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S E R V I Ç O P U B L I C O F E D E R A L
PROCESSO W 00-8 0-0 3* -
PROCEDÊNCIA: - SOCIEDADE BRASILEIRA DE IEDIGEBISTAS
ANEXO:
•
N. os
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REFERÊNCIA:- A^Attta-AssiiTADtf
PROTOCOLO:- MI/DCA/BSB/80
ASSUNTO: - "ncaminha a^baixô-asssinado de EKJARBO MKH.MI IE ALMEIDA, e outros reivindicando solução sobre a p o l í t i c a Indi- genista no B r a s i l .
M O V I M E N T A Ç Ã O
^jj£fo£ IILM-IO.
8J.MM,M.0Í:..
J L áoiáD
PJU.Og p.}/[«
00-30-03806-9
Brasília, 16 de junho de 1980 Carta ao Ministro do Interior
Senhor Ministro,
0 indigenismo "brasileiro tem um compromisso ' histórico com a sobrevivência física e sócio-cultural dos povos indígenas. Este compromisso, que remonta à tradição humanista de Bondon, está explicito na legislação vigente, fundamentalmente na
Constituição Brasileira, no Estatuto do índio e na Convenção de Ce nebra.
Cabe assim ao Estado, ao Governo e à Nação brasileiros, a responsabilidade pela tutela - assistência e prote- ção - dos grupos indígenas, através 'emarcação e manutenção de suas terras, do respeito à sua diversidade sócio-cultural e de to- dos os meios e medidas outras que impeçam seu extermínio físico.
A legislação prevê o controle à cobiça desen- freada ias frentes de expansão nacional - agropecuárias, minerado- ras e extrativistas - sobre as terras e as riquezas existentes em áreas indígenas.
Trata-se, portanto, de uma tradição humanis- ta, marcada pelo profundo respeito à pluralidade étnica da nação brasileira, garantindo assim a convivência harmônica e a integra -
ção controlada e sobretudo simétrica, dos diversos grupos indíge - nas, dentro da comunhão nacional.
E justamente esta tradição, legada pelo Mare- chal F.ondom que está sendo gravemente desrespeitada pelos atuais dirigentes da Fundação Nacional do índio, fato que vem in tranqüili- zando os indigenistas e a opinião pública nacional e internacional.
Revelando completo desconhecimento da realidade e do que requer a questão indígena, evidenciando dirigentes incapazes de promover a defesa dos direitos dos povos indígenas do país, desrespeitando o espírito das leis.
Entre outros, aestacamos os seguintes f » t atos demonstrativos d e s t a e v i d e n c i a :
1-
N.' E
scc/aAB
«M/jíl&Z-
A M H U T M A
AS1/FUNA1 Qb -
Em 3 / Iff^tÇO
0 protocolo de cooperação celebrado entre o Ministério do Interior e o Governo do Estado do I;ic Grande do Sul, bem como o Convênio as- sinado pela FUMAI, com a anuência desse Minis.
tério, e o Governo do Rio Grande do Sul, atra,
vés da Secretaria de Trabalho e Ação Social,'
ferem os interesses e direitos das populações
Kaingang e Guarani, visto que a FUNAI desça -
PJU.08 p3)it9
racteriza-se da condição de ógãc federal, com.
