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Sistemas tampão em
preparações orais líquidas
série : preparações orais líquidas
Um sistema tampão é utilizado quando há necessidade de manter o pH de uma formulação em valores inalteráveis durante o período de armazenamento. Esses sistemas são definidos como soluções aquosas geralmente constituídas por um ácido fraco e um sal desse ácido, ou então por uma base fraca e um sal dessa base. A Anvisa define tampão como a preparação à base de sais que são capazes de suportar variações na atividade de íons hidrogênio.
A escolha deve estar baseada na faixa de pH da formulação que se deseja tamponar, na compatibilidade, na via de administração e na forma farmacêutica. Lembre-se que alguns sistemas tampões são exclusivamente de uso externo, a exemplo daqueles que contêm ácido bórico ou borato de sódio.
Sistemas tampão em preparações orais líquidas
Relação de alguns tampões em função do pH
1,0-3,0 HCl (ácido clorídrico) Externo, interno 2,5 – 6,5 Citrato Externo e interno 3,6-5,6 Acetato Externo e interno 6,0-8,0 Fostato Externo e interno 6,0-8,0 Fosfato modificado de Sorensen Externo e interno 8,0-9,0 Bicarbonato de sódio Externo e interno 9,0-11,0 Bicarbonato de sódio e Carbonato
de sódio. Externo e interno 11,0-13,0 NaOH (hidróxido de sódio) Externo e interno Faixa de pH Tampão Uso
Um exemplo clássico de fármaco que requer o emprego de um sistema tampão é a furosemida. Em uma preparação oral líquida, a furosemida tem um pH final de estabilidade em torno de 8,0, o que garante também a solubilidade em meio aquoso, evitando possíveis precipitações e desvios na uniformidade de conteúdo.
Para fazer 70ml de tampão fosfato 8, misturar:
Solução A (fosfato de potássio monobásico anidro1/15M)...2,59ml No preparo de uma solução oral de furosemida 2mg/ml, teríamos:
Furosemida...0,2g Tampão fosfato pH 8...70ml Xarope simples qsp...100ml Modo de preparo: adicionar a furosemida em cálice. Adicionar a solução tampão fosfato pH 8,0 e agitar até completa dissolução da furosemida. Adicionar o xarope simples para ajustar o volume final e homogeneizar.
Estabilidade aproximada 30 dias, em embalagem bem vedada, protegida da luz em temperatura ambiente controlada (20ºC a 25º).
Nesse caso o ideal é fazer uma preparação oral contendo um sistema tampão fosfato 8,0.
Preparo do tampão fosfato pH 8
Solução A (fosfato de potássio monobásico anidro1/15M)
Fosfato de potássico monobásico anidro...0,908g Água purificada qsp...100ml Solução B (fosfato de sódio dibásico mono-hidratado 1/15M)
Fosfato de sódio dibásico mono-hidratado ...1,188g Água purificada qsp...100ml
Solução B (fosfato de sódio dibásico mono-hidratado 1/15M)...67,41ml Misturar 3,7ml da solução A com 96,3ml da Solução B. Verificar se o pH está próximo ou igual a 8,0 e ajustar se necessário.
Uma alternativa de preparo direto do sistema tampão seria o uso dos fosfatos na forma de pó em vez de uso da solução. Essa possibilidade facilita a incorporação do sistema no veículo desejado, além de preservar sua fluidez característica.
Seguindo o exemplo acima, da preparação oral líquida de furosemida (70ml de solução fosfato 8), em vez de fazer uso de 2,59ml da solução A (fosfato de potássio monobásico anidro 1/15M) e de 67,41ml da solução B (fosfato de sódio dibásico monohidratado 1/15M), poderíamos adicionar diretamente à composição 0,023g de fosfato de potássio monobásico anidro e 0,800g de fosfato de sódio dibásico monohidratado.
Incorpore esses fosfatos em 70ml de água purificada e verifique o pH, que terá que estar em 8,0.
Dica farmacotécnica
Em cada 100ml de solução A (fosfato de potássio monobásico anidro1/15M), tenho 0,908g de fosfato de potássico monobásico anidro, logo em 2,59ml dessa mesma solução teria o valor a ser descoberto.
