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COLÉGIO SÃO LUÍS ENSINO MÉDIO CURSO DE METODOLOGIA DE INCIAÇÃO CIENTÍFICA. Ana Beatriz Tursi Penteado Silva Carolina Beirão Cardoso

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Academic year: 2022

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COLÉGIO SÃO LUÍS ENSINO MÉDIO

CURSO DE METODOLOGIA DE INCIAÇÃO CIENTÍFICA

Ana Beatriz Tursi Penteado Silva Carolina Beirão Cardoso

ARQUITETURA E SEUS IMPACTOS

Projetos arquitetônicos de Yvonne Farrell e Shelley McNamara

Colégio São Luís Jesuítas 2020

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Ana Beatriz Tursi Penteado Silva Carolina Beirão Cardoso

ARQUITETURA E SEUS IMPACTOS

Projetos arquitetônicos de Yvonne Farrell e Shelley McNamara

Artigo apresentado como requisito de aprovação em “Metodologia de Iniciação Científica”, na 2ª série do EM do Colégio São Luís

Orientadores: Prof(a) Fernanda Franco, Prof Andrey Almeida, Prof Paulo Ramirez

Colégio São Luís Jesuítas 2020

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ARQUITETURA E SEUS IMPACTOS

Projetos arquitetônicos de Yvonne Farrell e Shelley McNamara

Ana Beatriz Tursi Penteado Silva Carolina Beirão Cardoso

Resumo: O projeto parte do pressuposto de que a sustentabilidade é, indubitavelmente, uma premissa cada vez mais necessária na arquitetura e no design de interiores, vistos seus valores ambientais e sociais. Sendo assim, essa pesquisa possui como objetivo analisar os impactos causados no cotidiano da sociedade tendo como base para análise o campus da faculdade UTEC, em Lima, desenvolvido pelas ganhadoras do prêmio Pritzker 2020, Yvonne Farrell e Shelley McNamara. Compreender de que maneira a organização dos ambientes e a utilização de elementos naturais conseguem criar uma interação pessoal e ambiental, utilizando estudos da neuroarquitetura como objeto de entendimento da mente humana e sua relação com os espaços. Discutir de que forma a arquitetura possui eficácia na redução de problemas climáticos e ambientais a partir da valorização dos elementos naturais e seu uso consciente, tornando-os parte do projeto sem explorá-los de forma deplorável. Observar exemplos de locais e marcas que aderiram os valores sustentáveis em seus conceitos, visualizando a adaptação arquitetônica aos novos preceitos referentes ao desenvolvimento sustentável. Conclui que a arquitetura sustentável deve se tornar uma importante diretriz na área de criação e levada em conta em todo o desenvolvimento de um projeto.

Palavras-chave: Arquitetura sustentável; Neuroarquitetura; UTEC.

Abstract: The project assumes that sustainability is, undoubtedly, an increasingly necessary premise in architecture and interior design, having regard to its environmental end social values. Therefore, this research aims to analyse the impact caused in society’s daily life based on analysis of the UTEC campus, in Lima, developed by the winners of the Pritzker Premium 2020, Yvonne Farrell and Shelley McNamara. Understands how the organization of environments and the use of natural elements manage to create a personal and environmental interaction, using studies of neuroarchitecture as an object of understanding the human mind and its relationship with spaces. Discusses how architecture is effective in reducing climatic and environmental problems based on the valorization of natural elements and their conscious use, making them part of the project without exploring them in a deplorable way. Observes examples of places and brands that adopted sustainable values on their concepts, visualizing the architectonic adaptation to new precepts regarding sustainable development.

Concludes that sustainable architecture must become an important guideline in the creation area and considered in all process of the project.

Key Words: Sustainable architecture; Neuroarchitecture, UTEC.

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1 INTRODUÇÃO

Este artigo possui como objetivo discutir a importância e influência do mundo arquitetônico nas relações sociais e ambientais. A partir disso, compreender o meio de inserção das novas técnicas de produção e criação de um projeto e o modo de viabilizá-las e entendê-las no mundo contemporâneo, utilizando como pilares de estudo a sociologia e a neurociência.

De acordo com o livro “Para entender a arquitetura”, de Neil Stevenson (1998), no qual são citados os pensamentos do arquiteto Le Corbusier, arquitetura é a expressão artística que se conecta com o público e possui uma importante função sobre ele. A partir dessa tese, podemos compreender que o objetivo da arquitetura é entender a vontade do usuário destinado a habitar e utilizar tal ambiente, considerando então um dos pontos principais a estética e funcionalidade do local, criando um bom espaço de convivência e que transmita aconchego.

Considerando os princípios de Le Corbusier, que com eles inovou o pensamento e a estrutura da arquitetura contemporânea, surgiu o questionamento de que maneira esse tipo de arte consegue transformar e harmonizar um lugar e sentir seu “espírito”, tornando o ambiente prático e acolhedor ao seu público-alvo.

Dessa maneira, foram levantados diversos tópicos de estudo e tentativas de criar melhorias no design de um local, tornando-o cada vez mais conectado a seu usuário consumidor, e ao mesmo tempo, ao meio ambiente.

Conhecida como arquitetura sustentável, esta expressão arquitetônica visa, ao mesmo tempo, contribuir com o meio ambiente e ser favorecido por ele. O estudo do design sustentável abrange todas as etapas de desenvolvimento do projeto, desde a escolha do material, o descarte do lixo, até o momento que começa a

“funcionar” no dia a dia. Muitas vezes, o design (principalmente) interior busca utilizar componentes naturais, como iluminação ou uma área verde, ajudando na maior conexão das pessoas para com ele.

