José Paulo Ladeira
Graduado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP). Especialista em Clínica Médica, em Medicina Intensiva e em Medicina de Urgência pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Médico plantonista das Unidades de Terapia Intensiva do Hospital Sírio-Libanês e do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Fabrício Nogueira Furtado
Graduado em Medicina e especialista em Clínica Médica pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Especialista em Cardiologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
Rodrigo Antônio Brandão Neto
Graduado pela Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Cam- pinas). Especialista em Clínica Médica, em Emergências Clínicas e em Endocrinologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), onde é médico assistente da disciplina de Emergências Clínicas.
Rafael Munerato de Almeida
Graduado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP). Especialista em Clínica Médica pela Santa Casa de São Paulo. Especialista em Cardiologia e em Arritmia Clínica pelo Instituto do Coração (InCOR), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Mário Barbosa Guedes Nunes
Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Especialista em Clínica Médica pelo Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (Pará). Especialista em Cardiologia pelo Instituto Dante Pa- zzanese de Cardiologia.
Germano Emílio Conceição Souza
Doutor em Cardiologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Médico assistente da Unidade de Insuficiência Cardíaca e Transplante do Instituto do Coração (InCor) do HC-FMUSP. Coordenador da Unidade de Insuficiência Cardíaca e Transplante do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Delegado do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP).
Atualização 2015
José Paulo Ladeira
AUTORIA E COLABORAÇÃO
O
estudante de Medicina, pela área escolhida considerado um apai- xonado por desafi os, depois de anos submeti do a aulas teóricas e plantões em diversos blocos deve enfrentar uma maratona ainda maior: a escolha de uma especialização, seguida da conquista do ingresso em um centro e programa de Residência Médica de renome. Mas isso só é possível com o auxílio de um material didáti co práti co, bem estruturado e preparado por quem é especialista no assunto, e a Coleção SIC Principais Temas para Provas de Residência Médica 2015, da qual fazem parte os 31 volumes da Coleção SIC Extensivo, foi desenvolvida nesse contexto. Os capítulos baseiam-se nos temas exigidos nas provas dos principais concursos do Brasil, ao passo que os casos clínicos e as questões são comentados a fi m de oferecer a interpre- tação mais segura possível de cada resposta.Bons estudos!
Direção Medcel A medicina evoluiu, sua preparação para residência médica também.
APRESENTAÇÃO
Capítulo 1 - Anatomia e fisiologia cardíaca básica ... 21
1. Introdução ...21
2. Coração ...21
3. Revesti mento e parede cardíaca ...22
4. Sistema elétrico ...25
5. Grandes vasos ...25
6. Ciclo cardíaco ...26
7. Resumo ...26
Capítulo 2 - Dislipidemia e fatores de risco para doença cardiovascular ... 27
1. Introdução ...27
2. Lipídios e lipoproteínas ...27
3. Metabolismo de lipoproteínas e colesterol...28
4. Característi cas e causas das dislipidemias ...29
5. Classifi cação das dislipidemias primárias ...30
6. Rastreamento ...30
7. Risco cardiovascular e alvos do tratamento ...30
8. Tratamento não medicamentoso (mudança de esti lo de vida) ...34
9. Tratamento medicamentoso ...35
10. Situações especiais ...38
11. Outros fatores de risco para aterosclerose e doença cardiovascular ...39
12. Resumo ...40
Capítulo 3 - Hipertensão arterial sistêmica ... 41
1. Introdução ...41
2. Fisiopatologia ...41
3. Fatores de risco ...42
4. Diagnósti co ...42
5. Classifi cação ... 44
6. Avaliações clínica e laboratorial ... 44
7. Tratamento ... 46
8. Hipertensão arterial resistente ...50
9. Emergência hipertensiva ...50
10. Resumo ...53
Capítulo 4 - Síncope ... 55
1. Introdução e defi nições ...55
2. Epidemiologia ...55
3. Eti ologia ...55
4. Achados clínicos ...56
5. Exames complementares ...56
6. Diagnósti co diferencial ...58
7. Avaliação ...59
8. Tratamento ...60
9. Resumo ...60
Capítulo 5 - Eletrofisiologia... 61
1. Ati vidade elétrica cardíaca ...61
2. Eletrofi siologia ...61
3. Mecanismos de formação do impulso elétrico ...63
4. Condução do impulso cardíaco ...63
5. Resumo ... 64
Capítulo 6 - Arritmias cardíacas ... 65
1. Introdução ...65
2. Arritmias... 66
3. Identi fi cando arritmias ... 67
4. Abordagem das taquiarritmias ... 76
5. Resumo ...78
Capítulo 7 - Angina estável ... 79
1. Introdução e defi nições ...79
2. Epidemiologia ...79
3. Fisiopatologia ...79
4. Manifestações clínicas ...80
5. Classifi cação da dor torácica ...80
6. Diagnósti cos diferenciais ...80
7. Diagnósti co e exames complementares ...81
8. Tratamento ...84
9. Resumo ...86
Capítulo 8 - Síndromes miocárdicas isquêmicas instáveis ... 87
1. Introdução ...87
2. Angina instável/IAMSSST ...87
3. IAMCSST ...94
4. Resumo ...98
Veja os depoimentos
dos aprovados Medcel
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Bernardo Santos de Souza | R1 de Cir Vascular UFRJ 2014
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Carla Celestrino | 3º lugar Obstetrícia e Ginecologia da UNICAMP
“Participei do TPP Medcel que, além dos conhecimentos necessários, forneceu estratégias que me deixaram segura diante de uma prova prática. Foi de fundamental importância para minha aprovação ter me matriculado e praticado os ensinamentos do Medcel.”
