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PUBLICA: O PROGRAMA DE APOIO A REFORMA SANITARIA DA ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA - PARESIENSP

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INFORMARE -Cadernos do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação 33

DISSERTAÇÃO

A

COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM UM CONTEXTO DE SAÚDE

,

' "

PUBLICA:

O

PROGRAMA DE APOIO A REFORMA SANITARIA DA

ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA

-

PARESIENSP

Cristina Valente Manasfi

Pesquisadora, Escola Nacional de Saúde Pública-ENSPIF/OCRUZ

Palavras-Chave

Comunicação Científica - Saúde Pública Análise de Citações

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INFORMARE - Cad. Prog. PÓs-Grad. Ci. Inf., Rio de Janeiro, v.2, n. 1, p.33-48,jan.ljun. 1996

34 o Programa de Apoio à Refonna Sanitária da Escola Nacional de Saúde Pública-PARESIENSP

Sem desmerecer a definição enquanto interessante instrumento de análise da evolução do pensamento humano, elas pouco mais acrescentam a qualquer discussão. Instado a definir ciência, Bernal (1969. p. 12) cita Einstein: "A ciência como algo de existente e completo é a coisa mais objetiva que o homem conhece. Mas a ciência em evolução, a ciência como fim a atingir, está tão sujeita a condicionamentos subjetivos e psicológicos como qualquer ramo da atividade humana - tanto assim queàperguntaqualo propósito e o significado da ciência receberá, de pessoas diferentes, ou em épocas diferentes, respostas inteiramente diferentes." (The world as I see it, 1935)

2 Sanitarista americano da década de 20. 3 Sanitaristas americanos da década de 40.

Uma vez que o PARES desenvolveu suas ativi-dades na ENSP, atente-se para as considerações de sua Comissão de Pós-Graduação (ENSP. Comissão de Pós-Graduação. 1993. p. 11) sobre a Saúde Pública: do ponto de vista do conhecimento, a Saúde Pública relaciona, de forma dinâmica, o biológico, o social e o ecológico, possibilitando sínteses criadoras proveni-entes de questões fundamentais: 1. Como se dá a relação entre o social e o biológico? 2. Como o biológico se transforma através do social e exerce sua força sobre ele? 3. Como se dá, no indivíduo, a expressão - através das reações e dos significados - do biológico e do social? 4. Como o ser humano pode se integrar harmoniosamente na biosfera?

O campo da Saúde tem características fortemen-te infortemen-terdisciplinares. Conta com o aporfortemen-te de várias áreas das Ciências Naturais e Sociais e apresenta construções teórico-conceituais próprias, que evolu-em independentevolu-emente das disciplinas que o forma-ram. No Brasil, para Costa,

"[...] a construção da saúde coletiva apresentou três dimensões desiguais ecombinadas:a) campo "A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediantepolíticas sociais eeconômicas que visem a redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua prevenção, proteção e recuperação."

Esta foi a concepção defendida na VIII Confe-rência Nacional de Saúde (1986), um dos marcos de referência da história da Saúde Pública. Em 1972, os responsáveis pela disciplina Administração Sanitária, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de

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São Paulo, com base em Winslow , Clark e Leavell , definiram Saúde Pública, para a Enciclopédia Mirador Internacional, como "[...] a ciência e aartede promo-ver, proteger e recuperar a saúde física e mental, através de medidas de alcance coletivo e de motivação da população." (Enciclopédia Mirador Internacional. 1987. p. 10271)

apresentar e que interessa diretamente a este trabalho é o expresso pela Constituição brasileira de 1988, em seu artigo 196:

A Saúde, como não poderia deixar de ser, reflete concepções pessoais e sociais de bem-estar (COPPLESTONE, J. F. 1991. p. 440), baseadas em diferentes experiências, visões de mundo e momentos históricos. A Encyclopredia Britannica, em 1951, de-finia saúde como

"uma condição de sanidade física ou bem-estar, na qual um organismo realiza suas funções eficientemente; também em um outro sentido, um estado de bem-estar moral ou intelectual." (Encyclopredia Britannica. 1951, v. 11, p. 295) Porém, o conceito de saúde que se nos impõe Embora não se discuta aqui, em profundidade, o

1

objeto da Saúde Pública, são apresentadas definições que visam recortar mais claramente o ambiente geral deste estudo.

A comunicação científica inclui, segundo Garvey, "o espectro total de atividades associadas com a produção, disseminação e uso da informação, a partir do momento em que o cientista tem a idéia para sua pesquisa, até que a informação sobre os resultados desta pesquisa seja aceita como um constituinte do conhecimento científico." (GARVEY,W.D. 1979. p. IX)

2 O ambiente do estudo: a Saúde Pública

1 Introdução

Esses dados, provenientes de referências e entre-vistas obtidas com integrantes do PARES, permitem analisar a interação entre pesquisadores de uma mes-ma área (Saúde Pública) e seus reflexos nos textos por eles consultados e elaborados.

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A Comunicação Científica em um contexto de Saúde Pública:

o Programa de ApoioàReforma Sanitária da Escola Nacional de Saúde Pública-PARESIENSP 35

de produção do conhecimento; b) esforço de formulação de política pública; c) expressão de organização corporativa de parcelas de profissionais de saúde do setor público - os sanitaristas." (COSTA, N. do R. 1992. p. 59)

3 Alguns aspectos conceituais

"A rigor, qualquer investigação social deveria contemplar uma característica básica de seu objeto: o aspecto qualitativo. Isso implica considerar sujeito de estudo: gente, em determinada condição social, pertencente a determinado grupo social ou classe, com suas crenças, valores e significados. Isso implica também considerar que o objeto das ciências sociais é complexo, contraditório, inacabado, e em permanente transformação." (MINAYO, M. C.de S. 1989. p. 24)

Como afirmam Valois et aI., a comunicação "é um fenômeno natural de qualquer sociedade, apresentando variações conforme os grupos nos quais e entre os quais ela se realiza. A Comunicação Científica, em suaestruturainterna, não difere, em princípio, das demais trocas de informação entre os agentes de um grupo social." (VALOIS, E.C.et aI. 1989. p. 28)

O que os processos comunicacionais - estudados entre os cientistas - trazem de diferente, provém do próprio sistema social da Ciência, com suas peculiari-dades. Devido aos fenômenos da competição, concor-rência, disputas por prioridade e reconhecimento, ine-rentes à Ciência, "a estrutura da comunicação em ciência se tornou (nas mãos dos próprios cientistas) um sistema social complexo e rigorosamente contro-lado." (GARVEY, W. D. 1979. p. 3)

A comunicação tem sido dividida em formal e informal, embora os pesquisadores nem sempre con-cordem com esta classificação. Este trabalho adota como critério, segundo Wolek e Griffith, a existência ou não de interação entre os pesquisadores:

"[...]algumas comunicações escritas, como cartas pessoais, são vistas como sendo informais, enquanto algumas comunicações orais, tais como a apresentação de um artigo em um encontro profissional, são vistas como formais. O critério aqui é se a comunicação permite uma interação direta entre fonte(s) e receptor(es)." (WOLEK, F., GRIFFITH, B.C. 1980. p. 114)

Independentemente do critério escolhido, a co-municação formal e a informal não devem ser vistas como diferentes lados de uma mesma moeda. Elas são antes atividades complementares, não absolutamente exclusivas. O que ocorre, na maior parte do tempo, "[...] é o sucessivo intercâmbio destes dois tipos de comunicação." (MENZEL, H. 1966. p. 153)

No caso específico deste estudo, serão aborda-das, em diferentes momentos, tanto a comunicação formal corno a informal, a partir das publicações dos coordenadores dos GTs (para a extração das referên-cias) e das respostas às entrevistas sobre a integração entre esses GTs.