Como objeto de estudo dos tópicos apresentados, estudamos os conceitos e propostas da dupla de arquitetas irlandesas Yvonne Farrell e Shelley

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McNamara, ganhadoras do prêmio Pritzker de arquitetura de 2020. Seus projetos visam unir a funcionalidade e estética, utilizando estudos sociológicos e entendimentos de como o ser humano se comporta de acordo com o local em que se situa, além de comporem os ambientes utilizando a natureza a seu favor.

Citado anteriormente, o prêmio Pritzker, também conhecido como “Nobel da Arquitetura”, se baseia em uma premiação internacional que ocorre anualmente, criado no ano de 1979 pela Fundação Hyatt. Nesta premiação os arquitetos que conseguem cumprir os princípios feitos por Marcos Vitrúvio Polião, arquiteto romano que viveu no século I a.C., que consistem em solidez, beleza e funcionalidade em seus projetos, conquistam a vitória.

No ano de 2020, as grandes vencedoras desse prêmio foram as arquitetas Yvonne Farrell e Shelley McNamara, e tiveram como prêmio além de uma medalha de bronze, uma quantia de US$ 100 mil. A dupla irlandesa se conheceu na Escola de Arquitetura da Universidade de Dublin, na década de 1970, e além de terem fundado juntas a Grafton Architects, um estúdio de arquitetura internacional com sua sede localizada em Dublin, Irlanda, ambas deram aulas durante aproximadamente 30 anos em faculdades.

Em seus projetos arquitetônicos, além de conseguirem cumprir com os três princípios, elas possuíam como objetivo a utilização de elementos sustentáveis e fatores naturais no processo de produção e decoração do ambiente, assim criando uma relação harmoniosa entre natureza e projeto, usando os elementos naturais a seu favor e assim favorecendo os projetos. Alguns fatores muito presentes em suas criações são a energia solar, materiais recicláveis e estruturas pré-moldadas, criando resultados positivos e favorecendo a todos, também valorizando o projeto no mercado e causando menos impactos ao meio ambiente. Além disso, realizam seus trabalhos com o intuito de criar um impacto tanto no ambiente atuante quanto nas relações sociais de quem o utiliza, sempre respondendo às necessidades dos locais e usuários destinatários. Sua metodologia de criação possui semelhantes características com a do arquiteto citado Le Corbusier, que preserva o equilíbrio entre a estética e funcionalidade.

Como ilustração de seu sucesso pelo mundo, podemos citar o convite feito pela Bienal de Veneza em 2018 para serem as curadoras do evento, o qual tinha como tema o “espaço livre”, tratando da liberdade de espírito e o aconchego que

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a arquitetura oferece, normalmente visível nas produções da dupla. Projetaram também a Universidade Luigi Bocconi localizada em Milão, Itália, finalizada em 2008, e tem como ideal ser estruturada de forma parecida com uma “janela” para a cidade, para que assim os vidros mostrem a importância das contribuições intelectuais da Universidade para Milão. Este foi um dos projetos que possuiu uma produção e desenvolvimento sustentável e procura contribuir com a funcionalidade e união da região em que se localiza na cidade.

Ademais, já receberam o Prêmio Internacional RIBA (Instituto Real de Arquitetos Britânicos) em 2016, por seu inovador projeto da Universidade de Tecnologia e Engenharia (UTEC) em Lima, Peru. Este projeto pertence a um Campus de Universidade arquitetado por Yvonne e Shelley, o qual pode ser analisado de diversas maneiras e traz diferentes significados, metáforas e objetivos.Em nosso artigo, analisaremos o processo e conceitos relacionados com o método de desenvolvimento deste local e como ele beneficia quem o frequenta.

Pode-se dizer também que uma parte de suas ideias se originam do conceito Bauhaus, expressão artística do modernismo que demanda uma longa trajetória de planejamento e procura desenvolver um espaço que valorize principalmente a “forma e função”. Seguindo essa linha de raciocínio, nota-se a valorização da integração humana com o meio externo, fato que se enquadra em outro tópico de discussão, a neurociência e neuroarquitetura.

De acordo com estudos de neurociência feitos pela Academia de Neurociência para Arquitetura, os ambientes possuem um impacto profundo na vida das pessoas, influenciando drasticamente seu humor, energia, concentração e produtividade, já que o cérebro está mudando em resposta a seu ambiente e existem áreas do cérebro que são ativadas quando enxergamos determinadas imagens. Por isso, as pessoas não conseguem desenvolver uma memória de longo prazo que não contenha algo do lugar em que estava, significando que a arquitetura e o ambiente construídos são “centrais” e importantes para a formação da identidade da população.

A partir das informações fornecidas, levantamos questionamentos sobre como os impactos beneficentes dos projetos arquitetônicos são efetivos para a harmonização do local e ajudam na produtividade e desenvolvimento do usuário

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consumidor, além de analisarmos a diferença que a arquitetura sustentável faz, trazendo conforto às pessoas. Para conseguir respostas, apontamos métodos desenvolvidos e formas de transformar o meio em algo que realmente ajude alguém. Um dos exemplos é conhecido como design biofílico, muito usado por profissionais da arquitetura hoje em dia e consiste em incluir a “área verde”, ou até detalhes que se agregam ao meio ambiente, nos locais.

