METODOLOGIA DA ALFABETIZAÇÃO
Prof.ª Me. Marcia Maria Previato de Souza
APRESENTAÇÃO DO PLANO DE ENSINO DA DISCIPLINA.
UNIDADE I
O DESENHO COMO A PRIMEIRA FORMA DE REPRESENTAÇÃO DA ESCRITA.
• O ato de desenhar é um momento mágico, carregado de significado. Um momento em que o faz de conta está presente.
• O desenho é a gênese do processo da escrita. Ao desenhar, a criança expressa
suas vontades, angústias, medos, emoções e usa sua imaginação e criatividade.
• Ela usa o desenho como uma forma de se
expressar no momento em que a escrita não é de seu domínio.
O ato de desenhar é marcado por vários tipos de reações.
Ao terminar seu desenho, a criança, na maioria das vezes, observa o que fez. O resultado é muito importante para ela.
Algumas crianças gostam e querem guardar, outras não gostam e preferem jogar fora. São elas que querem decidir o destino de seu
trabalho.
Desenhar e falar são linguagens que
interagem, ambas desenvolvem a forma de pensar da criança, cada uma com a sua
particularidade.
Para Aroeira (1996), a arte infantil facilita não só a
compreensão, mas
também a oportunidade de estimular a imaginação e a criatividade da criança.
Cuidados que os adultos devem ter ao olhar o desenho da criança:
• Ao ver aquele amontoado de rabiscos (garatujas), o adulto quer saber o que
significa e enche a criança com perguntas.
• Em exagero, essa atitude pode inibir o desenvolvimento gráfico da criança
.
Por que isso acontece?
• Porque ao desenhar ela deixa de se
preocupar com a sua criatividade e passa a querer desenhar aquilo que os adultos
querem que ela desenhe.
• Em muitos casos, pode haver uma regressão no processo ou resistência da criança para
fazer determinados trabalhos.
Por meio do desenho é possível ensinar à criança: noção de limite, linhas, espaço,
direção etc. Isso facilitará posteriormente o seu controle motor quando iniciar sua
alfabetização.
Para Lowenfed & Brittain (1970), desenhar permite e estimula o desenvolvimento em vários aspectos:
Desenvolvimento Emocional
Está relacionado diretamente à intensidade
com que a criança se identifica com sua obra.
Ao desenhar, a criança descarrega suas emoções e demonstra seus sentimentos.
Desenvolvimento Intelectual
• Por meio do desenho, o desenvolvimento intelectual da criança pode manifestar a
compreensão que ela tem de si mesma e de seu meio. Em alguns casos, duas crianças com a mesma idade podem desenhar a
figura humana de formas diferentes,
revelando, aí, uma disparidade de níveis de desenvolvimento intelectual.
Desenvolvimento Físico
No desenho de uma criança, o seu
desenvolvimento físico pode ser manifestado pela sua capacidade de coordenação visual e motora. Podemos perceber isso por meio das habilidades que a criança tem com os lápis, massinha de modelar, pincéis.
Desenvolvimento Perceptual
O desenvolvimento perceptual pode ser
percebido quando a criança começa a usar com mais frequência uma variedade de
experiências perceptuais, ou seja, começa a se dar conta de cores...
...contexturas (ligação das partes que formam um todo) e outras que demonstram sua
percepção visual. Existe também a
expressão auditiva em que a criança começa a retratar no papel o que ouviu. Na
percepção espacial, passa a ter noção de espaço ao retratar sua arte.
Desenvolvimento Social
Nos desenhos e pinturas das crianças,
costumeiramente aparecem representações com as quais a consciência social está
presente. Ex.: Um passeio que a criança
gostou, momentos que considera importantes ou algo que lhe marcou, seja bom ou ruim.
Desenvolvimento Estético
No desenho da criança não há um padrão estético a seguir, os critérios estéticos são individuais, podendo variar por diversos
fatores e meios onde a criança está inserida.
O desenvolvimento estético pode prosperar por meio da mediação consciente,
principalmente do professor.
Desenvolvimento Criador
O desenvolvimento criador inicia-se na mais tenra idade, quando a criança começa a reagir às experiências sensoriais, traduzidas na
capacidade de estabelecer contato com o mundo.
