Prof. Alexandre Akira Kida, Msc., Eng.
Aula
SCRs
1 Eletrônica de Potência
• Histórico
• Estrutura interna
• Simbologias
• Circuito elétrico equivalente
• Circuitos de polarização
• Testes práticos
• Comparativo com relés
• Dados técnicos (datasheet)
• Aplicações em CC e CA
Plano de Aula
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SCR- INTRODUÇÃO
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• Silicon Controlled Rectifier – Retificador Controlado de Silício
• Idealizado e fabricado em 1957
• Dispositivo de três terminais (ânodo, cátodo e gate) e quatro camadas PNPN
• Opera exclusivamente como chave: ligada ou desligada
SCR - Introdução
Figura. Simbologia SCR (normas DIN e ABNT) 4
Veja que o símbolo do SCR parece o de um diodo
• Dispositivo unidirecional → Conduz em apenas um sentido
• Funcionamento biestável (ligado ou desligado)
• O termo tiristor vem do termo grego thyr (porta)
• Engloba uma família de dispositivos semicondutores de multicamadas que opera em regime de chaveamento, os quais têm em comum uma estrutura de, no mínimo, quatro camadas semicondutoras em uma sequência P-N-P-N (três junções semicondutoras)
• Aplicações → Controle de grandes potências e Soft-starters
SCR - Introdução
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SCR- ASPECTO FÍSICO
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SCR – Aspecto físico
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Figura. SCR de baixa
potência Figura. SCR de rosca
Figura. SCR de rosca
Figura. SCR de disco
Uma das vantagens do SCR de disco é a capacidade de instalar dissipadores em ambos os lados Nos SCRs de rosca, o
ânodo é normalmente rosqueado
O cátodo de disparo é interligado internamente ao
cátodo de potência
SCR- ESTRUTURA INTERNA
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• Constituído de quatro camas PNPN → gate é conectado a uma pastilha do tipo P
SCR – Estrutura Interna
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Figura. Estrutura interna do SCR
SCR- CIRCUITO ELÉTRICO EQUIVALENTE
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SCR – Circuito Elétrico Equivalente
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Figura. Circuito equivalente com
diodos Figura. Circuito equivalente com
transistores
SCR- POLARIZAÇÃO
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• Polarização direta (Va > Vk) e gate aberto
• O SCR só disparará (entrar em condução) caso a tensão entre ânodo-cátodo seja superior a tensão de BREAKOVER
• Este tipo de polarização não é muito utilizada pois requer uma tensão bastante elevada para que o SCR dispare
• Vak fica em entre 0,7 a 2V durante a condução
SCR - Polarização
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AK → anodo-catodo KA → catodo-anodo
• Polarização reversa (Va < Vk) e gate aberto
• O SCR reversamente polarizado só disparará caso Vka for superior a tensão de BREAKDOWN (ou tensão reversa máxima)
• Esse método de disparo também deve ser evitado para não danificar o SCR
SCR - Polarização
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Efeito avalanche
• Polarização direta (Va > Vk) e gate-cátodo polarizado
• O SCR dispara quando a corrente injetada no gate é superior a Igmin
• O gate consegue apenas ligar o SCR, não desligar
SCR - Polarização
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Figura. Polarização direta ânodo-cátodo e gate-cátodo
• Polarização direta (Va > Vk) e gate-cátodo polarizado
• Após o disparo, pode-se retirar o sinal do gate e o SCR continua conduzindo caso a corrente no ânodo seja maior que a corrente IL (latching current – corrente de engatamento)
• Quando o SCR “engata”, pode-se retirar a corrente no gate que o mesmo continua em condução
SCR - Polarização
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• Considerando o circuito equivalente a transistores
• Limitação do modelo a transistores: 𝐼𝐶2 = 𝐼𝐵1 e 𝐼𝐶1 = 𝐼𝐵2
• IB dos transistores é baixa, limitando IC
SCR - Polarização
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Positive Feedback!