petente para exercer a tutela, e passa a mero colaborador de trabalho que, por dever está - tuído, lhe cabe;
os seguidos atos de repressão policial e amea ças de viva voz aos índios', pelo presidente ' do ógão tutelar, Coronel João Carlos !Tobre da Veiga, como se tornou público no caso das re- centes negociações em Brasília, com delegaçõ- es Xavante (MT), e Apurinã (AM), contrariando o Art. 5 9 da Lei 6.001;
a ocupação militar do Posto Indígena Eoca do Acre - AM, por tropas da PM s do Exército, na tentativa unilateral de reprimir anseios da comunidade Apurinã daquele Posto, de requere- rem a ampliação de sua reserva, numa interpre tação falsa e tendenciosa do Art. 20, § 1S, j[
tem C da Lei 6.CC1.,
a manutenção do arrendamento d as terras Kadi- vêu (MS), ferindo o disposto no Art. 2U da Lei 6.001;
o descaso da agência tutelar em relação os crimes ocorridos contra os Kaingang de Nonoai (RS); Mangueiririha (PR); os remanescentes Xa- vante de Carretão (GO), os Guajajara de Barra do Corda (MA), os Tikuna do Solimões (AM), os urinS de Lábrea (AM) e os Pankararé do Bre- jo do Burgo (BA);
a declaração, em documento firmado pelo Coro- nel .Amaro Barbetas Ferreira, delegado da 9 â
DB/PUNAI, de que "... a missão da FüKAI não é somente resolver problemas indígenas; mas tam, bem evitar grandes prejuízos a terceiros", le.
siva aos direitos dos tutelados, conforme se verifica no Art. 62 da Lei 6.001;
o não reconhecimento aos Uambiquara (MT), dos direitos de demarcação, garantido tanto pela Constituição como pelo Estatuto do índio, no momento em que a BH-36U- provocará a não viabi_
lização das propostas de reserva, que assegure um mínimo de território contínuo, necessário'
a sobrevivência do grupo;
a construção da rodovia entre Haués (AM) £
Itaituba (PA), que cortará a reserva des índj,
pju.08j>>H/m 3
os Sateré, em demarcação, sem que tenha havjL do o menor acompanhamento legal, Snquanto a população das cidades de Maués e Itaituba ' reúne-se em torno de suas realizações socia- is, a comunidade indígena Sateré é proibida' de discutir o problema, que diretamente e afjg
cai
a construção de barragens que devastarão ter, ritcrios reconhecidamente indígenas, efetua- das sem que a BU17AI tenha tomado atitude pa- ra defender os interesses dos índios e de su, as terras. As barragens de Ibirama, Tucurui, Balbína e Complexo Xingu, afetarão as terras,
o habitat e todo o território histórico dos grupos Xokleng/Kaingang/Guarani (região sul);
Waimiri-Atrcari (AM/BR); Assurini, Araveté, 1
Kararax, Parakanã, Arara e Kaiapó (PA).
a falta de cumprimento do Art. 65 da Lei 6..
001, que se refere á demarcação das terras ' indígenas ainda não demarcadas,
a displicência do órgão tutelar em relação * aos Guajá (MA), grupo ameaçado de extinção i minente, dado que é obrigado a perambular dj»
sorientado pela invasão de seu território, ' vitima que foi de envenamento e outras amea ÇaS| Ressalte-se a existência de relatórios' e pareceres alertando a atual administração' para a necessidade de medidas urgentes;
o não cumprimento das obrigações assistenci- ais tutelares pela FUMAI, aos grupos Katuki- na (AC), «laminava (AC), Kampa (AC), Apurinã'
. ) , Jamanadi (.01), Caxararí (HO); Guaté ' (MS), Pancararé (P,aso da Catarina-BA), Guará ni (Parelheiros-SP), Foianava (AC), fazendo
com que seringalistas, regatões, comercian - tes, fazendeiros e outros empresários rurais, decidam sobre o destino daqueles Povos; o que por Lei é obrigação da FUNAIj
a existência de Postos e Parques Indígenas ' criados e não ativados (Parque Indígena Tumu cumaque-PA; PI Alto Purus-AC; 3nvira-.AC e PI Lio Branco-Ajudancia de Guajará Mírim-F.C), '
com pessoal lotado nos mesmos, desprovidos '
de qualquer infra-estrutura, não permitindo'
PJl/.06p.5/l!3 h fiy
que os povos indígenas dessas áreas tenham as mínimas condições -de serem realmente atendi -
dos por quem de direito, contrariando o Art.