Uma das técnicas utilizadas no estudo dos pro-cessos comunicacionais em Ciência é a análise de citações.

"Uma citação implica uma relação entre uma parte ou o todo do documento citado e uma parte ou o todo do documento citante. Análise de citação é aquela área da bibliometria que lida com o estudo destas relações." (SMITH, L. C. 1981. p. 83)

Váriastécnicas têm sido desenvolvidas e agrupadas sob a denominação geral de análise de citação, entre elas a contagemdecitações,aanálisedeco-citaçãoeoacoplamento bibliográfico (as duas últimas visam identificar possíveis relações entre documentos).

Segundo Smith, dois documentos são co-citados se "forem citados conjuntamente, em um ou mais documentos posteriormente publicados. Portanto, na co-citação, os documentos são ligados à medida que são citados juntos. [...] A análise de co-citação é especialmente interessante como um meio de semapearespecialidades científicas." (SMITH, L.C.1981. p. 85-86)

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DaíOuso dessas técnicas em sociometria,

histó-ria da Ciência, avaliação acadêmica e política cientí-fica, sendo desenvolvidos conceitos como o do acoplamento bibliográfico. Este postula que o número de referências, em comum, de dois artigos pode medir seu relacionamento. Portanto, dois documentos são acoplados se suas listagens bibliográficas tiverem uma ou mais referências em comum.

Para analisar alguns aspectos da comunicação científica do PARES, estudaram-se as referências usadas pelos coordenadores dos GTs selecionados. Tentou-se, então, traçar um perfil dos trabalhos refe-ridos por estes pesquisadores (representando seus grupos) e estabelecer uma variação do acoplamento bibliográfico, com dois GTs acoplados quando parti-lhassem uma ou mais referências. Testou-se a possibi-lidade de tal acoplamento representar algum tipo de interação entre os GTs, utilizando as entrevistas como contrapartida.

Na verdade, o uso de citações como instrumento de trabalho não é isento de problemas. Elas são medi-das de informação retiramedi-das de textos - portanto, de estruturas objetivas - que, no entanto, não resultaram de ações assim tão objetivas. A aplicação destas me-didas a deduções de caráter subjetivo deve ser cuida-dosa. Entre as dificuldades, está o uso da citação em disputas de prioridade ou propriedade intelectual, as citações negativas (trabalho citado por discordância), ou textos clássicos de domínio público e, portanto, não mais citados. Além disso, a citação é uma das ativida-des científicas mais influenciadas por fatores sociais, tornando ainda mais complexa sua análise.

Para Edge, "[...] uma destacada conclusão da pesquisa em comunicação na Ciência contemporânea é a importância das comunicações informais" (1979. p. 113), que ele chama de "saft underbelly af lhe science," em contraposição à imagem da ponta do

iceberg,usada para a comunicação formal.É sobretu-do por trocas informais que se estabelecem linhas de pesquisa e redes de comunicação. As análises de citação só dizem respeito ao aspecto formal da comu-nicação. Embora importantes, não podem dar conta dos múltiplos aspectos comunicacionais do comporta-mento dos cientistas, não devendo, pois, ser usadas como única fonte de dados ou como validação de dados obtidos por metodologias qualitativas. Muito pelo contrário.Éna área informal que

"as influências enegociações interpessoais levam a escolhas íntimas de teoria e técnica, e então

detenninam adireçãoprecisado desenvolvimentoda

própria cultura científica." (EOOE, D. 1977. pJ7) Apesar disso ou, talvez, pela ausência de outros métodos na busca do indicador ideal, a análise de citação se destaca como alternativa para medições de produtividade científica.

"De encontro a essas preocupações, os indicadores de ciência têm dois enfoques distintos, mas complementares. O primeiro, que visa utilizar os indicadores científicos como ferramentas de planejamento [...]. O outro éo que busca, mediante o estudo dos indicadores, entenderaestruturaedesenvolvimentodaciência, a fim de decidir as regularidades básicas de seu funcionamento." (VELHO,L. 1986. p. 85) Esse uso implica um referencial teórico, ligado aos pressupostos já apresentados, que considere a citação como indicador de qualidade

"enquanto atributo de um artigo científico que tenha sido submetido a julgamento pela comunidade científica, para que se decida sobre averdade de descobertas científicas específicas." (VELHO,L. 1986. p. 85)

A partir dessa problemática, destaca-se não ser este trabalho uma análise de citação, no sentido clás-sico. A delimitação do âmbito ou campo de estudo não foi feita pela pesquisa, mas existia a priori. O próprio PARES delimitou as possíveis fontes para esta inves-tigação. As contagens de referências realizadas tive-ram como único objetivo o perfil aproximado do material em uso pelos GTs, na elaboração de seus produtos. Investigou-se se a literatura referida pelos pesquisadores do PARES refletiria as interações entre grupos de uma mesma área do saber (Saúde Pública), que estudavam um mesmo tema (a Reforma Sanitá-ria), a partir de seu engajamento no PARES. Esta questão, mesmo se estudada por abordagens comple-tamente distintas, torna-se, para os fins deste trabalho, o elo de ligação entre as atuações dos diferentes grupos.

Sobre as possibilidades da obtenção, pela litera-tura, de dados objetivos, Edge e Mulkay afirmam:

"tais dados objetivos podem nosdizerpouco, poreles mesmos, dos processos sociais e intelectuais do desenvolvimento científico. Eles devem ser sempre inte1pretadosàluzdasafirmações dos entrevistados e de outras informações verbais."(EDGE, D., MULKAY, M. J.1976. p. 3)

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A Comunicação Científica em um contexto de Saúde Pública:

o Programa de Apoio à Reforma Sanitária da Escola Nacional de Saúde Pública-PARESIENSP 37

4 Metodologia

Os dados utilizados nesta pesquisa são de três tipos:

1) projetos, relatórios e documentos administra-tivos do PARES, que embasaram a descrição do de-senvolvimento do programa, e a entrevista com Dr. Mário Chaves, primeiro Coordenador do Programa e um de seus idealizadores;

2)entrevistas realizadas para o relatório final do PARES (1993), de onde foram extraídas informações para este trabalho. Foram entrevistados os 16 coorde-nadores de GTs, tendo sido compilados os dados das entrevistas de apenas 8 destes. Concorda-se com Minayo quando afirma que

"mediante a entrevista podem ser obtidos dados de duas naturezas: (a) os que se referem a fatos que o pesquisador poderia conseguir através de outras fontes [...] e (b) os que se referem diretamente ao indivíduo entrevistado, suas atitudes, valores e opiniões. São informações ao nível mais profundo da realidade". (MINAYO M.C.de S. 1989.p.149)

São deste segundo tipo as informações que se procurou obter, quanto às opiniões e lembranças dos coordenadores, no que diz respeito à integração de seus GTs com os outros.

3) informações fornecidas pela Coordenação do PARES e pelos coordenadores de GTs, sobre sua produção bibliográfica no período pesquisado. Estes dados foram enriquecidos pelo questionário de avali-ação da ENSP (levantamento de atividades dos profes-sores, pesquisadores e pessoal de nível superior). Como fonte primária, eles compõem, juntamente com as outras informações, as listagens bibliográficas de cada coordenador.