• No circuito equivalente a transistor pode-se verificar que:
• A corrente no gate faz com que T2 conduza
• T2 conduzindo, força que T1 conduza
• Com T1 conduzindo, faz com que T2 conduza, e assim sucessivamente
• Isso é chamado de realimentação positiva (positive feedback)
SCR - Polarização
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• Valores típicos de tensão e corrente no gate
SCR - Polarização
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• Processo de condução: ponto de vista do material
SCR - Polarização
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SCR - Polarização
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+ + + + +
- - - - -
- - - - -
+ + + + +
J1 e J3 diretamente polarizadas + → fortemente dopados
SCR - Polarização
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+ + + + +
- - - - -
- - - - -
+ + + + +
Camada P da porta é muito estreita:
parte dos elétrons que cruzam J3 possuem energia cinética (0.5*m*V²) suficiente para vencer a barreira de potencial em J2
Elétrons acelerados
SCR - Polarização
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- - - - -
- - - - -
+ + + + +
Camada P da porta é muito estreita:
parte dos elétrons que cruzam J3 possuem energia cinética (0.5*m*V²) suficiente para vencer a barreira de potencial em J2
Elétrons acelerados
- - - - - -
- - - - -
- - - -
- - - - - +
+ + + +
- - - - -
SCR - Polarização
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+ + + + +
- - - - -
- - - - -
+ + + + +
Condução de corrente elétrica!
Fluxo de elétrons
- - - - - -
- - - - -
- - - -
- - - - - -
- - - -
- +
+ + + +
+ + + + +
+ + + + +
+ + + + +
+ + + + +
+ + + + +
+ + + + +
+
Fluxo de lacunas
- - - - -
-
• IH ≠ IL
• IH (Holding current: corrente de manutenção) – Corrente mínima que o SCR precisa para conduzir
• IL (Latching current: corrente de engatamento) – Corrente mínima que o SCR precisa para ficar engatado
• Quando o SCR está engatado pode-se retirar o sinal no gate que o mesmo continua disparado
SCR - Polarização
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• Polarização reversa (Vk > Va) e gate-cátodo
• Como está reversamente polarizado, o SCR não disparará
• Caso a tensão reversa máxima no gate seja ultrapassada, esta junção será danificada
• O mesmo também poderá ser danificado caso Vka seja maior que a tensão de BREAKDOWN
SCR - Polarização
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SCR- BLOQUEIO
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SCR – Bloqueio
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• Embora seja simples fazer com que o SCR entre em condução, o mesmo não acontece para o seu modo desligado (bloqueio)
• Existem duas formas de desligar o SCR:
1. Comutação natural 2. Comutação forçada
SCR – Bloqueio
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• Comutação Natural
• Caso a corrente que flui entre ânodo e cátodo seja inferior a corrente de manutenção, o SCR deixa de conduzir
• Isso acontece em circuitos AC, onde a corrente passa por zero duas vezes a cada ciclo
• Conhecida também como comutação de rede
• Comutação Forçada
• Interrompe a corrente anódica (Iak)
• Retira a polarização direta
SCR - Bloqueio
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SCR – Bloqueio
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• Comutação Forçada
• Circuitos DC onde não é possível a reversão da corrente de anodo
• Deve-se oferecer um caminho alternativo para a corrente, enquanto se aplica uma tensão reversa sobre o SCR
• Normalmente é utilizado um capacitor carregado previamente com uma tensão reversa
• No instante desejado para o corte, coloca-se o capacitor em paralelo com o SCR, polarizando-o reversamente
SCR – Bloqueio
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Figura. Comutação forçada no SCR
Figura. CH1 fecha, CH2 abre, SCR conduz, carrega o capacitor
Figura. CH1 abre, CH2 fecha, SCR para de conduzir devido a tensão reversa aplicada Lâmpada acende
Lâmpada apaga
SCR- CARACTERÍSTICAS
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SCR – Características
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• Condições de disparo
• Condições de bloqueio
SCR- ETAPAS DO SCR
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• Os circuitos contendo SCR podem ser divididos em duas etapas:
• Potência: local onde é conectado a carga do circuito (passagem de grande fluxo de corrente)
• Disparo: etapa de controle do funcionamento do SCR
• Baixo fluxo de corrente
SCR – Etapas do SCR
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SCR- CURVAS CARACTERÍSTICAS
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• ↑ IG → ↓Vbreakover
SCR – Curvas características
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SCR – Curvas características