100ml---0,908g 2,59ml---x
X= 0,0235g de fosfato de potássio monobásico anidro.
Em cada 100ml de solução B (fosfato de sódio dibásico mono-hidratado 1/15M), tenho 1,188g de fosfato de sódio dibásico mono-hidratado, logo em 67,41ml dessa mesma solução teria o valor a ser descoberto.
100ml---1,188g 67,41ml---x
X= 0,8008g de fosfato de sódio dibásico mono-hidratado.
O cálculo é simples, basta uma regra de 3
Solução acidificante de ácido cítrico de 25% a 50%
Ácido cítrico...25g a 50g Água purificada qsp...100ml Modo de preparo: misturar os componentes e agitar até completa dissolução, transferir para recipiente adequado e completar o volume.
Armazenar em recipiente adequado, de vidro âmbar, ao abrigo da luz e à temperatura ambiente. Garantir a rastreabilidade do processo por meio de ordem de produção e rotulagem. Preparar quantidade para consumo dentro do laboratório para período curtos, a fim de garantir a qualidade da solução auxiliar.
Solução alcalinizante de hidróxido de sódio a 10%
Hidróxido de sódio...10g Água purificada qsp...100ml Modo de preparo: em recipiente adequado, dissolver o hidróxido de sódio de água em água, lentamente, completar o volume em balão volumétrico após resfriar a solução à temperatura ambiente e homogeneizar.
Armazenar em recipiente adequado, de vidro âmbar, ao abrigo da luz e à temperatura ambiente. Garantir a rastreabilidade do processo por meio de ordem de produção e rotulagem. Preparar quantidade para consumo dentro do laboratório para período curtos, a fim de garantir a qualidade da solução auxiliar.
Exemplos de soluções auxiliares para correção de pH
Exemplos de soluções tampão
Preparar as soluções tampões de forma individualizada, de acordo com a prescrição.
Solução-estoque ácida, fosfato de sódio monobásico M/15:
Fosfato de sódio monobásico anidro*...0,8006g Água purificada qsp...100ml
*Pode ser substituído pelo fosfato de sódio monobásico mono- hidratado 0,9208g.
Solução-estoque alcalina, fosfato de sódio dibásico M/15:
Fosfato de sódio dibásico anidro...0,9473g Água purificada qsp...100ml
pH Solução de fosfato de
sódio dibásico M/15 (ml) Solução de fosfato de
sódio monobásico M/15 (ml)
pH Solução de citrato de
sódio di-hidratatado M/3 (ml) Solução de ácido
cítrico anidro M/3 (ml)
Solução-estoque ácida, ácido cítrico anidro M/3:
Ácido cítrico anidro*...6,4g Água purificada qsp...100ml
*Pode ser substituído pelo ácido cítrico mono-hidratado 7g.
Solução-estoque alcalina, citrato de sódio di-hidratado M/3:
Citrato de sódio di-hidratado...9,8g Água purificada qsp...100ml
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Resolução nº 67, de 8 de outubro de 2007.
. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Formulário Nacional da Farmacopeia Brasileira, 2ª edição Ver.02. Brasília:
ANVISA, 2012. Disponível em:
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Farmacopeia Brasileira, 6ª edição, Volume I. Brasília: ANVISA, 2019.
Disponível em:
Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais. Revista Anfarmag – 2018 - JAN/FEV/MAR/ABR – Nº112. . Thompson, Judith E. e Davidow, Lawrence W. A Prática Farmacêutica na Manipulação de Medicamentos, 3ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2013.
Ferreira, Anderson de Oliveira e Souza, Gilberto Fernandes. Preparações Orais Líquidas, 3º edição. São Paulo: Pharmabooks, 2011. .
Ferreira, A.O.; Polonini, H.C; Lima, L.C e Brandão, M.A.F. Formulações Líquidas de Uso Oral. Editar: Juiz de Fora, 2019. .
. Referências
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http://portal.anvisa.gov.br/documents/33832/259143/Volum e+I+Pronto.pdf/4ff0dfe8-8a1d-46b9-84f7-7fa9673e1ee1
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