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COLÉGIO SÃO LUÍS ENSINO MÉDIO CURSO DE METODOLOGIA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA SOFIA TORRE VILLALBA FERREIRA

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ENSINO MÉDIO

CURSO DE METODOLOGIA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

SOFIA TORRE VILLALBA FERREIRA

OS IMPACTOS GEOPOLÍTICOS DA OCUPAÇÃO ESTADUNIDENSE NO AFEGANISTÃO

São Paulo

2021

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OS IMPACTOS GEOPOLÍTICOS DA OCUPAÇÃO ESTADUNIDENSE NO AFEGANISTÃO

Artigo apresentado como requisito de aprovação em “Metodologia de Iniciação Científica”, na 2ª série do EM do Colégio São Luís.

Orientador: Prof. Dr. Thiago Souza Vale

São Paulo

2021

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Aos meus pais, Érica e Adelmo, pois não poderia concluir esse trabalho sem seu apoio.

À minha avó, Ivete, por acreditar em minha capacidade.

Às queridas amigas, Beatriz e Emanuelle, por todos esses anos de camaradaria.

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Agradeço o professor e orientador Thiago, por me apoiar e ajudar durante o processo de execução desse trabalho.

Aos meus pais, pelas dicas e sugestões dadas, além das várias conversas que tivemos para que esse trabalho fosse possível.

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A presente pesquisa se refere aos impactos geopolíticos da ocupação estadunidense no Afeganistão entre 2001 e 2021. Recentemente a retomada do Talibã ao governo Afegão foi um evento que, embora tenha surpreendido devido à velocidade no qual ocorreu, estava fadado a acontecer. Dessa forma o objetivo do presente trabalho foi compreender o estado de vulnerabilidade no qual a retirada de tropas dos Estados Unidos deixou o Afeganistão, já que o governo afegão era dependente de tal força para manter o controle do país, mas também a um histórico de resistências a intervenções estrangeiras nesse Estado, além de avaliar os motivos que levaram os Estados Unidos, no século XXI, e União Soviética, no século XX, a se interessarem por esse território. A metodologia implementada refere-se à pesquisa qualitativa do tipo exploratória para organizar e sistematizar referências gerais e revisão sistemática de literatura para compreender o estado da arte da temática analisada, sendo os que os dados foram coletados em 2021 no repositório de artigo científico Google Acadêmico com artigos escritos em inglês e em português sendo estes revisados por pares acadêmicos. Os resultados apresentam as consequências da ocupação estadunidense no Afeganistão, como elevado fluxo de refugiados, a perda de soberania do Estado Afegão e o desrespeito aos direitos humanos.

Palavras-chave: Afeganistão; Estados Unidos; Talibã; ocupação.

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The present study refers to the geopolitical impacts of American occupation of Afghanistan. Taliban’s recent resumption of Afghan government was na event that, although surprising due to the speed in which it happened, was fated to occur.

Therefore, this study’s objective was to comprehend not only the state of vulnerability that the removal of the United States troops left Afghanistan in, as its governors were dependant on them to keep the country under control, but also the history of resistence to external interferences in Afghanistan; besides evaluating the reasons that drove the United States, in the 21st century, and the Soviet Union, in the 20th, to be interested in this territory. The implemented methodology refers to qualitative research of the explorative type to organize and systematize general references and systematic revision of literature to comprehend the state of the art of the analized theme, whereby the data was collected in 2021 from the repositor of scientific articles Scholar Google with articles written in Portuguese and English being reviewed by academic peers. The results show the consequences of American occupation in Afghanistan, such as a high refugee influx, the Afghan’s State loss of sovereignty and the disrespect of human rights.

Key-words: Afghanistan; United States; Taliban; occupation.

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1. INTRODUÇÃO ... 9

1.1 METODOLOGIA ... 11

2. A CONDIÇÃO AFEGÃ ... 15

2.1 A GEOGRAFIA AFEGÃ ... 15

2.2 O AFEGANISTÃO A PARTIR DO SÉCULO XX ... 19

3. A RELAÇÃO ENTRE OS EUA E AFEGANISTÃO ... 23

3.1 A OCUPAÇÃO ESTADUNIDENSE ... 23

3.2 DIREITOS HUMANOS ... 25

3.3 CONDIÇÃO DE VIDA ... 26

3.4 INTERESSE GEOPOLÍTICO ... 27

4. CONSEQUÊNCIAS DA OCUPAÇÃO ... 30

4.1 DETEORIZAÇÃO DEMOCRÁTICA, SOCIAL E ECONÔMICA AFEGÃ ... 30

4.2 FLUXO DE REFUGIADOS ... 34

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 37

REFERÊNCIAS ... 40

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1. INTRODUÇÃO

A autora do presente trabalho, Sofia Ferreira, é aluna secundarista do Colégio São Luís e se interessou por geopolítica, em especial pela temática Oriente Médio, durante as aulas de Geografia do oitavo ano. Portanto, entre os motivos que levaram à realização dessa pesquisa, estão associados a ação do governo de Joe Biden de retirar as tropas estadunidenses do solo afegão, me fez buscar compreender a razão por trás dessa decisão e o que motivou a presença estadunidense por mais de 20 anos em território Afegão.

Esse trabalho está demarcado nas ciências humanas, tratando-se de uma pesquisa na área de geopolítica envolvendo o território e o Estado Afegão. Assim, este trabalho versará tópicos que variam desde a história de ocupações ao longo dos séculos no território Afegão, passando pela retirada recente das tropas estadunidenses até o regime político atual do Talibã. Também será apresentado os aspectos espaciais e naturais que tornam o território afegão atraente para Estados próximos, como China, Rússia, Paquistão, Índia e Irã, e para Estados que se encontram distantes, tais como Canadá, Estados Unidos e Reino Unido.

Geopolítica, conforme Costa (1992), configura o estudo das relações que envolvem agentes internacionais através das estratégias que visam consolidar um poder hegemônico sobre os demais atores do sistema internacional. De acordo com Costa, o termo foi estabelecido de vez por Rudolf Kjéllen, que o utilizava, ainda segundo Costa, para “expressar as suas concepções sobre as relações entre o Estado e o território” (COSTA, 1992, p. 55).

Impossível falar de geopolítica sem abordar os conceitos de Estado e território. Para Costa (1992), Estado é uma instituição que configura um país soberano, organizado politicamente, reconhecido pela comunidade internacional e delimitado por um território, o qual é o limite físico do alcance de tal Estado.

Ressalta-se, no entanto, que territórios não restringem a influência daquele que delimitam, como possível ver na relação entre Afeganistão e Estados Unidos;

embora o território estadunidense seja em um continente diferente, a influência dele no Estado afegão foi inquestionável por 20 anos. Tal influência, portanto, configura um terceiro conceito importante: poder.