O Coordenador simboliza aqui o seu grupo. Admite-se o viés provocado por tal decisão. Muitas pessoas, de diferentes modos, atuam no trabalho de pesquisa. No entanto, para os fins deste trabalho, a coleta dos dados ficou restrita a apenas uma pessoa por grupo, já que o critério não pôde ser o da abrangência,

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e sim o da representatividade.

Minayo vê a amostra ideal como "[...) capaz de refletir a totalidade nas suas múltiplas dimensões" (1989. p. 140) e propõe critérios para a amostragem:

4 Sobre esta questão, ver seção 6: Discussão e Conclusões.

(a) ela define claramente o grupo social mais relevante para as entrevistas e para a observação; (b) não se esgota enquanto não delinear o quadro empírico da pesquisa; (c) embora desenhada inicialmente como possibilidade, ela prevê um processo de inclusão pro-gressiva, encaminhada pelas descobertas do campo e seu confronto com a teoria; (d) prevê uma triangulação, isto é, em lugar de se restringir a apenas uma fonte de dados, multiplica suas tentativas de abordagem.

A seleção dos grupos que serviram de fonte de dados baseou-se nos seguintes critérios: estarem em funcionamento entre 1990 e 1992; acessibilidade; serem provenientes de diferentes momentos do PA-RES; e estarem voltados para os diversos problemas abordados por este. Procurou-se uma amostra que representasse o variado espectro de GTs que compu-nham o PARES, abarcando, além disto, 50% dos GTs atuantes em 1992. Dentre os selecionados, os que já existiam em 1989 foram responsáveis por cerca de 78% da produção total dos GTs naquele ano (25 dos 32 produtos listados no Relatório do2°ano do PARES). Trataremos diretamente da produção bibliográ-fica dos GTs - embora estes tenham produzido outros tipos de material não incluídos no levantamento, como vídeos, por exemplo - já que esta pesquisa se baseia parcialmente na análise de referências bibliográficas.

Vale dizer que nem toda a produção deste perí-odo seria necessariamente vinculada ao PARES, já que os coordenadores tinham atividades de pesquisa extraprograma. No entanto, esta produção não deve divergir da linha geral de trabalho do coordenador e de seu grupo. Estes, provavelmente, trabalham com um mesmo espectro de fenômenos, fora e dentro do pro-grama, justamente por terem sua atuação relacionada, em primeiro lugar, a diretrizes e objetivos gerais do PARES. Por estas razões, não se achou relevante identificar a produção diretamente relacionada ao PARES e a resultante de outras atividades do pesqui-sador.

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Dentre os GTs selecionados, nenhum passou a fazer parte do PARES após esta data, o que tomou o período adequado para toda a amostra.

Após a eliminação das referências duplicadas em cada GT, em diferentes documentos, obteve-se um núcleo para cada grupo, para o qual foram feitas as contagens apresentadas nos resultados. Os dados de cada GT, já sem repetições, foram então reunidos em uma base única, da qual se obtiveram os autores e as obras (mesmo autor, título, tipo de material e ano de publicação), todos referidos por mais de um GT (acoplamento bibliográfico).

Para cada um desses, foi elaborada uma matriz e um esquema, mostrando as relações entre os diferen-tes GTs, através dessas referências. Não foram consi-deradas como uma mesma obra trabalhos que, embora do mesmo autor e com títulos iguais, eram de tipos ou anos diferentes (dissertação tomada artigo de periódi-co ou livro periódi-com várias edições), e isto pela possibili-dade de alteração substancial do conteúdo da obra, no processo de reedição.

As entrevistas foram realizadas como subsídio para a avaliação do PARES, constante do relatório de 1992. Nessas entrevistas, a autora contou com a cola-boração de Brani Rosenberg (pesquisadora do Depar-tamento de Ciências Biológicas da ENSP).

A partir de um roteiro de entrevista semi-estruturada, compilaram-se as respostas referentes à

integração entre os GTs. A seguir, elaborou-se um esquema sobre as relações entre os GTs selecionados, de acordo com a visão de seus coordenadores. Este esquema e outro, extraído de um relatório do PARES (1988), serviram de pano de fundo para a discussão dos resultados encontrados a partir das referências bibliográficas.

5 Resultados

Esta seção será dividida em três partes: a) histó-rico do PARES, a partir da análise de documentos do período, ressaltando-se o caráter integrador da pro-posta; b) resultados obtidos a partir da análise das referências nas publicações dos coordenadores dos GTs selecionados, com uma panorâmica dos dados de composição da amostra; c) condensados dos autores

referidos por mais de um GT e o condensado das respostas das entrevistas sobre o intercâmbio entre os GTs do PARES.

• O PARES:

"Tinha havido ou ia ocorrer a Conferência Nacional de Saúde, então a palavra-chave era Reforma Sanitária. [...] Mas eu sempre achei que "pesquisa" é uma palavra que, se não está acompanhadade "desenvolvimento" ,elaé muito incompleta, [...]a Escola vinhafazendo pesquisa em várias áreas, emtodos os cinco departamentos, mas não tinha um programa abrangente de desenvolvimento, para o desenvolvimento de métodos, de modelos, e do que se queira chamar, para a Reforma Sanitária. Foi daí que surgiu a sigla, que eu propus, do Programa de Apoio à

Reforma Sanitária. Foi bem assim, bateram as palavras: ProgramadeApoioàReforma Sanitária

-5 PARES." (CHAVES, M. 1993.)

• A Refonna Sanitária:

Antes de expor a história do PARES, é preciso entender a Reforma Sanitária a ser apoiada pelo PA-RES. Que estado de coisas vinha ela reformar?

Segundo Teixeira (1988), até 1964 as propostas na área da Saúde teriam dois marcos principais: a Política Nacional de Saúde - elaborada pelo Ministé-rio da Saúde em 1961, na busca de identidade própria - e a

III

Conferência Nacional de Saúde em 1963, no Governo João Goulart, época das Reformas de Base. "Os temas abordados foram a situação sanitária, amunicipalização ea PolíticaNacional de Saúde, tendo sido a primeira conferência que tentou, de fato, discutiruma políticasetorial", complementa o periódico TEMA(1986.p. 3).

Com o golpe militar de 1964, houve uma rever-são de todos estes esforços, levandoàorganização de um modelo centralizador e autoritário, com o fecha-mento dos canais de expressão e organização da soci-edade civil. "Neste novo contexto, foi implementado um projeto privatizante e medicalizante." (MERHY, E.E., QUEIROZ, M. S. 1993. p.180) "A centralização do poder operou-se por um processo de unificação progressiva dos órgãos estatais". (TEIXEIRA, C. F., JACOBINA, R. B., SOUZA, A. L. de. 1980. p. 4) Como exemplo desta política, temos, já em 1966, a centralização da Previdência Social, com a criação do INPS - Instituto Nacional de Previdência Social- o que

5 As citações de Chaves (1993) foram extraídas de uma entrevista concedida gentilmente pelo Dr. Mário Chaves, mentor e 1° Coordenador do PARES (1987-1989), sobre os primeiros anos do programa e o contexto de sua geração.

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A Comunicação Científica em um contexto de Saúde Pública:

o Programa de ApoioàReforma Sanitária da Escola Nacional de Saúde Pública-PARESIENSP 39

afastou completamente os trabalhadores dos proces-sos decisórios e políticos da previdência.

