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XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação (ENANCIB 2013) GT 1: Estudos Históricos e Epistemológicos da Ciência da Informação

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TRÍADE DADOS, INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO: ELEMENTOS DE COMPREENSÃO EPISTEMOLÓGICA DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO.

Rafael Aparecido Moron Semidão – UNESP/MARÍLIA Carlos Cândido de Almeida – UNESP/MARÍLIA

Resumo

Busca-se delinear a dinâmica epistemológica da Ciência da Informação, identificando-a a uma formação discursiva social sobre informação e conhecimento constituída pela convergência de núcleos epistemológicos tematizados, para esclarecer aspectos de sua difusa e complexa formação disciplinar. Propõe-se, para tanto, uma reflexão, por meio de aportes metodológicos da Epistemologia Histórica e da Hermenêutica, sobre os meandros conceituais na Ciência da Informação a partir da noção estrutural da tríade dados, informação e conhecimento e tendo em conta o a relação lógica entre epistemologia, discurso, teoria e conceito; sendo que a dinâmica epistemológica tem-se revelado retórica, aporética, funcional e sob uma forma discursiva de ordem cognitiva.

Palavras-chave: Dados. Informação. Conhecimento. Ciência da Informação. Epistemologia.

Abstract

Seeks to outline the epistemological dynamics of Information Science, identifying it to a discursive formation of social information and knowledge, formed by the convergence of epistemological cores thematized, to clarify aspects of its diffuse and complex disciplinary training. It is proposed, therefore, to reflect, through methodological contributions of Historical Epistemology and Hermeneutics, on the conceptual intricacies in Information Science from the notion of structural triad data, information and knowledge and taking into account the logical relationship between epistemology, discourse, theory and concept; being that, the epistemological dynamics has proved being rhetoric, aporetic, functional and under a discursive form of cognitive order.

Keyword: Data. Information. Knowledge. Information Science. Epistemology.

1 INTRODUÇÃO

Um modo estrutural de compreensão estimada da Ciência da Informação é conceber a noção de uma morfologia de conhecimento de tipo segundo, expressiva, por seu turno, de conhecimentos que requerem ser categorizados para favorecer a comunicação e a equalização discursiva entre interessados em um quadro histórico temático comum.

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relação ao seu objeto próprio, seu escopo, e demais elementos que a delimitam disciplinarmente.

Reconhece-se, entretanto, quase consensualmente, a relevância operacional da CI no contexto norte-americano de seu surgimento, pelo seu papel estratégico junto à demanda por soluções “otimizadas” (BORKO, 1968, p. 3) para solução de problemas relacionados ao acesso e ao uso de informações científicas em uma sociedade contextualizada no diapasão temporal imediato à Segunda Guerra Mundial.

Essa conjuntura de demanda por expedientes de organização dos cabedais de informação, que recebeu nova luz pelas coordenadas de Bush (1945), obteve como resposta o engendramento de um movimento de estruturação disciplinar relevante: a equalização dialógica na CI de núcleos epistemológicos, constituídos de problemas de informação tematizados, que propiciaram nexos interdisciplinares (SARACEVIC, 1995, p. 38) entre outras esferas do conhecimento e a CI, em sua formação disciplinar voltada à “instrumentalização” (RABELLO, 2008, p. 21-22) de conceitos e teorias para a resolução de problemas ligados à informação e ao conhecimento. A CI seria, nesse sentido, uma espécie de universo teórico que se consistiria e se estruturaria por uma rede de núcleos epistemológicos, cada qual enfocando uma perspectiva diversa dos problemas de informação, mas com efeitos explicativos que “retroalimentariam” o universo da CI como um todo.

