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Alinhamento postural, ansiedade e estresse em adultos jovens

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Academic year: 2022

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Alinhamento postural, ansiedade e estresse em adultos jovens

Ellen Cristina Gesse de Freitas Pesquisadora

Elizabeth Alves Gonçalves Ferreira Orientadora

Resumo

Introdução: A postura pode ser considerada posição ou atitude do corpo ou representação somática das emoções. O objetivo deste estudo foi avaliar o alinhamento postural e os níveis de ansiedade e de estresse em adultos jovens. Método:

Estudo analítico observacional transversal, com 20 adultos jovens do sexo feminino, com média de idade de 25 anos, alunos de uma instituição de ensino superior em São Paulo. Após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Escla- recido, os sujeitos responderam questionários de avaliação de ansiedade e de estresse. A avaliação postural foi realizada com trajes de praia e os avaliados foram fotografados nas vistas anterior, posterior e lateral. As fotografi as digitais foram analisadas com o software de análise postural (SAPO). Os resultados foram submetidos à análise estatística descritiva.

Resultados: verifi cou-se que a assimetria postural é predominante na população, com predomínio de pequena inclinação de cabeça à esquerda, ombro à direita e pelve à esquerda em vista anterior. Na vista posterior, a assimetria observada en- tre as escápulas foi de 7,3% e na vista lateral constatou-se anteriorização da cabeça e do tronco. Em relação à ansiedade verifi cou-se maior ocorrência de ansiedade traço com média de 46,65 pontos, sendo indicador de ansiedade média, 85%

da amostra considerou-se estressado com média no questionário de estresse de 58,8 pontos. Conclusão: Conclui-se que a assimetria esteve presente na amostra com predomínio de inclinação da cabeça e pelve à esquerda e ombro à direita em vista anterior. Na vista lateral observou-se anteriorização da cabeça e tronco. Os indivíduos pesquisados relataram maior sensação de ansiedade do que de estresse.

Palavras-chave: Alinhamento postural. Ansiedade. Estresse.

Abstract

Introduction: The posture can be considered as a position or body’s attitude or a somatic representation of emotions.

The purpose of this study was to evaluate the postural alignment and levels of anxiety and stress in young adults.

Method: Analytical, observational, transversal study with 20 young female adults with a medium age of 25 years, students of a higher education institution in Sao Paulo. After signing the Terms of Free and Informed Consent, the subjects answered questionnaires, assessment of anxiety and stress. The posture evaluation was performed in beach costumes and the individuals were photographed in the anterior, posterior and lateral views. The digital photos were analyzed with the software for posture analysis (SAPO). The results were submitted to descriptive statistical analysis.

Results: it was found that the asymmetry posture is prevalent in the population with the predominance of small head tilt to the left, shoulder to the right and pelvis to the left in anterior view. In posterior view the asymmetry observed between the shoulder blades was 7.3% and in the side view there was a head and trunk’s anteriorization. Regarding anxiety there

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was greater incidence of anxiety trait with an average of 46.65 points being indicator of average anxiety, 85% of the sample considered themselves stressed with an average of 58.8 points of stress. Conclusion: It was concluded that the asymmetry was presented in the sample with predominance of head and pelvis tilt and to the left, shoulder to the right in anterior view. In the side view there was head and trunk’s anteriorization. Individuals surveyed reported greater sense of anxiety than stress.

Key words: Postural alignment. Anxiety. Stress.

Estresse

A terminologia estresse pode ser defi nida como a mobilização química coordenada do corpo humano para atender às exigências da luta de vida ou morte ou de uma rápida fuga frente a um evento que ame- dronte ou ameace o organismo (ROSA et al 2004;

LIMA; CIASCA, 2008).

O estresse pode ser originado de dois estímulos:

o negativo, chamado de distresse, e o positivo, cha- mado de eustresse (CAMPOS et al 1996; BOMBAZAR et al 2002).

O estresse pode ou não levar ao desgaste geral do organismo dependendo da sua intensidade, duração, vulnerabilidade do indivíduo e habilidade de admi- nistrá-lo. O desgaste ocorre, quando a homeostase in- terna do organismo é perturbada por períodos longos ou de modo muito agudo (LIPP; MALAGRIS, 1998).