72, § 22 da Lei 6.G01;
as acusações feitas pelo atual Presidente da FUNAI, às gestões anteriores, em relação a ineficiencias administrativas, caem no vazio, na medida em que tais fatos persistem;
o paternalismo criminoso que vem ocorrendo !
junto às comunidades indígenas das reservas ' de Parabubure e Pimentel Barbosa, através de doações financeiras e de equipamentos a índi- os, visando a divisão política dos Xavante e o desprestígio das lideranças tradicionais, r
como meie para a não concretização do aumen- to da reserva de Pimentel Barbosa. Estas medi das paternalistas estão sendo desenvolvidas ' as custas de dinheiro público e não obedecem 1
a nenhum planejamento, prejudicando outras çç>
munidades indígenas, que deixam de ser assis- tidos em conseqüência desta malversação de verbas, contrariando o Art. 22, itens II, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX e X da Lei 6.C01;
a decisão da direção da FUNAI de que índios ' estudantes, bolsistas em Brasília, devem re- tornar par; perto de suas aldeias, ferindo os dispositivos legais e tentando descaracterizar c trabalho de organização da união das Facões Indigenas - ÜNLND;
a atitude dos atuais dirigentes da FUNAI de admoestar servidores do órgão? na presença de fazendeiros e empresários ocupantes de áreas indígenas, por defenderem os direitos dos Ín- dios nos termos estatuídos em Lei;
as acusações dos atuais dirigentes da FUNAI, referentes aos "fantasmas ideológicos", entre os indigenistas do órgão que causam estranhe- za, pois nossas vozes são uníssonas pelo cum- primento d a legislação, prestando-se tais a eu.
saçôes somente ao desgaste de um trabalho de
tão sabidas dificuldades, cujos reflexos reca
em sobre as comunidades indigenas, que tendem
a ser assistidas por pessoas destituídas do
preparo necessário à esta função:
19. devido a sua extrema complexidade, o trabalho ^ r indigenista requer pessoas capacitadas. Critj,
cas ideológicas a indigenistas que dedicam ' não apenas seu tempo funcionai, conforme o rg gime trabalhista instituído, mas suas vidas, tendo inclusive sido preparados pela própria PUHAI para a função, fazem crer em desinterejs
se dos seus dirigentes por uma insistência sé- ria e coerente, já que isto está levando a de rrissees de servidores altamente qualificados.
As criticas a ideologia Indigenista, a qual é fruto da história do indigenismo oficial do pais, levarão a uma burocratizaçSo do traba - lho assistencial. Isto contraria nosso desejo de permanecer nos quadros da FÜNÀI, única via possível de levar-mos a eõhíênto um trabalho indigenista coerente, respaldado e legal, : que nos está sendo negado, num desrespeito à nossa condição de profissionais preparados e de indigenistas ideologicamente representan - tes da responsabilidade da sociedade nacional, perante as comunidades indígenas.
Considerando que o interesse nacional requer competência no trato da questão indígena, pressupondo integração ' em lugar de conflito, no relacionamento do órgão tutelar com índi- os e indigenistas, e dada a gravidade dos fatos denunciados neste documento, os quais poderão ser facilmente comprovados, reivindica.
•os:
1. uma PÜNAI dirigida e administrada por ho- mens públicos de comprovada postura e expe riência indigenista.
2. a reintegrarão dos servidores demitidos ou forçados a se demitir da FUNAI, a saber: ' José Porfírio Fontenele de Carvalho (11 a- nos de trabalho), Odenir Pinto de Oliveira (12 anos), Zvangelina de Araújo Figueiredo' (11 anos), José Carlos dos Heis Meirelles' Filho (9 anos), Ronaldo Lima de Oliveira ' (7 anos), Idevar José Sardinha (9 anos); ' Fernando Schiavini de Castro (3 anos), ' Francisco de Campo Figueiredo (8 anos), Ju,
rema de Figueiredo (8 anos), Rafael José '
de Menezes Bastos (6 anos), Cláudio dos
Santos Romero (5 anos) Otacilio de Almeida
Júnior (5 anos), Antônio Luis Batista de
PJU.0»,p.l/U9 tf
Macedo (*+ anos), Marta Maria Lopes (3 anos), Helena Biasi Miranda (3 anos), Osvaldo CL d Nunes (2 anos), Paulo Miranda (2 anos), Wqg ner Joaquim Mendonça (1 ano);
3. o cumprimento da legislação vigente sobre o indio brasileiro;
h, a apuração dos fatos nos termos da Lei. Roga mos a inclusão de indigenistas de comprovada
competência e ilibada reputação na referida' apuração.