A contraposição entre as medidas de Saúde Pú-blica (coletiva e preventiva) e da Medicina Previdenciária (individual e assistencialista) tornou-se cada vez mais aguda, privilegiando-tornou-se a tornou-segunda em detrimento da primeira. A desestruturação vivenciada pela sociedade brasileira ao longo desses anos, com a urbanização e a migração aceleradas pelo "desenvol-vimento" , os baixos salários, a ampliação da cobertura da previdência, além do descaso com as medidas preventivas mínimas, levaram ao crescimento da de-manda em cima do sistema de Saúde, que ficou às portas da falência completa. Em 1974, com a econo-mia mundial entrando em uma prolongada recessão, tornada ainda mais aguda no Brasil devido à escanda-losa concentração de renda, chegou ao fim o "milagre brasileiro" .

Apesar dessa conjuntura política, no interior das Universidades, através dos Departamentos de Medici-na Preventiva, foram iniciadas algumas atividades que incorporaram modelos alternativos de atenção à Saú-de, veiculados pela Medicina Comunitária que consi-deraremos os embriões de uma proposta contra-hegemônica no setor Saúde (TEIXEIRA, S. M. F. et aI. 1988. p. 41).

Esses profissionais viriam a compor os quadros da Saúde e a ocupar posições na Administração Públi

6

ca, em vários níveis, formando o movimento sanitário que, ao repensar a organização do sistema de Saúde, avançaria as propostas de reforma do setor, buscando melhores condições de saúde para a população.

7

Com as Ações Integradas de Saúde (AIS) , em 1983/84, o governo federal contempla os interesses mais gerais dos novos governos estaduais e munici-pais. A partir deste momento, já contando com mem-bros do movimento sanitário ocupando postos nas instituições de Saúde, há uma aceleração do processo, com a estruturação do Sistema Unificado Descentra-lizado de Saúde (SUDS) e com a formação do Sistema Único de Saúde (SUS).

"Com a implementação do primeiro, ocorreu um deslocamento das responsabilidades de gestão dos serviços de saúde para o nível estadual, permitindo uma efetiva descentralização administrativa. Com a implementação do segundo, atravésdanova Constituição Federal, ocorreu a descentralização, a nível municipal, da gestão dos serviços públicos de saúde." (MERHY E. E., QUEIROZ, M. S. 1993. p. 180-181) Momento marcante nesse percurso, aVIII

Con-ferênciaNacional de Saúde (CNS),emmarço de 1986, levou cerca de 4.000 pessoas a Brasília, entre repre-sentantes de partidos políticos, sindicatos, federações, e associações de profissionais de Saúde. Após um processo preparatório que envolveu pré-conferências estaduais e municipais, discutiram-se os seguintes temas: Saúde como direito, Reformulação do Sistema Nacional de Saúde e Financiamento do setor.

Duas características peculiares à Reforma Sani-tária brasileira, são: as forças conservadoras aglutinadas em uma contra-reforma, que subsistem com participa-ção no governo, e o fato das

"profundas reestruturações na organização do sistema de serviços de saúde [...] antecederem uma formulação consistente, por parte do poder central, de uma política de saúde". (ABRASCO. 1989. p. 7)

• O PARES: de 1986 a 1989:

É nesse momento de mudanças no cenário da Saúde brasileira que o PARES começa a ser pensado por algumas pessoas, dentro da ENSP. Para simplifi-car, dividiu-se seu histórico em duas fases: a) oprogra-ma é elaborado e implementado, sofrendo reajustes em sua estratégia para adequar-se aos contextos exter-no (mudanças políticas e econômicas do país e o processo da proposta de Reforma Sanitária) e interno à ENSP, em que estava inserido (período de 1986 a 1989); b) o PARES muda sua estratégia, ao atuar em nível local, face às limitações de ordem político-administrativa (período de 1990 a 1992).

8

[...] e eu então conversei com o Frederico e chegou-se aum acordo, conversando com Sérgio Arouca9também, eescrevi um projeto de solicitar recursos para a Fundação Kellogg. Quando nós chegamos no fim do ano, tínhamos uma proposta

6 " [...] movimento do setor de pessoas envolvidas na transformação do sistema de saúde no Brasil." (AROUCA, S. 1989. p. 53)

7 Segundo Merhy e Queiroz "As AIS efetivamente produziram um deslocamento de recursos financeiros da Previdência para o setor público prestador de serviços de saúde e promoveram uma integração das ações setoriais." (1993. p. 180)

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40 o Programa de ApoioàReforma Sanitária da Escola Nacional de Saúde Pública -PARESIENSP

escrita em dezembro de 1986. Foi em umareunião que se fazia a fim de cada ano de avaliação da Escola [...]. (CRAVES, M. 1993)

Para essa reunião (SellÚnário de Avaliação e Perspectivas da ENSP, 1986), a direção da Escola preparou o documento 'Sugestões para o desenvolvi-mento da ENSP no triênio 1987-1989', para

"abrir a discussão em torno do problema maior desta Escola que é o de situá-la no momento histórico que a sociedade brasileira atravessa, fazendo com que ela assuma, de fato, suas obrigações plenas com o projeto de 'Reforma Sanitária"'.(BARBOSA,F.S. 1986.)

Considerava-se, neste documento, o PARS (sua sigla naépoca) como um veículo paraesta discussão, reforçando-se os recursos de aprendizado e de computação e instrumentando-sea Escolanoapoioaos estados

(fortalecen-10

do a CONCURD ), para a implementação das Ações futegradas de Saúde e da Refonna, "logo que for aprovada".

A proposta previa que a Refonna Sanitária seria facilitada nos estados pelo estabelecimento de distritos sanitários pioneiros,paragerar a necessária experiência em níveis estadual e municipal e para treinar pessoal

para

sua administração e operação.Éesta a linha do PARES para o desenvolvimento de "modelos

para

a operação dos serviços de saúde estaduais e locais". (ENSP. 1988. p. 4)

"OPARS é um programa daENSP, especificamente destinado a cooperar com os estados em suas necessidadesde:1) desenvolvimento dos distritos sanitários; 2) preparação de sanitaristas ou gestores de serviços de saúde distritais / locais e seus auxiliares; 3) reciclagem de pessoal dos serviços de saúde". (ENSP. 1986. p. 3)

Assim, o PARES assume, como área de ação privile-giada, a formação e qualificação de recursos humanos, apoiandoosestados nodesenvolvimentodo novo sistemade Saúde brasileiro.

o

início oficial do programa foi a IOde julho de 1987 e a transferência da primeira parcela do financi-amento do PARES foi efetuada pela Fundação Kellogg, a 13 de julho. Porém, por várias razões, o processo de implementação foi dificultado, o que fez com que, para efeito de relatório, 1988 fosse considerado como o primeiro ano de operação. Algumas dessas dificul-dades foram de caráter interno da ENSP, como:

"[...] a complexidade do projeto, incluindo enfoques interdisciplinares; a sobrecarga de trabalho dostaffda ENSP; a natureza inovativa do projeto, que requer uma estrutura matricial, através das linhas departamentais. O que foi interpretado por alguns como uma diminuição do poderdos departamentos, um exemplo clássico das dificuldades de se mover da disciplinaridade àinterdisciplinaridade[...]." (ENSP. 1988. p. 1)

Outras dificuldades tiveram um cunho mais ex-terno:

"[...] a situação econômicado país deteriorou-se, e uma crescente inflação ocorreu durante todo o ano de 1988, quando a inflação total alcançou quase os 1000%. Como conseqüência disto, entrou em vigor uma lei que proíbe a contratação de quaisquer pessoas, permitindo apenas a transferência de pessoal de um projetoparaoutro. " (ENSP. 1988. p. 1)

Em 1989, em continuidade ao trabalho de 1988, consolida-se a estratégia de atuação em nível local,

"numa perspectiva de articulação da produção de conhecimento às necessidades concretas dos serviços de saúde, buscando soluções para problemasrelativosàoperacionalizaçãodosprincípios da Reforma Sanitária" (ENSP. 1990. p. 1)

Esta atuação gradualmente priorizou as áreas próximasàENSP, no estado do Rio de Janeiro, desen-volvendo-se modelos e materiais instrucionais que se adaptassem a serviços de Saúde de outros estados brasileiros.

