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Tiago José Magalhães Ferreira de Sousa

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Academic year: 2021

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Universidade do Minho Escola de Economia e Gestão

Tiago José Magalhães Ferreira de Sousa

Ciclos Económicos: Análise de 3 motores da Zona

Euro: Alemanha, França e Itália

Dissertação de Mestrado

Mestrado em Economia Monetária, Bancária e Financeira

Trabalho realizado sob a orientação da professora Doutora Priscila Andrea Marques Ferreira

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DIREITOS DE AUTOR E CONDIÇÕES DE UTILIZAÇÃO DO TRABALHO POR TERCEIROS

Este é um trabalho académico que pode ser utilizado por terceiros desde que respeitadas as regras e boas práticas internacionais aceites, no que concerne aos direitos de autor e direitos conexos.

Assim, o presente trabalho pode ser utilizado nos termos previstos na licença abaixo indicada. Caso o utilizador necessite de permissão para poder fazer um uso do trabalho em condições não previstas no licenciamento indicado, deverá contactar o autor, através do repositóriUM da Universidade do Minho

Licença concedida aos utilizadores deste trabalho

Atribuição-NãoComercial-SemDerivações CC BY-NC-ND

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar à professora Doutora Priscila Ferreira por ter aceitado ser a orientadora dos meus passos nesta dissertação, tendo-me não só orientado cientificamente, mas também por me ter ajudado a superar todas as dificuldades encontradas, partilhando comigo o seu conhecimento. Obrigado por não ter desistido de mim.

Agradeço aos meus pais e aos meus avós; costumo pensar que eles não são pessoas perfeitas, mas que foram e são os pais e os avós perfeitos. Por tudo o que me proporcionaram a eles devo muito daquilo que sou, o melhor tributo que lhes posso prestar é dizer que se um dia eu for metade do que eles foram para mim serei um excelente pai e avô certamente.

Expresso igualmente agradecimento aos meus amigos de infância Marlene e Fábio, que serão porventura o mais próximo dos irmãos de sangue que eu nunca tive. Agradeço também a todos os outros a quem nestes últimos tempos pude chamar de amigos, pela força que me transmitiram sempre.

Ao Artur, ao Diogo, ao Pedro e ao Gonçalo, amigos e colegas de mestrado agradeço o tempo de estudo e de boémia nesta fase da minha vida que foi, também, certamente importante para o sucesso de finalizar esta passo.

Uma palavra de agradecimento ao resto da minha família, assim como a todas as outras pessoas que contribuíram para a conclusão desta etapa.

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DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE

Declaro ter atuado com integridade na elaboração do presente trabalho académico e confirmo que não recorri à prática de plágio nem a qualquer forma de utilização indevida ou falsificação de informações ou resultados em nenhuma das etapas conducentes à sua elaboração.

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RESUMO

Este trabalho estuda a sincronia dos ciclos económicos da Alemanha, França e Itália. A sincronia dos ciclos económicos das principais economias constituintes da Zona Euro é um fator importante no desenvolvimento harmonioso e no crescimento estável e sustentado dessa área económica. Para além disso, a sincronia dos ciclos económicos é um elemento importante não só para essas economias como também para as restantes economias que pertencem à Zona Euro, pois através de diversos efeitos multiplicadores pode a robustez do seu desempenho económico ser maior ou menor de acordo com o desempenho das principais economias e serem mais ou menos afetadas pelas políticas comuns.

Considerando o período 2000 – 2020, começamos por caracterizar, para cada país, os ciclos económicos e as suas fases, nomeadamente, em termos de durações e amplitudes, usando a metodologia de Harding e Pagan (2002) para a datação dos ciclos económicos. De seguida usamos o índice de concordância de séries sugerido pelos mesmos autores para determinar o grau de sincronização dos ciclos económicos das três economias em estudo.

Os resultados sugerem que no período de vigência da Zona Euro, 2000-2020, a Alemanha e a França apresentam ciclos cada vez mais longos, devido a um aumento da duração das fases de expansão. Em termos de amplitudes, verifica-se também que estas são positivas e crescentes com o evoluir do tempo. Por sua vez, a Itália apresenta um comportamento diferente face à Alemanha e à França: os seus ciclos apresentam durações irregulares, não sendo estes crescentes ao longo do tempo como o padrão que se pode identificar para a Alemanha e a França e a amplitude dos seus ciclos é, em diversos ciclos identificados, negativa.

Em relação à sincronia dos ciclos económicos verificamos que esta existe entre as três economias, e que o co-movimento das séries se intensificou após a crise financeira global de 2008. No entanto, os resultados obtidos com este trabalho sugerem que, apesar da sincronia das séries do PIB das três maiores economias da Zona Euro (Itália, Alemanha e França), há diferenças importantes no que diz respeito às características dos ciclos económicos de cada país – em particular, amplitudes divergentes. Assim, apesar de uma maior sincronia a convergência real entre países poderá estar em causa.

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ABSTRACT

This work studies the synchrony of the economic cycles of Germany, France and Italy. The synchrony of the economic cycles of the main constituent economies of the Euro Zone is an important factor in the harmonious development and stable and sustained growth of this economic area. Moreover, the synchrony of economic cycles is an important element not only for these economies but also for the other economies belonging to the Euro Zone, because through various multiplier effects the robustness of their economic performance can be greater or lesser according to the performance of the main economies and be more or less affected by common policies.

Considering the period 2000 - 2020, we start by characterizing, for each country, the economic cycles and their phases, namely in terms of durations and amplitudes, using the methodology of Harding and Pagan (2002) for the dating of economic cycles. We then use the series concordance index suggested by the same authors to determine the degree of synchronization of the business cycles of the three economies under study.

The results suggest that in the Euro Zone, 2000-2020, Germany and France present increasingly long cycles, due to an increase in the duration of the expansion phases. In terms of amplitudes, it can also be seen that these are positive and increasing with the evolution of time. Italy, on the other hand, presents a different behaviour compared to Germany and France: their cycles present irregular durations not being these increasing over time as the pattern that can be identified for Germany and France and the amplitude of their cycles is, in several identified cycles, negative.

With regard to the synchrony of economic cycles, we find that this exists among the three economies, and that the series co-movement intensified after the global financial crisis of 2008. However, the results obtained with this work suggest that, despite the synchrony of the GDP series of the three largest economies in the Euro Zone (Italy, Germany and France), there are important differences in the characteristics of each country's economic cycles - in particular, divergent amplitudes. Thus, despite greater synchrony, real convergence between countries may be at stake.

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ÍNDICE 1.Introdução ... 1 1.1 Motivação ... 1 1.2 Objetivos ... 2 2.Enquadramento Teórico ... 4 3. A metodologia ... 14

3.1 Opções metodológicas do estudo e período de análise ... 14

3.2 Método de identificação dos pontos de viragem das séries ... 16

3.3 Identificação dos ciclos económicos ... 17

4. Descrição dos ciclos económicos ... 26

5. Sincronia dos ciclos económicos ... 33

6. Conclusões e considerações finais ... 37

7. Referências bibliográficas ... 40

Anexo I- Economias da Zona Euro ... 44

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Séries do PIB da Alemanha, da França, e da Itália ... 18

Figura 2: Pontos de viragem do PIB da Alemanha ... 19

Figura 3: Pontos de viragem do PIB da França ... 21

Figura 4: Pontos de viragem do PIB da Itália ... 23

Figura 5: Pontos de viragem do PIB de Portugal ... 46

ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1: Duração dos ciclos económicos da Alemanha e das suas fases em trimestres ... 20

Tabela 2: Duração dos ciclos económicos da França e das suas fases em trimestres ... 22

Tabela 3: Duração dos ciclos económicos da Itália e das suas fases em trimestres ... 24

Tabela 4: Amplitude dos ciclos económicos da Alemanha e das suas fases ... 27

Tabela 5: Amplitude dos ciclos económicos da França e das suas fases ... 28

Tabela 6: Amplitude dos ciclos económicos da Itália e das suas fases ... 29

Tabela 7: Características médias dos ciclos económicos ... 31

Tabela 8: Índice de concordância cenário 1 (Alemanha e França) ... 34

Tabela 9: Índice de concordância cenário 2 (Alemanha e Itália)... 34

Tabela 10; Índice de concordância cenário 3 (França e Itália) ... 34

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1. Introdução 1.1 Motivação

A União Europeia teve na sua génese o incentivo à cooperação económica entre vários países partindo do pressuposto de que relações comerciais entre países os tornariam economicamente interdependentes, evitando assim conflitos que assolaram o continente europeu no século XX. O reforço da coesão económica, social e territorial e da solidariedade entre países levou assim à formação, em 1958, da Comunidade Económica Europeia (CEE), constituída por seis países, nos quais se incluíam as três maiores economias da Europa – a Alemanha, a França e a Itália (União Europeia, 2020).