I\ T a expectativa de Vossas providências, subscrj:
vemo-nos atenciosamente, pela SüCTEDADE BRASILEIRA DE IHDIGENISTAS.
c/c p/ Sen. Luis Viana Filho, Presidente do Congresso Nacional;
^ Dep. Flávic Marcílio, Presidente da Câmara dos Deputados e
c rs. Membros do Conselho Indigenista da 7UNAI
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PAULO RUI OA SILV/j gnbcheW do GaM
à FUNAI,
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. para os fins convenientes;
. chamo atenção, para as medidas cabl veis, que o documento anexo, ao que pare ce, foi firmado inclusive por funciona rios dessa Fundação.
r
JOSÉ FRANCISCO SERRA GUIMARÃES OaaU do Gabinete do Secretario Gorai
oõo •
Presidsnie da F
M *%tW
MINISTÉRIO DO INTERIOR
F U N D A Ç Ã O N A C I O N A L D O Í N D I O - F U N A I
G a b i n e t e d o P r e s i d e n t e
Brasília, 25 de junho de 1980
Senhor Superintendente Administrativo:
Face ã urgência da solicitação de V.Sa., no sentido de tomarmos conhe- cimento do documento anexo, emitindo parecer sobre suas varias implicações, não nos parece possível, sem cauteloso exame da matéria, ã luz dos vários dispositivos le- gais, emitir em poucos minutos o almejado Parecer, de modo a, com segurança, apre- sentarmos conclusões.
Entretanto, no desejo de colaborar com a Administração, apresento as considerações seguintes:
1 - Ao que parece, a chamada Sociedade Brasileira de Indigenismo não tem existência legal, não havendo, assim, razão para que a FUNAI lhe responda a re- ferida carta ou lhe preste quaisquer informações;
2 - Poderá, entretanto, se assim entender a Presidência, desde que o documento venha a público, prestar os esclarecimentos que julgar oportunos, através dos Órgãos de Imprensa, objetivando esclarecer a opinião pública;
3 - Recomendável nos parece, sejam prestados, inicialmente, esses es- clarecimentos ãs autoridades a quem foram encaminhados o documento e respectivas có- pias;
4 - Quanto ãs implicações de ordem criminal em decorrência da expedi- ção da carta anexa, firmada por alegados integrantes da "Sociedade Brasileira de In- digenismo" que também são, em sua grande maioria, servidores desta FUNDAÇÃO, enten- demos que o assunto merece um cauteloso exame e conseqüente parecer do Senhor Procu- rador Geral, conhecedor profundo da matéria e que poderá oferecer uma mais segura orientação.
E o que nos cabe dizer nestes poucos minut^ que nos foram concedidos.
Atenciosamente,
IZcmildo CatOúllTÍ
Assistente do Procurador Geral FUNAI
Mod. 116
MINISTÉRIO OO INTERIOR
FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO
F U N A I
M
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João
PJU-O&pJafl^
MINISTÉRIO DO INTERIOR
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G a b i n e t e d o P r e s i d e n t e
PARECER N? 0 79 /PJ/80
Senhor Presidente,
Encaminha V.Exa., a esta Procuradoria Jurídica, para exa- me e pronunciamento, a "CARTA AO MINISTRO DO INTERIOR", com data de 16 do mês corrente, assinada por vinte e um (21) servidores destaFun- dação, alguns dos quais, ocupantes de cargos de confiança, e enviada ao Exmo. Senhor Ministro de Estado do Interior, em nome da SOCIEDADE BRASILEIRA DE INDIGENISTAS, com cópias distribuidas ao Exmo. Senhor Presidente do Congresso Nacional, ao Exmo. Senhor Presidente da Câma- ra dos Deputados, e aos Membros do Conselho Indigenista da FUNAI.