Desde seu início, o PARES abrangeu três subprogramas, com os seguintes eixos de ação externa e de organização interna:

SP-l (Subprograma 1) - Cooperação com os estados - Expressava, mais sinteticamente, o objetivo geral do PARES: "cooperação para a formação de recursos humanos e para o desenvolvimento dos dis-tritos sanitários dos estados." (ENSP. 1986)

SP-2 (Subprograma 2) - Desenvolvimento dos distritos sanitários - Visava o "desenvolvimento de métodos, manuais e rotinas de trabalho e dos módulos instrucionais correspondentes para os distritos

sanitá-II

rios ". (ENSP. 1986)

10 A CONCURD ou Coordenação Nacional dos Cursos Descentralizados coordena um programa de ensino descentralizado, com cursos de Saúde Pública, desenvolvido desde 1975, pela ENSP, em articulação com universidades, Secretarias de Saúde e outras instituições. (FIOCRUZ. 1992. p. 9) II A terminologia"distritos sanitários" , embora possa teroutras conotações, refere-se ao conjunto de unidades sanitárias que atuam coordenadamente no atendimento às necessidades de saúde de uma determinada população, em um espaço geográfico (distrito, um ou vários municípios, bairro ou parte dele). Como terminologia alternativa, a OPAS adotou "sistemas locais de saúde" ou SILOS, também usada pelo PARES a partir de 1989.

(9)

12 A ENSP tem cinco departamentos, a saber: Saneamento e Saúde Ambiental; Ciências Biológicas; Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde; Administração e Planejamento em Saúde e Ciências Sociais.

A Comunicação Científica em um contexto de Saúde Pública:

o Programa de Apoio à Reforma Sanitária da Escola Nacional de Saúde Pública-PARESIENSP 41

Um programa do tipo do PARES é para durar dez anos, e a Fundação (Kellogg) pode dar um início, mas não vai investir recursos durante todo esse tempo. A rigor, o PARES não deveria existir como projeto, sendo este um pretexto para trazer recursos. Mas ele fica sendo visto como projeto. Isto é parte do processo evolutivo de uma organização que se propõe a influen-ciar a prática da Saúde Pública. Essa organização não pode funcionar influenciando os pedacinhos, mas tem que ter algum modo de influenciar, juntar os pedaci-nhos. (CHAVES, M. 1993)

A partir do segundo semestre de 1989, a coorde-nação do programa sentiu necessidade de explicitar diretrizes e mecanismos técnicos e administrativos que embasassem o funcionamento do PARES, em 1990 e 1991. Isso ocorreu no começo de 1990, com um documento sobre as diretrizes do PARES, sua progra-mação e orçamento, as propostas para os programas de bolsistas e de estagiários e para os seminários de integração, além de mecanismos de solicitação de passagens e diárias.

Além desse bloco inicial da segunda fase do PARES, prepara-se também a proposta para 1990, com a mudança definitiva de estratégia do programa: "[...]as restrições administrativas, orçamentárias e político-económicas do país em geral e, mais especificamente, a limitação de recursos humanos na ENSP, inviabilizaram uma atuação direta e efetiva do PARES em outros estados, estratégia que norteou inicialmente o seu desenvolvimento." (PARES. 1990b. p. 1)

Esse momento, visto como de redefinições, pela coordenação, também refletia o fim do prazo inicial de três anos de fmanciamento da Fundação Kellogg (1987/ 1990) e as negociações para urna prorrogação até 1992.

Consolida-se formalmente o nível local como espaço estratégico de produção, aplicação e difusão do saber; a necessidade de mais efetiva articulação entre dois encontros de avaliação e análise de perspectivas do PARES (1988 e 1989), quando foram apresentadas as realizações dos grupos de trabalho e dos subprogramas, assim como sugestões, como a realiza-ção dos Seminários de Integrarealiza-ção, e a "importância de se buscar oportunidades para trabalhos conjuntos, envolvendo dois ou mais grupos." (ENSP. 1990. p. 88)

• OPARES: de 1990 a 1992

"gruposjáexistentes naENSP e de interesses dos membros daENSP, combinados com a iniciativa do PARES, em conexão com lacunas a serem preenchidas, especialmente com grupos interdisciplinares ou com colaboração multi-institucional [...]." (ENSP. 1988. p. 10)

SP-3 (Subprograma 3) - Fortalecimento da infra·estrutura da ENSP - para "apoio aos

subprogramas anteriores." (ENSP. 1986. p. 6)

O Subprograma 3 buscava reforçar a ENSP no campo da Informática, ali instalando um núcleo para a utilização de microcomputadores para ensino/apren-dizagem, pesquisa/desenvolvimento e administração. Além disso, propôs-se a auxiliar a ENSP na criação de uma nova unidade de assessoria pedagógica, orientadora na elaboração de material de instrução e no uso dos recursos pedagógicos disponíveis.A admi-nistração do programa foi ligada diretamente à direção da ENSP e depois vinculadaàCoordenação de Coope-ração Técnica e Serviços, da Escola.

"A estrutura de coordenação do PARES, calcada em um coordenador e três subprogramas, foi substituída, operacionalmente, poruma estrutura do tipo "trabalho em equipe", [...] um Grupo de Coordenação, [...] , constituído por sete pessoas, entre as quais um coordenador, um coordenador adjunto e dois assistentes de coordenação." (ENSP. 1990a. p. 92)

A Coordenação do PARES contou também com um grupo assessor (composto por um membro

indica-12

do por cada Departamento da ENSP) e com um grupo operacional (composto por cada um dos coordenado-res dos GTs e dos subprogramas 1 e 3).

Com esse período de trabalho, o PARES acumu-lou experiências e sedimentou sua vocação para o desenvolvimento dos sistemas locais de Saúde. Houve Pensado como área das atividades de extensão do programa, o SP-2 recebeu várias propostas no período de elaboração do PARES. Nele, a

"equipe do PARS procurará, junto aos núcleos estaduais, aplicara conhecimento novo que sugira aplicaçõesàprática da Saúde Coletiva em nível distrita1,transfonnando-oemnovosmétodos,manuais e rotinas de trabalho."(ENSP. 1986. p. 9)

(10)

13 Área Programática 3.1 (Penha. Ramos e llha do Governador).

INFORMARE - Cad. Prog. Pós-Grado Cio Inf., Rio deJaneiro,v.2, n. 1,p.33-48,jan.ljun. 1996

QUADRO'

Grupos de Trabalho (1988/1992)

No SP-1 (Cooperação com os estados), a prio-ridade explícita é a formação regionalizada de pessoal qualificado para os SILOS, no estado do Rio de Janeiro e nos demais, por meio da criação de cursos de Saúde Pública regionalizados, além de viabilizar a pesquisa naquelas regiões.