Desde então, tem-se verificado um constante aprofundamento da integração entre os diversos países europeus com a passagem de uma união que era apenas económica nos seus primórdios para uma união política, e mais recentemente, na viragem do século XX para o século XXI, para uma união monetária, traduzida na criação do sistema monetário europeu e na introdução e adoção de uma moeda única, o euro.

A concordância de que a União Europeia era benéfica para todos fez com que ao longo dos anos o número de países passasse dos inicias 6 para os atuais 28, e com que 19 desses 28 países adotassem o euro como sua moeda. A nível global a importância deste bloco político, económico e monetário pode hoje verificar-se no facto de 20% das reservas mundiais serem em euros e no facto de 39% do volume de operações financeiras realizadas em todo o mundo serem realizadas em euros, o que por si só demonstra a segurança que o euro transmite aos países pertencentes à Zona Euro bem como a outros que a ela não pertencem (União Europeia, 2019).

Contudo, o consenso construído ao longo dos últimos 70 anos de história – que conduziu a uma cada vez maior integração europeia – tem sido abalado e colocado em causa, nos últimos anos, por diversos acontecimentos. A crise económica e financeira do fim da primeira década do século XXI à qual se seguiu a crise das dívidas soberanas dos países europeus, e as respostas que a Europa como união deu no seu combate parecem ter despoletado um processo de desunião europeia.

A austeridade foi sentida por alguns países membros como um castigo por parte de outros, o que levou ao ressurgimento de partidos de extrema direita e antieuropa com assento nos parlamentos nacionais e europeus.

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A existência de uma economia hegemónica e claramente mais forte, a alemã, levou a uma resposta por parte do BCE, como decisor último de política monetária, encarada por muitos como de encontro apenas aos interesses desta economia e não aos interesses de toda a economia da Zona Euro.

A Itália, a terceira maior economia da Zona Euro, apenas não foi resgatada porque os mecanismos europeus não tinham dinheiro suficiente para a socorrer, estando a sua economia a definhar desde então. Paralelamente, observa-se um crescimento de partidos de extrema direita, que chegaram ao governo, e do sentimento antieuropeu na sua população, sendo hoje esse um problema nacional sério.

O Brexit, que se concretizou no final de 2020, mostra bem o ponto de rejeição a que chegou a Europa, neste caso no Reino Unido.

Face a todas estas problemáticas surgidas nos últimos tempos em torno da coesão da Zona Euro, parece-nos importante estudar como é que se comportaram os ciclos económicos das 3 maiores economias da Zona Euro e o quão sincronizados eles se encontram, uma vez que estas 3 economias desempenham um papel fundamental no comportamento e na estabilidade de todas as outras economias europeias, e quanto mais sincronizadas forem os seus ciclos económicos mais adequadas serão as respostas adotadas em tempos de crise e, consequentemente, maior poderá ser a união da Zona Euro.

1.2 Objetivos

A sincronia de ciclos económicos tem sido estudada ao longo dos tempos em diferentes contextos, pelo que nos parece pertinente dar um contributo nesta temática, analisando a sincronia das três principais economias da Zona Euro. Como tal tentaremos analisar vários dados que nos permitam responder à seguinte questão - Estarão os ciclos económicos das 3 principais economias da Zona Euro em sincronia? Ao responder a esta pergunta poderemos tirar ilações sobre os ciclos económicos destes 3 países, e ver como reagiram à introdução de uma política monetária comum, nomeadamente quanto às suas fases (crescimento/contração) e suas amplitudes e na descrição da duração dos ciclos. Estas ilações serão retiradas da análise da evolução das séries do PIB das três economias, e depois analisados os seus co-movimentos que nos dirão se estas se encontram em sincronia ou não.

Este trabalho está dividido em quatro partes. A primeira parte é dedicada à revisão de literatura dos ciclos económicos, aos estudos que se debruçaram sobre esta temática, constituindo assim um enquadramento teórico e conceptual. A segunda parte é dedicada à metodologia, onde faremos a descrição dos dados utilizados no estudo empírico e do respetivo período de análise, bem como à

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metodologia utilizada na definição dos pontos de viragem das séries e consequente datação dos ciclos económicos. Na terceira parte descreveremos os ciclos económicos, nomeadamente as suas características mais relevantes tais como a duração, a amplitude e os custos dos ciclos. Por último, e de forma a dar resposta à pergunta base deste trabalho, faremos a apresentação e análise dos dados recolhidos, onde apresentaremos o índice utilizado na medição da concordância dos ciclos e faremos a análise do grau de sincronia entre os ciclos económicos dos 3 países em estudo. Terminaremos com algumas conclusões, bem como com algumas considerações que julgamos pertinentes com base nos dados observados.

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2. Enquadramento Teórico

Entender as razões de a atividade económica não se desenvolver de uma forma suave e constante ao longo do tempo - ao invés apresenta movimentos oscilatórios – tem sido um dos principais desafios em economia. Um desafio porque, além do interesse meramente académico, qualquer economia tem interesse não só em saber em que ponto se encontra num dado momento, mas acima de tudo tem interesse em fazer previsões sobre o futuro, ou seja, em que ponto se encontrará num futuro próximo. Este interesse deriva do facto de tal informação permitir aos diversos agentes económicos adaptarem-se às circunstâncias futuras. Assim, agentes económicos privados, individuais e coletivos, poderão melhorar as suas decisões de investimentos bem como os governos ou demais agentes públicos, poderão melhorar as suas previsões orçamentais, fiscais entre outras.

O estudo desta temática remonta ao século XIX quando, para entender o porquê destas flutuações, às quais se convencionou chamar de ciclos económicos, vários autores envidaram os seus esforços e estudos. Desses primórdios destacam-se autores como Kondratief, Juglar e Kitchin (Schumpeter, 1939). Os ciclos de Kondratief eram explicados essencialmente pela inovação tecnológica e pelas mudanças estruturais associadas a essas inovações tecnológicas e apresentavam uma duração entre 40 a 60 anos. Com uma duração de 7 a 11 anos e associados aos ciclos de investimento temos os ciclos de Juglar. Por fim, os ciclos de Kitchin são os mais curtos em termos de duração, de 2 a 4 anos, devendo a sua origem a causas aleatórias.

Foram vários os conceitos de ciclo económico apresentados ao longo do tempo. Contudo aquele que parece o conceito mais comummente aceite é o apresentado por Burns e Mitchell

“Business cycles are a type of flutuctuation found in the aggregate economic activity of nations that organize their work mainly in business enterprises: a cycle consists of expansions occuring at about the same time in many economic activities, followed by similarly general recessions, contractions, and revivals wich merge into the expansion phase of the next cycle; this sequence of changes is recurrent but not periodic; in duration business cycles vary from more than one year to ten or twelve years; they are not divisible into shorter cycles of similar character with amplitudes approximating their own”.

(Burns e Mitchell, 1946: 3) Desta definição podemos retirar várias ilações. A primeira é a de que os autores relacionam as flutuações da atividade económica com a economia de mercado, uma vez que para eles estas ocorrem principalmente em nações cuja estrutura produtiva esteja organizada à volta de empresas. A ocorrência

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ao mesmo tempo em vários agregados económicos da economia também é referida uma vez que um ciclo económico não pode apenas dizer respeito a um sector específico da economia. Expansões, recessões, contrações e recuperações são as diferentes fases que compõem um ciclo, sendo estes um movimento recorrente, mas não periódico, isto é, os agregados económicos evidenciam ao longo do tempo estas características, contudo estas não podem ser pré-definidas em intervalos de tempo regulares. Os ciclos não podem ser divididos em ciclos mais curtos e apresentam uma duração entre 1 a 10 ou 12 anos.

Apesar de esta ser a definição mais comummente aceite nos círculos económicos a mesma não se encontra livre de critica (Harding e Pagan, 2002; Blanchard, 1999). De todas as características apresentadas uma das maiores críticas prende-se com o facto de existir uma delimitação na duração mínima e máxima para os ciclos económicos. De facto, ao longo do tempo, os ciclos económicos sofreram variações significativas no que diz respeito à sua amplitude e duração (Blanchard, 1999). Estas características parecem variar de acordo com o período e o objeto em estudo.