Alina de Almeida Bastos | 3º lugar | Radiologia UNESP
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Certamente farei meu preparatório de R3 por aqui!”
Barbara Marina Simionato | 1º lugar | Pediatria Hospital São Lucas da PUCRS | 2º lugar | Pediatria Hospital de Clínicas Porto Alegre
Liliane de Oliveira Dutra Neurologia | HC-UFMG | HMOB | AREMG Pediatria | PMGV
“O Medcel é um curso excelente, professores qualificados e com didática muito boa, simples e de fácil entendimento, sempre com atualizações referentes às últimas provas de Residência.”
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C M Y CM MY CY CMY K
depoimentos.pdf 1 28/11/14 19:04
ÍNDICE
Capítulo 9 - Parada cardiorrespiratória ... 99
1. Introdução ...99
2. Manobras de suporte básico de vida ...99
3. Manobras de suporte avançado de vida ...102
4. Cuidados após a reanimação ...106
5. Fatores prognósticos ...106
6. Resumo ...107
Capítulo 10 - Insuficiência cardíaca congestiva ...109
1. Introdução ...109
2. Definições...109
3. Fisiopatologia ...110
4. História natural ...110
5. Quadro clínico ...111
6. Exames complementares ...113
7. Tratamento ...115
8. Insuficiência cardíaca diastólica...118
9. Insuficiência cardíaca descompensada ...119
10. Resumo ...123
Capítulo 11 - Edema agudo pulmonar ...125
1. Introdução ...125
2. Quadro clínico ...126
3. Diagnóstico ...127
4. Tratamento ...127
5. Resumo ...128
Capítulo 12 - Hipertensão pulmonar ...129
1. Introdução ...129
2. Etiologia e fisiopatologia ...129
3. Diagnóstico ...130
4. Quadro clínico ...130
5. Exames diagnósticos ...131
6. Tratamento da hipertensão pulmonar secundária ...133
7. Tratamento da hipertensão pulmonar primária ...133
8. Prognóstico ...134
9. Resumo ...134
Capítulo 13 - Valvulopatias ... 135
1. Estenose aórtica ...135
2. Insuficiência aórtica ...137
3. Estenose mitral ...139
4. Insuficiência mitral ...142
5. Estenose tricúspide e insuficiência tricúspide ...146
6. Insuficiência pulmonar e estenose pulmonar ...147
7. Resumo ...148
Capítulo 14 - Miocardites ... 151
1. Critérios diagnósticos ...151
2. Sintomas e sinais ...152
3. Exame físico ...152
4. Exames diagnósticos ...152
5. Tratamento ...153
6. Prognóstico ...154
7. Resumo ...154
Capítulo 15 - Doenças do pericárdio ...155
1. Pericardites infecciosas ...155
2. Síndromes relacionadas a cirurgias ...156
3. Outras causas de síndromes pericárdicas ...156
4. Pericardite aguda ...157
5. Derrame pericárdico ...158
6. Tamponamento cardíaco ...159
7. Pericardite constritiva ...161
8. Resumo ...162
Capítulo 16 - Avaliação e abordagem perioperatória .163
1. Introdução ...1632. Risco cardiovascular inerente ao procedimento ...163
3. Risco cardiovascular inerente ao paciente ...163
4. Uso de drogas para diminuição do risco cardiovascular ...166
5. Exames laboratoriais no pré-operatório ...166
6. Avaliação do risco de sangramento ...167
7. Hipertensão arterial sistêmica no pré-operatório...167
8. Controle glicêmico no perioperatório ...168
9. Cuidados perioperatórios ao paciente nefropata ...168
10. Complicações cirúrgicas ao paciente hepatopata ...169
11. Paciente com pneumopatia ...169
12. Paciente em uso de anticoagulantes ...170
13. Abordagem para diminuir o risco de trombose venosa profunda ...171
14. Paciente com tireoidopatia ...172
15. Reposição de corticosteroides ...173
16. Resumo ...173
Capítulo 17 - Diagnóstico diferencial da dor
torácica ... 175
1. Introdução ...175
2. Epidemiologia ...175
3. Quadro clínico ...177
4. Exames complementares ...178
5. Resumo ...180
Casos clínicos ... 181
QUESTÕES
Cap. 1 - Anatomia e fisiologia cardíaca básica ...205Cap. 2 - Dislipidemia e fatores de risco para doença cardiovascular ...205
Cap. 3 - Hipertensão arterial sistêmica ...207
Cap. 4 - Síncope ...217