Quanto ao SP-2 (Desenvolvimento dos siste-mas locais de Saúde), o número dos GTs aumentou rapidamente, chegando a 20, em 1990, e estabilizan-do-se em 16, ao fim do programa, o que pode ser percebido através do QUADRO 1. Assim, o SP-2 necessita perseguir mais diretamente o caráter aglutinador do PARES e a integração dos GTs.

Ao se encerrar o prazo de financiamento do programa, fez-se um esforço para viabilizar seus pro-dutos, como

"incentivo e apoio aos GTs, no aperfeiçoamento das formas de apresentação de produtos adequadas para sua divulgação e disseminação." (ENSP. 1993.p. 1)

O SP-3 (Apoio

à

infra-estrutura) engloba uma série de apoios: a) à SDE - Secretaria de Desenvolvi-mento Educacional - com aquisição de equipaDesenvolvi-mento

I

Ri!Iãtõíiõ88

I

RêIãiõiiõ 89

I

Aí!liíltiíõõ 90

I

RêIâtõriD91

I

Rêlãtono9Z

I

P.:sslsto?nCla mMlca o? PSSI:Sl:o?nCla mo?dlca o? A%lsto?nCla mo?dlca o? P.:ss1:Sl:o?nCla medIca o? nosplalar hosplalar hosplalar hosplalar

.lwaliacio de to?coobqias AoJaliac::O do? to?coopqias Saudo?bucal Saudo? bucal Saudo? bucal

Saudo? da criança Saudo? da criança

ClJo?nças cronioo-do?go?n. l):.o?nças clÓnioo· do?go?n. [l:.o?nças cronico-do?go?n. llio?ncaso?nd~micas [~o?nças endo?micas l):.o?nças o?ndo?micas [l:.o?nças e-ndEomicas Eooncrnia dose~r saude- Econcmia do Sl?tor saudo? Econcmia do SE-tor saude- Eoonomia do setor saude-SalJde- do idoso Saude- do idoso Saude- do idoso Saude- do idoso SalJde- do indiQe-na SalJde- do indi ge-na SalJde- do indl(Je-na Saude- do indi ge-na Saüde- do indige-na

M?dical1l?ntos e- a RefollTla M?dical1l?nb:r; e- a Reforma M?dical1l?ntos e- a Refolffia Sanitária Sanitária Sanitária

1vbde-p As:si:Sl:e-ncia 1vbde-b Assiste-ncia M:ado?p ass&.e-ncial r.bdo?b assi:te-ncial M:Jde-b assist€'ncial Saudo? da mulhe-r Saude- da mulhe-r Saudo? da mulho?r SalJdo? da mlJlhe-r

rvlJnic;palizaçao

Nutri;:a:. e- Saude Nutri;:ao e- salJdo? Nutri::~ e- saude- Nutr~ao ~

saude-Partbipaça:. popular Partbipaça:. popular Parl~jpaca:. popular Part~jpacao popular Parti::ipaça:. popular Po?ssoal tecnico o?alJ~iliar Po?ssoal tecnicoealJ~iliar Po?ssoal tecnico~ au~iliar PEossoal tecnico e-au~iliar Po?ssoal te.::nioo e-au~i1iar

Progr<fTlaça:.o?avaliaçao Progr<fTlaç<J:'o?avaliaçao Plan€'jame-ltO €' Plane-jame-'!O €' Plan€'jame-11O

programa~ programaç.1r

Saneame-rto e- me-o Sano?amo?l1O e- me-o Sane-am~rl:o €' me-o Sane-amo?l1O e- mo?o ambi€'nte- ambi€'nte- ambie-nto? ambie-nt~

Sist€'mas de- infcrmao;:ao Sistemas do? infcrmaçao Sistemas do? inFcrmaçao Sistemas do?infcrma~o

Saude- do trabalhador Saude- do trabalhador Saude- do trabalhador SalJde- do trabalnador Viol?ncia €' Saudo? Viol?ncia o? saud€' Viol?ncia €' saude- Viol§ncia e-

saüde-os GTs; a identificação de suas interfaces, facilitada pela concentração das atividades dos grupos na

AP-13

3.1 e na Baixada Fluminense; e a articulação externa do programa com outras redes direcionadas à operacionalização dos SILOS no Brasil.

O PARES, buscando resgatar seu caráter aglutinador e a viabilização de seu objetivo central, traduzido no nome "Programa de Apoio à Reforma Sanitária", neste momento de redefinições, pretende adequar-se às circunstâncias conjunturais, relativas ao processo de avanço em direção à Reforma Sanitária e relativasàENSP, ora vigentes, e caracterizar-se como projeto único, onde o conjunto de Grupos de Trabalho que o constituem tenham, consideradas as suas especificidades, objetivos comuns definidos. (PA-RES. 1990a. p. 1)

Comunicação Científica em um contexto de Saúde Pública:

42 o Programa de ApoioàRefonna Sanitária da Escola Nacional de Saúde Pública-PARESIENSP

(11)

A Comunicação Cientifica em um contexto de Saúde Pública:

o Programa de Apoio à Reforma Sanitária da Escola Nacional de Saúde Pública-PARESIENSP 43

para editoração eletrônica, compra de software etc.; b) aos Seminários de integração; c)àinstalação e desen-volvimento de umCentro de Documentação (CEDOC); d) à publicação da série 'Desenvolvimento de sistemas locais de Saúde': instrumentos para a prática, com os produtos dos GTs do PARES.

• Perfil geral dos dados

O QUADRO 2 mostra os GTs selecionados como fonte primária de dados, listando-os com as datas do início de sua operação no PARES e as problemáticas abordadas, segundo classificação da coordenação do PARES no 'Encontro de Avaliação e Perspectivas para 1990-1991', de 1/12/89, englobando grupos orientados para: a) Segmentos populacionais: Saúde da mulher, da criança, do trabalhador, do idoso, do indígena; b) Problemas específicos: Nutrição, Do-enças Endêrnicas, Violência, Saúde Bucal; c) Aspec-tos essenciais do desenvolvimento dos serviços locais de Saúde: modelo assistencial, pessoal técnico e auxi-liar, participação popular, meio ambiente; d) Gestão do Sistema de Saúde em nível local: assistência médi-ca e hospitalar, programação e avaliação de serviços, Sistemas de informação para a Saúde, aspectos econô-micos do Sistema de Saúde. Lista-se também a propor-ção de trabalhos referidos por cada GT.

A TABELA 1mostrao PerfilGeraldos Dados, apartir

daslistagensbibliográficasdos coordenadoresdos GTs. Não há correspondência direta entre número de autores e de trabalhos referidos, já queparacada trabalho pode existir mais de um autor, e vice-versa. As repetições referem-se a trabalhos iguais, citados pelo mesmo GT. Ao excluí-las, obtém-seo númerodeautores (1207)edetrabalhosreferidos (1328) pelos GTs. A partir daí, fazem-se as análises e depuraçõesparaverificar as superposiçães entre os diferen-tes GTs, ou seja, seu acoplamento bibliográfico (trabalhos referidos por mais de um grupo).