Disso, nota-se em uma camada subsequente o dado contextual de que a bibliografia compreensiva da Ciência da Informação dá a entender que, na esteira histórico-teórica, há, em particular, alguns nexos sobressalentes específicos à disciplina em sua articulação dialógica com os núcleos que medeiam sua compreensão dos problemas de informação, sendo tais núcleos, aliás, identificados com a gestão da informação e do conhecimento, a organização do conhecimento, a recuperação da informação e a mediação da informação. Dentre esses referidos nexos está a noção estrutural e abstrata que entende a “informação” como processo/fenômeno (BUCKLAND, 1991, p. 351) que, em um trajeto abstrato de uma mudança de um estado de coisas, parte de dados, para informação e de informação para o conhecimento dentro de um fluxo comunicativo.

Esses três termos, dados, informação e conhecimento, como tríade conceitual, têm sido tomados como elemento de construção teórica pela disciplina em muitas de suas variadas incursões temáticas, como pode ser percebido por meio da análise de mapeamentos do conhecimento da Ciência da Informação e de textos de revisão diacrônica (ZINS, 2007b).

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universo teórico da CI. Com isso se busca identificar e interpretar as esferas semânticas que conferem abrangência conceitual diversa, desde sua perspectiva própria, aos mesmos termos, no sentido de se pesquisar a gama de tipologias desses contextos de aplicação conceitual com vistas a se esclarecer a dinâmica epistemológica da CI (segundo a lógica epistemologia – história - discurso – teoria - conceito), oferecendo à disciplina algumas contribuições teóricas.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O conjunto de noções e estruturas que referenciam a pesquisa é marcadamente diacrônico, em outros termos, tem no entrecruzamento dos percursos históricos (linhas causais, favorecimento de condições sócio-culturais, contextualizações, ação humana, etc.). referentes ao tema a sua matriz nocional. Nessa linha, compõem o fulcro teórico para a pesquisa análises críticas de índole diacrônica como os seguintes: Buckland e Liu (1998); Capurro (2003; 1992); Hjorland (2000); López Yepes (1995); Pinheiro (2002, 2005); Rabello (2008); Rayward (1997); Saracevic (1999), entre tantos outros.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Os procedimentos metodológicos basicamente se resumem a análise crítica relativamente nos temos da Epistemologia Histórica e interpretação, sem um vínculo estrito com nenhuma corrente hermenêutica em particular.

A partir disso, os momentos metódicos previstos, enquanto passos lógicos que retroagem e se retroalimentam, são os seguintes: a) Levantamento bibliográfico amplo para a identificação de conceitos, de noções chave e de revisão de abordagens teórico-metodológicas no âmbito da CI com vistas à produção de um fundamento teórico a ser analisado interpretativamente sob uma ótica delimitada pelo tema conceitual sobre DIC e sobre epistemologia, discurso e história na CI; b) Criação de núcleos temáticos (como referencial definitivo) conjuntamente às fundamentações teóricas de DIC na função de meio para a elucidação da forma epistemológica da CI; c) Apresentação e discussão dos resultados e veiculação das sínteses em meios de divulgação científica especializada.

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suficientemente teórico (não exclusivamente operacional) em contexto anglo-saxão e ibérico; e de outro lado, que versem sobre aspectos de epistemologia, discurso e história

Estão sendo utilizados também como recurso a expedientes de auxilio linguístico como Díaz Nafría, Perez-Montoro e Salto Alemany (2010) e de Hjorland e Nicolaisen (2010).

4 REFLEXÕES PARCIAIS

O esforço de análise e reflexão tem feito vislumbrar a forma epistemológica da Ciência da Informação como tendo uma estrutura lógica subjacente (um “paradigma” geral da forma; ou um tipo de diacronia vicária às tematizações disciplinares sincrônicas historicamente identificadas) que reflete a analogia da cognição humana – com as coordenadas de Bush (1945) se teria dado uma espécie de “guinada cognitiva”, a partir da qual se passou a direcionar os esforços científicos desde o prolongamento das capacidades físicas (guerra) para as capacidades cognitivas, com vistas ao “progresso” (científico para o social) -, e que apresenta traços disciplinares de ciência “aporética” (de aporia: problema) que transversalisa conceitos e teorias entre disciplinas para instrumentalizá-los (RABELLO, 2008, p. 21-22) na resolução de problemas de informação e conhecimento (WERSIG, 1993; SARACEVIC, 1996, 1999). A forma discursiva sobressalente tem-se mostrado, a partir dessa configuração epistemológica (aporética-funcional-disciplinar), com traços de retórica (SANTOS, 1989; CAPURRO, 1992): importa persuadir por verossimilhança. E o argumento mais forte é a eficácia na resolução dos problemas.