Os ciclos económicos estão a ficar com uma duração mais curta com o evoluir do tempo e face a duração que apresentavam no passado (Dalsgaard et al. 2002) e esse, parece ser um consenso generalizado no meio económico. Male (2010) vê os ciclos económicos com uma duração equivalente entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento, em contraste a uma duração muito mais curta para os países em desenvolvimento face aos países desenvolvidos referida por Rand and Tarp (2002). Já no que que diz respeito às fases dos ciclos económicos no período de globalização (1990-2007) as contrações ficaram mais curtas tanto para países em desenvolvimento como para países desenvolvidos, e as fases de expansão aumentaram a sua duração nos 2 tipos de países fruto de recuperações mais lentas, isto quando comparado com o período pré-globalização (1970-1989) (Calderón e Fuentes, 2014). Um outro ponto em evidência nas mudanças verificas nos ciclos económicos diz respeito à volatilidade dos mesmos. Os ciclos económicos apresentam uma tendência de decréscimo acentuado da sua volatilidade, em períodos como 1971-2007 (Cabanillas e Rusher, 2008) ou 1970-2012 (Calderon e Fuentes, 2014), face ao que se verificava anteriormente a estes períodos, ficando este efeito conhecido como “A grande moderação” (Calderón e Fuentes, 2014; Stock e Watson, 2005; Cabanillas e Ruscher, 2008). Para essa redução de volatilidade têm sido apontados vários fatores tais como: (i) a queda nas flutuações da procura doméstica e um aumento da partilha do sector dos serviços (Dalsgaard et al. 2002); (ii) a redução generalizada da magnitude dos choques comuns internacionais (Stock e Watson,

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2005); (iii) melhores políticas fiscais e monetárias (Comissão Europeia, 2007); (iv) ou ainda a liberalização dos mercados financeiros e de trabalho (Cabanillas e Ruscher, 2008).

Apesar de a redução da volatilidade ser uma evidência clara, esta pode não ser, contudo, um efeito permanente, mas sim temporário, resultante de choques macroeconómicos internacionais comuns mais pequenos que, uma vez revertidos, levarão, pelo menos em parte, a um novo aumento da volatilidade (Stock e Watson, 2005).

A análise dos ciclos económicos pode ser feita segundo duas perspetivas, o ciclo clássico e o ciclo de crescimento (Rua, 2017). O ciclo clássico baseia-se no nível de atividade e pode resumir-se aos picos e às cavas que se encontram ao longo de uma série. Já o ciclo de crescimento assenta em desvios face a sua tendência de longo prazo e diz respeito a períodos alternados de aceleração e desaceleração da atividade económica. Devido a estas diferenças, a datação dos pontos de viragem pode não coincidir necessariamente nestes dois tipos de ciclos, sendo que o ciclo clássico é mais tangível,pois não acarreta uma decomposição em tendência e ciclo, que são componentes não observáveis como o que se tem de fazer no ciclo crescimento (Rua, 2017).

O reavivar do interesse pelo estudo dos ciclos económicos tem possibilitado o emergir tanto de teorias antigas como o desenvolvimento de novas teorias e conclusões sobre o tema. Este reavivar de interesse resulta de vários acontecimentos que têm marcado o mundo nestas últimas décadas. A globalização parece ter sido um desses acontecimentos, com um papel fundamental no redespertar do interesse da literatura económica nos ciclos económicos, uma vez que com ela parece tornar-se cada vez mais claro a existência de uma certa sincronia dos ciclos dos diversos países e regiões resultante deste aumento da integração comercial.

Vejamos por exemplo o que acontece na América do sul. O Mercosul, o mercado de comércio livre entre vários países da América do Sul, permitiu uma integração económica que conduziu a uma maior sincronia dos ciclos económicos daqueles países (Caleiro e Caetano, 2017). A sincronia existente entre países como, por exemplo, Argentina e Uruguaia ou entre Brasil e Paraguai é, apesar de não existir uma moeda única entre os países desta região, robusta podendo mesmo ser considerada elevada no caso da Argentina e Uruguai.

Os ciclos económicos dos países em desenvolvimento aumentaram também com o aumento da integração comercial (Calderón et al. 2007). Apesar de evidenciarem um impacto positivo menor face aos países industrializados, a integração comercial é positiva e significativa para este tipo de países sendo

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o menor impacto verificado face aos países industrializados resultante das diferentes estruturas de produção e do grau de comércio intraindustrial.

A globalização e o seu efeito na integração comercial mundial parecem ter tido um papel tão determinante nos ciclos económicos e na sua convergência, que na literatura económica existe quem fale mais na existência de um ciclo mundial do que em ciclos nacionais (Canova et al. 2007). Sendo este ciclo mundial o maior responsável pelas flutuações que se verificam nos agregados económicos mais do que os indicadores específicos de cada país.

A globalização, contudo, não produziu só efeitos benéficos. A crise financeira de 2007-2008 despoletada nos Estados Unidos da América relembrou-nos isso mesmo, uma vez que fruto da liderança global dos EUA e do aumento desta sincronia existiu uma propagação muito mais rápida do que era um problema nacional a outras geografias mundiais, evidenciando o quanto os EUA influenciam o tempo e a duração das fases e dos ciclos de outros países (Francis et al. 2015). Contudo esta situação prejudicial não parece ter resultado daquela que é considerada como um dos principais meios de sincronização dos ciclos económicos, ou seja, a integração comercial, mas sim resultado de uma outra possível determinante - a globalização dos mercados financeiros.

Têm sido várias as hipóteses colocadas e testadas ao longo do tempo como determinantes capazes ou não de contribuírem para a diminuição ou o aumento da sincronia dos ciclos económicos dos países. O aumento da globalização dos mercados financeiros é uma dessas hipóteses, existindo autores que consideram que a este aumento está ligado uma menor correlação internacional dos ciclos económicos (Heathcote e Perry, 2004; Kalemli-ozcan et al.2001). Num estudo para os EUA, chegou-se à conclusão de que a correlação do ciclo económico dos EUA com o ciclo económico do resto do mundo ia diminuindo ao longo da amostra ao mesmo tempo que a integração financeira dos EUA com o resto do mundo aumentava. Tal facto, encontra explicação na diminuição das restrições internacionais dos empréstimos em conjunto com uma diversificação do portfólio de ativos financeiros cada vez melhor e maior por parte dos investidores, o que lhes permitiu estar menos expostos aos riscos específicos de cada país, alocando os seus fluxos de capital de acordo com a sua vontade.

Baxter e Kouparitsas (2005) também dedicaram esforços para tentar determinar quais as determinantes no co-movimento dos ciclos. No seu estudo, com uma amostra de mais de 100 países, os autores chegaram à conclusão de que o comércio bilateral e indicadores de que se os países são ambos industrializados ou ambos países em desenvolvimento, são variáveis classificadas como robustas. A variável distância também foi classificada como robusta, assim quanto mais próximos maior é o

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co-movimento dos ciclos, em contraste quanto mais distantes menor é o co-co-movimento dos ciclos. Contudo, mais surpreendente é a conclusão destes autores face a algumas variáveis, nomeadamente a estrutura industrial e as uniões monetárias, vistas como importantes por outros autores, de que estas não apresentavam uma significância robusta. A esta conclusão sobre as uniões monetárias tinha também chegado (Caleiro e Caetano, 2017).

Porém, e em relação à questão das uniões monetárias temos em dissonância Bower e Guillemineau (2006). Num estudo sobre as determinantes da sincronização dos ciclos económicos dos países da área do euro, os autores referem a implementação do mercado único e daí a intensificação do comércio bilateral como um determinante fundamental desta sincronização. A juntar a esta determinante, os autores referem a política fiscal e as estruturas industriais durante a implementação do mercado único e, depois da introdução da união económica e monetária, a queda nos diferenciais das taxas de juro e os serviços como fundamentais nessa sincronização.

Rose (2009) junta-se a Bower e Guillemineau (2006) afirmando que as uniões monetárias parecem ter um efeito positivo sobre a sincronia dos ciclos, enquanto a importância das estruturas industriais na sincronia dos ciclos da união europeia foi abordada por Ugembe (2013) no seu trabalho, tendo o autor classificado esta como uma condição que contribui para a convergência dos ciclos económico.

