de Paiva. Marco da Biodiversidade é contrário aos interesses nacionais. 2015. Disponível em:

<http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/540369--marco-da-biodiversidade-e-contrario-aos-interesses-nacionais-entrevista-especial-com-andre-de-paiva-toledo>.

Acesso em: 15 maio 2015.

6BRASÍLIA. CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPQ). (Org.). Definição de condição in situ e condição ex situ. 2005. Disponível em: <http://www.cnpq.br/documents/10157/11c895c4-9903-4a97-b082-d3d3276ac3fb>. Acesso em: 10 maio 2015.

7TOLEDO, André de Paiva. Marco da Biodiversidade é contrário aos interesses nacionais. 2015. Disponível em:

<http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/540369--marco-da-biodiversidade-e-contrario-aos-interesses-nacionais-entrevista-especial-com-andre-de-paiva-toledo>.

Acesso em: 15 maio 2015.

8Idem.

9TOLEDO, André de Paiva. Marco da Biodiversidade é contrário aos interesses nacionais. 2015. Disponível em:

<http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/540369--marco-da-biodiversidade-e-contrario-aos-interesses-nacionais-entrevista-especial-com-andre-de-paiva-toledo>.

Acesso em: 15 maio 2015.

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Proceeding of ISTI– ISSN:2318-3403 Aracaju/SE – 23 a 25/09/ 2015. Vol. 3/n.1/ p.387-393 390 D.O.I.: 10.7198/S2318-3403201500030047

Organização Internacional do Trabalho10, da qual o Brasil é signatário.

Indubitavelmente, um dos pontos mais criticados no texto do Novo Marco Legal da Biodiversidade reside sobre o que está disposto no artigo 38 da supracitada lei, o qual dispõe que, em um ano, a partir da entrada em vigor da nova lei, aquela pessoa que, de 30.06.2000 até a data de início da vigência, teve acesso ou fez remessa ao exterior de componentes biológicos e de conhecimentos tradicionais associados, assinando um Termo de Compromisso para regularizar sua situação junto ao Poder Público, estará suspenso da aplicação e da exigibilidade das sanções cometidas até a véspera da entrada em vigor da nova lei. A anistia das multas foi inserida como consequência do cumprimento do Termo de Compromisso e, no caso de instituição de pesquisa, nem esse requisito é necessário. A polêmica reside sobre a anistia de todos aqueles que durante 15 anos praticaram irregularmente o acesso e a remessa de amostras da biodiversidade brasileira, pois essa medida dará carta branca aqueles que exploraram durantes anos a biodiversidade nacional.

Em contrapartida, os defensores do Termo de Compromisso alegam que se trata de um mecanismo que visa estabelecer novos padrões de ação fundados em uma nova legislação, teoricamente mais clara, precisa e segura.

Entretanto, importa salientar que o regime de 2001 é tão claro sobre o sistema de consentimento prévio informado e partilha de benefícios como o é o regime de 2015, deixando evidente que a já citada anistia, tem por objetivo capitalizar as instituições que pesquisam e utilizam elementos da diversidade biológica. No que tange à exploração do patrimônio genético nacional, o Brasil tornar-se-á uma colônia que participará do contexto econômico internacional como exportadora de matéria-prima barata e importadora de produtos biotecnológicos acabados. Com isso, o Brasil perde a oportunidade de colocar a utilização soberana dos recursos da diversidade biológica no eixo do processo de desenvolvimento socioeconômico, erradicação da pobreza e sustentabilidade.11

Ainda que a supracitada legislação esteja sendo alvo de muitas críticas, se faz necessário também evidenciar as benfeitorias provenientes dessa nova legislação para que se possa fazer um apanhado acerca do que o Novo Marco propõe de modo geral.

O Novo Marco Legal da Biodiversidade pretende assegurar a preservação ambiental, a conservação do patrimônio genético, a utilização sustentável desse patrimônio, o respeito aos interesses das comunidades tradicionais e indígenas e a partilha justa e equitativa dos benefícios advindos da pesquisa biotecnológica. As espécies domesticadas também são abarcadas pelo conceito de patrimônio genético, assim como aquelas que se encontram em condições ex situ12, ou seja, fora do território brasileiro, desde que coletadas em condições in situ.

Outra modificação trazida pelo Novo Marco é a mudança no tratamento que a legislação dá ao conhecimento tradicional associado ao patrimônio genético, ao passo que o inclui no patrimônio cultural brasileiro, reconhecendo-o como riqueza nacional, a qual merece proteção legal.