Para viabilizar o andamento de nosso projeto, foram utilizados diversos meios de pesquisa e etapas de desenvolvimento, tais como leitura de artigos e livros que tratam do assunto da sustentabilidade no design de interiores e história da arte e arquitetura, realizada no primeiro semestre de 2020, além de conversas com profissionais da área de design e arquitetura, feitas no segundo semestre de 2020.

2 A ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E SEUS IMPACTOS

A palavra sustentável veio do latim e tem como significado apoiar e conservar. Esse termo deu origem à palavra “sustentabilidade”, que é atualmente uma questão que está sendo mundialmente muito abordada. Essa se define por ser a conservação de um sistema ou processo tendo como ideal preservar os recursos naturais para que continuem existindo ao decorrer do tempo, em razão de que todas as questões ambientais foram potencializadas pelo crescimento demográfico e pelos impactos que o ser humano causa no planeta.

Como afirma há mais de 20 anos a Comissão Brundtland, documento intitulado como “Nosso Futuro Comum”1, nosso dever como cidadãos e do desenvolvimento sustentável é usufruir dos recursos hoje sem que isso cause impactos negativos no futuro. Joyce Msuya, diretora-executiva interina da ONU Meio Ambiente, afirma também em outros artigos com fundamentação em dados ambientais mundiais “A saúde e a prosperidade da humanidade estão diretamente ligadas ao estado do nosso meio ambiente”.

1Disponível em: https://nacoesunidas.org/acao/meio-ambiente/ Acesso em: 17/08/2020

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Além disso, podemos observar com diversos dados, relatórios e estudos do IBGE, da ONU, entre outras organizações intergovernamentais, que se os países não tomarem medidas imediatamente, futuramente não iremos ter recursos naturais essenciais para nossa existência e funcionamento da sociedade. Como afirmado no relatório publicado no ano de 2019, produzido por cerca de 250 cientistas de diversos países2, se as regiões mundiais não aplicarem termos para proteção ambiental, inicialmente locais como a África, Ásia e Oriente médio terão milhões de mortes apenas na metade do século XXI.

Do mesmo modo, de acordo com a avaliação publicada em 13 de março de 20193, desenvolvida pelo sexto Panorama Ambiental Global da ONU, problemas como intoxicação da água por poluentes irão afetar a fertilidade masculina e feminina e o desenvolvimento neurológico infantil, além de poder se tornar um dos principais causadores de óbito em 2050.

Nas assembleias da ONU para o Meio Ambiente foram feitas negociações sobre diversos temas e desafios para serem discutidos, mas como essenciais se destacavam o desperdício de alimentos, poluição plástica nos oceanos, difusão de carros elétricos, escassez de água e gases poluentes. Portanto chegam à conclusão de que como idealização de um futuro planeta saudável com uma população saudável todos deverão se basear nos modelos “lixo-quase-zero” e não no “cresça agora, limpe a bagunça depois”. Além disso decidiram investir cerca de 2% do PIB (Produto Interno Bruto) dos países em espaços verdes, assim reduzindo os índices de escassez de água, de perda de ecossistemas e impactos nas mudanças climáticas.

2Disponível em: https://nacoesunidas.org/saude-humana-ficara-em-apuros-se-acoes-urgentes- nao-forem-tomadas-para-proteger-meio-ambiente-alerta-relatorio-global-da-onu/ Acesso em:

17/08/2020

3Disponível em: https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/03/13/relatorio-da-onu-faz- extensa-revisao-cientifica-para-guiar-futuro-do-planeta-ate-2050.ghtml Acesso em: 17/08/2020

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2.1CONSEQUÊNCIAS DAS CONSTRUÇÕES CIVIS

De acordo com o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas e com o livro “Sustentabilidade no design de interiores” de Siân Moxon (2012), os seres humanos são os principais atores causadores de problemas ambientais com suas construções civis. Dentre as principais questões se destacam as mudanças climáticas, já que práticas diárias como corte de árvores para produção de materiais e fonte de matéria-prima e queima de combustíveis fósseis para produzir energia, liberam gases que intensificam o efeito estufa, assim aquecendo o planeta e modificando padrões climáticos, causando fatores que são visíveis atualmente em situações cotidianas, como a maior quantidade de dias quentes do que frios.

Além dessa questão, a diminuição de recursos também é perceptível, já que estamos consumindo os recursos naturais mais rápido do que podem ser renovados e recuperados, e muitos deles são finitos, demorando milênios para se reproduzir novamente, como as pedras, assim indisponibilizando-nos para futuras gerações e aumentando o preços sob esses produtos. Do mesmo modo ocorre um grande desperdício de resíduos na produção, os quais ao irem para aterros sanitários liberam diversos poluentes para água, solo e para o ar.

Em seguida como apresentado no livro anteriormente citado, podemos observar a escassez de água vem se tornando um problema cada vez mais usual, pois estão sendo utilizados em maior quantidade os recursos hídricos tanto para produção de produtos (água virtual) quanto para o uso pessoal, causando o desperdício desse recurso, visto que uma pessoa utiliza diariamente cerca e 155 litros. Além de gerar esses impactos, utiliza energia para tratar e abastecer de água potável, processo que libera gases que estimulam o efeito estufa. Em suma, é necessário achar maneiras para a precaução do esgotamento dos recursos naturais e ao mesmo tempo geração de um ar com valores cada vez mais sustentáveis nos ambientes, contagiando e influenciando a população a aderir tais métodos.