As fronteiras, ou o denominado efeito fronteiro, é também uma determinante considerada na sincronia dos ciclos económicos. De facto, se compararmos os países europeus pertencentes a União Europeia com Estados pertencentes aos EUA verificamos a existência de maior sincronia entre as regiões dos EUA do que aquela que se verifica entre países europeus, confirmando-se assim a existência de um efeito fronteira (Clark e Wincoop, 2001). Comparando a década de 80 e 90 com as décadas de 60 e 70, não se verificam evidências de que este efeito se tenha reduzido. Um provável fator explicativo para a existência deste efeito e para a sua não diminuição pode ser o baixo nível de comércio face ao existente nas regiões dos EUA.

Foi, em parte e entre outros, para reduzir este efeito prejudicial que as fronteiras representavam na atividade económica e social dos países europeus que após a Segunda Guerra Mundial as ligações entre países europeus se tornaram mais fortes como resultado de um esforço de integração dos mercados nacionais. Esses esforços incluíram a redução das barreiras comerciais entre países, a implementação do ato único europeu em 1986, o tratado de Maastricht em 1992, a introdução do mercado único europeu em 1993 e, como culminar de todos esses passos, a criação e introdução de

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uma moeda única e de políticas monetárias comuns nos países pertencentes à Uniao Europeia e Zona Euro.

A Europa parecia, assim, ter como ideia implementar um sistema parecido ao que se verifica em outras geografias do mundo, como nos EUA e no Brasil, por exemplo, onde a união de um conjunto de Estados dá lugar à constituição de uma “federação” de Estados e a políticas para o seu todo. Não acabando com a diversidade cultural nem com a variedade de línguas, um elemento único nos exemplos referidos anteriormente, a Europa tentou através da vertente económica e comercial uma estratégia que visava a convergência para os níveis de rendimento dos países mais ricos, e funcionar como porto de abrigo em tempos difíceis que permitisse aligeirar eventuais choques externos nos ciclos dos diferentes Estados (Aguiar-Conraria et al. 2012). A união monetária e financeira contribuiria, assim, através da sua estabilidade, para a promoção do crescimento económico, para uma maior integração dos mercados de bens e de serviços, bem como dos mercados de trabalho e capitais gerando assim ganhos de eficiência para todos os envolvidos.

Todavia a adesão a uma moeda única por parte de diferentes países deve respeitar um determinado conjunto de características, sob pena de ao contrário do pretendido inicialmente contribuir para a divergência e não para a convergência dos países envolvidos. Uma das características mais referidas aquando da adoção de uma moeda comum é a sincronia dos ciclos económicos dos intervenientes, uma vez que tal característica pode ser uma componente essencial no sucesso de uma política monetária conjunta.

O abandono das taxas de câmbio flexíveis entre países europeus e a ideia de que com elas os países estão mais isolados a choques externos (Kouparitsas, 1998), representou a transferência de uma forte ferramenta na correção de desequilíbrios por parte dos países para entidades supranacionais, neste caso o BCE. A importância da sincronia dos ciclos económicos reside em grande parte neste pormenor, uma vez que o novo responsável pela política monetária não olha para as necessidades individuais de cada país, mas sim para as necessidades do conjunto de países como um todo (Batista,2015).

Sobre o efeito de uma maior integração comercial debaixo de uma união monetária na sincronia dos ciclos económicos existem 2 visões distintas: (i) a hipótese de especialização e (ii) a hipótese da endogeneidade.

A hipótese da especialização defende que uma maior integração económica entre os países fará com que estes se especializem nas vertentes em que apresentem maior vantagem comparativa face aos

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outros países. Este aumento de especialização fará com que os países na presença de choques que afetem determinados setores e com a existência de uma política monetária única para todos leve a uma menor sincronia dos ciclos (Krugman, 1993).

Por sua vez a hipótese da endogeneidade afirma que a aptidão de um país entrar numa união monetária pode ser alcançada antes ou depois de se dar a entrada na união, sendo que esta entrada levará por certo a um aumento da sincronia dos ciclos económicos via aumento da intensidade do comércio (Frankel e Rose, 1997; Frankel, 1999), pois um aumento do comércio intraindustrial fará com que estes países na presença de choques comuns se comportem de igual modo atingindo-se assim uma maior similitude dos ciclos.

Na área económica e monetária europeia a questão da sincronia dos ciclos não gera consensos, pois, dependendo da vertente e da perspetiva em que se analisa a mesma, várias têm sido as conclusões a que se tem chegado. Comecemos pela questão de que se existe de facto um ciclo económico europeu ou não, pois começam logo aqui as divergências. A existência de um ciclo económico europeu é difícil de verificar para Artis (2003), uma vez que alguns países europeus parecem estar mais juntos do que outros. Além disso existem evidencias de que a sincronia de ciclos entre os EUA e o Japão e alguns países europeus é maior do que entre os próprios países europeus. De facto, a composição da zona euro é heterogénea e parece evidenciar diferentes níveis de sincronização entre os diversos países e subconjuntos de países. Este facto pode resultar na sua grande maioria da constituição da zona euro, que para além de um projeto monetário é também um projeto de índole política. Só a luz desta razão se pode por exemplo explicar o alargamento da união europeia e monetária à Europa de leste verificado em 2004. A sincronia dos ciclos económicos destes países com os restantes países europeus não era uma evidência aquando do seu acontecimento, sendo que apenas dois países, a Eslovénia e a Républica Checa, apresentavam uma sincronia significativa com os restantes países da área euro a dezasseis (Stanisic, 2014).

Contudo a evidência de falta de sincronização ou pouca sincronização entre o agregado e os países como unidades individuais não parece ser nota presente apenas na União Europeia e na Zona Euro. Analisando, por exemplo, os EUA podemos verificar que os ciclos estatais que o compõem podem ser caracterizados por séries distintas de fases de expansão e recessões existindo diferentes taxas de crescimento de acordo com as fases do ciclo de Estado para Estado (Owyang et al.2003). Existindo Estados que apresentam uma concordância maior com o ciclo nacional como o Estado Central de Nova

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York em contraste a uma concordância muito mais reduzida do Estado do Texas face ao ciclo nacional Americano.

O Brasil é outro país que pode ser utilizado como comparação ao que se passa na Europa. Enquanto o Estado de São Paulo apresenta uma sincronia perfeita com o ciclo Brasileiro os restantes Estados apresentam expressivas diferenças na cronologia de recessões e expansões com o ciclo nacional (Cunha e Moreira, 2006).

Assim e para países organizados de uma forma “comparável” ao arranjo económico Europeu podemos verificar que esta falta de sincronização entre certos Estados não é um exclusivo europeu. Existem mesmo autores que referem que a pertença à união económica e monetária europeia não alterou significativamente as características históricas dos ciclos económicos europeus (Giannone et al. 2009), pois países com um PIB per capita similar nos anos 70 experimentam um ciclo económico similar até aos dias de hoje. Enquanto para os outros países membros o seu nível de correlação com os demais é hoje igual àquele que se verificava nos anos 70, não havendo por isso evidências de que a sua participação na união monetária tenha alterado alguma coisa.

Aliás a divisão da Europa em duas, países centrais versus países periféricos tem sido algo constante ao longo do tempo, fruto dos diferentes níveis de crescimento e de outras características económicas. Esta divisão tem sido um tema mais evidente e tornou-se mais marcada aquando da crise financeira de 2007-2008 sendo que diferentes sincronias de ciclos entre estas duas divisões tem sido algo verificável. Assim e face ao que se verificava antes de 2007, existiu um aumento da sincronia para os países centrais enquanto os países periféricos viram a sua sincronização diminuir face aos países centrais, face uns aos outros e também face aos países da União Europeia que não pertencem a Zona Euro (Belke et al.2017; Ferroni e Klaus, 2014). Tem existido assim um período de divergência na sincronização entre partes dos países europeus. A Espanha, por exemplo, após a turbulência mundial de 2007-2008 tem vindo a mostrar flutuações económicas assimétricas em relação às outras 3 maiores economias da Zona Euro, coisa que não se verificava anteriormente. Este acontecimento explica-se porque as flutuações do produto espanhol ocorrem maioritariamente por características nacionais, enquanto fatores comuns explicam mais de 50% das flutuações do produto das 3 maiores economias europeias (Ferroni e Klaus, 2014).