Desenvolvimento Criador
Para desenvolver a capacidade criadora, a criança precisa ter liberdade emocional para explorar, experimentar e envolver-se com o
que pretende realizar. A arte de desenhar não pode se tornar algo imposto, mas partir da
vontade do criador.
As escolas, de uma maneira geral,
proporcionam às crianças modelos prontos e fazem uso do desenho como um manual de exercícios. Dessa forma, o desenho perde a possibilidade do significado lúdico e sua
carga simbólica.
Há instituições de ensino que veem no
desenho uma forma de trabalho motor. Na verdade, ele também proporciona este
desenvolvimento.
• A criança precisa de ensaios e erros, pesquisas e investigações. Buscar a
solução de problemas para gerar dúvidas e incertezas. Dessa forma, haverá um
conflito cognitivo.
Imitação é diferente de cópia
A imitação é algo diferente da cópia. Imitar é uma maneira de se apropriar de certos
conceitos. Imitar não significa ausência de originalidade e de criatividade, mas o
desejo de fazer algo que lhe dê interesse.
Na imitação, a criança tem o poder de decidir o que quer fazer, e não fazer por imposição.
• O ato de copiar não faz da criança autora de suas ações, copiar tal e qual o que lhe é imposto é um ato de opressão, um ato controlador que impede a originalidade e a criatividade por parte da criança.
COPIAR
Não podemos cometer o equívoco de
entender o desenho como cópia ou como forma de desenvolvimento motor. Se
assim fizermos, estaremos camuflando o verdadeiro sentido do desenho e,
consequentemente, o processo de desenvolvimento natural da criança.
• Observem cada desenho e cada detalhe deles no vídeo a seguir.
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=ByT1WjjKF-0>.
• Nos desenhos de crianças com idades correspondentes, independente de sua
classe social ou origem, podemos perceber entre eles muitas características
semelhantes.
Fonte: ShutterStock
Lowenfeld & Brittain (1970), definem esta evolução em três fases:
• Fase das Garatujas:
De 2 a 4 anos aproximadamente.
• Fase Pré-esquemática:
De 3 a 6 anos aproximadamente.
• Fase Esquemática:
A partir de 6 anos.
Fase das garatujas (2 a 4 anos aproximadamente)
• O desenvolvimento da linguagem começa muito cedo, mas o registro permanente de suas ações começa a partir das garatujas.
Fase das garatujas (2 a 4 anos aproximadamente)
• Tudo começa quando a criança percebe que o movimento de sua mão, com algum
instrumento, deixa marcas. Estas
representações gráficas muito primitivas são as garatujas.
As garatujas classificam-se em três categorias principais:
1- Desordenadas.
2- Controladas.
3- Com atribuição de nomes.
Garatujas desordenadas
• São rabiscos aleatórios que a criança não percebe que pode representar algo por meio deles. Na maioria das vezes, a criança nem olha para o que está rabiscando.
• Estes movimentos realizados são na
maioria das vezes para cima e para baixo, para frente ou para trás, sem destino certo.
Esse tipo de desenho não pode ser
considerado mero amontoado de rabiscos.
Garatujas desordenadas
Garatujas desordenadas
Garatujas controladas
As garatujas controladas têm início quando a criança descobre que existe ligação entre seus movimentos e os traços que deixou no papel.
Ocorrem aproximadamente seis meses após a criança ter começado a garatujar.
Consegue se concentrar por mais tempo e realiza movimentos de vai e vem.
• Consegue fazer movimentos em círculo, mas ainda não registra quadrados.
• Descobre ainda que pode variar as cores mesmo sem saber distingui-las.
• A noção de espaço, forma e tamanho ainda é muito abstrata nesta fase.
Garatujas controladas
Garatujas controladas
Luis Henrique – 2 anos e 10 meses
Garatujas com atribuição de nomes
• Estágio onde a criança começa a atribuir nomes aos seus desenhos. A atribuição de nomes ao que fez caracteriza grande
significado e evolução para criança.
Garatujas com atribuição de nomes
• Isso geralmente acontece por volta dos três anos e meio, época em que a criança
desenvolve seu imaginário com mais facilidade.