O objeto da presente pesquisa é compreender as consequências geopolíticas da ocupação estadunidense em território Afegão. Dessa forma, o problema estudado

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pela presente pesquisa, visa identificar os resultados diretos e indiretos da presença imperialista estadunidense no Afeganistão como a estagnação economia, o aumento do fluxo de refugiados e a deteorização dos direitos humanos.

O objetivo desse artigo é identificar os interesses internacionais no Afeganistão, em especial dos Estados Unidos, pelos quais os levaram a ocupar esse Estado por 20 anos, e também compreender os impactos referentes a ocupação estadunidense em território Afegão.

Para atingir esse objetivo geral, será realizado os seguintes objetivos específicos:

documentar e organizar os registros das leituras, para posterior análise das informações;

realizar uma revisão sistemática de literatura em repositórios acadêmicos objetivando compreender o estado da arte sobre o tema;

Por fim, a organização da presente pesquisa está apresentada da seguinte forma: a introdução que traz a trajetória pessoal do pesquisador e as justificativas da escolha do tema, bem como aspectos da estrutura, como o objeto de investigação, os objetivos e o problema desencadeador da pesquisa. No capítulo 1, são descritos os procedimentos metodológicos que estruturam o escopo da presente pesquisa.

No capítulo 2, são explicitadas as características geográficas e históricas do Afeganistão que incitam o interesse das potências mundiais e os eventos mais importantes que ocorreram nesse Estado durante o século XX. No capítulo 3, são apresentados os motivos da ocupação estadunidense no Afeganistão.

Nessa perspectiva, no capítulo 4, estão descritas as consequências da ocupação estadunidense para o Estado Afegão. E finalizando, nas Considerações Finais, é apresentada uma reflexão sobre as consequências para o cenário geopolítico Afegão pós ocupação Estadunidense.

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1.1 METODOLOGIA

A metodologia utilizada na presente pesquisa é a de caráter qualitativo Chizzotti (2014), ou seja, fundamenta seus pressupostos teóricos e metodológicos em um mundo derivado das concepções dos sujeitos e de suas interações com o espaço geográfico e com outros sujeitos, logo, a pesquisa de caráter qualitativo necessita encontrar fundamentos para a análise e interpretação dos fatos que revelem os signos construídos socialmente.

No Quadro abaixo segue a descrição do percurso metodológico da presente pesquisa.

Quadro 1 – Etapas do percurso metodológico

Etapa  Parte/Estratégia  Metodologia/Técnica  Observações 

1a Etapa  Agosto

Levantamento  bibliográfico  

Pesquisa exploratória    

Levantamento para definir demarcações  e fundamentações teóricas destinadas a  validar os procedimentos metodológicos  da pesquisa. 

Essa etapa foi importante para detectar c ategorias teóricas extraídas das referênc ias 

2a Etapa Agosto

Identificação e 

mapeamento de artigos, teses e dissertações associadas ao tema

“Impactos geopolíticos referentes a ocupação estadunidense no Afeganistão”

Revisão sistemática de  Literatura

Busca no repositório Google Acadêmico objetivando compreender os impactos geopolíticos referentes a ocupação estadunidense no Afeganistão

4a Etapa Setembro e

Outubro

Análise dos dados Utilização de referenciais para analisar dos dados

Análise quantitativa e qualitativa com  através de nuvens de palavras e registros

5ª  Etapa 

Outubro/

Novembro

Produção do TCC Revisão e entrega Produção do TCC em todas suas etapas, além da revisão e entrega

Fonte: Autoria própria (2021).

A presente pesquisa em sua primeira etapa realizou procedimentos exploratórios objetivando consolidar um levantamento bibliográfico estruturante para

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a presente pesquisa. Na segunda etapa foi realizada uma revisão sistemática que possibilitaram fomentar um teórico e prático para a pesquisa, com a finalidade de trazer rigor científico que viabilizasse o percurso metodológico e que as escolhas pelo referencial teórico fossem transparentes e relevantes para o leitor (RAMOS;

FARIA; FARIA, 2014).

Os objetivos da revisão sistemática de literatura, realizada em agosto de 2021 como parte da segunda etapa do percurso metodológico, caracterizaram-se pela construção do estado da arte das pesquisas associadas ao conflito entre EUA e Afeganistão. Nessa perspectiva, o âmbito dessa sondagem contemplou estudos que objetivamente tivessem relação intrínseca entre a ocupação estadunidense e os impactos no território afegão.

A pesquisa exploratória em busca por referências foi feita de 20 de agosto de 2021 até 20 de outubro de 2021, no repositório de artigo científico Google Acadêmico com artigos escritos em inglês e em português. Os termos-chave utilizados nas buscas foram “Afeganistão”, “ocupações Afeganistão” e “Estados Unidos”.

O recorte temporal da primeira revisão sistemática de literatura, associado às investigações sobre as temáticas analisadas, foi realizado entre os anos de 2011 e 2021. A escolha pelo período analisado deve-se ao fato do aumento de produções científicas associadas as mudanças geopolíticas a partir do 11/9 e a ocupações estadunidense no Afeganistão. A pesquisa baseou-se no critério de revisão de pares em documentos associados a artigos, teses e dissertações. O Quadro 1, apresenta a síntese da pesquisa exploratória, realizada em repositórios acadêmicos sobre temas associados a educação geográfica em contextos digitais.

Quadro 2: Resultados da pesquisa exploratória I em banco de dados nacionais pertinentes à revisão sistemática de literatura

Repositório Pesquisas encontradas Pesquisas Relevantes

Google Acadêmico 1250 05

Fonte: Autoria própria, 2021.

Na revisão sistemática de literatura, foram realizadas 02 buscas, e as mesmas palavras-chave, objetivando estabelecer um rigor metodológico e protocolar da pesquisa (RAMOS; FARIA; FARIA, 2014). Foram localizados, assim, 1250

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trabalhos. É importante ressaltar que a elevada quantidade de trabalhos achados, não estão necessariamente associados a temática da presente pesquisa, ou não estão escritos em idiomas daqueles que foram considerados oficiais pela pesquisadora deste trabalho, ou não possuem revisão por pares acadêmicos. A autora deste trabalho, considerou relevantes apenas os artigos, teses e dissertações que abordassem objetivamente as implicações geopolíticas da ocupação estadunidense em território Afegão.

Conforme a Figura 1, os temas mais recorrentes encontrados na pesquisa se assemelham aos termos-chave utilizados na busca. Os temas estiveram associados a temáticas como a localização espacial do Talibã, a ocupação soviética, investimentos estadunidenses na indústria bélica, a Guerra ao Terror, o onze de setembro, o Al-Qaeda e sua relação com o Talibã, violência contra mulheres no Afeganistão, o primeiro regime Talibã, fluxos migratórios afegãos a partir de 1996, a ocupação estadunidense e a retirada do Talibã do poder.