A prevalência de divisão entre países centrais versus países periféricos (ou Estados centrais vs Estados periféricos) não é, contudo, e mais uma vez, algo exclusivamente europeu. Aliás o grau de sincronização e a prevalência deste tipo de divisão, central vs periférico, tem sido estudado para regiões

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da União Europeia, dos EUA e do Canadá (Lopes e Pina, 2008). Verificou-se que esta divisão era maior nas décadas de 80 e 90 na União Europeia a 15. Contudo tem-se vindo a tornar menos evidente ao longo do tempo face à América do Norte (Lopes e Pina, 2008) derivado à perda de força do efeito fronteira na comparação EUA- Zona Euro.

Na análise da sincronia dos ciclos económicos na Europa existe até quem defenda uma maior divisão. Mais do que diferenças entre países, ou países periféricos versus países centrais, existe quem fale em grupos de regiões que apresentam similitudes entre si e, portanto, as características cíclicas das regiões devem ser combatidas com políticas regionais diferentes e não com políticas nacionais comuns, pois usar políticas nacionais pode causar distorções indesejadas nalgumas regiões que por sua vez podem mesmo ver o seu processo de convergência desacelerar (Bandres et al. 2017). Os co-movimentos regionais versus os co-movimentos nacionais são a prova disso, uma vez que apesar dos co-movimentos reginais terem aumentado eles encontram-se ainda assim abaixo dos co-movimentos nacionais entre países.

Em sumário, as conclusões sobre os ciclos económicos, a sua sincronização e o efeito que uma união monetária tem nesta sincronização, nomeadamente na Europa e na Zona Euro, diferem e são várias. Uns sugerem que a sincronia dos ciclos económicos na Europa é elevada para a grande maioria dos países (Lopes, 2003; Bergman, 2004). Outros referem que a sincronização existente é anterior ao estabelecimento da união monetária e que esta não se alterou com a introdução da moeda única (Camacho et al.2006). Outros sugerem uma maior sincronização dos ciclos económicos entre 1999 e 2015, mas com as amplitudes destes ciclos a tornarem-se divergentes e com isso a fazer com que a convergência real não acontecesse entre os países originais do euro, uma vez que a disparidade entre países ricos e países pobres não diminuiu (Franks et al. 2018; Gogas, 2013).

Tendo em conta a importância do grau de sincronia dos ciclos económicos para o todo, ou seja, para um conjunto de países sujeitos à mesma política monetária, este meu trabalho pretende contribuir para a literatura existente analisando a sincronia dos ciclos económicos, e as suas características, das três maiores economias da União Europeia e da Zona Euro, uma vez que uma política monetária comum será tanto mais eficaz quanto mais sincronizadas estiverem estas 3 economias, pois elas terão um efeito multiplicador nos restantes países europeus e quanto melhores se apresentarem economicamente maior será a probabilidade de todas as outras se encontrarem bem e convergirem não só em termos dos seus ciclos económicos mas também em termos dos seus níveis de bem-estar.

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A secção seguinte assenta na abordagem teórica aqui apresentada e procede com o estudo empírico da sincronia dos ciclos de três motores da Zona Euro.

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3. A metodologia

3.1. Opções metodológicas do estudo e período de análise

A criação de uma união económica e monetária foi uma ambição da União Europeia desde finais dos anos 60 do século XX. Em junho de 1988, dá-se o primeiro marco, tendo sido constituído um comité com o intuito de estudar a formação dessa união económica e monetária que mais tarde viria a apresentar o Relatório Delors. Este relatório propunha que a união económica e monetária fosse alcançada em 3 fases distintas. A fase 1 teve início a 1 de julho de 1990 e teve como principais características a liberalização dos movimentos de capitais e a livre circulação da ECU (European Currency Unit) a unidade monetária europeia que precedeu o euro. No dia 1 de janeiro de 1994 deu-se início à fase 2 que levou a criação do Instituto Monetário Europeu, à proibição do financiamento do setor público pelos bancos centrais e à conclusão do processo de independência dos bancos centrais nacionais. A fase 3 levou à fixação irrevogável das taxas de câmbio, à entrada em vigor do pacto de estabilidade e crescimento (PEC) e culminou com a introdução do euro.

Foi assim que, com a introdução do euro, a 1 de janeiro de 1999 entrou em funcionamento a União Económica e Monetária Europeia (BCE, 2020). Durante os seus três primeiros anos, o euro funcionou apenas como uma moeda “invisível”, sendo utilizada somente para efeitos contabilísticos e para pagamentos eletrónicos. A sua circulação física iniciou-se a 1 de janeiro de 2002, em doze países da União Europeia (União Europeia, 2020), sendo hoje utilizado por cerca de 341 milhões de pessoas no seu dia-a-dia.1

Uma vez que o objetivo deste trabalho é medir a sincronia das 3 maiores economias da Zona Euro (Alemanha, França e Itália), e uma vez que a constituição da Zona Euro se deu a 1 de janeiro de 1999, escolhemos como período de análise o espaço compreendido entre 1 de janeiro de 2000 até aos últimos dados disponíveis, neste caso, até ao ano de 2020.Uma vez que estamos a tratar de analisar as possíveis flutuações da atividade económica, o indicador escolhido será o Produto Interno Bruto (PIB) das 3 economias em análise, que é considerado o melhor espelho do agregado da atividade económica de um país (Claessens et al. 2011). Os dados foram obtidos no dia 24 de setembro de 2020 no site do Eurostat, o gabinete de estatísticas oficial da União Europeia.

Das diferentes formas calculadas do PIB disponibilizadas pelo Eurostat e uma vez que é objetivo deste trabalho observar flutuações reais da atividade económica escolhemos o PIB encadeado em volume

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a preços do ano anterior, corrigidos de variações sazonais, para a nossa análise empírica. Sobre a escolha deste tipo de dados vale a pena alguma reflexão, uma vez que existem outros tipos de cálculo de PIB que permitem também verificar flutuações.

Comecemos pelos PIB a preços correntes. A utilização de dados a preços correntes neste tipo de análise em nada nos ajudaria, uma vez que não nos permitiria chegar a conclusão nenhuma sobre as flutuações da atividade económica de ano para ano, pois não saberíamos se essas variações eram fruto de um simples aumento das quantidades transacionadas na economia ou se o crescimento do nosso indicador de atividade económica apenas teria acontecido devido a um aumento verificado dos preços nesse ano em questão. Poderia mesmo dar-se o caso de a atividade económica real ter sofrido uma contração nas quantidades produzidas, mas essa contração não ser espelhada no valor agregado do PIB uma vez que o aumento dos preços poderia ter compensado essa queda da produção real.

De forma a avaliarmos corretamente quais as variações ocorridas entre períodos na atividade real poderíamos então recorrer a dois tipos de séries: (i) as séries a preços constantes e; (ii) as séries de dados encadeados em volume (chain-linking).

Na medição da atividade económica, e de forma a eliminar o efeito preço, as séries a preços constantes usam como unidade de medida de preços um valor comum a um ano base, isto é, escolhe-se um dado ano e de acordo com os preços verificados nesescolhe-se ano calcula-escolhe-se o valor da atividade económica dos períodos seguintes com os preços do ano de referência. Decorre daqui a possibilidade de identificar as flutuações económicas de ano para ano assegurando que estas não ocorrem devido ao aumento ou diminuição dos preços uma vez que estes estão “congelados”. Todavia, e apesar de muito melhor do que o cálculo a preços correntes no reflexo do verdadeiro crescimento real da economia, o cálculo a preços constantes esconde também um conjunto de limitações (ABS, 2003) associadas precisamente ao uso de um preço que se mantém inalterado ao longo do tempo no cálculo das mudanças dos volumes.

Estas limitações decorrem de vários fatores entre os quais se destacam: (i) o facto de mercadorias baratas serem substituídas ao longo do tempo por mercadorias que se tornaram mais caras e “queridas” aos consumidores; (ii) o crescimento do preço das diferentes mercadorias tende também a acontecer a taxas diferentes ao longo do tempo e por isso o seu peso relativo no cabaz de bens tende a mudar. Além disso, acresce ainda o facto de que as mercadorias sofrem evoluções nas suas características ao longo do tempo, que alteram por vezes a sua qualidade e que as fazem desaparecer ou quase a tornarem-se em novas mercadorias no mercado.