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2.2 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL

Devido aos fatores citados, em algumas regiões, certas empresas optam pela prática da arquitetura sustentável, mais conhecida como eco arquitetura ou arquitetura verde. Essa pode ser definida como um projeto arquitetônico que possui como objetivo causar menos impactos ao meio ambiente, ou seja, criar uma instalação de forma sustentável e não prejudicial ao meio natural.

De acordo com arquitetos da FAL Design, o design de interiores depende de diversos pressupostos do projeto como um todo. Não basta optar por um material reciclável para instalação mas não cumprir com outros critérios, fazendo apenas uma fachada. Ao escolher a sustentabilidade como sua base, é necessário buscar algo além. É preciso ajudar, mas também influenciar a população. Porém, ao seguir esse caminho sustentável, é notável que há um processo muito mais amplo e complexo por trás, pois é necessário pensar sobre diversos compositores do produto final, como o transporte do material, como ele é produzido e extraído, qual é a mão de obra envolvida, como será descartado, além de um estudo prévio para acentuar no trabalho as características do púbico alvo daquele determinado local.

Sendo assim, as empresas que já trabalham com a sustentabilidade buscam alternativas para não gerar questões ambientais, e por isso necessitam observar questões como a utilização da água virtual no processo de produção e se há presença de componentes tóxicos. Além disso, essas optam por matérias regionais em comparação com estrangeiros, já que esse investimento pode ajudar na economia local, além de reduzir a quantidade de poluentes e emissão de gás carbônico na atmosfera, resultados do longo processo de transporte da matéria-prima. Costumam também optar pela compra dela através de empresas certificadas em sustentabilidade e segurança, com selo de qualidade, que realizam o manejo correto do material, possuem mão de obra legal e fazem o transporte sem que seja irregular e precário, assim ajudando a cumprir uma parte de seu dever com o meio ambiente. Normalmente, a busca mais adequada é pela madeira de reflorestamento, tornando viável o aproveitamento de compostos naturais sem que seja prejudicada.

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Em alguns lugares do mundo, como no Brasil, algumas lojas, como a Timberland, possuem pressupostos sustentáveis valorizando questões ambientais e praticam e influenciam mudanças de acordo com esses ideais. No site oficial da marca, são citadas suas iniciativas e metas para criar um melhor desenvolvimento sustentável no planeta. A loja chegou a incentivar pessoas envolvidas no projeto, por exemplo, a buscarem por pontos com baixa intervenção, para que não fossem causados tantos danos ao meio ambiente na realização de um trabalho. Ademais, a marca apoia a doação de produtos antigos e desgastados para a loja, para que pudesse ser feita a reciclagem e reaproveitamento do material já utilizado, como por exemplo a devolução de sapatos para que fosse feita a reutilização da borracha em um outro produto, retribuindo o cliente com descontos em sua loja.

2.3 DESIGN SUSTENTÁVEL

Todas as etapas e elementos que participam do processo de formação de um projeto sustentável também são aparentes no design de interiores. A função dessa área de criação é trazer ao público um ambiente que seja funcional e estável, que ajude a manter a produtividade das pessoas, além de tornar a decoração do local um dos pontos mais importantes e interessantes. O design de interiores está presente em todos os lugares e momentos das nossas vidas, em casa, na escola, no trabalho... Tudo é pensado e projetado de acordo com as necessidades do consumidor e o que causará maior impacto positivo.

O modo que o design consegue causar um efeito em nossas vidas é muito amplo e repleto de possibilidades. Há diferentes divisões e intenções desse tipo de criação, e a cada uma delas as metas de “intervenção” são diferentes, notadas por exemplo, no varejo ou em edificações. Normalmente, em lojas, é buscado um toque criativo e inovador, com elementos modernos que chamem a atenção do público. Já na projeção de casas, o ambiente deve ser funcional, valor imposto pelo estilo Bauhaus, por exemplo.

É importante ter esse entendimento para conseguir analisar a importância do design voltado para a sustentabilidade. Tendo em vista a realidade atual do nosso planeta, é necessária cada vez mais a implementação de medidas e

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soluções que viabilizem a valorização do meio ambiente e seu uso a favor da sociedade, não como meio de exploração. Isso faz com que o setor arquitetônico desenvolva cada dia mais maneiras de conectar o ser humano com a natureza ou induzi-lo a preservá-la e ter atitudes mais empáticas para com ela, por meio do uso de diversos elementos que compõem seu projeto e o tornam sustentável.

No livro de Siân Moxon, é mostrado que para a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas, sustentabilidade é

“suprir as necessidades atuais sem comprometer a capacidade das futuras gerações de suprirem suas necessidades.” Essa frase torna capaz o entendimento de que tudo que é feito nos dias de hoje, causará efeitos no futuro, o que nos leva a colocar em pauta tal questão ambiental e social.

2.4 MANEIRAS DE INCLUIR A SUSTENTABILIDADE NO DESIGN DE INTERIORES

É perceptível que há dois modos de tornar um projeto sustentável. Um deles é o já citado anteriormente, a respeito do uso adequado de energia e água, escolha certa e manejo de materiais, transporte da matéria, até o momento de descarte do lixo usado na construção e em todo o entorno do projeto. A outra maneira é exatamente a que a parte mais “decorativa” deve cumprir. Em muitos projetos já são utilizadas soluções sustentáveis em sua arquitetura, porém ainda são pouco percebidas pelos usuários desses espaços. A visão de muitos é que a parte sustentável de uma área só é considerada assim se houver um espaço verde ou plantas decorativas, porém, há muito mais por trás disso.