Segue abaixo a nuvem de palavras ilustrando as palavras-chave mais recorrentes em resumos de artigos acadêmicos sobre a ocupação estadunidense do Afeganistão durante a pesquisa. É relevante mencionar que quanto maior a palavra, mais ela foi repetida.

Figura 1: Nuvem de palavras ilustrando as palavras mais recorrentes encontradas na revisão sistemática de literatura

Fonte: Autoria própria, 2021

Os textos pesquisados na revisão sistemática de literatura abordam majoritariamente, os motivos por trás da Guerra ao Terror e conforme a Figura 1, pode-se ver as palavras mais recorrentes citadas como “Estado”, “militares”,

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“Estados Unidos” e “Afeganistão”. Notáveis também são os termos, “religião”,

“fanatismo religioso”, “terrorismo”, “Guerra ao Terror” e “Guerra Fria”. Pouco se vê, no entanto, termos relacionados a questões humanitárias, com a exceção dos termos “ACNUR”, “refugiados” e “repatriação” são os únicos presentes e configuram entre alguns dos vocábulos de menor escala.

Percebe-se, portanto, que a ocupação estadinidense não teve como objetivo em momento algum a garantia de respeito aos direitos humanos da população afegã, ao contrário do que foi afirmado em 2004 pelo então presidente George W.

Bush. Os motivos por trás dela foram única e exclusivamente a retaliação dos ataques terroristas e o controle das reservas de petróleo e gás natural presentes no Afeganistão – todas as outras ações foram apenas discursos para apaziguar a comunidade internacional ou efeitos colaterais da decisão estadunidense.

Por fim, a organização da presente pesquisa está apresentada da seguinte forma: a introdução que traz a trajetória pessoal do pesquisador e as justificativas da escolha do tema, bem como aspectos da estrutura, como o objeto de investigação, os objetivos e o problema desencadeador da pesquisa.

No capítulo 2, são explicitadas as características geográficas e históricas do Afeganistão que incitam o interesse das potências mundiais e os eventos mais importantes que ocorreram nesse Estado durante o século XX. No capítulo 2, são apresentados os motivos por trás da ocupação estadunidense ao Afeganistão.

Nessa perspectiva, no capítulo 3, estão descritas as consequências da ocupação estadunidense para o Estado Afegão. No capítulo 4, é apresentado possíveis cenários geopolíticos para o Estado e o povo Afegão após a saída das tropas dos EUA. E finalizando, nas Considerações Finais, é apresentada uma reflexão sobre as consequências para o cenário geopolítico Afegão pós ocupação Estadunidense.

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2. A CONDIÇÃO AFEGÃ

Nesta seção do presente trabalho serão apresentados aspectos geográficos e históricos que ajudam a compreender a condição espacial e temporal do Estado Afegão a partir do século XX.

2.1 A GEOGRAFIA AFEGÃ

Localizado na Ásia Central e compartilhando fronteiras com China, Paquistão, Irã, Turcomenistão, Uzbequistão e Tajiquistão, os Emirados Islâmicos do Afeganistão, também chamado de Afeganistão, se encontram nas áreas de influência de China (Noroeste), Índia (Sudeste) e Rússia (Norte). Essas potências foram, durante a Idade Contemporânea, os principais motivos para as invasões ao Afeganistão.

Os principais recursos naturais do país são: carvão mineral, cobre, minério de ferro, lítio, urânio, terra-rara, cromita, ouro, zinco, talco, barita, enxofre, chumbo, mármore, pedras preciosas e semipreciosas, gás natural e petróleo. Em 2010, funcionários do Estados Unidos e Afeganistão estimaram que os depósitos minerais inexplorados localizados, em 2007, pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos valem entre US$ 900 bilhões e US$ 3 trilhões.

Conforme apresentado na Figura 2, o território afegão não possui saída para o mar, e os principais fluxos de saída e entrada de mercadorias são aéreos e terrestres, com os maiores compradores de produtos afegãos (principalmente commodities e matérias-primas) são Índia, Paquistão, Irã, Turquia e Iraque, enquanto os que mais exportam para o Afeganistão são Paquistão, Índia, China, Irã, Cazaquistão, Japão e Uzbequistão (BITTLINGMAYER, 2019, p. 56). A diferença entre exportações e importações, no entanto, é gritante. Entre 2017 e 2019, o volume de exportações foi de aproximadamente 823 milhões de dólares, enquanto o de importações foi de cerca de 4,49 bilhões de dólares (BITTLINGMAYER, 2019, p.

56). Ou seja, para cada produto afegão exportado nesse período, 10 foram importados.

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Com a capital em Cabul e uma área de 647 500 km²; e 32 milhões de habitantes (46 hab/km²), o Afeganistão é um dos países mais pobres e inóspitos do mundo. A instabilidade política e os conflitos internos arruinaram a sua já frágil economia e infraestruturas a tal ponto que um terço da população afegã abandonou o país.

Segundo uma estimativa de 2018, a população cresce 2,67% ao ano. O índice de natalidade é de 46,6 a cada mil habitantes, enquanto o índice de mortalidade é 20,34 a cada mil habitantes. A taxa de mortalidade infantil é de 160,23 mortes a cada mil nascimentos. A expectativa de vida é de 43,34 anos. Em 2001, o país tinha diferentes grupos étnicos. Os pastós, que tradicionalmente dominaram o país, eram 52% da população; os hazaras eram 19%; os tajiques, que habitavam a porção mais ao norte, eram 21%; os uzbeques, que também habitavam no Norte, eram 5%.

Figura 2: Posição Geográfica do território Afegão

Fonte: G1, 2021.

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A posição geográfica afegã está associada ao clima árido e semiárido da região, contando com invernos frios e verões quentes e secos, além das enormes cadeias montanhosas que dividem o país em três zonas – planaltos centrais, platôs do sul e planícies do norte (PALKA, 2001, p. 14).

Conforme a Figura 3, pode-se observar que o território Afegão possui ao nordeste da cordilheira de Indocuche e em torno da Província de Badakhshan, uma área geologicamente ativa em que ocorrem fortes sismos. Também pode-se observar que este território possui planaltos centrais que compõem 70% da área Afegã, e estes apresentam terreno defeituoso e nevado, formando a ponta oeste da Cordilheira do Himalaia e contribuindo para que esse Estado seja um dos mais impenetráveis do mundo (PALKA, 2001, p.14).

Figura 3 – Mapa físico do território Afegão

Fonte: NATGEO, 2021.

Tais fatores permitem que a agricultura prospere apenas em pequenos oásis próximos a rios (KAWASAKI, 2012, p. 346). Segue abaixo a Figura 4, na qual pode- se analisar os índices de precipitação e temperatura média na cidade de Kunduz, centro agricultor ao norte do Afeganistão.