Cap. 5 - Eletrofisiologia ...219
Cap. 6 - Arritmias cardíacas ...222
Cap. 7 - Angina estável ...229
Cap. 8 - Síndromes miocárdicas isquêmicas instáveis ....230
Cap. 9 - Parada cardiorrespiratória ...238
Cap. 10 - Insuficiência cardíaca congestiva ...241
Cap. 11 - Edema agudo pulmonar ...250
Cap. 12 - Hipertensão pulmonar ...251
Cap. 13 - Valvulopatias ...252
Cap. 14 - Miocardites...256
Cap. 15 - Doenças do pericárdio ...257
Cap. 16 - Avaliação e abordagem perioperatória ...259
Cap. 17 - Diagnóstico diferencial da dor torácica ...260
Outros temas ...264
COMENTÁRIOS
Cap. 1 - Anatomia e fisiologia cardíaca básica ...269Cap. 2 - Dislipidemia e fatores de risco para doença cardiovascular ...269
Cap. 3 - Hipertensão arterial sistêmica ...271
Cap. 4 - Síncope ...278
Cap. 5 - Eletrofisiologia ...280
Cap. 6 - Arritmias cardíacas ...281
Cap. 7 - Angina estável ...286
Cap. 8 - Síndromes miocárdicas isquêmicas instáveis ....287
Cap. 9 - Parada cardiorrespiratória ...292
Cap. 10 - Insuficiência cardíaca congestiva ...295
Cap. 11 - Edema agudo pulmonar ...302
Cap. 12 - Hipertensão pulmonar ...303
Cap. 13 - Valvulopatias ...303
Cap. 14 - Miocardites...307
Cap. 15 - Doenças do pericárdio ...307
Cap. 16 - Avaliação e abordagem perioperatória ...309
Cap. 17 - Diagnóstico diferencial da dor torácica ...310
Outros temas ...313
Referências bibliográficas ...315
CAPÍTULO 1
CARDIOLOGIA
21
Anatomia e fisiologia cardíaca básica
José Paulo Ladeira / Victor Ales Rodrigues
1. Introdução
Para iniciar o livro de Cardiologia, é importante relem- brar alguns pontos básicos da anatomia cardíaca. A maioria dos assuntos abordados neste capítulo provavelmente já faz parte do conhecimento do aluno, porém alguns tópicos serão destacados.
2. Coração
A - Visão geral
O coração é uma bomba dupla, de sucção e pressão, au- toajustável, cujas porções trabalham conjuntamente para impulsionar o sangue para todos os órgãos e tecidos. O lado direito recebe o sangue venoso através da Veia Cava Superior (VCS) e da Veia Cava Inferior (VCI), bombeando- -o, posteriormente, através do tronco pulmonar, fazendo- -o ser oxigenado nos pulmões. O lado esquerdo recebe sangue arterial dos pulmões através das veias pulmonares, bombeando-o, posteriormente, para a aorta, de onde será distribuído a todo o corpo.
São 4 as câmaras do coração: Átrio Direito (AD), Átrio Es- querdo (AE), Ventrículo Direito (VD) e Ventrículo Esquerdo (VE). Os átrios recebem e bombeiam o sangue aos ventrícu- los. O sincronismo de bombeamento das 2 bombas atrio- ventriculares cardíacas (câmaras direita e esquerda) consti - tui o chamado ciclo cardíaco, o qual se inicia com a diástole, que é o período em que há o relaxamento e o enchimento ventricular, e termina com a sístole, que é o período de con- tração muscular e esvaziamento dos ventrículos.
Os 2 sons fi siologicamente auscultados no coração são produzidos pelo estalido de fechamento das válvulas que normalmente impedem o refl uxo de sangue durante as con-
trações cardíacas. O 1º som dá-se com o fechamento das válvulas atrioventriculares (mitral e tricúspide), sendo grave e denominado de 1ª bulha cardíaca (B1). O 2º som é gerado com o fechamento das válvulas semilunares (pulmonar e aórti ca) e é denominado de 2ª bulha cardíaca (B2).
B - Localização anatômica
Está localizado no mediasti no, que é a cavidade central do tórax. Estende-se de forma oblíqua da 2ª costela até o 5º espaço intercostal, situa-se acima do diafragma, anterior à coluna e posterior ao esterno, e está rodeado parcialmente pelos pulmões. Dois terços estão à esquerda do eixo media- no e o outro terço à direita. O vérti ce cardíaco encontra-se entre a 5ª e a 6ª costelas, local onde se pode fazer a palpa- ção do “choque da ponta” ou ictus cordis.