Primeiramente, é importante lembrar que os recursos e “valores” ideais variam de acordo com o projeto. É possível, mesmo assim, citar materiais que possuem explicitamente composições e utilidades sustentáveis, podendo ajudar tanto no embelezamento do lugar, assim como na “ecologia” e maior conexão do local com o meio ambiente. Um exemplo é a Hill House, em Merricks, Austrália, projetada pela Mihaly Slocombe Architects, que possui uma parede de adobe moldada com a argila do solo local. Ela divide adequadamente os espaços do local e ajuda na regulação da temperatura do ar por meio de inércia térmica.

Outro exemplo é a Greenhouse nightclub, localizada em Nova Iorque, que possui ideais totalmente sustentáveis, sendo o primeiro de seu segmento a conseguir o

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certificado LEED. O revestimento de suas paredes e piso são feitos de bambu.

O nightclub Club Watt do Studio Roosegaarde, em Rotterdam, possui como uma de suas metas educar os jovens sobre sustentabilidade, ao mesmo tempo que os diverte. Outra referência é a butique de moda Yeshop em Atenas, Grécia, da dARCH Studio, que utiliza materiais de reuso na composição de suas paredes, como papelão em camadas proveniente de embalagens, além da iluminação de baixo consumo energético.

Figura 1- GREENHOUSE Nightclub NYC

Fonte:

<https://s3.amazonaws.com/images.charitybuzz.com/images/59757/original.jpg?13845 79678> Acesso em: 22 set. 2020.

Outro elemento muito importante nos locais é a iluminação. O método de iluminação natural causa um impacto muito maior (e melhor), ajudando até no aumento da produtividade e disposição das pessoas. A luz natural faz com que o ambiente pareça mais aberto e arejado, dando um toque e sensação de maior conforto aos usuários que o frequentam. Outro fator muito colaborativo para essa disposição é a vista do local, que muitas vezes pode trazer maior conexão com

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o mundo externo, tirando a sensação de estar em um ambiente unicamente fechado. Como ilustração de iluminação natural usual, podemos citar a Country SchoolPrefab em Valley Village, pelo Office of Mobile Design, com tetos altos, inclinados e superfícies brancas, permitindo a iluminação do local adequada.

Pode-se dizer também que a presença de vidros, ou seja, paredes envidraçadas, também podem maximizar a iluminação interior, como na Elwood Clothing.

Devemos lembrar também, de lugares que influenciam diretamente em uma vida mais saudável e na geração de atitudes mais sustentáveis, como a Koby Cottage em Albion, Estados Unidos, da Garrison Architects, que incluiu um bicicletário no local, incentivando a prática dessa atividade mais ecológica, que consequentemente pode reduzir a emissão de gases estufa lançados na atmosfera quando se utiliza outro tipo de transporte. Podemos citar o Nature Café La Porte em Amsterdam, projetado pelos arquitetos RAU, como outro incentivo à vida saudável, pela iniciativa de servir comidas e bebidas orgânicas em uma estação de trem próxima. Além disso, o local possui portas giratórias, que ao serem movidas pelos clientes, produzem eletricidade.

Figura 2 - PORTAS giratórias no Nature Café La Porte

. Fonte:

<https://i.pinimg.com/originals/af/88/e3/af88e302e7f66005ef4bcf9bd1c32f9e.jpg>

Acesso em: 22 set. 2020.

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Por fim, locais próximos ao nosso cotidiano também podem ter noções ambientais, como na colocação de lixos recicláveis nos espaços, ou até locais que se comprometem a se solidarizar com as necessidades de seu público, como a escola de ensino fundamental Changdu Hualin por Shigeru Ban Architects, que após um terremoto, providenciou salas de aula temporárias com estrutura de papelão tubular, podendo ser reciclada e aproveitando os materiais locais.

Essas iniciativas sustentáveis também estão presentes em grandes marcas e empresas, como a Inditex, proprietária de marcas e grifes mundialmente conhecidas, como a Zara, Massimo Dutti, Pull&Bear, entre outras.

O conceito de eco-stores começou a ser muito utilizado e colocado em pauta pela empresa, que iniciou um projeto de inclusão de sustentabilidade em suas concepções de projetos de loja e preceitos, criando também novas ações para suas marcas.

Conforme o site da companhia, lojas da empresa, como a Zara, começaram a ser implementadas tecnologias modernas e eficientes, capazes de reduzir o consumo de energia e água, e sistemas de climatização mais sofisticados, regulados de acordo com a quantidade de público e a energia solar externa. De acordo com a Inditex e órgãos responsáveis pela avaliação da sustentabilidade no mundo do varejo e arquitetura em geral, as lojas da empresa utilizam 20% menos energia e 40% menos água em comparação a lojas usuais.

Entre diversas outras atitudes, também influenciou suas lojas à reciclagem de materiais, tais como cotton e poliéster, além do incentivo ao uso de sacolas biodegradáveis.

Já são 40 lojas com certificado completo dado pelo LEED e pelo BREEAM, dois dos mais respeitados certificados de sustentabilidade e padrões ambientais, que valorizam a redução do consumo de energia, custos, água, e claro, a inovação. Essas certificações servem para regulamentar os critérios de análise de sustentabilidade e fazem com que estes não sejam distorcidos ou implementados por qualquer um. Portanto, ajudam, por meio de rígidas imposições, na chancela de projetos sustentáveis.