No que tange a biopirataria, alvo de preocupação quando o assunto é a biodiversidade, o Novo Marco Legal proíbe todo acesso ao patrimônio biológico e cultural nacional por pessoa natural estrangeira, com a finalidade de coibir as práticas de biopirataria em território brasileiro, sendo qualquer acesso à biodiversidade por pessoa natural estrangeira considerado ilícito.

III. APROTEÇÃOAOSCONHECIMENTOSTRADICIONAISASSOCIADOS

Conhecimento Tradicional Associado é toda e qualquer informação ou prática individual ou coletiva de comunidades indígenas ou de comunidade local, com valor real ou potencial, associada ao Patrimônio Genético13. Essas informações são desenvolvidas a partir das experiências dessas comunidades; da observação de fenômenos; da troca dos conhecimentos com outras comunidades; das práticas religiosas; e da necessidade de se adaptarem ao ambiente em que vivem ao longo do tempo.14

10 BRASIL. Decreto n° 5.051, de 19 de abril de 2004. Promulga a Convenção no 169 da Organização Internacional do Trabalho - OIT sobre Povos Indígenas e Tribais.

11TOLEDO, André de Paiva. Marco da Biodiversidade é contrário aos interesses nacionais. 2015. Disponível em:

<http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/540369--marco-da-biodiversidade-e-contrario-aos-interesses-nacionais-entrevista-especial-com-andre-de-paiva-toledo>.

Acesso em: 15 maio 2015.

12BRASÍLIA. CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPQ). (Org.). Definição de condição in situ e condição ex situ. 2005. Disponível em: <http://www.cnpq.br/documents/10157/11c895c4-9903-4a97-b082-d3d3276ac3fb>. Acesso em: 10 maio 2015.

13UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL. (UFRGS). Conhecimento Tradicional Associado. 2010. Disponível em:

<http://www.ufrgs.br/patrimoniogenetico/conceitos-e-definicoes/conhecimento-tradicional-associado>. Acesso em: 10 maio 2015.

14 BRASIL. Medida Provisória 2.186-16 de 23 de agosto de 2001. Regulamenta o inciso II do § 1o e o § 4o do art. 225 da Constituição, os arts. 1o, 8o, alínea "j", 10, alínea "c", 15 e 16, alíneas 3 e 4 da Convenção sobre Diversidade Biológica, dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, a proteção e o acesso ao

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Proceeding of ISTI– ISSN:2318-3403 Aracaju/SE – 23 a 25/09/ 2015. Vol. 3/n.1/ p.387-393 391 D.O.I.: 10.7198/S2318-3403201500030047

Os processos, práticas e atividades tradicionais dos povos indígenas, quilombolas e das demais populações tradicionais relacionados ao uso de espécies e outros recursos do ecossistema dependem diretamente do modo de vida dessas comunidades, o qual está ligado intimamente à floresta.15 Todo esse conhecimento é transferido de geração em geração, sendo a pedra angular das comunidades tradicionais.

As comunidades tradicionais são berço de inúmeras inovações nas mais diversas áreas. Exemplo de conhecimentos tradicionais associados são os métodos de pesca e de caça, técnicas de manejo de recursos naturais, conhecimento sobre ecossistemas e sobrepropriedades farmacêuticas, alimentícias e agrícolas de espécies animais, vegetais e fungicas. Importa destacar que conhecimentos tradicional é diferente de conhecimento tradicional associado. Exemplo clássico para distinguir esses dois conceitos é o da rede ou renda. Esses dois produtos são conhecimentos tradicionais, já conhecimento tradicional associado é a informação sobre qual planta detém a melhor fibra para fazer a rede ou sobre qual planta possui o melhor corante para tingir a rede. O conhecimento tradicional associado é, portanto, aquele associado ao uso das plantas.16

Os conhecimentos das populações tradicionais têm sido objeto de pesquisa e são utilizados como um meio mais desenvolvimento de produtos comerciais. Dos 120 princípios ativos atualmente isolados de plantas superiores utilizados na medicina moderna, 75% tiveram utilidades identificadas pelas comunidades tradicionais. Desse modo, por meio dos conhecimentos tradicionais associados à fabricação desses princípios ativos é agilizada, não sendo necessário fazer inúmeros testes para descobrir a aplicação destes.17

A Convenção sobre Diversidade Biológica reconheceu que os conhecimentos tradicionais são relevantes à conservação da biodiversidade. Porém, os seus recursos e os conhecimentos tradicionais associados aos mesmos tornaram-se alvo da Biopirataria.18 Nesse sentido, a conservação da biodiversidade é um tema que urge por atenção, tendo em vista que cada vez mais a diversidade biológica mundial e, no caso, a brasileira vem sofrendo com a exploração desmedida daqueles que visam lucro a qualquer custo.