• Nesta fase a criança tem maior capacidade de concentração e necessidade de explicar o que fez ou o que pretende fazer.
Garatujas com atribuição de nomes
Garatujas com atribuição de nomes
Eu montando lego com o Léo - Matheus 3 anos e 1 meses
• Muitos adultos despreparados destroem o começo do descobrimento do sistema de
escrita em crianças muito pequenas, quando jogam no lixo folhas cheias de garatujas...
...quando lavam paredes, mesas e pisos ou ainda tolhem as crianças com broncas.
Desta forma, inibem a criança de explorar as formas das letras e a função da escrita.
Fase pré-esquemática
(Aproximadamente de 3 a 6 anos)
• Nesta fase começam a aparecer nos
desenhos da criança formas fechadas e filamentos, tendo
aparência de sol ou
aranha na tentativa de representar a figura
humana.
• A criança adquire duplo controle do ponto de partida e chegada de seus movimentos.
• Aparecem as primeiras formas
reconhecíveis, denominadas de “homem- palito” ou “homem-girino”.
Livia – 3 anos
Livia – 3 anos
Pré-esquemática
(com um pouco mais de organização)
• No início da fase pré-esquemática, os desenhos às vezes são difíceis de
reconhecer, mas comportam critérios que
caracterizam a figura humana: cabeça, braços e pernas (que saem da cabeça).
• Na maioria dos casos,
bastam algumas semanas para aparecerem olhos,
nariz, boca e outros
membros familiares (pais, irmãos, avós e outros).
Pré-esquemático
• Ainda por volta dos quatro anos de idade, o domínio do quadrado é aplicado usualmente para a representação de casas e é cada vez mais claro.
• Os pequenos círculos ou as pequenas cruzes ocupam papel de portas e janelas.
• Vídeo 2
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=AFx4ViEFjF8>.
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Fase Esquemática (aproximadamente de 7 a 9 anos)
• Na fase esquemática, a principal
característica dos desenhos são as figuras que já começam a se encontrar de forma organizada de acordo com temas e ordem espacial mais clara.
• A criança faz uso de formas planas como quadrados, círculos, retângulos e outros.
• Nesta fase também é possível observar que a criança representa o céu na parte superior da folha e a terra na parte inferior,
compondo uma paisagem estruturada.
• Nesta fase é notável a evolução da figura humana.
• A figura humana deixa a característica de palitos e ganha contornos definidos e mais elaborados.
Maria 5 anos e 11 meses
Fase esquemática
• É importante destacar que a idade em que permeiam as fases podem ser variadas,
porém, a sucessão das fases é mantida.
• Para Seber (1995), é certo que o prazer que a criança encontra no desenho deixará de
existir se não permitirem a exploração de sua função expressiva e a realização de seu
poder de criação.
O uso das cores
• A partir do momento em que a criança atribui nome às garatujas é porque tem consciência de que seus desenhos têm significado, nesse momento já sente a necessidade de usar
cores diferentes. Então, estabelece-se um grande avanço intelectual da criança.
• O trabalho com cores deve ser prioridade da Educação Infantil, porém, não deve ser
descartado das séries posteriores.
• A organização do Plano de Trabalho Docente é ponto preponderante para que o trabalho
com cores seja organizado de modo coerente.
• É fundamental que os professores repensem suas expectativas em relação ao desenho
infantil.
• Mais do que uma simples atividade, o
desenho revela a construção do processo de ensino e aprendizagem da criança, por isso é necessária uma postura de diálogo.
• Para isso, o conhecimento das fases do
desenho infantil é ponto fundamental para o avanço desse processo.
• Façamos isso, assumir um papel de
professor pesquisador da nossa profissão.
O desenho infantil precisa ser pensado com todas as suas especifidades e
contribuições para o processo de
desenvolvimento integral da criança.
Diante de toda essa responsabilidade que o professor tem frente aos trabalhos artísticos dos seus alunos, cabe a ele estimular e
proporcionar momentos prazerosos para
tornar o ato de desenhar significativo para a criança.
CONCLUINDO
Compreender a
importância desse ato e as etapas evolutivas do desenho infantil é papel do professor
comprometido com o processo de ensino e aprendizagem dos
alunos.
METODOLOGIA DA ALFABETIZAÇÃO