Ansiedade

Uma outra reação psicológica, dentre tantas ou- tras típicas do estresse é a ansiedade. O termo ansie- dade refere-se a um estado de tensão ou apreensão associada à expectativa de alguma coisa que pode acontecer em futuro próximo, o que acaba sendo um dos sintomas de estresse (ROSA et al 2004).

A reação de ansiedade pode provocar uma série de sintomas, tanto na área psicológica como na fí- Introdução

Postura

A postura pode ser defi nida como posição ou ati- tude do corpo, com arranjo relativo das partes do corpo para uma atividade específi ca ou uma manei- ra característica de alguém sustentar seu corpo (KIS- NER; COLBY, 1987).

Em estudo realizado em 1999, Schmidt e Bankoff descrevem a postura como amplo grau de uma representação somática das emoções internas, podendo ser considerada somatização da psiquê.

Dessa forma o indivíduo pára e se locomove de acordo como ele se sente. A postura torna-se a somatização de todo o seu passado, do cotidiano,da forma de se posicionar diante das situações de lazer, trabalho, repouso, estado emocional, dentre outros.

Dessa forma, é difícil estabelecer uma padroniza- ção do que seria a boa postura, devido à complexi- dade do tema e por existir dependência muito grande entre postura e individualidade, que é determinada pela relação particular de suas estruturas corporais (FERNANDES, 1996).

No entanto, nenhuma doença ou condição é ca- paz de produzir interação tão grande entre o corpo e a mente como o estresse. As reações de origem psi- cológica acabam se manifestando no corpo e vice- versa (LIPP; MALAGRIS, 1998).

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sica; o indivíduo além de sentir medo e desânimo, apresenta também taquicardia, mãos ou pés suados, e tensão muscular (LIPP; MALAGRIS, 1998).

As manifestações de ansiedade e estresse são consideradas normais, até o ponto em que come- çam a provocar sofrimento ao indivíduo. Nesses dois casos os ajustes fi siológicos extrapolam o âmbito do sistema nervoso autônomo e atingem o sistema endócrino e imunológico, tornando-se duradouros (LENT, 2004).

Para Brito (2007), os fatores emocionais podem alterar ou mesmo colaborar para a regularização da postura, sendo importante o conhecimento do pró- prio corpo pelo paciente. O quadro emocional refl ete freqüentemente padrão postural de um indivíduo;

em geral indivíduos confi antes, positivos apresen- tam padrão postural adequado, ocorrendo o contrá- rio com indivíduos deprimidos e insatisfeitos.

Muitos sociólogos e psicólogos tendem a acredi- tar que mudanças do estado físico normal do indi- víduo, como as alterações posturais, podem aparecer pelo corpo sem que a pessoa esteja lesionada ou ma- chucada, além de se determinarem principalmente pela manifestação somática das angústias e das tris- tezas vividas pelas pessoas (SIVIERO, 2002).

Levando-se em conta que a mente e o corpo fun- cionam em uníssono, é fundamental a relação entre personalidade e postura, pois que a melhora do esta- do emocional aprimora a postura, assim como a pos- tura infl uencia o estado emocional (HALL; BRODY, 2001; KOCK; KIES, 2004).

Oliveira (1998) em seu estudo relata que o grande equívoco gerador da fragmentação é que há profi s-

sionais relacionados com o corpo e profi ssionais re- lacionados com a mente. Entretanto, mente e corpo formam uma unidade indivisível. A não separação tem como vantagem possibilitar melhor conheci- mento da infl uência psicossomática em doenças fí- sicas, o que refl ete melhor aplicação das técnicas de tratamento.

Material e método

3.1 Tipo de estudo

Estudo analítico observacional transversal, de abordagem quantitativa e qualitativa, realizado no período de fevereiro de 2007 a fevereiro de 2008.

3.2 Sujeitos

Foram avaliados nesse estudo 20 pessoas do sexo feminino com as seguintes características:

- Faixa etária entre 18 a 40 anos;

- Ausência de doenças crônicas, ortopédicas e neurológicas;

- Cooperantes, com capacidade de realizar as eta- pas contidas no estudo;

- Ausência de dor intensa em qualquer parte do corpo (escala de dor maior do que 7);

- Residentes da cidade de São Paulo.

