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O que é a crítica de arte?

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Academic year: 2021

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Sala de Aula

O que é a crítica de arte?

Use exemplos de artistas que contestaram o que é verdadeiramente arte para explicar o trabalho do crítico à turma

por Maria José Spiteri AAA

Divulgação

Objetivos

Compreender que a arte é um sistema simbólico ligado às experiências e representações individuais e sociais

Distinguir os profissionais envolvidos no sistema da arte Conseguir opinar sobre as obras artísticas

Conteúdos

O artista e o mercado de arte História da arte

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Arte brasileira Anos

Ensino Médio Tempo estimado

4 aulas

Material necessário

Imagens das obras dos artistas: Marcel Duchamp, Claude Monet, Edgar Degas, Renoir, Paul Cézanne, Matisse, Picasso, Kirchner, Giacomo Balla, Braque, Goya ("Caprichos"), William Hogarth , Richard Hamilton, Andy Warhol- as reproduções podem ser

encontradas na internet.

Projetor de imagens Desenvolvimento

Aula 1 - O papel do crítico de arte

A reportagem Axé Ilaiá publicada na revista Bravo! é um bom ponto de partida para discutir um tema que chama a atenção dos teóricos e historiadores da arte: a postura crítica do artista perante o mercado. O texto cita Marina Murta e Nathalia Gonçalves, criadoras do personagem "Mãe Duchampa", uma fictícia feiticeira do mercado de arte, que promete emplacar o trabalho de quem está começando e tirar artistas fora do circuito do anonimato. A iniciativa se apropria de meios de comunicação simples e tradicionais como o "lambe-lambe" e é, ao mesmo tempo, atual, crítico e bem humorado.

À primeira vista os cartazes colados pelas ruas do Rio de Janeiro podem parecer uma grande brincadeira, mas um pouco mais de atenção permite notar que a ação supera a sátira. Além de resgatar o nome de um dos ícones da arte moderna - o artista Marcel Duchamp - , explicita a complexidade do mundo da arte, que envolve o artista e outros profissionais. Como o galerista (que apresenta e negocia o trabalho), o crítico (que analisa, contextualiza e comenta a obra), o curador (que estuda a obra, o contexto e a coleção e cria uma linha de pensamento que definirá quais obras farão parte de uma exposição) e o educador/mediador (que conversa com o público para ajudá-lo a conhecer melhor o artista selecionado).

A turma deve entender que a escolha de uma obra para exposição vai bem além do "feio ou bonito" ou "gostei ou não gostei", que costumamos fazer quando vamos ao museu. A crítica feita pelo público, em geral, lida com a fruição, ou seja, com aquilo que sentimos diante de um quadro e que pode variar de pessoa para pessoa, conforme o repertório de cada um. Isso não tem necessariamente uma relação com a história da sociedade ou da arte. A crítica do espectador comum é "recheada" de conteúdos afetivos e, portanto, é muito pessoal. Enquanto que o especialista busca um "meio termo" entre a razão e a

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sensibilidade e procura ser objetivo sem perder a ligação com o delicado universo artístico.

Embora ainda não tivessem esse nome, os primeiros críticos surgiram na Grécia Antiga, com a sistematização dos estudos sobre estética da arte. Muitos dos princípios que nortearam esses primeiros pensadores da arte foram resgatados na Europa Moderna (Renascimento) e somados a outros princípios da Idade Média, sobretudo religiosos.

Com a organização do mercado de arte ao longo dos séculos, a atividade do crítico tornou-se cada vez mais especializada. No início ele se ocupava principalmente em orientar o mercado, mas no século 19 sua opinião começou a circular na imprensa e seu trabalho passou a contribuir para orientar o público a consumir Arte. A indústria

cultural e todas as transformações que vem ocorrendo no universo das manifestações culturais a partir do século 20 deram ao crítico e ao curador uma posição de referência.

Por isso contamos hoje com cursos de História da Arte, de Crítica e Curadoria, voltados à formação de profissionais que se preparam para desempenhar atividades nesta área.

Em seu trabalho, Marina Murta e Nathalia Gonçalves evocam o nome de um dos mais polêmicos artistas do século XX, que participou do despontar da Arte Moderna e de todas as revoluções dela decorrentes: Marcel Duchamp. Essa é uma boa oportunidade para mostrar aos alunos um pouco das transformações do início do século 20. Naquela época, as obras de impressionistas como Claude Monet, Edgar Degas, Renoir, Paul Cézanne e outros (que haviam sido criticados no século 19), constituíam a arte "aceita"

pela sociedade. Enquanto isso, Matisse, Picasso, Kirchner e Giacomo Balla começavam a apontar os caminhos de vanguardas como o Fauvismo, o Expressionismo, o Cubismo, o Futurismo e o próprio Dadaismo (do qual fez parte Duchamp), que "chacoalharam" o gosto, a tradição e o mercado.

A postura crítica dos artistas sobre seu tempo não é uma novidade. Conte que o artista espanhol Francisco Goya y Lucientes (1746 - 1826) ao realizar a série de gravuras Caprichos explicitou seu descontentamento em relação ao despotismo na Espanha do século 18. Outro exemplo é o inglês William Hogarth (1697 - 1764) que censurava os padrões morais da sociedade por meio de pinturas e gravuras satíricas.

O próprio Duchamp, citado por Marina Murta e Nathalia Gonçalves, questionou a apreciação e avaliação do objeto artístico quando em 1917, utilizando o pseudônimo de R. Mutt, enviou um mictório de louça, que chamou de "A fonte", para um salão de arte.