C - Morfologia
Pode ser descrito como tendo base, ápice, 4 faces e ain- da 4 margens:
a) Ápice
Situa-se no 5º espaço intercostal esquerdo, a aproxima- damente 9cm do plano mediano; é imóvel durante o ciclo cardíaco, além de ser o local de máximo som de fechamen- to da valva mitral.
b) Base
Voltada posteriormente em direção aos corpos das vér- tebras T6-T9, separada delas pelo pericárdio, pelo seio pe- ricárdico oblíquo e pela aorta, recebe as veias pulmonares nos lados direito e esquerdo da sua porção atrial esquerda e VCS e VCI nas extremidades superior e inferior da sua por- ção atrial direita.
22
c) Faces
Tabela 1 - Quatro faces do coração
Esternocostal (anterior) É formada principalmente pelo VD.
Diafragmáti ca (inferior) É formada principalmente pelo VE e parte do VD.
Pulmonar direita É formada principalmente pelo AD.
Pulmonar esquerda
É formada principalmente pelo VE;
forma a impressão cardíaca do pul- mão esquerdo.
d) Margens
Tabela 2 - Quatro margens do coração
Direita Ligeiramente convexa e formada pelo AD, estende- -se entre a VCS e a VCI.
Inferior Oblíqua, quase verti cal, é formada principalmente pelo VE.
Esquerda É quase horizontal e formada principalmente pelo VE e por uma pequena parte da aurícula esquerda.
Superior
Formada pelos átrios e aurículas direitos e esquer- dos em vista anterior; a aorta ascendente e o tronco pulmonar emergem dessa margem, e a VCS entra no seu lado direito. Posterior à aorta e ao tronco pul- monar e anterior à VCS, essa margem forma o limite inferior ao seio transverso do pericárdio.
3. Revestimento e parede cardíaca
Há uma membrana fi brosserosa que envolve todo o co- ração e o início dos seus grandes vasos chamada pericárdio (Figura 1), a qual tem a característi ca de ser semelhante a um saco fechado contendo o coração. É formado por 2 cama- das: a externa, chamada pericárdio fi broso, mais resistente, consti tuída por tecido conjunti vo denso e que tem por fun- ção fi xar o coração ao diafragma e aos grandes vasos; e uma camada interna, chamada pericárdio seroso, mais delicada e que, por sua vez, possui 2 lâminas – parietal, que reveste internamente o pericárdio fi broso, e visceral, que recobre o coração e os grandes vasos. Entre as 2 lâminas existe a cavi- dade pericárdica, que contém certa quanti dade de líquido e permite a movimentação do coração dentro do tórax.
Figura 1 - Pericárdio
Já a parede do coração é formada por 3 camadas (Fi- gura 2):
Tabela 3 - Formação da parede cardíaca Endocárdio
Camada interna, de fi na espessura (endotélio e tecido conjunti vo subendotelial), que atua como revesti mento ínti mo do coração, inclusive de suas valvas
Miocárdio Camada intermediária, helicoidal e espessa, for- mada por músculo cardíaco
Epicárdio Camada externa, fi na espessura (mesotélio) e for- mada pela lâmina visceral do pericárdio seroso
Figura 2 - Pericárdio e parede cardíaca
A - Câmaras cardíacas
São 4 as câmaras cardíacas (Figura 3), sendo 2 átrios e 2 ventrículos, separados por 1 septo e por 2 valvas atrioven- triculares. De forma geral, o sangue chega ao coração nos átrios (do pulmão através do AE e do corpo através do AD) e é ejetado dele pelos ventrículos (para o pulmão pelo VD e para o restante do corpo pelo VE).
a) Átrio direito
Recebe o sangue venoso da VCS, da VCI e do seio co- ronariano. A aurícula direita é uma bolsa muscular cônica que se projeta como uma câmara adicional, aumentando a capacidade do átrio, enquanto se superpõe à aorta as- cendente. No AD há, ainda, 2 estruturas muito importan- tes que serão tratadas mais à frente: o nó sinusal e o nó atrioventricular. Seu interior é formado por uma parede posterior lisa e fi na e uma parede anterior muscular ru- gosa, formada pelos músculos pectí neos, que auxiliam na contração atrial.
b) Ventrículo direito
Responsável pelo bombeamento do sangue na circula- ção pulmonar, recebe o sangue venoso do AD, que repassa ao ventrículo através da valva tricúspide, deságua no tronco da artéria pulmonar por meio da valva pulmonar e possui em seu interior elevações musculares chamadas trabéculas cárneas. Os chamados músculos papilares começam a con-
CAPÍTULO 6
CARDIOLOGIA
65
Arritmias cardíacas
José Paulo Ladeira / Rodrigo Antônio Brandão Neto / Fabrício Nogueira Furtado
1. Introdução
Para melhor compreensão do tema, é necessária uma revisão de conceitos importantes.
