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O que é preciso para melhorar a qualidade do ensino?

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Academic year: 2022

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O que é preciso para melhorar a qualidade do ensino?

Que a lei seja cumprida!

Grupo de Sábado – FE/Unicamp Outubro/2010

Nós, de um grupo colaborativo que reúne professores que ensinam Matemática, estudantes de Licenciatura e de Pedagogia, além de dois professores efetivos Departamento de Ensino e Práticas Culturais da FE/Unicamp – viemos a público manifestar nossa indignação e expressar o descontentamento com a (des)valorização da profissão docente e com as atuais políticas públicas de educação, especialmente do Estado de São Paulo.

Expressamos aqui nossas indignações e reivindicações, principalmente em relação a nossa formação continuada e a forma como esta tem sido tratada pelas políticas públicas estaduais.

Consideramos que a escola tem mudado, mas observamos que as políticas públicas não acompanham efetivamente as transformações pelas quais passa nossa sociedade, e responsabilizam os professores pela crise da educação em nosso país. Por isso, alguns planos de carreira são atrelados ao desempenho de nossos alunos em avaliações controladas pelos governos das diferentes esferas:

municipal, estadual e federal. Também somos avaliados em provas com critérios, muitas vezes dissociados de nosso contexto prático. Será que a seleção cuidadosa que realizamos de diferentes atividades para serem desenvolvidas em nossas aulas são menos importantes que as perguntas conteudistas e fechadas presentes nessas provas meriotocráticas de múltipla escolha?

Segundo pesquisa da Fundação Vitor Civita em parceria com a Fundação Carlos Chagas(FCC), a carreira docente atrai cada vez menos os jovens que se formam no Ensino Médio e ingressam no Ensino Superior. Nos últimos anos, tem sido divulgada a queda na demanda pelas licenciaturas e no número de formandos. Apenas 2% dos jovens que cursam o 3º ano do Ensino Médio pretendem alguma Licenciatura.

Esta situação precisa ser combatida com várias ações e uma delas é o aumento de salário, tendo em vista que os professores atualmente ganham 40% menos que outros profissionais com a mesma qualificação, conforme aponta o artigo publicado no site da ANDIFES.

Porém, aumento de salário não é suficiente para garantir melhoria da qualidade de ensino e nem para reverter a falta de atratividade da carreira. Defendemos a necessidade de se reconhecer que a formação contínua é um direito do professor e deve ser considerada como parte inerente de sua profissão, pois esta exige uma reflexão constante sobre a própria prática. É essencialmente a profissão de quem ensina e aprende continuamente.

A formação (des)continuada atualmente oferecida aos docentes é realizada de tempos em tempos, mediante cursos esporádicos, onde o professor é visto como um profissional que não correspondeu às expectativas do Estado dentro de sua sala de aula e por este motivo, necessita de um “reforço”.

Segundo FIORENTINI (2005), estudos e experiências tem mostrado que estes cursos sob o modelo da racionalidade técnica (ZEICHNER e SHÖN) são pouco eficazes na mudança dos saberes, das concepções e da prática docente nas escolas. A principal razão é que esses cursos promovem uma prática de formação descontínua:

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descontínua em relação à formação inicial dos professores; descontínua em relação ao saber experiencial dos professores, os quais não eram tomados como ponto de partida da formação continuada; descontínua, ainda, em relação aos reais problemas e desafios da prática escolar; e descontínua, sobretudo, porque eram ações pontuais e temporárias, tendo data marcada para começar e terminar (p. 8)

Este profissional que já era desvalorizado socialmente sente-se cada vez mais desmotivado e realiza esses cursos em horário oposto ao de sua jornada de trabalho o que não oferecerá o suficiente para o aprimoramento de sua prática. Parece que esse sistema não tem sustentação para a atual situação com a qual nós nos deparamos, não provocando mudanças na qualidade da Educação. O que propor então?

Propomos apenas que a lei seja cumprida, nada mais!

Tendo em vista a necessidade de assegurar um piso salarial a toda a categoria e valorizar o magistério, promovendo assim uma melhoria na qualidade da educação, em julho de 2008 foi aprovada no Brasil a Lei nº 11.738, conhecida como Lei Cristovam Buarque. Em seu § 4º do artigo 2º, a Lei Cristovam Buarque trata da composição da jornada de trabalho do professor. Neste artigo fica garantido que a jornada de trabalho do professor será composta de 66,6% de trabalho com alunos, ficando o restante de horas reservado para outras atividades que poderão realmente promover uma formação contínua do professor.

Não estamos nos negando a estudar, a participar de cursos de formação, mas almejamos uma formação contínua, que nos ajude a alcançar os níveis de qualidade exigidos pela atual sociedade e queremos condições dignas para isso, ou seja, queremos que essa formação contínua faça parte da nossa jornada de trabalho, se tornando parte do processo de formação educativa constante do professor, sem interrupções.

Uma possibilidade é a criação de grupos colaborativos que embasam sua filosofia numa perspectiva de estudos em colaboração com os seus pares. Nos grupos, os estudos são diretamente voltados para as práticas em sala de aula permitindo não apenas a relação entre teoria e prática, mas também os momentos para a reflexão dessas relações.

Acreditamos, por nossa própria experiência, na parceria entre professores escolares, futuros professores e acadêmicos em comunidades colaborativas, reflexivas e investigativas. O caráter diversificado dessas comunidades tem um papel importante à medida que torna possível a ressignificação das experiências de maneira crítica e criativa, valorizando o conhecimento do estudante, dos acadêmicos, mas também o conhecimento e os saberes docentes dos professores que atuam em sala de aula.

Um exemplo desses grupos colaborativos, e que tem apresentado ótimos resultados é o próprio GdS. Sua forma de trabalho tem ajudado muitos professores a desenvolverem-se profissionalmente, incentivando a produção escrita por meio de quatro livros já publicados, a organização de três seminários bienais e a participação de seus integrantes em outros congressos e encontros, não apenas como ouvintes, mas como convidados em mesas redondas, apresentando trabalhos e oferecendo oficinas.

Essa história nos traz a convicção de que é possível implementar, nas diversas secretarias de educação, projetos de formação continua em forma de grupos colaborativos, cujos programas de estudo e pesquisa sejam organizados e coordenados por professores, tendo como apoio as Diretorias de Ensino e parceria das IES que oferecem regularmente cursos de formação de professores.

Nesse sentido, solicitamos que as Secretarias de Educação não apenas permitam que o professor possa optar por essa modalidade de formação contínua como também a reconheça, apóie e subsidie com recursos públicos.

Referências

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