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Comparativo das curvas características ideais do diodo e SCR, respectivamente
SCR- CARACTERÍSTICAS DE DISPARO
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SCR – Características de disparo
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• Os SCRs possuem os seguintes modos de disparo (condução):
1. Disparo por pulso de gatilho (desejável) 2. Disparo por sobretensão (indesejável)
3. Disparo por alta taxa de crescimento de tensão direta (∆Vak/∆t) (indesejável)
4. Disparo por temperatura (indesejável)
SCR – Características de disparo
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• Disparo por pulso de gatilho
• Forma usual de disparo
• Conduz quando está diretamente polarizado (𝑉𝑎𝑘 > 0) e recebe um pulso de corrente no gate
SCR – Características de disparo
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• Disparo por sobretensão
• Método raramente utilizado na prática
• Vak é muito elevada, o SCR pode passar a conduzir mesmo sem corrente no gate (breakover)
Figura. Disparo do SCR
SCR – Características de disparo
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• Disparo por ↑ taxa de crescimento de tensão direta (∆Vak/∆t)
• Quando o SCR está diretamente polarizado e houver um elevado crescimento de Vak, o SCR pode entrar em condução sem haver corrente no gate
• Isso porque a capacitância da junção J2 pode fazer circular uma corrente (Ig = C ∆Vak/∆t) de gatilho grande o suficiente para disparar o SCR , devido à alta variação de tensão de ânodo e cátodo
SCR – Características de disparo
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• Disparo por alta taxa de crescimento de tensão direta (∆Vak/∆t)
SCR – Características de disparo
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• Disparo por alta taxa de crescimento de tensão direta (∆Vak/∆t)
+ + + + +
- - - - -
- - - - -
+ + + + +
Camada de depleção → Dielétrico 𝐼𝑗 = 𝐶𝑗2 ∗ ∆𝑉𝑎𝑘
∆𝑡
- -
- -
-
SCR – Características de disparo
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• Disparo por alta taxa de crescimento de tensão direta (∆Vak/∆t)
• Por que é taxa de crescimento?
• A taxa de decrescimento forneceria uma corrente no sentido contrário, não engatando o SCR
• Por que é de tensão direta?
• O engatamento acontece apenas na polarização direta
• Inconveniente é mais visível em SCRs de alta potência
↑ 𝐶 = 𝑘 ∗↑ 𝐴 𝑑
SCR – Características de disparo
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• Para controlar este problema, utiliza-se o circuito snubber
Figura. Circuito RC snubber
SCR – Características de disparo
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• Para controlar este problema, utiliza-se o circuito snubber
Figura. Circuito RC snubber Sinal de ↑ freq.
Sinal de ↑ freq.
Sinal de ↓ freq.
Sinal de ↑ freq.
Filtro passa baixa
SCR – Características de disparo
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• Disparo por alta temperatura
• A corrente de fuga numa junção p-n reversamente polarizada pode assumir valor suficiente elevado para que leve o tiristor ao estado de condução
• Para evitar este disparo, utilizam-se dissipadores de calor evitando o aumento excessivo de temperatura
Corrente de fuga devido ao aparecimento de portadores
minoritários na junção PN criados a partir do efeito Joule
SCR- TESTES PRÁTICOS DO SCR
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• Na prática pode-se encontrar três situações:
1. SCR normal
2. SCR com resistor interno gate-cátodo (RGC) 3. SCR disparado por ruído
SCR – Teste Prático do SCR
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• SCR normal
• Não está disparado por ruído
• Não possui resistor gate-cátodo
• Apresenta apenas uma resistência baixa na junção gate (+) e cátodo (-)
SCR – Teste Prático do SCR
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• SCR com RGC
• Objetivo do RGC é evitar o disparo por ruído
• Na prática, se encontrará duas resistências baixas entre gate-cátodo
SCR – Teste Prático do SCR
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• SCR disparado por ruído
• São encontradas duas resistências baixas:
• Gate-cátodo
• Ânodo-cátodo
• O terminal de cátodo é o terminal comum entre as duas resistências baixas
SCR – Teste Prático do SCR
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• SCR disparado por ruído
• Deve-se fechar um curto entre o cátodo (descoberto a priori) e o outro terminal
• Quando o SCR deixar de ter uma baixa resistência entre o cátodo e o terminal que sobrou, foi feito um curto entre o cátodo e o gate
• Dessa forma, identifica-se o gate
• O que sobrar, é o ânodo
SCR – Teste Prático do SCR
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SCR- COMPARATIVO COM RELÉS
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• Vantagens:
• Inexistência de partes móveis
• Não há contatos mecânicos que precisam ser limpos