A - Sistema de condução elétrico intracardíaco
O sistema de condução intracardíaco é composto pelas seguintes estruturas: nó sinusal, nó atrioventricular (AV), feixe juncional ou de His, ramos direito e esquerdo e fi bras de Purkinje. Tais estruturas têm a característi ca intrínseca de se despolarizarem automati camente a uma frequência própria, sendo desnecessário algum estí mulo externo para gerar essa despolarização.
As estruturas mais superiores apresentam frequências de despolarizações automáti cas mais elevadas que as estru- turas mais inferiores (Figura 1). Aquela que fi siologicamen- te tem a maior frequência de despolarização é o nó sinusal, de cerca de 80 por minuto, fazendo que as estruturas abai- xo desse nó sejam despolarizadas pelo estí mulo elétrico ge- rado pelo próprio nó sinusal.
Em determinadas condições (hipercalemia, degeneração do nó sinusal, entre outras), o nó sinusal pode perder tal ca- pacidade de despolarização automáti ca, determinando, co- mumente, queda da frequência cardíaca. Isso ocorre porque, na ausência funcional desse nó, a frequência cardíaca passa a ser determinada pela estrutura do sistema de condução que tem a maior frequência de despolarização autônoma, geral- mente o nó AV. Caso este não esteja ati vo, a região juncional determina o ritmo cardíaco, e assim por diante.
Ou seja, a frequência cardíaca será determinada pela re- gião do sistema de condução que ti ver a maior frequência de despolarização, exceto em situações em que focos elé- tricos ectópicos (fora do sistema de condução) apresentem frequências automáti cas de despolarização mais elevadas
do que a do sistema de condução elétrica miocárdica, como na taquicardia ventricular ou na taquicardia atrial.
Figura 1 - Estruturas do sistema de condução elétrica intracardía- ca e suas frequências automáti cas de despolarização
B - Onda P
A onda P compreende o registro eletrocardiográfi co da despolarização atrial, determinada, fi siologicamente, pela despolarização automáti ca do nó sinusal. A onda elétrica da repolarização atrial não é visível ao eletrocardiograma (ECG) por ocorrer, justamente, no período em que o com- plexo QRS é registrado, com sobreposição dos traçados.
O intervalo compreendido entre o início da onda P e o início do QRS é chamado PR, o qual corresponde ao atraso fi siológico na condução da onda elétrica gerada na despola-
66
rização atrial dentro do nó AV. Tal atraso pode ter a duração máxima de 0,2ms (ou 5 quadrinhos do traçado eletrocar- diográfi co – cada um tem duração de 0,04ms).
C - Complexo QRS
O complexo QRS representa a despolarização elétri- ca dos ventrículos e tem a duração fi siológica máxima de 0,12ms. A despolarização ventricular normal acontece por progressão do estí mulo elétrico por meio da região juncio- nal, dos ramos direito e esquerdo e das fi bras de Purkinje, até chegar ao músculo cardíaco. Quando o QRS apresen- ta duração <0,12ms, é chamado de QRS estreito; quando
≥0,12ms, é chamado de QRS largo.
A importância de defi nir o QRS como largo ou estreito está no fato de que, quando o estí mulo de despolarização ventricular progride pelos ramos direito e esquerdo, a velo- cidade com que a onda elétrica determina a despolarização dos 2 ventrículos é elevada, determinando o QRS de menor duração. Quando, por algum moti vo (alteração metabólica, isquemia, degeneração etc.), o estí mulo elétrico progride apenas por 1 dos ramos ventriculares, o ventrículo oposto é despolarizado pela propagação da onda elétrica por meio do músculo cardíaco do ventrículo já despolarizado até che- gar ao outro ventrículo.
Essa condução intramuscular ocorre de forma mais lenta do que aquela no sistema de condução através dos ramos, determinando o QRS largo. Assim, de forma genérica, este indica o bloqueio de 1 dos ramos do sistema de condução. A exceção acontece quando há um foco elétrico ectópico ven- tricular, pois o estí mulo elétrico nasce em 1 dos ventrículos propagando-se para o outro por meio da musculatura car- díaca, mesmo com a integridade do sistema de condução.
D - Onda T
A onda T representa a repolarização elétrica ventricular.
Vários fatores podem infl uenciar esse período, como distúr- bios metabólicos e isquemia.
E - Onda U
O signifi cado da onda U ainda é incerto e, possivelmen- te, representa a repolarização mais tardia das fi bras de His- -Purkinje. Também se associa a situações de hipocalemia.
Nas Figuras seguintes, estão descritas as ondas do traçado eletrocardiográfi co normal.
Figura 2 - Traçado eletrocardiográfi co normal
Figura 3 - Papel milimetrado para traçado eletrocardiográfi co
Figura 4 - ECG normal
2. Arritmias
A chave para a interpretação das arritmias é a análise da forma e das inter-relações da onda P, do intervalo PR e do complexo QRS. A avaliação do traçado envolve a análise da frequência, do ritmo, da origem mais constante do estí mulo (marca-passo predominante) e da confi guração da onda P e do QRS (estreito ou largo).