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Uma alternativa aos preços constantes na medida de volumes são as medidas de dados encadeados, uma vez que como a preços constantes as medidas em dados encadeados apenas sofrem variações nas quantidades de acordo com a venda ou produção, mas sem sofrer das possíveis limitações da fixação de um preço num ano base. Isto acontece porque nos dados encadeados em volume o preço base é atualizado e reponderado anualmente. Estas variações são depois ligadas em “cadeia” de modo a produzir séries temporais de medidas encadeadas em volume eliminando-se deste modo as limitações decorrentes do cálculo a preços constantes uma vez que através destes processos os dados encadeados em volume traduzem mais eficazmente a verdade sobre a taxa de crescimento dos bens, reflete melhor a alteração relativa da mudança de preços e maximiza a utilização de informação atualizada sobre as quantidades e os preços.

Daqui advém que os dados encadeados em volume são assim uma medida considerada como mais precisa no reflexo da mudança dos volumes reais transacionados ao longo do tempo (ABS, 2003), sendo por isso uma escolha natural para este trabalho.

Quanto à escolha da frequência dos dados esta recaiu sobre dados trimestrais, pois este é um período que permite não perder uma variabilidade de informação que aconteceria, por exemplo, numa análise anual. Acrescenta-se a este motivo a disponibilidade de informação para esta frequência ser atualmente muita e fidedigna.

3.2. Método de Identificação dos pontos de viragem das séries

Apesar de a definição de ciclo económico de Burns e Mitchell ser, geralmente, a mais aceite no mundo económico, como já referimos neste trabalho, foram-lhe mesmo assim apontadas algumas imprecisões ou omissões. Não indicar como medir o ciclo económico ou não indicar como deveria ser feita a sua descrição (Harding e Pagan, 2002) são duas dessas críticas.

Uma vez que a localização dos pontos de viragem, que determinam os períodos de expansão e de contração ao longo de uma série é um processo essencial para a definição e descrição de qualquer ciclo é necessário implementar métodos econométricos que permitam tal objetivo. Estes métodos econométricos devem, contudo, assegurar um mínimo de pelo menos 3 pressupostos: (i) determinar os Picos e as Cavas ao longo de uma série; (ii) assegurar que existe uma alternância entre esses Picos e essas Cavas; (iii) estabelecer um conjunto de regras que pré-determinem critérios para a duração e a amplitude das fases e dos ciclos completos (Harding e Pagan, 2002);

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De entre vários métodos econométricos seguiremos a metodologia seguida por Harding e Pagan (2002) que no seu trabalho utilizaram o algoritmo, associado ao NBER, criado em 1971 por Bry e Boschan (BB). Segundo este algoritmo, a identificação de um pico (cava) ocorre quando,

{𝑌𝑡 > (<)𝑌𝑡+𝑘}, 𝐾 = 1, . . . , 𝐾

onde t representa o tempo, Y a variável em estudo e K é um número positivo que varia com a frequência da amostragem.

No caso da nossa análise, em que tratamos dados com uma frequência trimestral seguimos os princípios de Harding e Pagan (2002) que determinam que cada ciclo tenha uma duração mínima de 15 meses (K=5 trimestres) e que cada fase desse ciclo tenha pelo menos 6 meses (k=2 trimestres). Tais características implicam que para determinar um pico se deve obedecer ao seguinte passo,

{∆2𝑦𝑡 > 0, ∆𝑦𝑡 > 0, ∆𝑦𝑡+1 < 0, ∆2𝑦𝑡+2 < 0 }

Bracke (2011), desenvolveu uma rotina para o Stata para identificar os ciclos económicos que será utilizada neste estudo para datar os ciclos económicos. Esta rotina – sbbq -, respeita as regras de Harding e Pagan (2002), quando aplicada a dados trimestrais e foi o método também escolhido por Ferreira (2013) para identificar os pontos de viragem da série do PIB português. Aliás, é de referir que a metodologia escolhida por este autor é peça fundamental na metodologia utilizada no estudo empírico aqui desenvolvido.

Assim, definiremos um ciclo económico como o período compreendido entre dois picos, e se

definirmos uma variável binária St=1 para uma fase de expansão e St=0 para uma fase de contração,

temos que,

(I) ∑𝑇𝑡=1𝑆𝑡 é a duração total de uma expansão;

(II) ∑𝑇𝑡=1(1 − 𝑆𝑡) é a duração de uma contração.

desta forma, a duração de uma expansão é o tempo que vai de uma cava ao pico, enquanto a duração de uma contração é o tempo compreendido entre um pico e uma cava.

3.3. Identificação dos ciclos económicos

A identificação dos pontos de viragem das séries do PIB é um processo essencial para uma posterior descrição e análise dos ciclos económicos, pois a identificação dos picos e das cavas

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permitir-nos-á datar no tempo esses pontos e como consequência chegar à conclusão se as diferentes séries se encontram em sincronia ou não, o objetivo primordial deste trabalho.

Poderemos, no entanto, proceder a uma breve análise descritiva das três séries em conjunto antes de identificarmos os seus picos e as suas cavas. Através da Figura 1 podemos retirar algumas conclusões. Entre o ano de 2000 e o primeiro trimestre de 2008 as 3 séries aparentam um comportamento de expansão, período após o qual se verifica uma queda do PIB dos três países até sensivelmente ao primeiro trimestre de 2009. Isto poderá indicar, a olho desarmado e sem aplicar ainda nenhum dos nossos métodos estatísticos, a existência de um ciclo económico comum aos três países neste período.

Figura 1: Séries do PIB da Alemanha, da França, e da Itália.

Nota: Cálculos do Autor. Fonte: Eurostat (2020)

Outro ponto notório partilhado pelos três países acontece já quase no fim do período de análise, em meados de 2019. Nesta altura os três países experienciam o início de uma queda, que viria a tornar-se abrupta, do tornar-seu PIB. Se ao surgimento da pandemia da Covid-19 tornar-se pode atribuir a queda abrupta do PIB das três principais economias europeias a partir do primeiro trimestre de 2020, a ligeira queda que já se verificava no fim de 2019 não pode ser explicada pelo mesmo fator. Esta queda do PIB das três maiores economias da Zona Euro pode, no entanto, ser explicada por um conjunto de fatores, tais como,

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as greves inesperadas que paralisaram a França no último mês de dezembro de 2019, a confusão política que afetava a Itália e a queda do comércio mundial verificada nesse período (New York Times, 2020). A juntar a estes fatores a incerteza quanto ao processo de saída do Reino Unido da União Europeia e a falta de acordo quanto a forma como o comércio se iria desenrolar entre as duas partes após o Brexit podem ser explicativos desta queda da economia europeia já no último trimestre de 2019.

Deixando a descrição meramente visual e comparativa do PIB das três economias e passando a uma análise mais sistemática dos resultados obtidos através da metodologia apresentada anteriormente procedemos à datação dos ciclos económicos dos três países selecionados.

A série do PIB alemão, e a datação das fases dos ciclos, está representada na Figura 2. Entre o primeiro trimestre de 2000 e o segundo trimestre de 2020 identificamos 9 pontos de viragem, correspondentes a 5 picos e a 4 cavas que perfazem um total de 4 ciclos económicos completos.

Figura 2: Pontos de viragem do PIB da Alemanha

Nota: Cálculos do Autor. Fonte: Eurostat (2020)

Os picos encontram-se ilustrados graficamente pelas barras verticais contínuas (de cor verde), enquanto as barras verticais tracejadas (de cor vermelha) identificam as cavas. No eixo horizontal temos descrito o período, expresso em trimestres, em que se verificam os pontos de viragem, enquanto o eixo vertical nos indica o valor do PIB (encadeado em volume) em milhões de euros. Olhando apenas para a

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Figura 2 podemos desde logo verificar que a duração dos ciclos económico da Alemanha tem vindo a aumentar, ao longo do tempo, muito graças ao aumento da duração dos períodos de expansão, e que os períodos de expansão são ainda bastante mais longos do que os períodos de contração.

Tabela 1: Duração dos ciclos económicos da Alemanha e das suas fases em trimestres

Ciclo Período Fase PIB Duração

Fase Ciclo n.d 2002q3[ Expansão 651895.8 1 [2002q3 2003q1[ Contração 641247.6 2 7 (1.75) [2003q1 2004q2[ Expansão 650855.6 5 2 [2004q2 2005q1[ Contração 648888.6 3 15 (3.75) [2005q1 2008q1[ Expansão 713573.2 12 3 [2008q1 2009q1[ Contração 663414.3 4 18 (4.5) [2009q1 2012q3[ Expansão 728533.9 14 4 [2012q3 2013q1[ Contração 722046.6 2 26 (6.5) [2013q1 2019q1[ Expansão 811262.2 24 5 [2019q1 n.d Contração

Nota: Elaboração do autor com base nos dados do Eurostat (2020). Os valores do PIB são os observados nos pontos de viragem (picos e cavas) e encontram-se em milhares de milhões. Os valores entre parêntesis correspondem à transformação dos trimestres em anos.