3.2.1 Situação

A coleta de dados foi realizada no laboratório de Recursos Terapêuticos Manuais I (RTM I) do curso de fi sioterapia do UNIFIEO – Centro Universitário FIEO.

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3.3 Materiais

Para o estudo foram utilizados os seguintes ma- teriais:

- Software “Sapo” para avaliação postural, que consiste em programa de computador gratuito para avaliação postural com banco de dados e fundamentação científi ca com acesso pela inter- net (FERREIRA, 2005);

- Computador;

- Câmera fotográfi ca digital;

- Tripé;

- Fio de prumo;

- Pequenas bolas de isopor (0,8 mm);

- Fita dupla face;

- Cartolina branca;

- Caneta esferográfi ca azul e preta;

- Termo de consentimento;

- Ficha para anamnese modifi cada da original de (FERREIRA, 2005); composta por dados pessoais, questões referentes a partes do corpo e ao grau de dor, histórico de doenças;

- Questionário de Spielberger, sendo um questioná- rio validado, composto de 40 afi rmações, dentre as quais as 20 primeiras referem-se a uma ten- dência da personalidade e as outras 20 indicam o estado emocional no presente momento (SPIEL- BERGER et al 1979). Cada afi rmação contém uma escala de 1 a 4 correspondendo respectivamente a quase nunca, às vezes, freqüentemente e qua-

se sempre, em que cada indivíduo assinala em cada afi rmação aquilo que ele acha adequado;

posteriormente cada número assinalado de cada afi rmação será somado, dando um valor abso- luto, que corresponderá a uma classifi cação de ansiedade;

- Questionário de lista de sintomas de estresse (LSS/VAS) validado, composto por 59 afi rmações que avaliam a freqüência de estresse na vida dos sujeitos, por meio de uma escala de 0 a 3 corres- pondendo a nunca, raramente, freqüentemente e sempre, em que cada sujeito assinala em cada afi rmação a freqüência do sintoma. As freqüên- cias assinaladas serão somadas, resultando em valor absoluto, que corresponderá a uma classi- fi cação de estresse.

3.4 Procedimentos

Os sujeitos foram orientados a respeito do objeti- vo e do procedimento da pesquisa e os que estiveram de acordo assinaram um termo de consentimento, de que estavam cientes da preservação de sua identida- de, de acordo com a resolução n. 196/96 do Conse- lho Nacional de Saúde (CNS). Após o consentimento, os sujeitos responderam aos protocolos da anamnese e aos questionários de Spielberger e de estresse.

Após a assinatura do consentimento solicitou-se dos avaliados que permanecessem em traje de praia e então foram identifi cados vários pontos anatômi- cos e demarcados com pequenas bolas de isopor, fi - xadas no corpo com fi ta crepe dupla face.

Os pontos anatômicos demarcados foram:

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Vista anterior: glabela, lóbulo da orelha direita, lóbulo da orelha esquerda, mento, acrômio direito, acrômio esquerdo, manúbrio do esterno, espinha ilíaca ântero-superior direita, espinha ilíaca ântero- superior esquerda, trocânter maior do fêmur direito, trocânter maior do fêmur esquerdo, linha articular do joelho direito, linha articular do joelho esquerdo, centro da patela direita, centro da patela esquerda, tuberosidade da tíbia direita, tuberosidade da tíbia esquerda, maléolo lateral direito, maléolo lateral es- querdo.

Vista posterior: ângulo inferior da escápula di- reita e esquerda, ponto de transição entre a margem medial e a espinha da escápula direita e esquerda, processos espinhosos C7, T3, T5,L2; espinha ilíaca póstero-superior direita e esquerda, calcâneo direito e esquerdo.

Vista lateral direita: lóbulo da orelha direita, acrômio direito, epicôndilo lateral direito, espinha ilíaca ântero-superior direita, espinha ilíaca póste- ro-superior, trocânter maior do fêmur direito, linha articular do joelho direito, tuberosidade da tíbia di- reita, maléolo lateral direito.

Vista lateral esquerda: lóbulo da orelha esquerda, acrômio esquerdo, epicôndilo lateral esquerdo, pro- cesso espinhoso C7,T3,T5,L2; espinha ilíaca póstero- superior esquerdo, trocânter maior do fêmur esquer- do, linha articular do joelho esquerdo, tuberosidade da tíbia esquerda, maléolo lateral esquerdo.