A obra não foi aceita pelo júri do salão, mas com isso Duchamp inaugurou o ready- made. As produções feitas com esta inspiração ressignificavam objetos industriais para esclarecer que a obra de arte envolve o conceito e não somente a execução.

Certamente a atitude de Duchamp foi polêmica e, assim como Monet (no século 19) Matisse e Braque (já no século 20), fez com que os críticos e alguns segmentos do mercado começassem a repensar o que poderia ser considerado arte.Outros nomes começaram a integrar as revoluções que transformariam a Arte no século 20. No final da década de 1950 o artista inglês Richard Hamilton se apropriaria não de objetos industrializados, mas da sua imagem e de muitas outras divulgadas pela mídia impressa, criando colagens que discutiam a realidade do pós-guerra, sobretudo na Inglaterra e nos Estados Unidos. Foi o surgimento da Pop Art. Na mesma linha, o artista Andy Warhol

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se apropriou das imagens exploradas pela mídia tornando-se um dos mais importantes nomes da arte do século 20.

Aproveite essa conversa para mostrar imagens das obras dos artistas citados, pois isso em muito poderá contribuir para a compreensão das obras.Para finalizar, proponha aos alunos que levem exemplos de música, fotos, vídeos ou textos brasileiros que revelem uma postura crítica. Procure indicar períodos de maior transgressão, como a transição do Império para a República (no século 19), o Modernismo nos anos 1920, a Pop Art e a Tropicália nos anos 1960 e 1970.

Aula 2 - A postura crítica na arte brasileira

Retome o conteúdo da aula anterior: os profissionais do mercado e a crítica de arte.

Explique aos alunos que chegou o momento de resgatar os resultados dos levantamentos feitos por eles. Acrescente às pesquisas da turma exemplos que você considera relevante e incie uma discussão para descobrir se a arte brasileira é questionadora e discute

criticamente a realidade.Para este debate, é importante saber que no século 19

caricaturistas já ironizavam a postura do 2° Império e, posteriormente, a dos próprios republicanos. E no século 20 os modernistas refletiam sobre a necessidade de buscar uma identidade artística nacional. Já nos anos 1960, motivados pelas muitas revoluções da arte internacional, artistas e músicos brasileiros tropicalistas mostraram seu olhar sobre o regime militar, que criava uma série de restrições às possibilidades de expressão. A Pop Art brasileira criticou, de modo muitas vezes bem-humorado e poético, a realidade do momento, como mostram as obras de artistas como Claudio Tozzi, Wesley Duke Lee, Nelson Leirner e outros.

Agora, que tal criar uma obra em que os próprios alunos exponham a sua visão a respeito da nossa realidade? Lembre que a "obra-ação" criada por Marina Murta e Nathalia Gonçalves foi motivada pela atitude do artista Marcel Duchamp, que questionou o próprio futuro da arte. Esta postura "inspirou" a dupla a realizar um trabalho que desperta discussões sobre a Arte contemporânea e o mercado.

Divida os alunos em grupos e distribua nomes de artistas considerados polêmicos para sua época.Exemplos: - Anita Malfatti: em 1917 realizou uma exposição que chamou a atenção dos seus contemporâneos;

- Flavio de Carvalho: realizou um pioneiro happening nos anos 1950 ao caminhar de saia no meio do centro comercial de São Paulo;

- Nelson Leirner: enviou um porco empalhado para um salão de arte em plena ditadura militar.

Para que o trabalho se torne mais rico é interessante que os alunos estudem um pouco a vida e obra do artista, bem como o momento em que suas obras foram mais

"provocativas".

Entregue uma proposta de tema a cada grupo - se preferir use os temas transversais da LDB: ética, pluralidade cultural, meio ambiente, saúde, orientação sexual e temas locais - . A ideia é que, assim como artistas dos períodos estudados discutiram sua época com meios alternativos, cada grupo realize uma obra reinterpretando o tema sorteado.

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Proponha que os alunos registrem a elaboração da obra em um "diário de bordo", com as ideias sobre o projeto em desenvolvimento e também recortes de jornais e revistas e artigos extraídos da internet.

Aula 3 - Apresentação dos trabalhos

Não se esqueça de estabelecer uma ordem de apresentação. O tempo deve ser suficiente para os grupos apresentarem a contribuição do artista sorteado, o tema do trabalho, o diário de bordo e a obra.Proponha também um exercício de crítica dos trabalhos.

Elabore fichas de análise e distribua para a sala. Peça que todos considerem os mesmos critérios: pesquisa realizada, domínio do tema estudado, "diário de bordo", criatividade ao selecionar as técnicas e os meios expressivos. Deixe que os alunos discutam se desejam acrescentar outro critério ao documento.É importante lembrar que o trabalho do crítico deve ser objetivo e consciente. Portanto, ao realizar essa análise os grupos devem justificar suas opiniões. Desse modo a turma estará desenvolvendo seu potencial

criativo e refletindo sobre a produção, além de poder conhecer um pouco mais sobre história da arte no Brasil.

Avaliação

Os alunos deverão compreender que a arte está inserida em um contexto e que para classificar a qualidade das obras existem profissionais especializados que não tiram suas ideias "do bolso", mas de estudos frequentes. Observe se os alunos manifestam estes conhecimentos no diário de bordo e na análise da produção dos colegas.

Maria José Spiteri

Professora da Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul) e da Universidade São Judas Tadeu

Pesquisa Net: profº Roberto – junho 2013

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