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Figura 4 – Climograma apresentando índices de precipitação e temperatura média anuais em Kunduz

Fonte: KAWASAKI, 2012.

Na Figura 4, é possível ver a precipitação em milímetros apresentada pelas barras azuis e numerada (em milímetros) à esquerda, enquanto a temperatura média é representada pela linha vermelha e numerada à direita (em graus Celsius).

É possível identificar que a precipitação é maior em março, quando há a transição entre inverno e primavera (importante notar que, como o Afeganistão se encontra no hemisfério norte, as estações são invertidas em relação àquelas experienciadas no Brasil ao mesmo tempo), enquanto a temperatura atinge seu pico em julho, durante o verão.

Tal clima não permite que os afegãos pratiquem o cultivo de grãos, atividade da qual a economia afegã depende fortemente – em um âmbito mais amplo, 25% do Produto Interno Bruto nacional depende da agricultura (MURADI; BOZ, 2018) -, pois requer que temperaturas entre 15oC e 20oC e grande quantidade de chuvas.

Como esse Estado não possui saída para o mar, os rios que ele possui são essenciais para abastecimento de água, transporte de mercadorias e cultivo de culturas alimentícias. Os principais presentes nesse território são os rios Amu Darya, Hari e Helmand, cujos trechos que percorrem o Afeganistão medem, respectivamente, 800, 850, 1000 e 460 quilômetros (LIBRARY OF CONGRESS, 2008, p. 5, tradução autoral).

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2.2 O AFEGANISTÃO A PARTIR DO SÉCULO XX

O Afeganistão (já conhecido como Cemitério de Impérios, devido a falhas tentativas de intervenções por impérios estrangeiros), embora não possuísse riquezas equiparáveis a outros impérios, foi cobiçado por várias décadas devido à sua posição geográfica, sobre a qual passava a Rota da Seda, que ligava a China ao mercado europeu.

Tal interesse, no entanto, não deixou de existir com o início do século XX, embora as motivações por trás dele tenham se alterado. Nesse capítulo, serão apresentados os aspectos geográficos, espaciais e naturais que tornam o território afegão tão atraente para as potências mundiais, além de apresentar o cenário geopolítico desse Estado no século XX, em especial a Invasão Soviética e a Guerra Civil.

A principal motivação por trás da invasão soviética, em dezembro de 1979, ainda não é clara. Afinal, foi a primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial em que os soviéticos se envolveram diretamente com um conflito armado fora da zona de influência do Tratado de Varsóvia (COLLINS, 1980, p.53).

Importante mencionar, no entanto, que o esse artigo não procura eleger apenas uma explicação como verdadeira, mas sim como principal. Nenhum dos motivos abordados é contestado, devido às evidências que todos apresentam para validá- los.

A relação entre União Soviética e Afeganistão era cordial, devido à proximidade geográfica dos dois Estados, como visto em dezembro de 1978, com a assinatura do Tratado de Amizade, Boa Vizinhança e Cooperação que aconteceu durante a visita do Presidente afegão Nur Taraki à Moscou.

Portanto, é possível teorizar que a invasão aconteceu principal por conta dessa relação, que foi rompida após o assassinato de Taraki e a ascensão de seu Primeiro-Ministro Hafizullah Amin, seguida da tentativa de encerrar relações com o governo soviético e estreitar aquelas com o governo estadunidense (COLLINS, 1980, p.54).

Tal explicação, no entretanto, é fortemente contestada. Afinal, a ação dos soviéticos divergiu da política de ação da União Soviética com relação a países de Terceiro Mundo, que consistia, principalmente, de palavras de apoio a partidos

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comunistas em todo o mundo, mas sem apoio financeiro ou militar algum (BROWN, 2013, p.57).

Outra teoria que explica a invasão é a de uma eminente ou já ocorrente falta de petróleo para as fábricas soviéticas, além do desejo dos soviéticos de obter controle de um porto de águas quentes e, para isso, precisariam ocupar o Afeganistão para chegar ao Irã ou ao Paquistão (STOCKER, 2008, p.80-84). Para apoiar tal hipótese, segue abaixo um mapa dos campos de extração de petróleo e gás natural conhecidos pela União Soviética em 1970, 9 anos antes da ocupação.

Figura 5: Mapa da região nordeste do Afeganistão, mostrando principais estruturas tectônicas e campos de extração de gás natural e petróleo conhecidos pela União Soviética

em 1970.

Fonte: KINGSTON, 1990

Na Figura 5, é possível ver pontos pretos e brancos, que indicam, respectivamente, campos de extração de petróleo e gás natural, linhas pontilhadas, as quais representam fronteiras estruturais, e linhas pretas com perpendiculares longas representando falhas geográficas causadas por atividades sísmicas.

Portanto, é sabido que o governo soviético tinha conhecimento dos recursos

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naturais presentes no Afeganistão, mais especificamente na região norte, fronteirando a União Soviética, e tinha interesse neles para o desenvolvimento de sua indústria.

A narrativa mais conhecida, no entanto, é a de que após Amin assumir o poder e assumir uma instância antissoviética, Yuri Andropov, chefe da KGB (polícia secreta soviética), aproximou Leonid Brezhnev, o então Presidente da União Soviética, múltiplas vezes, sugerindo uma intervenção militar controlada para repressão de movimentos insurgentes antissoviéticos no Afeganistão (STOCKER, 2008, p.91).

A invasão em si não requiriu muita mobilização além da já existente. Como já havia tropas soviéticas em Cabul devido à anos de auxílio militar soviético, apenas um mês foi necessário para a conquista do território afegão (BROWN, 2013, p.56).

Sob o regime soviético, a atitude mais surpreendente e de maior repercussão foi certamente a criação de propaganda anti-islâmica, em 1980 (BENNIGSEN, 1982, p.65). Tal ação contribuiu para o crescimento de um sentimento antissoviético, especialmente entre as camadas mais religiosas da sociedade afegã.

Em vista das medidas tomadas durante a ocupação Brezhnev, essas mesmas camadas se reuniram em uma jihad1 contra os soldados soviéticos.

Os mujahidins, militantes que dela participaram, eram vistos como heróis nas áreas rurais onde eram recebidos, não só por lutarem contra aqueles que eram considerados os inimigos, mas também por seguirem o código Pakhtunwali de conduta (BADSHAH, 2012, p. 827). Tais valores morais se baseiam em três pilares:

Panah (refúgio), Melmastia (hospitalidade) e Badal (vingança) (BADSHAH, 2012, p.828).