Ao total foram demarcados 36 pontos anatômicos, a referência para a análise postural posteriormente.

Após a demarcação dos pontos anatômicos, os sujeitos foram orientados a permanecer em pé, em

uma posição confortável, sobre uma cartolina onde marcaram-se os contornos do pé direito e esquerdo.

Os sujeitos fi caram paralelos ao fi o de prumo que estava posicionado ligeiramente anterior ao maléolo lateral. No fi o de prumo foram coladas duas marca- ções com distância de 1 metro entre elas para pos- sibilitar a calibração da foto posteriormente. O fi o de prumo e o sujeito estavam num mesmo plano perpendicular ao eixo da câmera. A câmera estava a aproximadamente 3 metros de distância do sujei- to e a uma altura de cerca da metade da estatura do sujeito da pesquisa. Estabelecidos os parâmetros, iniciou-se a tomada de fotos da vista anterior, pos- terior, lateral direita e lateral esquerda, sempre man- tendo o mesmo apoio do sujeito, rodando a cartolina e pedindo para o individuo posicionar-se adequada- mente sobre a marcação dos pés previamente feita.

As fotografi as geradas foram transferidas da câ- mera para o computador, e depois para o programa de análise postural computadorizada “SAPO”, com o qual foi realizada a análise postural, utilizando o protocolo SAPO; com o objetivo de quantifi car as alterações posturais presentes nos indivíduos da pesquisa. Após avaliação postural foi impresso um relatório de cada avaliação.

Para a avaliação postural foram selecionados al- guns itens do relatório do SAPO em cada vista, que correspondem a alterações posturais que podem ter mais relação com aspectos emocionais.Foram eles:

Vista anterior: alinhamento horizontal da cabeça, alinhamento horizontal dos acrômios, alinhamento horizontal das EIAS, ângulo entre os dois acrômios e as EIAS, ângulo Q direito e esquerdo.

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Vista posterior: Assimetria horizontal da escápu- la em relação à T3.

Vista lateral direita e esquerda: alinhamento ver- tical da cabeça em relação ao acrômio, alinhamento vertical do tronco, alinhamento horizontal da pélvis, ângulo do joelho.

Os relatórios foram analisados juntamente com a anamnese e os questionários de cada indivíduo.

3.5 Análise dos dados

Os resultados obtidos foram submetidos à análise estatística descritiva.

Resultados

Fizeram parte do estudo 20 sujeitos do sexo fe- minino (n=20), a média de idade foi de 25,35 anos, variando entre 19 a 40 anos (Tabela 1).

Tabela 1- Ocorrência em número dos indivíduos pesquisados em relação à idade e índice de massa corpórea.

IMC (índice de massa corpórea)

Observa-se na tabela 2, que levando em consi- deração o membro dominante, o membro superior direito é dominante em 90% dos entrevistados, e em 10% o membro é o superior esquerdo.

Tabela 2 – Ocorrência em número e percentagem dos indivíduos pesquisados em relação ao membro dominante

Na questão referente a auto-percepção de estres- se e de ansiedade, verifi cou-se que 85% conside- ram-se estressados, 15% referiram não ter estresse e 100% afi rmaram apresentar sintomas de ansiedade, portanto, considera-se que dentre os indivíduos pes- quisados há maior sensação de ansiedade do que de estresse (tabela 3).

% (Percentagem), N (Número)

Tabela 3 – Ocorrência em número e percentagem dos indivíduos pesquisados em relação à auto-percepção de estresse e ansiedade.

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Em relação à auto-avaliação de estresse e de an- siedade, pelo auxílio de uma escala visual analógica, valendo de 0 a 10, observou-se que a média referente ao estresse foi de 4,77, variando entre 1,4 a 10. A

média de ansiedade foi de 5,77, variando de 1,3 a 10. Observa-se também através desses dados que os sujeitos da pesquisa se consideram mais ansiosos do que estressados, por uma diferença de 1,0 (tabela 4).

Tabela 4 – Ocorrência em número dos indivíduos pesquisados em relação à auto-avaliação de estresse e de ansiedade, de acordo com escala visual analógica de 0 à 10.