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Figura 3 - ECO Store Inditex. Zara sustentável

Fonte: <https://www.inditex.com/documents/10279/242141/Ecostore.jpg/49231376- d092-35d6-6855-e9ab6e2c5aa9?t=1510663747221> Acesso em: 22 set. 2020.

2.5 DESIGN BIOFÍLICO

Devido à urbanização, revolução industrial e migração para grandes centros urbanos que ocorreu durante os últimos séculos, as pessoas passaram a buscar cada vez maior segurança e proteção, resultando em espaços confinados e mais distantes de ambientes com presença de elementos da natureza. Para isso, há uma categoria da arquitetura denominada design biofílico, que consiste em trazer o ar natural para dentro do ambiente.

Para o arquiteto entrevistado, Ricardo Cardoso, da FAL Design,

o design biofílico é uma forma de resgate à nossa essência natural, o modo que encontramos atualmente para satisfazer o desejo humano de se aproximar das nossas origens e termos um tempo para usufruir de um ambiente que traz acolhimento e bem estar, melhorando a qualidade de vida e formas de socialização, como uma alternativa para sair da “bolha” na qual vivemos hoje.

O conceito de biofílico se originou da palavra “biofilia”, que significa amor à natureza. Com isso, esse estilo tornou-se uma alternativa aos usuários do espaço físico de vivenciar a experiência de descompressão e uso do tempo para

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uso pessoal, contrariando a individualidade e a não desaceleração imposta pelos ambientes nos dias de hoje.

Portanto, esse estilo é uma forma inovadora de utilizar e aproveitar recursos naturais, incluindo fatores no projeto realmente perceptíveis pelo público e que surtem efeitos. A diferença entre a arquitetura sustentável e o design biofílico é que o primeiro envolve todos os meios e processos de produção e desenvolvimento do projeto, sendo caracterizado como sustentável se possuir um efeito positivo na natureza. Já o segundo é, dentro da decoração, incluir elementos, como áreas verdes e iluminação natural, que mudem o modo de relação das pessoas com o lugar.

2.6 NEUROARQUITETURA

Os arquitetos são profissionais cuja área de atuação toca muitos outros campos, como a do conhecimento humano. De acordo com estudos de neurociência feitos pela Academia de Neurociência para Arquitetura, os ambientes construídos e pensados por eles têm um impacto profundo na vida das pessoas, influenciando drasticamente seu humor, energia, concentração e produtividade, já que o cérebro está mudando em resposta a seu ambiente e existem áreas do cérebro que são ativadas quando enxergamos determinadas imagens. Por isso, as pessoas não conseguem desenvolver uma memória de longo prazo que não contenha algo do lugar em que estava, significando que a arquitetura e o ambiente construídos são “centrais” e importantes para a formação da identidade da população.

Segundo pesquisas da Universidade de Salford4, Reino Unido, diversos fatores, como as cores, influenciam determinados comportamentos nas pessoas, além de promoverem a qualidade de vida e seu bem-estar. Portanto, muitos pontos devem ser estudados, analisados e levados em consideração na hora de projetar um ambiente, a fim de obter um equilíbrio e a formar um espaço confortável e que se conecta com o público. Devido a isso, ao decorrer do tempo ocorreram diversos estudos, conhecidos popularmente como “neuroarquitetura”,

4 Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/903742/construindo-escolas-melhores-6-maneiras- de-ajudar-nossas-criancas-a-aprenderem Acesso em: 21/09/2020

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realizados por arquitetos, cientistas e psicólogos e que abrangem o também o ramo empresarial para melhor entendimento humano e sua relação com os espaços. Eles analisaram como os ambientes impactam no cérebro das pessoas e demonstram evidências do impacto do espaço físico no cérebro humano. Um de seus estudos inovadores ficou conhecido como estudo HEAD, (Holistic Evidence and Design), analisando os impactos no cérebro e na aprendizagem infantil gerados pela presença (ou ausência) de luz natural. Como resultado desses estudos neurocientíficos, chegaram em diversas conclusões entenderam que é melhor ensinar os estudantes em salas de aula amplas, com grandes janelas e luz natural, pois, além de aumentarem os códigos básicos da aprendizagem e memória, e o processo cognitivo e emocional para a aprendizagem, também diminuem os potenciadores de agressão, insatisfação e depressão. Os resultados dos estudos são apenas exemplos de como o campo arquitetônico está fortemente ligado à outras áreas de atuação e pode colaborar cada vez mais com o desenvolvimento da população. Estas pesquisas se desenvolveram durante o tempo e diversos artigos foram publicados sobre o tema da neurociência, como em sites importantes de arquitetura e estudos brasileiros, como o ArchDaily e Neuroau.

Com essas informações, é visto que o design biofílico possui um enorme impacto na vida e estabilidade emocional das pessoas, por poder atingir áreas do cérebro que estão relacionadas ao relaxamento e a calma. Uma das principais cores desse tipo de decoração é o verde, e o material a madeira. Os dois transmitem e criam uma conexão com o mundo externo e natural, podendo colaborar também com as relações interpessoais e de convivência local.

3 UNIVERSIDADE DE TECNOLOGIA E ENGENHARIA (UTEC)

As arquitetas irlandesas Yvonne Farrell e Shelley McNamara, da Grafton Architects e ganhadoras do prêmio Pritzker 2020, procuram em seus projetos implantar ideais sustentáveis e de integração entre ambientes. Em suas produções, que destacam a função sobre a forma, há por trás um propósito, um olhar mais amplo sobre o que deve ser entregue. Elas têm a intenção e preocupação de causar um impacto social e de “criar” uma comunidade interna.