A carta em exame, apresenta um elenco de acusações aos dirigentes atuais desta Fundação, entre as quais:
a) grave desrespeito dos dirigentes da FUNAI aos princí- pios da política indigenista, â luz da tradição e dos ensinamentos do Marechal Rondon;
b) desrespeito ã legislação indigenista vigente — ESTA- TUTO DO ÍNDIO, CONVENÇÃO DE GENEBRA N9 107 e Consti- tuição Federal — para citar o fundamental da legis- lação vigente;
c) má aplicação de dinheiros públicos (doações financei- ras e de equipamentos, sem nenhum planejamento).
Esta Procuradoria Jurídica, consultada por essa Presidên- cia, sobre a consistêncialeígal da Sociedade Brasileira de Indigenis- tas, emitiu o Parecer n9 58/PJ/80 (doe. n? 1 - anexo), que concluiu pela "incompatibilidade do servidor da FUNAI integrar a SOCIEDADE em comento, por ferir os princípios basilares da doutrina trabalhista, e
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MINISTÉRIO DO INTERIOR
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G a b i n e t e d o P r e s i d e n t e
da própria legislação social que rege as relações de trabalho".
Para chegar a essa conclusão, alinhamos:
I - A criação da SBI, por servidores da própria FUNAI, para pressionar a Fundação a que servem;
II - Conflito de situações, gerado pelo fato dos fundado- res da Sociedade, dos seus membros e dirigentes se- rem, a um só tempo, assalariados da FUNAI e seus cri ticos, seus julgadores;
III - A infração dos membros e dirigentes da SBI — ser- vidores da FUNAI — ao principio da subordinação em- pregaticia, decorrente da relação de trabalho, con- sagrada pela Consolidação das Leis do Trabalho;
IV - A condição de empregados da FUNAI, dos membros e di- rigentes da SBI, definida no art. 39 da CLT, que os coloca sob a dependência do empregador;
V - A impossibilidade legal da existência da SBI, como entidade sindical, em face de serem os servidores da FUNAI filiados, por decisão da Justiça do Trabalho à SENALBA - Sindicato dos Empregados em Entidades Cul- turais, Recreativas, de Assistência Social, de Orien- tação e Formação Profissional.
O Parecer referido foi aprovado por V.Exa., e essa Presi dência encaminhou aos dirigentes da SBI, o OFÍCIO N9 179/PRES, em 27 de maio p.passado, enviando cópia do nosso pronunciamento, e afirman- do a inviabilidade da aprovação e aceitação dos Estatutos da SOCIEDA- DE, tal como se encontram redigidos, por conflitar-se com a filosofia da Fundação, e com a relação de emprego (doe. n? 2 - anexo).
Acresça-se, por fim, que a SOCIEDADE BRASILEIRA DE INDI- GENISTAS não tem existência legal, ex-vi da Informação n? 219/PJ/80 , do Assistente desta Procuradoria Jurídica (doe. n? 3 - anexo), vez que, de acordo com pesquisas nos Cartórios de Registros de Pessoa Ju- rídica desta Capital, não existe o competente registro da SBI, nem mesmo, pedido de registro.
Insistem, portanto, os servidores signatários da CARTA AO
MINISTRO DO INTERIOR, na insubordinação, na indisciplina perante o seu
empregador, valendo-se de uma Entidade em formação.
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Apenas, "ad argumentandum", ainda que a SBI estivesse le- galmente registrada no Cartório competente, de acordo com a Lei, não se caracterizando ela como Entidade Sindical, o que implicaria, tam- bém, no registro e reconhecimento pelos Ministérios do Trabalho e da Previdência e Assistência Social; mesmo satisfeitas todas exigências, não seria de se reconhecer o direito dos seus membros e dirigentes, to- dos servidores da FUNAI, de agredirem e acusarem intempestivamente os seus dirigentes, com o objetivo de expô-los â execração pública.