As arritmias cardíacas acontecem, de forma simplifi ca- da, por 3 mecanismos possíveis.
A - Alteração do automati smo cardíaco
Pode ocorrer por aceleração ou desaceleração das es- truturas automáti cas do coração, como o nó sinusal (ta- quicardia ou bradicardia sinusal), nó AV ou o próprio mio- cárdio. Bati mentos (ou despolarizações ectópicas) podem surgir por distúrbios elétricos atriais, da junção AV ou dos ventrículos. Também são possíveis ritmos anormais, como taquicardia atrial ou ventricular.
B - Distúrbios de condução atrioventricular
A condução pode ser acelerada, como na Síndrome de Wolff -Parkinson-White (SWPW), ou lenta, como no blo- queio AV.
C - Combinações de distúrbios de automati smo e de condução
Extrassístole atrial com bloqueio AV ou taquicardia atrial com bloqueio AV 3:1 são exemplos destas combinações.
CASOS CLÍNICOS
CARDIOLOGIA
183
CASOS CLÍNICOS
2014 - FMUSP
1.
Um homem de 58 anos procura o pronto-socorro de um hospital secundário por quadro de desconforto precor- dial que se iniciou há 2 horas e durou cerca de 20 minu- tos, enquanto caminhava no quarteirão de casa. Esse des- conforto foi acompanhado de náuseas e de sudorese fria, irradiava-se para a região da mandíbula e melhorou com o repouso. Teve quadro similar no dia anterior, durante parti da de futebol com amigos, que melhorou assim que se deitou em casa. Faz acompanhamento ambulatorial re- gular por hipertensão há 10 anos (em uso de hidrocloro- ti azida) e tem sorologia positi va para doença de Chagas há 5 anos. É tabagista (carga tabágica total de 25 anos/maço e não faz uso de outras medicações. No momento, relata novo episódio de dor, nota 6 em 10, mesmo ao repouso, há 10 minutos. No exame clínico, apresenta-se em regu- lar estado geral, corado, hidratado, eupneico, com FR = 20irpm, FC = 82bpm, PA = 170x90mmHg, pulsos presentes e simétricos bilateralmente sem alterações. Exames pul- monar, cardíaco e de membros sem alterações. Foi realiza- do um eletrocardiograma, mostrado a seguir:a) Cite a conclusão do laudo do eletrocardiograma.
b) Cite a principal hipótese diagnósti ca para o caso.
c) Escreva a conduta terapêuti ca para a 1ª hora de atendi- mento. Considere o quadro do paciente inalterado du- rante o período.
2014 - FMUSP
2.
Um paciente de 62 anos, hipertenso, diabéti co e obe- so, é trazido ao pronto-socorro, pois há 10 minutos iniciou intenso mal-estar e, na sequência, tornou-se arresponsi- vo. Foi levado à sala de emergência e monitorizado. O mo- nitor cardíaco apresentava o seguinte traçado:a) Cite a conduta terapêuti ca imediata para o caso.
As condutas adequadas foram realizadas. No momento, o paciente está sedado e sob venti lação mecânica controla- da. PA = 120x78mmHg, pulso = 72bpm e glicemia capilar = 80mg/dL. O exame clínico não mostrou outras alterações.
As curvas do venti lador e o eletrocardiograma realizado no momento encontram-se a seguir:
196
CASOS CLÍNICOS
g) Para a paciente em questão, há necessidade de inves- ti gação para hipertensão secundária? Se houver, qual será a hipótese mais provável e o exame indicado para a sua investi gação?
RESPOSTAS
Caso 1
a) Eletrocardiograma normal.
b) Síndrome coronariana aguda sem supradesnivelamento do segmento S.
c) Ácido aceti lsalicílico/nitrato/clopidogrel/inibidor da gli- coproteína IIb/IIIa/enoxaparina.
Caso 2
a) Desfi brilação.
b) Hipercalemia.
Os níveis elevados de potássio (hipercalemia >5,5mEq/L) inati vam os canais de sódio, reduzindo a velocidade de condução. A hipercalemia causa alterações na onda P, no QRS e na repolarização ventricular.
- Onda T “em tenda”: alteração mais precoce;
- Prolongamento do intervalo PR;
- Onda P achatada;
- Ritmo sinoventricular;
- Alargamento do QRS e distúrbios de condução intra- ventricular;
- Bloqueio atrioventricular (bloqueio de 2º ou 3º grau);
- Ritmo senoide, fi brilação ventricular ou assistolia.
c) Venti lação controlada a pressão.
Caso 3
a) Hiperoxigenação.
Caso 4
a) Captopril e metf ormina.
Caso 5
a) Angioplasti a primária ou trombólise.
Caso 6
a) Diminuir o lactato em 10%/manter valor abaixo de 54mg/dL/normalizar o lactato.
Caso 7
a) - Suspender/trocar propranolol por outra classe;
- Passar sinvastati na para ser tomada à noite.