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Mais do que criar um elemento cômico e usar formas e elementos arrojados, a dupla cria espaços claramente benéficos, de bem-estar e bom aproveitamento para os que o vão usar.

Um de seus principais edifícios é o Campus da Universidade de Tecnologia e Engenharia (UTEC), em Lima, Peru. A sede foi construída em 2015 e contou com a parceria da Shell Arquitetos. Ela possui 35 000 m² de área e se localiza em um terreno no distrito de Barranco, ou seja, um dos quarenta e três distritos que formam a Província de Lima. Segundo as arquitetas, esse foi um projeto desafiador. Antes da execução do produto final, houve uma longa trajetória de planejamento para que no local, além da estética, estivesse presente o pensamento de “forma e função”, conceito originalmente presente na expressão artística do modernismo, Bauhaus.

A obra é um campus que integra uma escola de pós-graduação e um centro cultural, que se desenvolve por placas estruturais de concreto armado.

Em seu interior, estão presentes laboratórios de pesquisa, auditório, sala de cinema, teatro aberto ao público, jardins, salas de aula, entre diversos outros espaços. A associação apresenta ambientes contendo áreas verdes, centro de informação ao estudante e escadas centralizadas com o objetivo de ajudar o meio ambiente, além de usá-lo a seu favor, e criar um fluxo no interior atrativo para os usuários do local, proporcionando diversos espaços para a utilização dos estudantes.

A universidade possui um formato vertical dividido em níveis. Essa separação dos ambientes em zonas permite a criação de uma comunidade local e interior. Além disso, a proporcionalidade e escala de cada espaço foi pensada e executada de modo que fossem mais bem aproveitados. Portanto, a divisão espacial seguiu o seguinte pensamento: os espaços maiores ficam mais próximos ao solo, enquanto as salas de trabalho, aula, relações pessoais e oficinas de administração por exemplo, ficam mais acima, valorizando o coletivo e tendo também um aproveitamento da vista, que dá para o mar. Alguns dos ambientes projetados na área superior do local, ou seja, próximos à cobertura, possuem um terraço com uma vista panorâmica sob a cidade, tendo a possibilidade de observar a paisagem natural. Esse é um ponto muito importante e impactante do projeto na questão de integração social e utilização espacial,

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já que possui áreas de grandes dimensões livres, dos quais os usuários podem usufruir com frequência, criar ambientes agradáveis de reunião e de repouso individual, além do local também permitir que a luz natural penetre no interior da edificação durante o épocas do ano em que a temperatura é baixa.

Figura 4 - CORTE transversal

. Fonte: <https://api.hub.dac.dk/sites/default/files/2020-01/2MP_Grafton- UTEC%20-%208.jpeg> Acesso em: 22 set. 2020.

A proposta dessa nova sede da UTEC é criar essa interação com o restante da cidade de Lima, que possui mar e vales verdes, além de inclinações e curvas. Ao lado norte da faculdade, por exemplo, existem vias de alto tráfego, onde ela fica visível e acaba chamando atenção dos passageiros. Além de sua vantagem na localização, sua estrutura prende olhares por sua geometria e desenvolvimento dos espaços em tamanhos e volumes diferentes, visíveis inicialmente em sua fachada. Essa organização cria também uma metáfora de um “penhasco feito pelo homem”, representando a falésia da cidade.

Já ao sul do campus está presente outra interpretação metafórica pela diferente organização dos ambientes. Nessa parte, os elementos parecem mais espalhados, representando a rápida movimentação da cidade. Nessa mesma

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área, foram criados jardins escalonados, que trazem o ar natural ao lugar e ao mesmo tempo o transmite aos usuários locais. Vale ressaltar que tal interconexão com o meio natural é apresentado no conceito de design biofílico.

Figura 5 - VISTA externa lado norte

Fonte: <https://i2.wp.com/iwan.com/wp-content/uploads-iwan/2016/06/3363-UTEC- Lima-Grafton-2556.jpg?fit=1600%2C1067&quality=100&ssl=1> Acesso em: 22 set.

2020.

Pode-se notar, por exemplo, a presença da neuroarquitetura no projeto da UTEC, visualizando os diferentes elementos de integração e inclusão no meio natural e sustentável no projeto. Esse ar sustentável não está presente apenas na parte decorativa, mas também em recursos mais técnicos. Em alguns locais, como os laboratórios e salas de aula, foi implantada a ventilação cruzada, que permite que a massa estrutural da construção resfrie e/ou retarde a transferência de calor durante dias com temperaturas elevadas. Além disso com a infraestrutura foi possível a criação de paredes antirruídos em locais perto da avenida, como no hall principal.

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Outro elemento importante do projeto é a iluminação natural. Além de tornar o ambiente mais agradável, ela permite que as pessoas sejam mais produtivas e possuam melhores progressões. Por isso, foi um ponto extremamente valorizado na projeção da universidade. Primeiramente, os ambientes de ensino e convivência que possuem uma vista para o lado externo apresentam grandes janelas envidraçadas, que permitem a entrada de luz.

Ademais, a secção escalonada dos ambientes cria sombra nos locais públicos da faculdade na época de verão e possibilita a entrada de luz no inverno. Em dias nublados, foram estudados e implementados tipos de iluminação para que o nível de luz ficasse correto.