De forma a resumir a informação e a proporcionar uma visualização mais clara sobre a duração dos ciclos económicos da Alemanha, bem como das suas fases, foi produzida a Tabela 1. O primeiro ciclo identificado apresenta uma duração de 7 trimestres, tendo-se iniciado no terceiro trimestre de 2002 e terminado no primeiro trimestre de 2004. O segundo ciclo económico, com uma duração de 15 trimestres começou no segundo trimestre de 2004 e terminou no último trimestre de 2007, ou seja, o quarto. 18 trimestres foi a duração apresentada pelo terceiro ciclo económico, que teve o seu início no primeiro trimestre de 2008 e o seu fim no segundo trimestre de 2012. O terceiro ciclo económico foi aquele onde se verificou a crise financeira global de 2008-2009 apresentando por isso, a maior contração observada de entre as registadas nesta série. Do terceiro trimestre de 2012 até ao quarto trimestre de 2018 temos o quarto, e último, ciclo económico completo da economia alemã. No que diz respeito às fases, as contrações da economia alemã têm mantido uma duração quase que constante ao longo do tempo apresentando 2, 3, 4 e 2 trimestres de contração, por esta ordem respeitante ao ciclo. Já as fases

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de expansão apresentam durações que vão crescendo de ciclo para ciclo. Assim, enquanto no primeiro ciclo a fase de expansão durou 5 trimestres, no segundo ciclo durou 12 trimestres, no terceiro ciclo 14 trimestres e no último ciclo 24 trimestres.

Podemos confirmar então que o aumento da duração dos ciclos económicos da Alemanha, ao longo do tempo, se deve essencialmente aos períodos de expansão uma vez que enquanto no primeiro ciclo a expansão durou 1 ano e 3 meses, no último ciclo esta já se prolongou por 6 anos, vendo assim a sua duração aumentar, ao passo que os períodos de contração se têm mantido praticamente sem grandes alterações ao longo do tempo.

Figura 3: Pontos de viragem do PIB da França

Nota: Cálculos do Autor. Fonte: Eurostat (2020)

A datação dos pontos de viragem do PIB francês encontra-se representada na Figura 3, e de todas as séries analisadas, esta é a que apresenta um menor número de ciclos económicos completos, sugerindo assim uma menor flutuação do PIB francês. De assinalar que, segundo o modelo econométrico utilizado e para o período de analise, 2000-2020, o primeiro ponto de viragem foi encontrado apenas em 2008, 8 anos após o início da nossa série.

Na Tabela 2 encontramos informação detalhada sobre os ciclos económicos da economia francesa. Assim o primeiro ciclo completo teve uma duração de 16 trimestres divididos entre 5 trimestres

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de contração e 11 trimestres de expansão. Este ciclo teve início no primeiro trimestre de 2008 e terminou no quarto trimestre de 2011, apanhando por isso o período da crise financeira global de 2008-2009. Tal como aconteceu com a economia alemã e também, em parte, por neste período se situar a crise financeira global de 2008-2009, é neste ciclo que se verifica a contração mais expressiva da economia francesa. O segundo e último ciclo económico completo da economia francesa está compreendido entre o primeiro trimestre de 2012 e o segundo trimestre de 2019. Este ciclo apresenta uma duração de 30 trimestres, divididos entre 4 trimestres de contração e 26 trimestres de expansão.

Tabela 2: Duração dos ciclos económicos da França e das suas fases em trimestres

Ciclo Período Fase PIB

Duração Fase Ciclo n.d 2008q1[ Expansão 531549.3 1 [2008q1 2009q2[ Contração 510856.1 5 16 (4) [2009q2 2012q1[ Expansão 535775 11 2 [2012q1 2013q1[ Contração 535261.2 4 30 (7.5) [2013q1 2019q3[ Expansão 588685.3 26 3 [2019q3 n.d Contração

Nota: Elaboração do autor com base nos dados do Eurostat (2020). Os valores do PIB são os observados nos pontos de viragem (picos e cavas) e encontram-se em milhares de milhões. Os valores entre parêntesis correspondem a transformação dos trimestres em anos.

Tal como verificamos na situação alemã, os ciclos económicos franceses também aumentam a sua duração ao longo do tempo. A duração do segundo e último ciclo económico completo francês tem quase o dobro da duração do primeiro ciclo económico. E, tal como aconteceu com a Alemanha, esse facto também se deve ao aumento da duração dos períodos de expansão que mais do que duplicaram no segundo ciclo económico face ao primeiro. Para a França existiu até uma diminuição na duração dos períodos de contração, uma vez que no primeiro ciclo económico esta tinha durado 5 trimestres enquanto que no segundo ciclo económico esta durou apenas 4 trimestres, beneficiando assim a França de um benefício duplo; na medida que em conjunto com o aumento da duração da fase de expansão existiu uma diminuição da fase de contração o que lhe permitiu aumentar a duração da sua fase de prosperidade.

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Por último podemos observar na Figura 4 a datação dos pontos de viragem para a economia italiana no período 2000-2020. Neste período foram identificados 11 pontos de viragem sendo 6 picos e 5 cavas que perfazem um total de 5 ciclos económicos completos.

Figura 4: Pontos de viragem do PIB da Itália

Nota: Cálculos do Autor. Fonte: Eurostat (2020)

Como podemos ver através da Tabela 3 e em comparação com as séries da Alemanha e da França, a economia italiana é aquela que apresenta o maior número de ciclos económicos completos, o que poderá revelar desde logo uma maior tendência de instabilidade económica, pois apresenta uma maior propensão para flutuações económicas.

O primeiro ciclo económico italiano inicia-se no primeiro trimestre de 2001, período no qual se inicia um período de contração de 4 trimestres. Depois deste período de contração iniciam-se 3 trimestres de expansão económica, até ao terceiro trimestre de 2002, que fecham o primeiro ciclo. Este ciclo teve assim uma duração de 7 trimestres. O segundo ciclo iniciou-se no quarto trimestre de 2002 e prolongou-se até ao quarto trimestre de 2007. Este ciclo apreprolongou-senta uma duração de 21 trimestres, prolongou-sendo estes divididos em 3 trimestres de contração e 18 trimestres de expansão económica. O terceiro ciclo económico completo envolveu o período da crise financeira global. Este ciclo durou 13 trimestres, iniciando-se no primeiro trimestre de 2008 e terminando por volta do primeiro trimestre de 2011, e

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durante a sua vigência a economia italiana passou 5 trimestres em contração e 8 trimestres em expansão económica.

Tabela 3: Duração dos ciclos económicos da Itália e das suas fases em trimestres

Ciclo Período Fase PIB

Duração Fase Ciclo n.d 2001q1[ Expansão 424558.7 1 [2001q1 2002q1[ Contração 421778.3 4 7 (1.75) [2002q1 2002q4[ Expansão 426237.2 3 2 [2002q4 2003q3[ Contração 423806.0 3 21 (5.25) [2003q3 2008q1[ Expansão 452802.5 18 3 [2008q1 2009q2[ Contração 419031.2 5 13 (3.25) [2009q2 2011q2[ Expansão 433448.7 8 4 [2011q2 2013q4[ Contração 410325 10 26 (6.5) [2013q4 2017q4[ Expansão 429557 16 5 [2017q4 2018q3[ Contração 429182.3 3 6 (1.5) [2018q3 2019q2[ Expansão 431193.3 3 6 [2019q2 n.d Contração

Nota: Elaboração do autor com base nos dados do Eurostat (2020). Os valores do PIB são os observados nos pontos de viragem (picos e cavas) e encontram-se em milhares de milhões. Os valores entre parêntesis correspondem a transformação dos trimestres em anos.