Quanto ao tipo de material utilizado (TABElA 2) cabe destacar o maior uso de livros e capítulos, superando artigos de periódicos, em geral vistos como fonte mais acessível e atualizada de informações "ci-entíficas".Éinteressante ver a proporção de material não-convencional, reforçando a idéia de que as vias informais são muito utilizadas na troca de idéias e informações. Finalmente, a baixa utilização de comu-nicações feitas em congressos e encontros, artigos da imprensa diária, teses e dissertações, pode indicarfalta de confiança neste material e sua maior dispersão.

QUADRO 2 GTs selecionados

PROBLE- Trab. GT NOME ANO MÁTICA referenc.

(%)

A Medicamentos e aReforma Sanitária 1990 Gestão dosSILOS 21,16

I

B AssistencialModelo 1988 Desenvolv.dos SILOS 0,60

C Participação 1988 Desenvolv. 8,58

Popular dos SILOS

D Pessoal Técnico e 1987 Desenvolv. 5,72

Auxiliar dos SILOS

E Saúde doIndígena 1988 populacionalSegmento 7,61

F TrabalhadorSaúde do 1987/89 populacionalSegmento 12,42

G Sistemas deInformação 1987 Gestão dosSILOS 12,05

H Violência e Saúde 1989 Problemas 31,85

I

específicos

TABELA 1

Perfil geral dos dados (análise de citações)

GTs Trab. Com repetições Sem repetiçõesI

public. referenc. referenc. referenc. referenc.Trab. Aut. Trab. Aut.

i A 03 297 369 281 286

! B 02 08 09 08 08

,

C 11 159 200 114 90

D 04 77 93 76 68

E 13 111 220 101 115

F 05 171 226 165 183

G 04 180 216 160 137

H 21 498 536 423 320

Total 63 1501 1869 1328 1207

TABELA 2

Tipo de material referido (geral)

GT A B C D E F G H Total (%)

Artigos (A) 215 1 25 10 60 74 31 47 463 34,86

Comun.(C) - - 4 - 7 7 4 2 24 1,81

Impres.(I) - - 7 - - - - 7 14 1,05

Legisl.(LE) 1 - - - 1 - 2 0,15

Livros (LI) 47 2 48 46 15 33 61 304 556 41,87

NConv. (N) 15 5 27 17 15 40 58 52 229 17,24

Teses (T) 3 - 3 3 4 11 5 11 40 3,01

(12)

44 o Programa de Apoio à Reforma Sanitária da Escola Nacional de Saúde Pública-PARESIENSP

INFORMARE - Cad. Prog. Pós-Grado Ci. Inf., Rio de Janeiro, v.2, n. 1, p. 33-48, jan./jun. 1996 14 A entrevista do PARES fazia parte da avaliação e do relatório anual do Programa. Para fins desta pesquisa, surgiu a possibilidade de inserir, no

roteiro, uma parte sobre a articulação dos GTs. Não foi necessário utilizar outras partes da entrevista para este trabalho. • Condensado dos dados obtidos a partir do

material referido pelos GTs:

Nesta seção, são apresentadas matrizes resultan-tes da eliminação das referências duplicadas em cada GT. Inicialmente, são representados os autores referi-dos por mais de um GT e por obras diferentes ou não (QUADRO 3). A seguir, são representadas as relações estabelecidas através de um mesmo autor, com uma mesma obra (QUADRO 4).

Note-se o núcleo formado pelos GTs das colunas

FGH,pela quantidade de autores citados em comum por estes três GTs. No entanto, esta disposição pode representar muito pouco em termos de uma relação real entre estes três GTs. O fato de trabalharem com um mesmo autor não implica em uma afinidade temática entre eles,jáque cadaumpode estarenfocando uma diferente obra, pertencente a diferentes temáticas abordadas por aquele mesmo autor.

Aumentando o nível de depuração dos dados quanto aos trabalhos referidos pelos GTs, obtém-se o conjunto de obras (mesmo autor, mesma publicação) citadas por mais de um GT. O resultado desta análise (o acoplamento bibliográfico) aparece numericamen-te no QUADRO 4.

Esta matriz mostra o resultado do acoplamento bibliográfico entre a produção dos coordenadores (e colaboradores) de diferentes GTs, cada unidade repre-senta uma mesma obra utilizada por duas pessoas diferentes, e, portanto compossibilidades de represen-tar um ponto de contato em suas atividades.

Embora duas pessoas diferentes sempre extrai-am conteúdos qualitativextrai-amente diferentes de uma mesma obra, de acordo com vários fatores subjetivos, aquela relação, estabelecida por meio do acoplamento bibliográfico, poderá representar uma afinidade temática entre as atividades relacionadas às publica-ções de onde foi retirada a referência comum. O núcleo mais facilmente visualizado através da matriz do QUADRO 4 é composto pelos GTsD, F, G eH.

• Colaboração/intercâmbio entre os GTs, se-gundo as entrevistas:

A partir das respostas dos coordenadores dos

14

GTs à pergunta : "Comque GTs ocorreu colaboração/ intercâmbio?" foi elaborada a matriz apresentada no QUADRO 5.

QUADRO 3

Nº de autores referidos em comum pelos GTs

A B C O E F G H GTsl

-

-

02 02 02 03 05 04 A

-

-

-

01

-

-

-

-

B

-

-

-

03 01 03 09 05 C

-

-

-

-

01 04 09 06 O

-

-

-

-

-

01 02 01 E

-

-

-

-

-

-

14 13 F

-

-

-

-

-

-

-

17 G

-

-

-

-

-

-

-

-

H I

QUADRO 4

Nº de obras referidas em comum pelos GTs (mesmo autor e obra)

A B C O E F G H GTs

-

-

-

01

-

-

-

01 A I

I

-

-

-

-

-

-

-

-

B

-

-

-

01

-

01

-

-

C

-

-

-

-

-

-

03 03 O

-

-

-

-

-

-

-

-

E

-

-

-

-

-

-

03 04 F

-

-

-

-

-

-

-

05 G

-

-

-

.__

-

..._ ~ - - -

-

-

-

-

-

H

QUADROS

Relações entre os GTs segundo as entrevistas

GTs A B C D E F G H I

A

B

• •

C

D

E

F

G

H

:

(13)

15 Este "forte" deve ser relativizado, pois são apenas seis obras em 160, referenciadas pelo GT G, e 423, pelo GT H.

45

Nos resultados nota-se nitidamente a posição mais central do GTH,o que pode indicar questões ou

discussões teóricas trazidas pela coordenadora e cola-boradores deste grupo, comuns à maioria dos GTs.

Outra observação interessante quanto ao GTH,

é sua coordenadora ser a única, entre os demais coor-denadores de GTs, cujos documentos são referidos pelos coordenadores de 2 outros GTs (FeG). Neste

caso, pode-se pensar em comunicação formal por meio de trabalho publicado.

A matriz do QUADRO 5 provém das respostas dos coordenadores à questão: "Com que GTs ocorreu colaboração/intercâmbio?". As respostas variaram segundo a percepção de cada um sobre colaboração. A pergunta, ampla, deixou a questão em aberto, permi-tindo que os entrevistados se expressassem livremen-te. Na segunda parte da questão: "Que tipo de produtos este intercâmbio/colaboração gerou?" a percepção variou de "colaboração na elaboração de cursos e oficinas" até "discussões conceituais" e "participação em eventos". De qualquer forma, este é um dos modos de se investigar a comunicação entre pesquisadores.

Há um núcleo que parece ter interagido mais eficazmente, englobando os GTs B, F e G. O GT D também parece ter atuado como facilitador para os grupos C,Ee G. Nota-se discrepância entre as matri-zes, que têm como pontos em comum apenas as ligações entre os GTs C eD, F eH, Fe G.