Dentre os diversos grupos jihadistas organizados para expulsar o Exército Vermelho, o mais notável no Afeganistão é o Talibã, grupo predominantemente Pahtun formado no início dos anos 1990. No cenário de Guerra Fria que Estados Unidos e URSS se encontravam, os estadunidenses, ao invés de se envolverem diretamente no conflito, financiaram treinamento e armamento para esse grupo de mujahidins que viria a se tornar o Talibã (RUBIN, 2002, p.6). Ainda de acordo com Rubin,

1 “Luta interna de um indivíduo contra instintos básicos, o esforço para construir uma boa sociedade

muçulmana ou uma guerra pela fé contra os infiéis”.

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Em 1980, a administração [do então presidente] Carter alocou apenas 30 milhões de dólares para a resistência afegã, embora essa quantia tenha aumentado continuamente durante o governo Reagan. Em 1985, o Congresso [dos Estados Unidos da América] reservou 250 milhões de dólares para o Afeganistão, enquanto a Arábia Saudita reportou uma quantia de mesmo valor. Dois anos depois, com a Arábia Saudita ainda apresentava investimentos tão altos quanto os estadunidenses, os quais chegavam a 360 milhões [de dólares]. Isso não inclui contribuições feitas por outros Estados islâmicos, Israel, República Democrática da China e Europa (RUBIN, 2002).

A União Soviética, que já estava em declínio graças aos movimentos de revolta que enfrentava, retirou as tropas que possuía no Afeganistão. Não apenas ela havia que lidar com a própria crise, mas já não era possível lidar com as consequências militares, sociais, econômicas e políticas, as quais foram vitais para a dissolução desse Estado em 1991 (ÇEÇIK, 2015, p. 115).

Após a saída dos ocupadores, o conflito continuou, mas dessa vez contra o presidente que foi colocado no poder pelas forças estrangeiras (KHALILZAD, 1995, p.147) Com o apoio financeiro e estratégico de potências mundiais e regionais, além de ex-soldados soviéticos que participaram da ação no Afeganistão, os militantes do Talibã conseguiram, em 1996, sete anos após a retirada das tropas soviéticas do Afeganistão e seis após a criação do grupo, assumir o controle de Cabul, resultando assim em uma Guerra Civil que durou até 2001, ano em que a ocupação estadunidense começou (LAUB, 2004, p. 5).

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3. A RELAÇÃO ENTRE OS EUA E AFEGANISTÃO

Nesta seção do presente trabalho será apresentado a geoestratégia estadunidense para controle hegemônico do território Afegão, sendo explicitado as motivações deste processo.

3.1 A OCUPAÇÃO ESTADUNIDENSE

“A economia norte-americana depende, de certa forma, desse setor [bélico] para prosperar e manter empregos. Essa interdependência corrobora para que as decisões, no que tange à agenda de política externa americana, estejam diretamente atreladas aos interesses do complexo militar-industrial2.” (MARTINEZ;

SERVIDONI, 2019, p. 132).

A Guerra Fria, conflito indireto entre Estados Unidos e União Soviética, gerou grandes investimentos à indústria bélica estadunidense: segundo Edelstein, subiu de 1% do Produto Interno Bruto destinado a serviços, equipamentos e serviços do exército antes de 1946 para 7,2% (EDELSTEIN, 1990, p. 421, tradução livre).

Logo, quando, em 25 de dezembro de 1991, Mikhail Gorbachev (então presidente soviético) anunciou o fim da URSS, o “grande inimigo americano” deixou de ser uma ameaça. Gastos tão elevados em treinamento e armas de soldados deixaram de ser necessários, e a indústria bélica estagnou.

A criação de um novo adversário para a maior potência mundial era necessária para a movimentação da economia americana. O Talibã, aliado do grupo terrorista Al-Qaeda, ao se recusar a entregar Osama Bin-Laden, se tornou o alvo perfeito para as bombas estadunidenses e a desculpa perfeita para a retomada da indústria bélica fordista. A ameaça do comunismo foi rapidamente substituída por aquela do fundamentalismo islâmico. Ano após ano durante os 20 anos da ocupação americana no Afeganistão, os investimentos militares bateram recordes mundiais, e os Estados Unidos são agora o Estado que mais investe em defesa no mundo.

Destarte, um dos principais objetivos com a Guerra ao Terror (nome dado à perseguição de organizações consideradas terroristas pelos Estados Unidos no Oriente Médio) era a injeção de dinheiro na economia bélica, de modo a retomar o ritmo anterior ao fim da União Soviética.

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A seguir, está representado na Figura 5 a alteração na trajetória dos Gastos Militares dos Estados Unidos no início do século XXI.

Figura 6 - Gráfico ilustrando a alteração na trajetória dos Gastos Militares dos EUA no início do século XXI (milhões de dólares)

Fonte: MARTINEZ; SERVIDONI, 2019.

Com base na figura 6, nota-se um leve declínio dos gastos entre 1993 e 1998. O aumento retomado naquele ano (devido aos ataques às embaixadas dos Estados Unidos no Quênia e na Tanzânia reivindicados pelo grupo terrorista sunita Al-Qaeda) disparou após o atentado de onze de setembro de 2001, mais do que duplicando em comparação com o começo da década de 1990.

Porém, ao contrário do que se acredita, a atenção dada ao Afeganistão dada pelos estadunidenses não se iniciou em 2001. Conforme escrito por Alexander Vianna, mestre e doutor em História Social:

“Em 7 de agosto de 1998, houve o ataque terrorista às embaixadas norte- americanas no Quênia e na Tanzânia. O regime Talibã negou os sucessivos pedidos em extradição, feitos pelo governo dos EUA, do milionário saudita Osama Bin Laden, acusado de ter planejado os atentados. Em 20 de agosto de 1998, o governo Bill Clinton respondeu a tais ataques com bombardeios simultâneos em solo afegão e em Cartum (Sudão), cujos governos foram acusados de abrigar células terroristas de Al-Qaeda e produzir armas de destruição em massa. No Sudão, uma comissão internacional independente confirmou que a alegada fábrica de ‘armas químicas’ era, na verdade, uma fábrica de remédios, Al Shifa, responsável por 90% da produção e

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distribuição de remédios no Sudão. No Afeganistão, por sua vez, os 80 mísseis Tomahawks mataram 224 pessoas e não atingiram o alvo principal, Osama Bin Laden.” (VIANNA, 2011, p. 2).

Portanto, já era sabido que o Al-Qaeda conseguia planejar atentados em um continente e cometê-lo em outro. Ainda de acordo com o autor, a liderança do grupo era conhecida por um atentado falho ao World Trade Center (também conhecido como “As Torres Gêmeas”) em 1993 e sua localização era conhecida por Bin Laden ter buscado asilo político no Afeganistão em 1996 (VIANNA, 2011, p. 5).