Porém, e ao contrário do que acontece com as economias francesa e alemã, não foi durante o período da crise financeira global que a economia italiana sofreu a sua maior contração económica em termos de duração. Tal sucedeu no quarto ciclo económico identificado. Este ciclo teve início no segundo trimestre de 2011 e terminou no terceiro trimestre de 2017; com uma duração de 26 trimestres, divididos em 10 trimestres de contração e 16 trimestres de expansão económica. Este ciclo envolveu o período da crise das dívidas soberanas dos países europeus, que se seguiu à crise financeira global, e

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que afetou fortemente os países periféricos europeus com uma elevada dívida pública onde a Itália se insere. O último ciclo económico completo italiano tem uma duração de 6 trimestres e é dividido em durações semelhantes de expansão e contração, isto é, 3 trimestres de contração e 3 trimestres de expansão. Este ciclo iniciou-se no quarto trimestre de 2017 e terminou no primeiro trimestre de 2019.

Outra característica que difere o ciclo económico italiano dos ciclos económicos francês e alemão prende-se com algumas características na duração de algumas das suas fases. Ao contrário do que se verifica para os ciclos da economia alemã e da economia francesa a economia italiana apresenta ciclos económicos completos em que os períodos de contração são maiores ou iguais aos períodos de expansão. Isto acontece no primeiro ciclo económico e no quinto ciclo económico, onde no primeiro o período de contração é maior do que o período de expansão e no quinto os períodos se igualam respetivamente.

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4. Descrição dos ciclos económicos

A descrição dos ciclos económicos é um passo que se pode realizar após a identificação dos pontos de viragem. Entre as várias características de interesse podem destacar-se a duração dos ciclos e das suas fases em termos de: (ii) a amplitude dos ciclos e das suas fases, (iii) qualquer comportamento assimétrico das fases (iv) movimentos cumulativos dentro das fases (Harding e Pagan:2002).

Das características expostas, as de maior interesse para a análise empírica que estamos aqui a realizar são aquelas que se referem à duração e à amplitude, sendo por isso dedicada a essas a nossa atenção.

As formas de cálculo das medidas necessárias para descrever os ciclos são sugeridas por Harding

e Pagan (2020). Considerando, como definimos anteriormente no subcapítulo 3.2, o conjunto (Yt, St),

onde Yt diz respeito aos valores das séries do PIB e St é a variável binária de valor 1 para uma expansão

e de valor 0 para uma contração. Se tivermos ∑𝑇𝑡=1𝑆𝑡 como a duração total de uma expansão e K seja

o número de picos, então a duração média de uma expansão é,

D̂ =∑ St

T t=1

k

Por sua vez a amplitude de uma expansão é a variação observada entre uma cava e um pico seguinte, sendo a sua média dada pela expressão,

A

̂ = ∑Tt=1St∆yt

k

Para as fases de contração os valores podem ser obtidos substituindo nas fórmulas St por (1-St). Algumas características referentes à amplitude do ciclo económico da Alemanha e das suas fases são descritas na Tabela 4. É possível verificar que a amplitude do ciclo económico alemão tem vindo a aumentar ao longo do tempo com a exceção a verificar-se no terceiro ciclo. No primeiro ciclo a amplitude foi negativa, tendo por isso sido verificada uma queda do PIB alemão de 0.13%, no fim do ciclo face ao seu início. Ou seja, no fim do primeiro ciclo o PIB trimestral alemão ascendia a 650 855.6 milhões de euros, um valor inferior ao registado no início do ciclo (651 895.8 milhões de euros). A amplitude dos demais ciclos foi positiva, tendo no segundo ciclo o PIB crescido 9.7%, no terceiro crescido 2.8% e no quarto ciclo crescido 11.5% - sugerindo assim que a economia alemã tem tido capacidade para recuperar – entre ciclos - as perdas sofridas nas fases de contração.

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Tabela 4: Amplitude dos ciclos económicos da Alemanha e das suas fases

Ciclo Período Fase PIB Amplitude (%)

Fase Ciclo n.d 2002q3[ Exp. 651895.8 1 [2002q3 2003q1[ Cont. 641247.6 -1.633 -0.132 [2003q1 2004q2[ Exp. 650855.6 1.498 2 [2004q2 2005q1[ Cont. 648888.6 -0.302 9.666 [2005q1 2008q1[ Exp. 713573.2 9.968 3 [2008q1 2009q1[ Cont. 663414.3 -7.029 2.787 [2009q1 2012q3[ Exp. 728533.9 9.816 4 [2012q3 2013q1[ Cont. 722046.6 -0.890 11.466 [2013q1 2019q1[ Exp. 811262.2 12.356 5 [2019q1 n.d Cont.

Nota: Elaboração do autor com base nos dados do Eurostat (2020). PIB em milhões de euros. Amplitude calculada em percentagem.

Analisando a amplitude das fases dos ciclos identificados percebemos que o primeiro ciclo apresentou uma amplitude negativa porque a sua fase de expansão (1.49%) não compensou a fase de contração ocorrida (-1.63%). No que diz respeito a fases de contração e retirando a díspar contração verificada no terceiro ciclo de -7.029%, ocorrida devido à já referida crise financeira global, conseguimos verificar que estas se situam entre valores que podemos considerar baixos, entre -1.63% e -0.302%. Podemos, assim, verificar que o aumento da amplitude das fases de expansão de ciclo para ciclo tem sido o fator responsável pelo aumento da amplitude dos ciclos, na medida que no segundo ciclo a fase de expansão apresentou um crescimento de 9.97%, no terceiro ciclo o crescimento foi de 9.82% e no último ciclo foi de 12,37%, verificando-se assim a maior fase de expansão. No período de análise 2000-2020 podemos assim verificar que existiu uma variação positiva de 23.8% nos seus 4 ciclos completos, ou seja, desde o primeiro ponto de viragem identificado até ao último ponto de viragem o PIB alemão cresceu 23.8%.

A descrição dos ciclos franceses é apresentada na Tabela 5. Relativamente à amplitude dos ciclos podemos verificar que além de ser positiva nos dois ciclos identificados, também tem vindo a aumentar consideravelmente, uma vez que a amplitude do primeiro ciclo é de 0.985% ao passo que a amplitude do segundo ciclo é de 9.885%. Assim, no fim de cada ciclo o valor do PIB francês é sempre superior ao verificado no início do ciclo; ou seja, no início do primeiro ciclo o valor do PIB francês é de 531 549.3

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milhões de euros, no fim do primeiro ciclo o valor registado é de 535 775 milhões de euros e no fim do segundo e último ciclo o valor ascendia a 588 685.3 milhões de euros.

Tabela 5: Amplitude dos ciclos económicos da França e das suas fases

Ciclo Período Fase PIB

Amplitude (%) Fase Ciclo n.d 2008q1[ Exp. 531549.3 1 [2008q1 2009q2[ Cont. 510856.1 -3.893 0.985 [2009q2 2012q1[ Exp. 535775 4.878 2 [2012q1 2013q1[ Cont. 535261.2 -0.096 9.885 [2013q1 2019q3[ Exp. 588685.3 9.981 3 [2019q3 n.d Cont.

Nota: Elaboração do autor com base nos dados do Eurostat (2020). PIB em milhões de euros. Amplitude calculada em percentagem.

No caso do PIB francês existe um duplo efeito benéfico que tem ajudado ao crescimento positivo da amplitude dos ciclos: a amplitude das fases de expansão tem vindo a crescer e a amplitude das fases de contração tem vindo a diminuir. Tal facto justifica o crescimento de 10.87% do PIB francês entre o início do primeiro ciclo e o fim do último ciclo, pois enquanto que a fase de contração do primeiro ciclo é de 3.89%, a fase de contração do segundo ciclo é de apenas 0.09%, e para as fases de expansão a primeira é de 4.88% ao passo que a fase de expansão do segundo ciclo é de 9.88%.

Na Tabela 6 podemos observar as características das amplitudes dos vários ciclos económicos identificados para a Itália. Como foi referido anteriormente, é a economia italiana aquela que apresenta o maior número de ciclos e é aquela também que apresenta o conjunto de amplitudes mais variadas. Assim, no que diz respeito às amplitudes podemos assinalar dois períodos: um antes do segundo ciclo e um depois do segundo ciclo. No primeiro e segundo ciclos económicos a amplitude dos ciclos é positiva e crescente. Ou seja, o PIB italiano encontrava-se a crescer e de uma forma cada vez mais significativa ao longo destes ciclos. O primeiro ciclo teve uma amplitude de 0.40%, enquanto que o segundo ciclo apresentou uma amplitude de 6.27%, tendo-se verificado, assim, no fim deste ciclo o valor mais elevado do seu PIB em toda a série: 452 802.5 milhões de euros.

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