Caso 8
a) Intoxicação digitálica.
A dose habitual de digoxina é de 0,25mg/d, variando (0,125 a 0,5mg/d) de acordo com a idade, a massa cor-
QUESTÕES
CARDIOLOGIA
205
QUESTÕES
Anatomia e fisiologia cardíaca básica
2014 - UFPR
1. O átrio direito é a câmara cardíaca que normalmente re- cebe o sangue venoso sistêmico. Nessa câmara, encontra- -se a valva de Eustáquio, que se relaciona com:
a) veia cava inferior b) crista terminalis c) veia cava superior d) seio coronário
e) junção atrioventricular direita
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2012 - UFPR
2. As doenças cardiovasculares são muito comuns e consi- deradas a principal causa de morte em nosso meio. Com relação à semiologia médica sobre esse assunto, é correto afi rmar que:
a) tosse produti va com secreção amarelo-esverdeada e achados de sibilos à ausculta pulmonar sugerem con- gestão pulmonar
b) o exame de fundo de olho torna-se irrelevante e pou- co acrescenta ao diagnóstico de doenças cardiovascu- lares
c) o pulso paradoxal corresponde à irregularidade de onda de propagação observada nas artérias caróti das durante a inspeção tangencial
d) alterações referentes ao ventrículo esquerdo, como hi- pertrofi a ou dilatação, podem ser suspeitas pela avalia- ção do ictus cardíaco
e) sopros cardíacos originados do lado esquerdo do cora- ção fi cam mais evidentes e mais bem audíveis durante a inspiração
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2009 - UFSC
3. Analise as alternati vas a seguir e assinale a correta:
a) a B1 está relacionada ao fechamento das valvas mitral e tricúspide
b) os componentes audíveis ao desdobramento patológico da B2 na área pulmonar são o mitral e o tricúspide, que estão separados na expiração
c) os componentes audíveis no desdobramento fi siológico da B2 na área aórti ca são o aórti co e o pulmonar, que estão separados na expiração
d) o desdobramento patológico da B2 na área pulmonar caracteriza-se pelo seu desdobramento na inspiração, enquanto na expiração se torna único
e) o desdobramento constante da B2 na área pulmonar caracteriza-se por apresentar desdobramento na ins-
piração e na expiração, mantendo o mesmo grau de desdobramento, ou seja, sem variabilidade, o que não acontece com o desdobramento fi xo
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Dislipidemia e fatores de risco para doença cardiovascular
2015 - HCV
4. O risco de doença ateroscleróti ca é esti mado com base na análise conjunta de característi cas que aumentam a chance de um indivíduo desenvolver a doença, portanto o identi fi cador de risco mais claro é a manifestação prévia da própria doença. Dessa forma, o 1º passo na estrati fi ca- ção do risco é a identi fi cação de manifestações clínicas da doença ateroscleróti ca ou de seus equivalentes. Das alter- nati vas a seguir, assinale aquela que contém algum desses equivalentes:
a) diabetes mellitus ti pos 1 e 2
b) história familiar de doença arterial coronariana prema- tura
c) índice tornozelo–braço <0,9
d) proteína C reati va de alta sensibilidade >2mg/dL e) VHS <20
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2015 - SURCE
5. Uma paciente de 58 anos, diabéti ca, comparece em con- sulta de seguimento com seu médico de família e comuni- dade. Faz uso contí nuo de hipoglicemiante oral de forma regular e trouxe os seguintes exames solicitados na últi ma consulta: glicemia de jejum = 168mg/dL, hemoglobina glicada = 8,2%, triglicérides = 400mg/dL, colesterol total
= 230mg/dL e HDL = 20mg/dL. Que conduta deve ser to- mada?
a) prescrever fi brato b) prescrever estati na
c) prescrever fi brato e estati na
d) prescrever fi brato, estati na e ácido aceti lsalicílico
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2014 - HCV
6. Um senhor de 38 anos, obeso (IMC = 32kg/m2 e circun- ferência abdominal = 104cm), é hipertenso com pressão arterial controlada, em torno de 132x86mmHg, com uso de IECA e hidrocloroti azida, sedentário, tabagista de 30 ci- garros ao dia, colesterol total = 186mg/dL e HDL = 55mg/
dL, triglicérides = 150 e história familiar que mostra que o
COMENTÁRIOS
CARDIOLOGIA
269
COMENTÁRIOS
Anatomia e fisiologia cardíaca básica
Questão 1. A valva de Eustáquio é uma pequena válvula
“em crescente”, que encerra parcialmente o orifí cio da veia cava inferior do átrio direito.