A grande maioria, 75% referem possuir algo que os incomoda na postura, 25% referem não ter algo que os incomode, 35% são praticantes de atividades

Tabela 5 - Ocorrência em número e percentagem dos indivíduos pesquisados em relação a incômodo na postura, prática de atividade física e a tratamento fi sioterápico.

físicas e apenas 10% estavam realizando tratamento fi sioterápico, expresso na tabela 5.

Os dados obtidos com os questionários de ansie- dade apresentou média de 46,65, variando os resul- tados entre 34 a 61 em relação à ansiedade traço. A ansiedade estado teve média de 44,8 variando de 38

a 54 o resultado. Por meio desses dados verifi cou-se que os sintomas de ansiedade dessa população está mais associado ao traço do que ao estado de ansie- dade (tabela 6).

Tabela 6 - Ocorrência em número dos indivíduos pesquisados em relação ao questionário ansiedade-traço (Idate-T) e ansiedade-estado (Idate-E).

t t

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O questionário de lista de sintomas de estresse demonstrou uma média de freqüência de 58,8 va-

esquerda na vista anterior. O alinhamento horizon- tal dos acrômios apresentou média de 0,89° para a direita, variando de 0 a 7,3°. Nos dados referentes à espinha ilíaca ântero superior ocorreu média de 1,04° para a esquerda. No posicionamento do joelho (ângulo Q) verifi cou-se que a média do ângulo do joelho direito foi de 20,09° variando entre 8° a 38,4°;

o ângulo do joelho esquerdo teve média de 22,95°

variando entre 0,2° e 58,7° (tabela 8).

Tabela 7 – Média, Desvio Padrão, Valor mínimo e Valor máximo, dos sintomas de estresse pesquisados com o questionário de avaliação do estresse (VAS).

riando de 13 a 117 a freqüência entre os sujeitos de acordo com a tabela 7.

Com referência aos dados posturais, os números acompanhados de sinal negativo (-) referem-se a um desvio postural para o lado esquerdo; os números sem sinal, referem-se a um desvio postural para o lado direito.

O alinhamento horizontal da cabeça teve média de 0,4° para a esquerda, variando de 0° a 9,5° de- monstrando que o posicionamento da maioria dos sujeitos da pesquisa apresentam inclinação para a

Tabela 8 – Valores médios (desvio padrão, média, valor mínimo, valor máximo) dos indivíduos pesquisados para as variáveis da postura em vista anterior.

AHC – Alinhamento horizontal da cabeça AHA – Alinhamento horizontal dos acrômios AHEIAS – Alinhamento horizontal das EIAS AQD – Ângulo Q direito

AQE – Ângulo Q esquerdo

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No alinhamento horizontal das escápulas em relação à T3 observou com os dados que a média encontrada foi de 7,3%, de assimetria para a esquer-

da com variações de 0 a 52,6% na vista posterior (tabela 9).

Tabela 9 – Valores médios (desvio padrão, média, valor mínimo, valor máximo) dos indivíduos pesquisados para as variáveis da postura em vista posterior.

Os dados observados na tabela 10, na vista late- ral direita mostraram que o alinhamento da cabeça tende para anteriorização com média de 17,93°, com valores variando entre 9,3 a 29,6°. O tronco apre- sentou inclinação para frente com média de 0,64°.

AHERT3 – Alinhamento horizontal das escápulas em relação à T3

Em relação ao alinhamento horizontal da pelve ob- servou-se média de 15° para a esquerda, e o Ângulo do joelho direito apresentou média de 0,21° para a direita, com variações de 0,2 e 13,4°.

Tabela 10 – Valores médios (desvio padrão, média, valor mínimo, valor máximo) dos indivíduos pesquisados para as variáveis da postura em vista lateral direita.

Os dados observados na tabela 11, na vista lateral esquerda mostraram que o alinhamento da cabeça teve média de 16,75°, com valores variando entre 5,6 e 32,7°. O tronco apresentou média de 2,23° para

AVCA – Alinhamento vertical da cabeça em relação ao acrômio direito AVT – Alinhamento vertical do tronco

AHP – Alinhamento horizontal da pélvis AJ – Ângulo do joelho direito

a esquerda. Em relação ao alinhamento horizontal da pelve observou-se média de 13,9° para a esquerda e o Ângulo do joelho esquerdo apresentou média de 0,97° para a direita com variações de 0,7 e 11,8°.