• Não há molas que precisam ser trocadas
• Não há partes metálicas sujeitas à corrosão
• Não há perigo de centelhamento
• Elevada velocidade de comutação
SCR – Comparativo com Relés
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• Desvantagens:
• Apresenta uma queda de tensão entre seus terminais (quando está conduzindo) entre 0,7 a 2V
• Cada SCR apresenta apenas um contato, enquanto o relé pode ter mais de um contato
• Necessário um circuito especial para desligá-lo
SCR – Comparativo com Relés
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SCR- DATASHEET
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SCR- Datasheet
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SCR - Datasheet
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SCR - Datasheet
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SCR - Datasheet
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SCR – Dados Técnicos
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SCR – Dados Técnicos
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Engatamento
SCR- APLICAÇÕES (DC)
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• Exemplo 01 – Circuito acionado na ausência de luz
• O LDR (Light Dependent Resistor ou resistor dependente de luz ou fotoresistência) varia sua resistência de acordo com a incidência de luz
• Quanto maior a incidência de luz, menor a resistência do LDR
SCR – Aplicações em CC
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Quanto maior a resistência do LDR
(menos luz), mais corrente vai pro gate, disparando o SCR, acendendo a luz
• Exemplo 02 – Circuito de proteção contra sobretensões (SCR Crowbar)
• Em uma situação normal, a tensão de rede é menor que a tensão de ruptura do Zener
SCR – Aplicações em CC
Figura. Circuito de proteção contra sobretensões 70
• Caso a tensão da rede seja muito grande, o zener entra em sua região de ruptura e uma tensão é aplicada ao gate do SCR, levando-o a condução (em menos de 1 us), protegendo a carga
SCR – Aplicações em CC
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• Melhorar a sensibilidade do circuito:
SCR – Aplicações em CC
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SCR- APLICAÇÕES (AC)
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• Primeiramente, deve-se definir as seguintes variáveis:
• Ângulo de disparo (α): é o ângulo correspondente à tensão onde o tiristor dispara
• Ângulo de condução (β):
Corresponde a condução do SCR
SCR – Aplicações em CA
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• Em corrente alternada, o valor da corrente de gate determina a tensão necessária entre anodo e catodo para o SCR disparar
• Quanto menor a IG, maior será a tensão entre anodo e catodo necessária para o disparo do SCR e vice-versa
SCR – Aplicações em CA
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Figura. Circuito de controle de fase com controle da corrente no gate (α de 0 a 90º) P1 controla o nível de IG,
consequentemente, o valor necessário de Vak para que o SCR conduza
Evitar polarização reversa
SCR – Aplicações em CA
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Figura. Formas de onda do circuito de controle de fase do SCR com αvariando de 0, 30º e 90º
Quando α = 0, a potência dissipada pela carga é 50%
Quando α = 90º, a potência dissipada pela carga é de 25%
SCR- EXERCÍCIOS
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• 1) A tensão na rede é de 127 Vrms a 60 Hz. Qual o valor instantâneo da tensão de rede caso o SCR esteja projetado para possuir um ângulo de disparo de 30º. Desenhe a forma de onda na carga.
SCR – Exercícios
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• 2) Determine a Vin necessária para disparar o SCR e a tensão da fonte de alimentação necessária para desligá-lo. Considere que Vak = 1V quando o SCR está em condução.
SCR – Exercícios
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IL = 11 mA
• 3) Calcule o maior valor de sobretensão que o circuito abaixo pode suportar sem acionar o SCR. Considere que o Zener possui uma tolerância de +- 5%
SCR – Exercícios
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• 4) Quais são as semelhanças e diferenças básicas entre um diodo e um SCR, quando polarizados direta e reversamente?
• 5) Quais são as condições básicas para disparo de um SCR?
• 6) Quais são as condições para bloqueio de um SCR?
SCR – Exercícios
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1. Eletrônica Industrial, Análise de dispositivos e suas aplicações - Edna A. Andrade - CEFET-BA
2. Eletrônica de Potência – Ashfaq Ahmed – Editora Prentice Hall 3. Eletrônica Industrial de Potência-José Luiz Antunes - Livros Érica
Editora
4. Eletrônica de Potência –Circuitos, dispositivos e aplicações – Muhammad H. Rashid. Editora Makron Books
Referências
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