As acusações contidas na CARTA, enviada ao Ministério do Interior, ao qual está vinculada a FUNAI, com distribuição de cópias a autoridades que, embora legalmente constituídas, estão alheias ã problemática enfocada, se constituem indisciplina e insubordinação dos empregados que a subscrevem ã luz do art. 482, letra H, da Consolida- ção das Leis Trabalhistas.
Se o empregado verifica algo de errado no órgão em que trabalha, ou se considera erros, atos praticados pelo seu empregador, incumbe-lhe o dever de lealdade e disciplina, apresentar as suas crí- ticas e as suas razões ao seu patrão.
Somente, entendemos nós, não obtendo guarida a critica ou a reivindicação direta, explicar-se-ia a busca de outros recursos ca- pazes de se fazerem ouvir as suas aspirações.
Não foi esse o procedimento adotado pelos signatários do documento.
Preferiram eles dirigir-se, diretamente ao Ministro de Es tado, numa inversão dos princípios da competência.
Aos dirigentes da FUNAI não enviaram nenhuma cópia, não deram oportunidade de tomar conhecimento das acusações infundadas e inconseqüentes, que lhes faziam, ao abrigo de uma Entidade que não existe legalmente.
Entendemos que, por lealdade ao empregador e por obediên- cia ao vinculo de subordinação hierárquica, de que fala o tratadista Mozart V. Russomano, a CARTA deveria ser enviada através da Adminis- tração Central da Fundação a que servem.
Os termos da CARTA, e o constrangimento dos seus signatá- rios de permanecerem nos quadros da FUNAI, manifestamente expresso às fls. 5, estabelece a total incompatibilidade entre empregado e empre-
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gador, pelo que, concluimos opinando pela dispensa dos vinte e um (21) servidores que assinam o documento em exame, com fulcro no art.
482, letra H da Consolidação das Leis do Trabalho, que define a JUSTA CAUSA.
É o nosso parecer, sub censura.
Brasília, 26 de junho de 1980
AFONSO AUGUS30 DE MORAIS Procurador Geral
Mod. 116
MINISTÉRIO DO INTERIOt n
FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO - FUNA! (JU?C • /U- À
GABINETE DO PRESIDENTE
PARECER RÇ 5 8 /PJ/80
Senhor Presidente:
Consultou V.Exa., a esta Procuradoria Jurídica, sobre a consistência legal da SOCIEDADE BRASILEIRA DF INDIGENISTAS, constituída por servidores desta Fundação.
. 0 art.153, parágrafo 28, da Constituição Federal as- segura "o liberdade de associação para fins • licita", P que "nenhuma
associação poderá ser dissolvida senão em virtude de decisão judicial".
A" luz, portanto, do mandamento constitucional os funda- dores da novel Sociedade, como cidadãos, como pessoas físicas, no uso pleno da sua capacidade civil, estão no exercício de um direito, ao se reunirem em associação.
. Do exame do Estatuto da SBI, no entanto, verifica-se a exigência de que "o número de associados não funcionários do órgão oficial 'de assistência ao índio não poderá exceder a 1/5 (um quinto) do total de associados funcionários do órgão oficial que não trabalham em Srea, também não deverá exceder a 1/5 (um quinto) do total de associa-
dos, sendo que os 3/5 (três quintos) restantes deverão ser do pessoal funcionário do órgão oficial que atua em área".
Da leitura, portanto, do art. 59 dos Estatutos da Socie-
dade, que acabamos de transcrever, conclui-se que três quintos (3/5) dos seus associados, serão constituídos de servidores da FUNAI.
Do paralelo entre os arts. 59 e 29 dos Estatutos, veri-
fica-se que servidores da própria FUNAI se constituem em Sociedade, pa-
ra pressionar a Fundação a que servem.
•