O governo Bush se aproveitou da atenção mundial que se encontrava nos Estados Unidos para contra-atacar. Após o presidente discursar em rede nacional, afirmando que não teria misericórdia com aqueles que cometeram tamanha atrocidade, as tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) se encontravam no Afeganistão, combatendo o Talibã ainda em 2001, e um fluxo de dinheiro considerável sendo destinado à Aliança do Norte, grupo que se opunha ao regime do Talibã.

“No dia 11 de setembro, inimigos da liberdade cometeram um ato de guerra contra nosso país. Os americanos conheceram guerras – pelos últimos 136 anos, participamos de guerras em solo estrangeiro, exceto por um domingo em 1941 [referenciando o ataque à base Pearl Harbor pelos japoneses].

Americanos conheceram os danos colaterais da guerra – mas não no centro de uma grande cidade numa manhã pacífica. Americanos conhecem ataques surpresa – mas nunca em frente a milhares de civis. Tudo isso aconteceu conosco em um único dia – e anoiteceu em um mundo completamente, um mundo onde liberdade em si está sendo atacado. Os americanos têm muitas perguntas hoje. Eles estão perguntando: Quem atacou nosso país? A evidência que coletamos indica para uma organização terrorista conhecida como al Qaeda. Eles seriam os mesmos assassinos indiciados por bombear as embaixadas americanas na Tanzânia e no Quênia, e responsáveis for bombear o USS Cole.

[...] A liderança do al Qaeda tem grande influência no Afeganistão e apoia o regime do Talibã no controle de quase todo aquele país. No Afeganistão, nós temos a visão do al Qaeda para o mundo.” (BUSH, 2001, tradução autoral).

3.2 DIREITOS HUMANOS

O interesse por trás da ocupação não se restringiu apenas ao incentivo à indústria bélica que ela traria. Havia também a pressão internacional para uma intervenção no Afeganistão devido às violações aos direitos humanos cometidas pelo Talibã. Tal opressão, no entanto, não pode ser atribuída restritamente ao

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governo entre 1996 e 2001. Parte da responsabilidade também pode ser atribuída à Aliança do Norte, já que ambos os grupos são extremistas islâmicos.

É importante mencionar que a situação das mulheres não melhorou desde 2001, já que, de acordo com Bowcott, o Afeganistão foi considerado o pior lugar do mundo para se nascer mulher em 2011, por conta de práticas culturais e religiosas, ataques aéreos da OTAN e conflito contínuo (BOWCOTT, 2011). A prática mais criticada pelo ocidente era (e ainda é) o uso do hijab. De acordo com Alvi, uma das lideranças da Aliança do Norte atribuiu os casos de AIDS e câncer no Afeganistão ao não uso da peça e suas contrapartes (burca e niqab, por exemplo) por parte das mulheres (ALVI, 2001, p. 4-5).

Por conta disso, o uso da burca e do hijab é visto como símbolo de opressão e machismo em Estados europeus e americanos, casos de França, Bélgica, Áustria e Suíça, que proibiram o uso de vestimentas que cubram completa ou parcialmente a face da pessoa que as usa, como burcas e niqabs, em locais públicos.

Mulheres muçulmanas como Yaqoob, no entanto, assimilam o uso do hijab ao empoderamento feminino e às interações respeitosas entre homens e mulheres (YAQOOB, 2004, p. 1-2). Tanto que diversos modelos de vestimenta foram criados para se adequarem a diferentes estilos e funções. Dentre os existentes, os mais famosos são o hijabs, niqabs e burcas.

Hijabs são considerados os mais “liberais”. Eles são pedaços de tecidos utilizados para cobrir o rosto e o pescoço das mulheres, deixando rosto e corpo à mostra. Niqabs, véis que cobrem a cabeça das pessoas, deixando apenas os olhos à vista, são costumeiramente usados

3.3 CONDIÇÃO DE VIDA

O Afeganistão já era, em 2001, um Estado Falido. - Ou seja, que não conseguia prover serviços essenciais para seus habitantes. O governo não conseguia prover educação, saúde e segurança para todos. O Talibã no poder era exatamente como o então presidente Bush havia descrito o Al Qaeda: “O al Qaeda é para o terror o que o crime é para a máfia”. (BUSH, 2021).

Os oficiais do regime demandavam pagamentos de civis para fornecimento de energia elétrica e proteção, de maneira similar à vista em grupos mafiosos ao redor do mundo.

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Enquanto no poder, o grupo implementou a Lei Islâmica (também conhecida como Sharia), que dita o modo de viver da pessoa muçulmana de acordo com os ensinamentos de Alá, como lei do Afeganistão. Aqueles que a desrespeitassem eram punidas de acordo com a Torá – casos de ladrões tendo membros de seu corpo amputadas e mulheres suspeitas de adultério sendo apedrejadas até a morte não eram incomuns.

Tendo em vista que as condições de vida naquele Estado não eram ideais, os embates entre Estados Unidos e Talibã travados nos espaços urbanos apenas pioraram a situação. Não só as duas forças colocaram em risco as 4.790.000 que viviam nesses espaços em 2001 (BANCO MUNDIAL, 2020), mas também devastaram cidades com esses ataques.

Um problema causado por essa destruição foi a tentativa de reconstrução da infraestrutura das cidades afegãs.

“A execução de projetos humanitários assim como a reconstrução da infraestrutura do país inclui uma quantidade variável de participantes, desde agências multilaterais (como a ONU, o Banco Mundial e o FMI), passando por agências governamentais (a USAID, por exemplo), chegando até as organizações não-governamentais que, muitas vezes, não se comunicam entre si, ocasionando grandes problemas.” (GOMES, 2008, p.101).

Por haver diversos Estados, especialmente membros da OTAN, financiando a reconstrução do Afeganistão, as estruturas construídas se encaixavam nos modelos arquitetônicos desses respectivos países, nenhum deles adequado ou remotamente parecido com as estruturas que eram vistas nesses locais anteriormente.

Desde o tempo em que os britânicos colonizaram os afegãos, até a ocupação soviética, do regime Talibã e da ocupação estadunidense, aspectos das culturas que dominaram aquele território foram destruídos por aqueles que vinham em seguida e não entendiam os anteriores (ISSA, 2006, p. 27-32). Por conta disso, a própria identidade nacional é fragmentada, dividida entre os diversos grupos éticos que vivem no Afeganistão.

3.4 INTERESSE GEOPOLÍTICO

Ainda outro interesse dos Estados Unidos no Afeganistão é sua posição estratégica. Fazendo fronteira com China, Paquistão, Irã, Uzbequistão, Tajiquistão e

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Turcomenistão, além de ser próximo de Rússia e Índia, a presença de forças estadunidenses nesse país representava mais uma área de influência na região.