Do mesmo modo que foram criadas premissas sustentáveis para o desenvolvimento do produto final, existem também as questões sociais. Todo o campus foi pensado de forma que os espaços estivessem interconectados e trabalhassem juntos. A estratégia de circulação interna ressalta a importância de integração e conexão entre professores e alunos por exemplo. Na UTEC, essas interações são frequentes e propositais, influenciadas também pela implementação de espaços públicos como a cafeteria, o hall principal e a biblioteca.

Figura 6 - VISTA interna

Fonte: <https://cdnassets.hw.net/1a/fc/3ac1fb3a40f4a598bb764f9606cb/grafton- architects-utec-lima-01.jpg> Acesso em: 22 set. 2020.

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4 CONCLUSÃO

A presente pesquisa aponta a valorização da sustentabilidade no cenário ambiental atual como indispensável e necessária de ser discutida, vistos os impactos favoráveis que pode trazer ao ambiente e à convivência social.

O artigo discutiu sobre a utilização da arquitetura sustentável em um dos projetos das arquitetas irlandesas vencedoras do Prêmio Priztker 2020, Yvonne Farrell e Shelley McNamara. Em adição, relatou a importância da sustentabilidade e descreveu os benefícios e maneiras de agregá-la em novos conceitos arquitetônicos. Tais informações foram apresentadas e notadas na construção projetada pela dupla, o campus da Universidade UTEC, em Lima, na qual foi procurado criar um ambiente de conexão entre diferentes pessoas, e ao mesmo tempo induzir, a partir do design do local, a relação com o meio externo e natural.

Primeiramente, foram levantadas hipóteses a respeito do processo de introdução do modelo sustentável na arquitetura e em como a dupla de arquitetas citada envolve valores sociais e ambientais em seus conceitos. Com o desenvolvimento do artigo, tais questionamentos puderam ser compreendidos e respondidos, baseando-se em estudos e análises das mudanças causadas pelo uso de preceitos sustentáveis no campo da arquitetura. Como ponto de partida, foram utilizados conceitos de definição da arquitetura e sua atuação na vida do ser humano. Posteriormente, estudos sobre a influência do design e suas diferentes formas de desenvolvimento foram abordados, para que assim pudesse ser definido o objetivo do presente projeto, a conscientização e expansão de conhecimentos dos leitores a respeito da diversidade de influxos que a expressão de arte discutida pode ter.

Em um segundo momento dessa pesquisa, foram descritos alguns passos essenciais para criar e investir em um projeto ou um produto sustentável, partindo desde sua origem até o fim. Para desenvolvimento dessa observação e análise, foi utilizada como principal base a UTEC. Foi necessário compreender os fundamentos e pensamentos das arquitetas irlandesas, que conseguiram

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valorizar a importância do espaço, entrada de luz natural no local e a presença de vegetação na projeção de um projeto. Vale ressaltar que ao optarem pela implementação da arquitetura sustentável, focaram na redução de impactos causados sob questões ambientais, resultantes da exploração de matéria prima para mercado, e como complemento, condecoram também a interação socioambiental, procurando integrar os locais projetados com a natureza presente na região.

Para constatar essas atuações, a pesquisa utilizou de recursos conceituais, tais como estudos da neurociência sobre arquitetura e a definição de design biofílico. Esse tipo de design é uma nova e inovadora maneira de criar espaços com presença de elementos naturais que podem melhorar nossa saúde e bem-estar. Atualmente, especialmente nas grandes cidades, a presença da natureza é cada vez menor, o que muitas vezes nos afeta. O ambiente de trabalho é, por exemplo, um dos maiores motivos causadores de estresse e depressão, e é muitas vezes o local que menos se tem contato com o chamado de natural. Pelo fato do ser humano ser “codificado” para criar uma relação com os recursos naturais, foi criado este processo de pensamento arquitetônico, que ao ser incluído em um projeto, traz um ar de leveza ao ambiente e ainda ajuda na redução do estresse, pressão arterial e frequência cardíaca. Portanto, é notável que a simples incrementação de um elemento como luz natural, espaços de descanso, acesso e vistas da natureza, que pode ser feito por meio da decoração ou algum pátio arborizado, por exemplo, podem ajudar o ser humano de diversas maneiras. Como ilustração e comprovação disso, temos as obras de Yvonne Farrell e Shelley McNamara. Os fatores supracitados também podem ser relacionados com a neuroarquitetura, que estuda como os elementos dos ambientes, como iluminação, decoração e disposição de espaços pode impactar na produtividade do cidadão, por exemplo.

Como resultado, esta pesquisa gerou um documento intitulado ‘Arquitetura e seus impactos’, com propósito de ampliar a visão de muitos indivíduos a respeito do conceito de arquitetura e informar sobre a necessidade de debates e investimentos na questão ambiental. Sendo assim, espera-se que os resultados

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do presente projeto promovam a valorização da sustentabilidade na área da arquitetura.

5 AGRADECIMENTOS

Agradecemos a professora Fernanda Franco pela orientação e ajuda durante nossa trajetória de escrita, nos guiando em nosso aprendizado e sempre nos dando coragem para aprimorar nossos conhecimentos. Agradecemos também aos nossos pais pelo apoio e incentivo enquanto nos dedicávamos ao nosso trabalho, e por todas as dicas que nos deram, permitindo que avançássemos cada vez mais em nosso projeto.

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