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Discussão

Os dados do presente estudo referentes à avalia- ção postural apontam para um aspecto comum entre todos os indivíduos estudados, que é a assimetria de segmentos corporais.

As principais ocorrências das alterações posturais foram: inclinação da cabeça para a esquerda, com anteriorização, elevação do ombro direito, aumento da espinha ilíaca ântero-superior esquerda, joelhos valgos, escápula esquerda assimétrica, tronco incli- nado para a frente.

Segundo (KENDALL, 1995) o padrão de postura ideal consiste em modelo no qual a postura em vista lateral deve ser como segue: a linha de prumo deve estar ligeiramente posterior ao maléolo lateral e ao eixo da articulação do joelho; a articulação do qua- dril, bem como, os corpos da vértebras lombares, à articulação do ombro; a maioria dos corpos das vér- tebras cervicais e o meato auditivo externo, deverão estar ligeiramente anteriores ao fi o de prumo.

Porém, o padrão ideal, pregado por Kendall, é uma forma subjetiva do que seria a postura ideal, não sendo portanto a assimetria, em si, sufi ciente para dizer que um individuo possui má postura.

A postura está condicionada aos aspectos de vida do ser humano, recebendo características desde a genética, até às infl uências psicossociais; ela vai se moldando para proporcionar o melhor posiciona- mento ao individuo, portanto pequenas alterações físicas da postura, sem comprometimento funcional do movimento, nada mais são do que as alterações adaptativas.

Sacco et al (2003), com a fi nalidade de analisar quantitativamente as alterações posturais, adotadas em determinadas posições, como sentado, deitado, por fotografi a digital, chegou à conclusão de que há inúmeros fatores ambientais que infl uem no desen- volvimento e na manutenção da boa postura. Essas infl uências ambientais devem ser tornadas favorá- veis à boa postura, prevenindo dessa forma o desen- volvimento de alterações posturais que possam ser prejudiciais à saúde e ao bem estar do ser humano.

Tabela 11 – Valores médios (desvio padrão, média, valor mínimo, valor máximo) dos indivíduos pesquisados para as variáveis da postura em vista lateral esquerda.

AVCA – Alinhamento vertical da cabeça em relação ao acrômio esquerdo AVT – Alinhamento vertical do tronco

AHP – Alinhamento horizontal da pélvis AJ – Ângulo do joelho esquerdo

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No estudo de Ferreira (2005) que avaliou o ali- nhamento postural e o controle postural em 122 su- jeitos de ambos os sexos, adultos jovens de 19 a 45 anos, observou ele que houve simetria em alguns segmentos, porém não se pode afi rmar que foi o pa- drão predominante no estudo, sugerindo que há um padrão de similaridade para o alinhamento postural, mas não pode afi rmar que a simetria postural seja esse padrão.

O estudo de Carneiro et al (2005) observou que a maioria dos entrevistados apresentou algum tipo de alteração postural, sendo essas mais predominantes em homens.

Concordando com os estudos de Ferreira e Car- neiro (2005), o estudo de Detsh e Tarrago, realizado com 154 meninas de 6 a 17 anos, para avalia a inci- dência de desvios posturais, concluiu que é comum a ocorrência de desvios posturais, principalmente a partir dos 10 anos, quando passa a ocorrer um per- centual maior de assimetrias entre medidas do lado direito e esquerdo da cintura escapular e pélvica.

As principais alterações encontradas no estu- do foram: a presença de anteriorização de cabeça (66,23%), a protusão de ombros (47,40%), a abdução escapular (80,52%) a hipercifose dorsal (10,39%), a hiperlordose lombar (31,7%) e a cifolordose (29,22%).

O estudo de Martelli e Traebert (2006), com 420 crianças de 10 a 16 anos de idade, encontrou maior ocorrência de alterações na coluna vertebral em indiví- duos destros, sendo a maioria no quesito dominância.

Observou-se também que o IMC dos sujeitos estavam, em sua maioria, dentro dos padrões de normalidade.

Holderbaum et al. (2002) avaliaram as posturas no ambiente de trabalho de 19 indivíduos, com a fi nalidade de detectar se as más posturas adotadas podem favorecer o surgimento de desvios posturais.