O alto grau de extinção de espécies é um dos problemas que mais contribui com a perda da biodiversidade.

Apesar de a extinção ser um processo natural, ela está sendo consideravelmente acentuada pela intervenção antrópica, pois ao passo em que o homem explora demasiadamente os recursos naturais ele altera profundamente os ambientes naturais, contribuindo de modo significativo para a redução de habitats, o que culmina na extinção cada vez maior de inúmeras espécies.19

O advento do Novo Marco Legal da Biodiversidade tem papel fundamental na redução da exploração desenfreada da diversidade biológica brasileira. Ainda que possua inúmeras lacunas e brechas legais, em relação à Medida Provisória 2.186-16 de 2001 o Novo Marco Legal traz modificações legislativas importantes, que se forem efetivadas podem melhorar consideravelmente a relação entre o homem e a natureza. Além disso, o reconhecimento dos conhecimentos tradicionais associados como integrantes do Patrimônio Genético e, portanto, compreendidos como patrimônio cultural nacional é um grande avanço para que os olhares em torno desses conhecimentos mudem.

Nesse contexto, proteger legalmente a diversidade biológica contribui consideravelmente para o desenvolvimento e crescimento econômico, tendo em vista que regulamentar adequadamente a exploração da biodiversidade brasileira permitirá que mais produtos sejam desenvolvidos, sustentavelmente, em beneficio da sociedade.

conhecimento tradicional associado, a repartição de benefícios e o acesso à tecnologia e transferência de tecnologia para sua conservação e utilização, e dá outras providências.

15 SANTILLI, Juliana. Conhecimentos Tradicionais Associados à Biodiversidade: Elementos para a Construção de um Regime Jurídico Sui Generis de Proteção. In: VARELLA, Marcelo Dias & BARROS-PLATIAU, Ana Flávia (Org.). Diversidade Biológica e Conhecimentos Tradicionais (Coleção Direito Ambiental, 2). Ed. Del Rey: Belo Horizonte, 2004.

16UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL. (UFRGS). Conhecimento Tradicional Associado. 2010. Disponível em:

<http://www.ufrgs.br/patrimoniogenetico/conceitos-e-definicoes/conhecimento-tradicional-associado>. Acesso em: 10 maio 2015.

17 SHIVA, Vandana. Biopirataria: A pilhagem da natureza e do conhecimento. Tradução de Laura Cardellini Barbosa de Oliveira. Ed. Vozes: Rio de Janeiro, 2001.

18 SANTILLI, Juliana. Conhecimentos Tradicionais Associados à Biodiversidade: Elementos para a Construção de um Regime Jurídico Sui Generis de Proteção. In: VARELLA, Marcelo Dias & BARROS-PLATIAU, Ana Flávia (Org.). Diversidade Biológica e Conhecimentos Tradicionais (Coleção Direito Ambiental, 2). Ed. Del Rey: Belo Horizonte, 2004.

19BRAGA, Vivian Diniz. O Papel dos Espaços Protegidos Privados Para a Conservação da Biodiversidade. 2010. 124 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Centro de Desenvolvimento Sustentável (cds), Universidade de Brasilia, Brasilia, 2010.

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Proceeding of ISTI– ISSN:2318-3403 Aracaju/SE – 23 a 25/09/ 2015. Vol. 3/n.1/ p.387-393 392 D.O.I.: 10.7198/S2318-3403201500030047

IV.P O TENCI AIS IMP A CTO S DO NO VO MARCO LE GA L D A B IO DIVE RSI DA D E ÀS CO MUNI DA DE S T R ADI CIO NAI S

Tendo sido recentemente sancionado, o Novo Marco Legal da Biodiversidade ainda está em fase de adaptação, porém, já é possível presumir possíveis impactos que essa nova legislação causará, tendo em vista que muitas reivindicações por parte das comunidades tradicionais já emergem.

Nesse contexto, contestações no sentido de que a biodiversidade brasileira será utilizada como matéria-prima barata, sem contrapartidas de soberania tecnológica, para um dos setores que mais contribuem para a riqueza mundial20, estão sendo amplamente difundidas entre os estudiosos da legislação.

A nova legislação permite também que entidades estrangeiras, não associadas a instituições nacionais, realizem pesquisas com a biodiversidade do país apenas por meio de uma autorização do CGen (Conselho de Gestão do Patrimônio Genético). A ausência de vínculo com um órgão de pesquisa nacional pode prejudicar os interesses nacionais e a soberania sob o patrimônio genético.