Os núcleos epistemológicos seriam assim, convergências de problemas tematizados. É a partir deles que “entram” os conceitos e as teorias importadas dos recortes disciplinares. A base da interdisciplinaridade, portanto, é funcional, para resolução de problemas.

O fundo histórico-social é a “sociedade da informação” (SARACEVIC, 1995); ou nova roupagem do capitalismo (KURZ, 2002); ou “sociedade pós-moderna” (SANTOS, 1989); ou “sociedade informatizada” (CAPURRO, 2003); enfim, um mudança na compreensão da relevância social do conhecimento científico-tecnológico.

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“Conhecimento” pertencia originariamente à esfera das ciências humanas. “Informação” às exatas, no contexto da comunicação. Pelo fato de informação e conhecimento terem ganhado relevância socioeconômica no sentido já mencionado, e somado ao desenvolvimento exponencial das tecnologias de informação, a informação entrou para o escopo da ciências sociais e trouxe “dados” no bojo (SIRIHAL; LOURENÇO, 2002, p. 1-2).

Na insuficiência analógico-explicativa do paradigma físico (CAPURRO, 2003) emerge o paradigma cognitivo com enfoque na abrangência metodológica da contraparte do usuário (“sujeito cognitivo”) da informação: por modelos, gerir cabedais de conhecimentos individuais e coletivos visando o “progresso” científico voltado para a sociedade (da informação, pós-moderna...). Nesse ponto, há conscientização mais refinada da tríade com a interface da gestão da informação e do conhecimento com a administração de empresas.

Entretanto, não há teorias puras da administração que tratem da tríade. A única teoria pura na administração é a “teoria da contingência estrutural” e essa não versa sobre dados, informação e conhecimento (OSWICK; FLEMING; HANLON, 2011). A administração trata da tríade com o aporte da ciência cognitiva, da filosofia, da pedagogia e de outras disciplinas que de alguma forma tocam a questão cognitiva.

A abrangência de DIC por parte do núcleo de gestão da informação e do conhecimento (entre outros muitos: SETZER (1999); PEREZ-MONTORO (2004a)), não constitui a origem absoluta da tríade no âmbito da CI, trata-se apenas de um novo nível de especificação e sistematização da compreensão da tríade pela CI; pois fatores cognitivos já estavam na CI desde a sua emergência imediatamente posterior às coordenadas de Bush (1945).

E, ademais, mesmo no paradigma físico (CAPURRO, 2003) era a cognição que tinha mais peso analógico-explicativo, somente que o enfoque estava posicionado fora da esfera do sujeito cognoscente.

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cognição humana); mediação: propiciar emancipação civil/social pela participação na construção do conhecimento social e quebra de hegemonia científica/cultural/política.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tem-se buscado compreender o delineamento epistemológico da Ciência da Informação desde uma perspectiva que visa coerir epistemologia, discurso, teoria e conceito sob uma clave histórica.

Para tanto, se escolheu a tríade conceitual dados, informação e conhecimento, entendida como locus comunis (CAPURRO, 2003) da disciplina em suas diferentes formas de lidar com problemas de informação e conhecimento, para servir de símbolo aglutinador de noções e de tramas conceituais acerca da descrição epistemológica da Ciência da Informação.

O percurso metodológico de análise e interpretação tem-se revelado pertinente com respeito aos fins almejados, e assim se espera conduzir a pesquisa para, ao final, poder oferecer contribuições teóricas relevantes à disciplina.

REFERÊNCIAS

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Referências

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