Os dados coletados mostraram que 100% dos fun- cionários apresentaram, pelo menos, um tipo de desvio postural e sugerem que a prática de ativida- de profi ssional em posturas inadequadas favorece a instalação de desvios posturais.

Em relação aos estados emocionais no presente estudo, observou-se,por meio de questionário,que a maior ocorrência de ansiedade foi a ansiedade-tra- ço, com níveis considerados de ansiedade média. A auto-percepção de ansiedade em escala de 0 a 10, obteve-se média de 5,77, também evidenciando ní- veis de ansiedade média pelos próprios indivíduos participantes do estudo, confi rmando os resultados do questionário.

Rosa (1998), em seu estudo sobre o assunto com fi nalidade de verifi car o efeito do sexo,do nível so- cioeconômico e da ordem de nascimento em an- siedade traço-estado, em 437 estudantes de ambos sexos, verifi cou que as mulheres apresentaram es- cores mais altos que os homens, tanto em ansieda- de-traço, como em ansiedade-estado. Além de que o sexo pode ter importância nos níveis de ansiedade traço-estado.

Segundo a revisão de literatura de Kenrys e Wy- gant, 2005, as mulheres apresentam risco signifi can- temente maior, comparado ao dos homens, para o desenvolvimento de transtorno de ansiedade ao lon- go da vida, concordando com os resultados obtidos por Rosa (1998).

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No estudo de Baldassin et al., 2006, realizado com adultos jovens, evidenciou-se que um em cada cinco sujeitos entrevistados apresentou mais de 49 pontos no Inventário de Ansiedade Traço de Spiel- berger, o que segundo o Inventário é forte indício de ansiedade alta.

Nas questões referentes ao estresse, no presente estudo, observou-se que a auto percepção de estresse por meio de escala analógica de 0 a 10, obteve-se média de 4,77, evidenciando que os sujeitos da pes- quisa consideram-se mais ansiosos do que estres- sados. Os dados obtidos no questionário de estresse apontam para um grau de estresse médio, dado esse também obtido através da escala analógica.

Costa et al. (2007) entrevistou 264 policiais numa capital brasileira e observou que 47,4% dos entre- vistados evapresentaram sintomas de estresse, com maior ocorrência no grupo feminino.

Em estudo semelhante ao de Costa et al., 2007, realizado com juízes, Lipp e Tanganelli, 2002, obti- veram como resultado nível 8 em escala de 0 a 10 de estresse ocupacional, estando mais presente em mulheres do que em homens os níveis de estresse.

Calais et al. (2003) pesquisaram sintomas de es- tresse em 295 estudantes adultos, jovens de 15 a 28 anos, relacionando-os com o sexo e ano escolar em curso, e concluíram que há correlação signifi cativa entre sexo e nível de estresse, sendo que as mulheres apresentaram maiores níveis de estresse.

Apesar de haver vastos estudos que visam a ex- plicar as tendências a assimetrias corporais e formas de incentivar melhor percepção corporal, bem como, de quantifi car e avaliar níveis de ansiedade e estres-

se; são escassos os estudos que têm como objetivo avaliar os três temas de uma só maneira, pois en- contram-se muitos estudos isolados,o que difi culta a comparação de resultados.

Portanto, pesquisas que relacionam os três temas seria de grande utilidade para pesquisadores que queiram relacionar postura, ansiedade e estresse.

É necessário estudar maior número de indivíduos, abordando-se ambos os gêneros para maior confi a- bilidade dos resultados obtidos.

Conclusão

As principais alterações encontradas na avalia- ção postural foram de cabeça e pelve na vista ante- rior e de cabeça e tronco na vista lateral. Os achados posturais demonstram que a assimetria é a caracte- rística mais evidente, presente entre os participantes da pesquisa.

Em relação aos níveis de ansiedade, observou-se que a maior ocorrência de ansiedade, por meio do questionário, foi a ansiedade-traço, com níveis con- siderados de ansiedade média; a auto-percepção de ansiedade também evidenciou níveis de ansiedade média pelos participantes do estudo, confi rmando os resultados sugeridos como referência para o ques- tionário.

Os níveis de estresse encontrados no presente estudo, tanto por meio do questionário de estresse, quanto pela auto-percepção do indivíduo, sugerem níveis de estresse médio.

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