Outro ponto que merece destaque pelo impacto que poderá causar é o fato de que quando o produto for criado a partir do conhecimento de comunidades tradicionais ou povos indígenas, as negociações sejam feitas diretamente entre os envolvidos, sem a intervenção do órgão indigenista oficial (FUNAI).

Fica ainda vedado o acesso por terceiros a esses conhecimentos sem o consentimento dos indígenas ou da comunidade de agricultores. Acrescente-se a isso o fato de essas comunidades tradicionais e seus representantes não terem sido chamados para participar da elaboração do Novo Marco Legal da Biodiversidade, o que contraria a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho21, da qual o Brasil é signatário.

Diante do exposto, fica evidente que o potencial afrouxamento da legislação que disciplina acerca da proteção da biodiversidade brasileira permitirá que a diversidade biológica do país fique ainda mais a mercê das grandes indústrias e que as comunidades tradicionais e indígenas tenham seus conhecimentos tradicionais associados cada vez mais expostos e explorados por meio de uma nova legislação, da qual esses povos infelizmente não tiveram vez nem voz na elaboração.

V. CONCLUSÃO

O Novo Marco Legal da Biodiversidade, Lei Federal 13.123/2015, surgiu para sanar as lacunas e brechas que a Medida Provisória 2.186-16 possui, porém, apesar de trazer grandes benefícios e propostas de melhorias em seu texto, o Novo Marco Legal da Biodiversidade manteve a flexibilidade que não deveria manter no que tange à regulamentação da exploração do Patrimônio Genético brasileiro.

Diante do que foi exposto ao longo do artigo, concluiu-se que a Lei Federal 13.123/2015 possui falhas que vão desde sua elaboração até quando foi sancionada. Exemplo disso é o fato de que mesmo que a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho discipline que todas as decisões que envolvam os direitos dos povos tradicionais devem ser tomadas com a participação destes, o Novo Marco Legal da Biodiversidade foi construído sem a presença dos mesmos.

Constatou-se também que apesar de o Novo Marco trazer em seu texto que as comunidades tradicionais deverão participar de todas as decisões de seu interesse, não se fará mais necessária a presença da FUNAI como órgão representativo indigenista, por exemplo. Isso gera enorme insegurança jurídica, uma vez que o direito e todo o arcabouço jurídico ainda são muito distantes e de difícil compreensão por parte dos alheios a esse âmbito.

Concluiu-se, portanto, que o Novo Marco Legal da Biodiversidade trouxe inúmeras inseguranças para as comunidades tradicionais e, obviamente, para os conhecimentos tradicionais associados que estas detêm. Ademais, essa nova legislação dará espaço para que outros países explorem cada vez mais a biodiversidade brasileira, contribuindo acentuadamente para a redução da biodiversidade e extinção de parte desta. Fica evidente então que ainda que o Novo Marco tenha sido recém-sancionado, nada resolverá se for seguido positivamente, já que seu próprio texto permite que o Patrimônio Genético brasileiro continue sendo lesado.

REFERÊNCIAS

20TOLEDO, André de Paiva. Marco da Biodiversidade é contrário aos interesses nacionais. 2015. Disponível em:

<http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/540369--marco-da-biodiversidade-e-contrario-aos-interesses-nacionais-entrevista-especial-com-andre-de-paiva-toledo>.

Acesso em: 15 maio 2015.

21BRASIL. Decreto n° 5.051, de 19 de abril de 2004. Promulga a Convenção no 169 da Organização Internacional do Trabalho - OIT sobre Povos Indígenas e Tribais.

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Proceeding of ISTI– ISSN:2318-3403 Aracaju/SE – 23 a 25/09/ 2015. Vol. 3/n.1/ p.387-393 393 D.O.I.: 10.7198/S2318-3403201500030047

BRAGA, Vivian Diniz. O Papel dos Espaços Protegidos Privados Para a Conservação da Biodiversidade. 2010. 124 f.

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BRASIL. Medida Provisória 2.186-16 de 23 de agosto de 2001. Regulamenta o inciso II do § 1o e o § 4o do art. 225 da Constituição, os arts. 1o, 8o, alínea "j", 10, alínea "c", 15 e 16, alíneas 3 e 4 da Convenção sobre Diversidade Biológica, dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado, a repartição de benefícios e o acesso à tecnologia e transferência de tecnologia para sua conservação e utilização, e dá outras providências.

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Referências

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