Os coordenadores destes GTs têm documentos em comum nas suas listagens bibliográficas, o que poderia indicar, pelas respostas à entrevista, afinida-des temáticas. É difícil, no entanto, tirar qualquer conclusão dos dados aqui apresentados, por insufici-ência ou inadequação, como veremos a seguir.

a) os tipos de comunicação surgidos na entrevis-ta foram o formal e o informal, embora pareça ter havido tendência a atribuir maior peso à comunicação informal, seja pela quase inexistência da formal (com exceção dos seminários, que nenhum entrevistado considerou como espaço de intercâmbio), seja porque a entrevista, inadvertidamente, foi encaminhada para o aspecto informal. Em contrapartida, o acoplamento bibliográficosópoderia indicar os relacionamentos estabe-lecidos pela via formal (referências nas publicações).

b) é de se notar que um dos aspectos comuns da liderança são as funções administrativas, de apoio e

A Comunicação Cientifica em um contexto de Saúde Pública:

o Programa de Apoio à Reforma Sanitária da Escola Nacional de Saúde Pública-PARESIENSP

6 Discussão e conclusões

Da análise dos dados obtidos pelo acoplamento bibliográfico entre os GTs, nota-se a formação de um núcleo mais coeso entre os GTsD,G eH; eF,G eH;

15

e uma ligação mais forte ,entre os GTs G eH.

Os 20 documentos - comuns às listagens biblio-gráficas dos coordenadores dos 8 GTs - podem não bastar para uma análise mais profunda. Provavelmen-te estão diluídos na vasta liProvavelmen-teratura usada por todos os GTs, não tendo, possivelmente, significação especial. Exceções dignas de nota são os documentos não específicos da área da Saúde ou correlatas, e que indicariam uma discussão mais geral, perpassando os diferentes GTs.

Não há concordância aparente entre os dois esquemas: acoplamento bibliográfico (QUADRO 4) e entrevistas (QUADRO 5). As possíveis razões para isto serão discutidas na próxima seção.

No que diz respeito aos resultados contabilizados propriamente ditos, as análises dependeriam de um estudo mais aprofundado das áreas temáticas, suas características e peculiaridades, enfocadas pelos GTs, seus coordenadores e colaboradores. Outros fatores seriam o tipo de material e sua relação com a área estudada e o contexto deste estudo, no que respeita à literatura publicada. No entanto, algumas generaliza-ções podem ser tentadas.

A proporção de material não-convencional utili-zado pelos GTs (17,24%)mostra sua necessidade para as atividades de pesquisa, embora não seja devida-mente contemplado pelos pesquisadores (que por ve-zes não os consideram dignos de nota), nem pelos órgãos incumbidos da avaliação da produtividade científica.

(14)

INFORMARE - Cad. Prog. Pós-Grado Cio Inf., Rio de Janeiro, v.2, n. I, p. 33-48,jan.ljun. 1996 46 o Programa de Apoio à Reforma Sanitária da Escola Nacional de Saúde Pública-PARESIENSP

16 Écerto que todos os coordenadores dos GTs e a maior parte dos seus integrantes possuem uma literatura comum na área de Saúde Pública. Esta, no entanto, não é referida quando da elaboração de trabalhos, pois já foi incorporada. Está presente, porém, embora de modo não evidente as técnicas baseadas em referências bibliográficas.

Mais além, a própria noção de Reforma Sanitária é uma construção pessoal de cada pesquisador, que embora tenha pontos em comum com a de outros pesquisadores (já que é um conceito usado por um coletivo), também tem vários pontos particulares e intrínsecosàvisão de mundo de cada um.É provavel-mente aí que reside a riqueza de qualquer campo do conhecimento, nas múltiplas possibilidades de com-preensão e ligação de um conceito a outro.

"Mas o fundamental, eu acho, é que a gente continua com esse grande problema, que é o de uma estrutura departamental atendendo a uma sociedade que tem problemas, e não tem nomes de disciplinas em nenhum dos problemas, tudo é criação, tudoéum constructo[oo.] a gente que está dentro de uma academia só pensa em termos disciplinares, na hora de produzir na academia tem de produzir na sua disciplina, tem de fazer doutorado na sua disciplina, [00'] está tudo aí." (CRAVES, M. 1993)

Talvez acoesãodo programa fosse estabelecida

16 não necessariamente porum substrato básico de obras , mas sim pelos contatos interpessoais. A partir de determinado momento, tais contatos, no que diz res-peito ao PARES, passaram a ser feitos também por seu coordenador geral, intermediário comum. Não é pos-sível precisar se esses contatos eram prévios ao início do programa, ou se passaram a existir a partir e devido ao PARES.

Ébom destacar que o acoplamento bibliográfico não foi usado como medida de comunicação, mas sim como indicador da proximidade das áreas temáticas dos grupos. Isto poderia facilitar a comunicação entre eles, merecendo, portanto, estudo mais aprofundado. Os dados obtidos, tanto na entrevista como pelo acoplamento bibliográfico, são extremamente subje-tivos. Dizem respeito à visão do pesquisador sobre sua área e relações, expressas em seu comportamento ao buscar referências documentais e ao ser entrevistado. direcionamento estratégico do grupo. Tais atividades

liberam os demais membros para o exercício da pes-quisa e produção do conhecimento. Edge e Mulkay focalizam esses fatores, além da questão da representatividade do coordenador, em termos da pro-dução do grupo:

Estasfunçães(paperwork)podemsercientificamente criativas,emboraolíder,pararealizá-Iaseficientemente, não precise se engajar ativamente em qualquer pesquisa, ele tem que permanecer em íntimo contato com a literaturae manter uma capacidade crítica em suas avaliações, de modo a reter o controle dos objetivos gerais, aos quais ele tenta relacionar as várias pesquisas realizadas pelos membros de seu grupo[...] em particular, é possível a estetipo de líder(supportive leadership, no original) oferecer idéias que outros no grupo poderão explorar cientificamente; tal papel pode não se refletir nas publicações. (EDGE, D., MULKAY, M. 1.1976. p. 295-296)

Isto é especialmente válido para o GTB:uma de suas características é sua coordenadora ter sido tam-bém coordenadora do PARES, no período estudado, tendo, portanto, entre suas tarefas administrativas, o apoio aos integrantes de seu grupo e aos coordenado-res dos outros GTs e dos SP-l e SP-3. Isto pode ser válido, em maior ou menor grau, para todos os outros coordenadores de GTs, sendo um ponto importante para este estudo e para avaliações de produtividade científica, em geral.

(15)

A Comunicação Científica em um contexto de Saúde Pública:

o Programa de ApoioàReforma Sanitária da Escola Nacional de Saúde Pública-PARESIENSP 47

Abstract

A citation analysis of the publications of the coordinators of eight working groups of the "Program for Support to Health System Reform in Brazil (PARES)" of the National School of Public Health (ENSP/FIOCRUZ) was performed to analyze some aspects of Scientific Communication. For comprehension sake, the work starts with a brief description ofthe Public Health area and a short history ofPARES. Using a variation ofthe bibliographic coupling, the possibility of such couplings represent some kind of interaction between the groups was assessed by the application of a qualitative methodology (interviews). Finally, some considerations about the material referred by the coordinators and about some conceptual and methodological questions relative to the citation analysis technique are made.

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Referências

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