Gabarito = A
Questão 2. Analisando as alternati vas:
a) Incorreta. O quadro é mais sugesti vo de infecção pulmo- nar e não de congestão.
b) Incorreta. O fundo de olho é importante, principalmente aos pacientes com hipertensão arterial.
c) Incorreta. Pulso paradoxal é aquele em que há queda
>10mmHg na pressão sistólica à inspiração profunda e não é possível sua avaliação apenas pela inspeção.
d) Correta. Pacientes com dilatação ventricular podem apresentar ictus desviado para a esquerda e palpável com as polpas digitais, e pacientes com hipertrofi a têm estado hiperdinâmico e podem apresentar pulsação evidente na região do ictus.
e) Incorreta. Os sons direitos são exacerbados pela inspira- ção, e os esquerdos, pela expiração.
Gabarito = D
Questão 3. B1 se relaciona ao fechamento das válvulas atrioventriculares mitral e tricúspide, e B2 se relaciona ao fechamento da valva aórti ca e da valva pulmonar, sendo seu desdobramento, durante a inspiração, considerado fi sioló- gico.
Gabarito = A
Dislipidemia e fatores de risco para doença cardiovascular
Questão 4. Dentre as opções, o fator de risco de maior peso na esti mati va de probabilidade de doença ateroscleróti ca é o diabetes mellitus, cuja presença é considerada equiva- lente à de doença ateroscleróti ca, dada a elevada probabili- dade de presença de evolução para doença ateroscleróti ca manifesta entre os portadores.
Gabarito = A
Questão 5. A paciente está com os níveis glicêmicos e sua hemoglobina glicada ainda não plenamente compensados.
Espera-se que, após a compensação do diabetes, os níveis de triglicérides devam fi car mais próximos da meta, sem a necessidade da introdução de fi bratos. Por outro lado, a prescrição de estati nas nesse caso deverá trazer benefí cio para a paciente porque, tratando-se de uma diabéti ca, o co- lesterol não HDL, que no momento está em 210mg/dL, de- verá estar abaixo de 100mg/dL. Para ati ngir essa meta, há necessidade de introdução de estati nas, já que a redução do colesterol LDL seria mais modesta com a compensação
do diabetes. A prescrição de ácido aceti lsalicílico é questi o- nável, na ausência de aterosclerose manifesta.
Gabarito = B
Questão 6. O paciente tem a PA controlada com o uso de medicamentos e CT <200mg/dL. O que lhe falta é a adesão a mudanças no esti lo de vida, como perda de peso, ati vida- de fí sica e abandono do cigarro. Dentre estes, o que mais contribui para a redução do risco cardiovascular é o últi mo.
Gabarito = B
Questão 7. As estati nas são fármacos seguros e efi cazes do tratamento das dislipidemias, porém efeitos colaterais podem surgir. São mais frequentes entre mulheres, idosos, pacientes com menor superfí cie corpórea, com disfunção hepáti ca ou renal prévias, em períodos perioperatórios, no hipoti reoidismo, em indivíduos com doenças sistêmicas e naqueles que ingerem álcool em maiores quanti dades. Al- terações do hábito intesti nal são descritas. Porém, o efeito colateral mais grave é a miopati a, que pode progredir para rabdomiólise, que, por sua vez, pode levar a insufi ciência renal e morte. O aumento da creati nofosfoquinase é o me- lhor indicador, mas não é inequívoco. Uma elevação tolerá- vel é aquela de até 5 vezes o limite superior do normal em 2 dosagens. De 5 a 10% dos pacientes que tomam estati nas referem mialgia sem que haja aumento da creati nofosfo- quinase. Quanto à hepatotoxicidade, as dosagens de ala- nina aminotransferase e de aspartato aminotransaminase podem ser consideradas até 3 vezes o limite superior do normal, sendo que insufi ciência hepáti ca é extremamente rara. O aumento da glicemia é descrito, mas o pequeno au- mento da incidência não supera os efeitos protetores. De- ve-se ter cuidado com a associação de estati nas e fi bratos, especialmente genfi brozila, pelo aumento da incidência de miopati a, não sendo essa associação recomendada.
Gabarito = D
Questão 8. O probucol é um agente hipolipemiante e anti o- xidante que tem mostrado efeitos benéfi cos na cardiotoxici- dade induzida pela adriamicina, sem interferência no efeito anti tumor. O fenofi brato é um fi brato, que age esti mulando os receptores nucleares alfa-PPAR, aumentando a depura- ção de lipoproteínas ricas em triglicérides, favorecendo o transporte reverso do colesterol, diminuindo o VLDL e au- mentando o HDL; está indicado no tratamento da hipertri- gliceridemia endógena. A niacina, ou ácido nicotí nico, au- menta o HDL e diminui o LDL e os triglicérides; sua ação se dá pela aumento da degradação intracelular hepáti ca das lipoproteínas VLDL e LDL, além de ser anti oxidante e anti - -infl amatório. A colesti ramina é uma resina de troca com ligação nos ácidos biliares, sinteti zados no fí gado a parti r do colesterol; o fí gado, depletado de bile, sinteti za mais a parti r de estoques de colesterol. Isso leva a aumento com- pensatório da ati vidade dos receptores hepáti cos de LDL, diminuindo seus níveis circulatórios.
Gabarito = D