Ademais, ela também impedia o acesso desses Estados às fontes de combustível fóssil presentes no território. O U.S Geological Survey estimou, em 2011, a presença de 946 milhões de barris de petróleo bruto, 7 trilhões de pés cúbicos de gás natural e 85 milhões de barris de gás naturais liquidificados na província Afegã-Tajique, que se encontra na fronteira desses dois países (U.S GEOLOGICAL SURVEY, 2012, p.1)

Figura 7 – Mapa ilustrando pontos conhecidos de extração de petróleo e gás natural em 2011

Fonte: U.S Geological Survey, 2012.

Com base na Figura , pode-se perceber na cartografia acima que a linha contínua vermelha representa o limite das províncias, a linha azul contínua representa a área em que a pesquisa foi feita, a linha pontilhada preta representa as fronteiras entre países, a linha verde contínua representa a localização da transversal, os pontos verdes são pontos de extração de petróleo, os pontos vermelhos são pontos de extração de gás natural e os pontos pretos são grades

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cidades. Importante notar a grande quantidade de pontos de extração de petróleo e gás natural próximos da fronteira do Uzbequistão

A China, como Estado que mais consome combustíveis fósseis no mundo e, consequentemente, emite a maior quantidade de dióxido de carbono (28% das emissões de carbono das emissões relacionadas ao consumo de energia), possui interesse nos recursos naturais afegãos (ZHOU et al., 2019, p. 826). Esse interesse pode explicar o motivo pelo atraso na retirada das tropas estadunidenses do Afeganistão, já que, durante o mandato de Donald Trump, as relações Estados Unidos-China degradaram significativamente. Outro Estado que os americanos querem longe dos recursos naturais afegãos é a Rússia, devido ao passado que eles têm com a união soviética e a relação tensa que eles têm com os russos devido à herança soviética.

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4. CONSEQUÊNCIAS DA OCUPAÇÃO

Sob o controle de um Estado estrangeiro, diversas mudanças ocorreram no Afeganistão. Desde o estabelecimento de um modelo ocidental de governo até a constante presença de militares da OTAN. Assim o povo afegão viveu uma realidade extremamente diferente daquela que conhecia antes de 2001. Nesse capítulo, serão abordadas algumas das diferenças encontradas e como elas contribuíram para a retomada do governo Talibã em 2021.

4.1 DETEORIZAÇÃO DEMOCRÁTICA, SOCIAL E ECONÔMICA AFEGÃ

O Afeganistão não foi o primeiro Estado no qual os Estados Unidos tentaram estabelecer um governo democrático que os apoiasse. Assim como visto durante a Guerra do Vietnã, os estadunidenses apoiaram fortemente seus aliados para que chegassem ao topo da hierarquia democrática que os próprios ocupantes impuseram (JOHNSON; MASON, 2009, p.8).

Uma das mais marcantes características da política afegã é que a forma de governo foi, em maior parte, teocrática. Desde a monarquia milenar até os primeiros anos de experiência democrática, a influência do Islamismo é inegável na história do Afeganistão.

Tal aspecto é marcante por toda e qualquer tentativa de estabelecimento de um governo não teocrático ou com interferência externa foi falha. Tanto no começo do século XX, quando o governo britânico interveio na monarquia afegã, quanto no final dele, com os presidentes colocados no poder por meio da influência soviética, tais governos foram considerados ilegítimos (JOHNSON; MASON, 2009, p. 3). Por tanto, é possível concluir que a experiência democrática afegã não estava fadada a durar.

Após a derrubada do Talibã, o governo do Afeganistão precisou de ajuda financeira internacional para reformas em cidades afetadas pelas batalhas travadas entre soldados estadunidenses e militantes do Talibã nas cidades. Como notado por Astri Suhrke, o Estado afegão possuía uma situação econômica precária em 2002 (SUHRKE, 2006, p.26).

“Doações estrangeiras priorizaram, inicialmente, ajuda humanitária e o governo [afegão] teve baixa receita tributária em 2002, sendo menos que 10% do orçamento nacional. Três anos depois, a receita tributária nacional

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dobrou, chegando a 280 milhões de dólares, mas ainda era modesta. A razão entre receita e PIB era de apenas 5%[...]. Os gastos totais também aumentaram, resultando na receita nacional cobrindo apenas 8% do orçamento entre 2004 e 2005. O restante provinha de doações – em outras palavras, a proporção de receita doméstica para fontes estrangeiras se manteve praticamente a mesma de 2002. Era esperado que o padrão se repetisse ao menos pelos próximos 5 anos[...]” (SUHRKE, 2006, p.26, tradução autoral).

A ajuda de outros países foi essencial para a manutenção da economia e da estrutura do Estado afegão. A reconstrução de hospitais, escolas e áreas residenciais não seria possível unicamente com recursos arrecadados pelo governo, especialmente em áreas ainda controladas pelo Talibã.

Com base nas Figuras 8, 9 e 10 pode-se observar as condições de extrema vulnerabilidade socioeconômica do Estado Afegão durante a ocupação estadunidense.

Figura 8: PIB Afeganistão entre 2015 e 2019

Fonte: IBGE, 2021.

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Figura 9: PIB per capta no Afeganistão entre 2015 e 2016

Fonte: IBGE, 2021.

Figura 10: Percentual da população subnutrida entre 2013 e 2019

Fonte: IBGE, 2021.

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Figura 11: IDH da população Afegã entre 2015 e 2019

Fonte: IBGE, 2021.

As Figuras 8, 9, 10 e 11, demonstra que durante a ocupação estadunidense no território Afegão, os indicadores socioeconômicos não apresentaram oscilações robustas e positivas, o que permite deduzir que a presença estadunidense significou o exacerbamento dos problemas sociais e econômicos no Afeganistão.

Embora possa-se imaginar que a presidência afegã procuraria aumentar sua arrecadação de impostos para não necessitar os recursos estrangeiros, isso não aconteceu. A economia em 2019 se encontrava em situação pior do que em 2001 – em grande parte devido à influência do ópio no PIB afegão (25% do total), o qual é controlado pelo Talibã (AAMIR, p.2, 2020).

Logo, em um cenário onde os investimentos de outros Estados fossem retirados repentinamente, a economia do Afeganistão entraria em colapso imediatamente, fragilizando ainda mais o Estado.

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4.2 FLUXO DE REFUGIADOS

Um dos maiores problemas causados pela Guerra Civil afegã foi o grande fluxo de pessoas saindo do país para fugir do Talibã. Para entender a proporção da situação, é importante mencionar que, em 2007, havia, no mundo, 8 milhões de refugiados afegãos, sendo que maioria se localizava no Iraque e no Paquistão (MARGESSON, 2007, p. 2).

Segundo o relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) realizado em 2019, no século XXI os Afegão representam um dos maiores contingentes de refugiados conforme pode-se de observar na Figura 12.

Figura 12: Número absoluto de Refugiados segundo o relatório do ACNUR

Fonte: UNHCR, 2019.

A repatriação dessas pessoas, portanto, foi uma meta importante para o governo estadunidense – não apenas para promover um alívio para a União Europeia, destino de muitos afegãos, mas também para ser coeso com o discurso apresentado até então. Na figura 13, é possível ver quantos refugiados Afegãos foram repatriados desde 2002.

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Figura 13: Número de afegãos repatriados desde 2002, separados de acordo com país em que se localizavam e se possuíram ajuda da Agência da ONU para Refugiados (UNHCR ou

ACNUR) ou não

Fonte: UNHCR, 2006.

Como é possível ver na Figura 13, mais pessoas foram assistidas pela ACNUR no período entre 2002 e 2006. Não só isso, mas, mais pessoas buscaram refúgio no Paquistão, país sob forte influência pelo seu ramo do Talibã, do que no Irã. Tal decisão pode decorrer da diferença entre as práticas religiosas; enquanto maioria dos iranianos.

Figura 14: Síntese dos dados quanto a questão dos Refugiados em 2019

Fonte: UNHCR, 2019.

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Figura 15: Síntese dos dados quanto a questão dos Refugiados em 2019

Fonte: UNHCR, 2019.

Com base na Figura 14 e 15, e focando principalmente na condição Afegã, percebe-se o fracasso da promessa estadunidense de estabilizar a democracia pós Talibã, bem como a garantia das liberdades individuais, pois com base nos dados da Figura 14 e 15, apenas em 2019, cerca de 2,9 milhões de Afegãos e Afegãs se refugiaram principalmente em território Paquistanês devido a perseguição política e religiosa no Afeganistão.

É mais importante, no entanto, notar a drástica redução no número de repatriados anualmente entre 2002 e 2006. Com a rápida reinserção de pessoas no Afeganistão, o qual não possuía estrutura suficiente para receber todos eles, a pobreza entre a população do Estado, que já se encontrava entre os mais pobres do mundo, se agravou muito rapidamente, deixando milhares de pessoas em situações decadentes.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O intuito inicial do presente trabalho foi analisar os eventos que resultaram no returno do Talibã ao poder no Afeganistão, e consequentemente, de um dos maiores fracassos militares dos Estados Unidos da América. Foi possível, no entanto, também compreender os diversos fatores geográficos e históricos que tornam o território afegão atraente para potências mundiais e regionais, além de uma avaliação profunda da ocupação estadunidense ocorrida de 2001 até 2021.

O estudo procurou garantir a compreensão do cenário geopolítico afegão ao longo do século XX e XXI, em especial a ocupação soviética, a criação do grupo jihadista Talibã e a Guerra Civil que se alastrou até o início do século seguinte.

Ademais, foi compreendido o interesse estadunidense em um Estado soberano localizado em um continente completamente diferente, a relação com o interesse da União Soviética e as consequências geradas por tal.

Por meio do uso de metodologias como a Pesquisa Exploratória e a Revisão Sistemática de Literatura (que implica a análise de obras de diversos autores e sua posterior categorização), foi possível concluir que há um consenso entre pesquisadores, nos quais a autora se inclui, de que o atentado às Torres Gêmeas, em 11 de setembro de 2001, não foi o motivo pelo qual os Estados Unidos iniciaram a Guerra ao Terror, mas sim aquele que se tornou o estopim.

Por mais que George W. Bush tenha apresentado a ação contra o Afeganistão como uma forma de levar um modelo de governo de modelo democrático e garantias de respeito aos direitos humanos, ela se mostrou extremamente inefetiva. Por 20 anos, os investimentos – monetários e humanos - feitos em uma guerra que, a princípio, não deveria ser de interesse dos estadunidenses, serviram apenas para adiar a inevitável retomada do poder do Afeganistão por forças regionais.

Enfim, o estudo permitiu perceber que, embora tenha levado 20 anos, o Afeganistão conseguiu mostrar ao mundo de uma vez por todas o motivo pelo qual ele é chamado de Cemitério de Impérios. Por mais que os Estados Unidos certamente não estejam felizes com a maior falha militar de sua história, seu governo deveria parar de intervir em Estados estrangeiros e respeitar a tal

“soberania nacional” que aparenta valorizar tanto.

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Os objetivos desse artigo foram atingidos, pois, por meio de diferentes estratégias metodológicas, foi possível comprovar que os objetivos Estadunidenses na ocupação do território Afegão, não teve como finalidade em momento algum a garantia de respeito aos direitos humanos da população afegã, ao contrário do que foi afirmado em 2004 pelo então presidente George W. Bush. Os motivos por trás da ocupação foram única e exclusivamente a retaliação dos ataques terroristas e o controle das reservas de petróleo e gás natural presentes no Afeganistão – todas as outras ações foram apenas discursos para apaziguar a comunidade internacional ou efeitos colaterais da decisão estadunidense.

Nessa perspectiva, acredito que esse trabalho seja extremamente importante para comprovar a necessidade de mudanças no cenário geopolítico de um paradigma imperialista no sistema internacional para um modelo baseado na colaboração, democracia e na solidariedade global, visando construir um mundo justo, sustentável e inclusivo.

É necessário também verificar lacunas que se mostram urgentes referentes ao desenvolvimento do presente estudo, como a dificuldade de acesso a informações oficiais dos Estados envolvidos no conflito, bem como também acesso gratuito a artigos, tese e dissertações que abordem a questão Afegã sem estar condicionando ao pagamento para uso das fontes, o que implica no compartilhamento de textos e imagens sobre o tema.

Dessa forma, refletindo sobre as possibilidades futuras desencadeadas pela presente pesquisa, é importante a realização de estudos que consolidem dados objetivos sobre os impactos da ocupação estadunidense em território afegão, como a estagnação econômica, a fragilização de instituições democráticas e o desrespeito aos direitos humanos, contrariando o discurso hegemônico estadunidense imperialista, que justifica a presença em outros Estados para assegurar a liberdade e a democracia em países com forte instabilidade política.

Ainda sobre as possibilidades de indicações futuras para o encaminhamento de pesquisas relacionadas aos impactos da ocupação estadunidense em território afegão, são necessários a reflexão e o aprofundamento sobre conceitos como imperialismo e poder, e também buscar compreender os interesses chineses e russos sobre o território Afegão, além de investigar casos de Estados que passaram por forte instabilidade política econômica objetivando compreender suas estratégias

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para a superação das dificuldades imputadas por um processo de ocupação perverso e desumano.

Por fim, é necessário pautar os estudos em geopolítica fundamentalmente para acolher e ajudar os países do sul, a combater suas principais mazelas e construir estratégias em âmbito global, visando a superação dos problemas crônicos que afetam a humanidade. Essa pesquisa defende que os direitos humanos sejam considerados valores universais e que possam sobrepor os interesses econômicos e políticos de qualquer Estado Nacional.

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Referências

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