BIOÉTICA: Conceitos, teorias e métodos Fermin Roland Schramm
Professores convidados: Marlene Braz e Ciro Floriani
Estagiários: Jairly Guimarães Simplicio e Regina Murray Loureiro
Padrão Obrigatória
Natureza Teórica
Níveis Mestrado e Doutorado Acadêmico Pré requisito Ser estudante do PPGBIOS
Carga Horária e Créditos 60h – 4 créditos Número de vagas No mínimo 9
Início 07/10/2021
Término 27/01/2022
Dia/Horário Quinta-feira – 9 às 13h
Ementa
O objetivo geral da disciplina consiste em introduzir o aluno ao estudo da problemática da bioética, fornecendo-lhe uma caixa de ferramentas considerada necessária para poder abordar - com suficiente competência - conflitos e dilemas morais envolvidos pelas práticas no campo complexo da saúde, em particular, das tecnociências da vida e da saúde.
A disciplina tem (a) uma dimensão diacrônica e (b) outra sincrônica, pois aborda: (a1) a constituição do campo da ética aplicada e, em particular, das bioéticas, assim como sua história a partir de suas bases filosóficas e profissionais ao longo do tempo na cultura dita ocidental; (b1) seus conceitos fundamentais (ou ferramentas), pertencentes aos principais modelos teóricos e metodologias vigentes, e as relações com as ciências e as técnicas envolvidas pelo saber biotecnocientífico e pelo saber-fazer sanitário.
Os objetivos específicos são: apresentar, sucintamente, a caixa de ferramentas de ética, ética aplicada e bioética; traçar a história do nascimento e do desenvolvimento das bioéticas; contextualizar seu campo interdisciplinar e/ou transdisciplinar; discutir os conceitos e procedimentos utilizados pela(s) bioética(s) e suas principais correntes; relacionar as bioéticas com as ciências humanas e sociais, assim como com a problemática biotecnocientífica.
Metodologia: a disciplina prevê (a) aulas expositivas, feitas pelo docente responsável e (b) seminários de apresentação e de debate pelos alunos, os quais, revezando-se, deverão aprender a argumentar a favor de uma tese, contra-argumentar a partir de uma antítese, e relacionar tese e antítese numa síntese, adquirindo, portanto, uma competência argumentativa “dialética” frente aos conflitos vigentes.
Avaliação: a avaliação do aluno será feita a partir de seu desempenho durante os 3 seminários; sua participação às discussões ao longo da disciplina (no contexto da comunicação atualmente virtual e não presencial) e a competência crítica demonstrada na avaliação oral final da mesma: ao final da disciplina haverá uma avaliação do desempenho do(s) docente(s) pelos discentes.
Seminários: a turma é dividida em três grupos:
(1) o grupo tético, formado pelos defensores de ideias e argumentos envolvidos na conflituosidade moral (i.e., a favor da prática da biotecnociência e do “aprimoramento”; a possibilidade do consenso moral na era da Globalização; a cooperação entre bioética e biopolítica);
(2) o grupo antitético, formado pelos críticos da tese defendida pelo grupo tético e que deve encontrar contra- argumentos pertinentes e cogentes para tentar derrubar a tese defendida pelos téticos (i.e., contra a legitimidade da prática biotecnocientífica; a impossibilidade/o colapso do consenso na era da Globalização; a oposição e a impossibilidade de um consenso entre bioética e biopolítica);
(3) o grupo sintético, formado pelos juízes e que deve saber ponderar os argumentos e contra-argumentos defendidos, respectivamente, pelos grupos (1) e (2), e procurar novos argumentos não considerados pelos outros dois grupos, visando ocupar o lugar ideal de um “espectador racional e imparcial”, competente no uso da dialética.
Observações: (a) cada aluno deverá atuar nos três papeis ao longo da disciplina, de acordo com as tarefas de seu grupo; (b) cada grupo terá um coordenador a quem compete sistematizar os trabalhos do grupo e tendo em vista as apresentações ; (c) os grupos tético e antitético deverão enviar ao grupo sintético, através de seu coordenador, e com suficiente antecedência (uma semana), seu trabalho que será apresentado no seminário, afim que os sintéticos este tenham tempo suficiente para ponderar os dois tipos de argumentos em pauta, defendidos pelos outros dois grupos.
Variáveis a serem consideradas:
(1) a objetividade dos conteúdos: (a) descrição fidedigna das ideias examinadas; (b) capacidade de identificar os argumentos pertinentes;
(2) a qualidade da apresentação: (c) clareza e coerência; (d) ser fidedigno e capaz de traduzir em linguagem apropriada as ideias apresentadas.
DATA ASSUNTO PROFESSORES BIBLIOGRAFIA
07/10/21
[1] APRESENTAÇÃO: Participantes,
disciplina e org. seminários. Todos 14/10/21
[2] INTRODUÇÃO: o contexto da(s)
ética(s) aplicada(s) Schramm Durand 2003
21/10/21
[3] CAIXA DE FERRAMENTAS DA BIOÉTICA I: análise conceitual de logos, ethos, ethiké.
Schramm Maliandi (2004) 28/10/21
[4] CAIXA DE FERRAMENTAS DA BIOÉTICA: análise conceitual de bíos/ zoé e a biopolítica.
Schramm Schramm (2009)
04/11/21
[5] CAIXA DE FERRAMENTAS DA BIOÉTICA: Poiesis, práxis, techne e biotecnociência.
Schramm Schramm (2010a)
11/11/21
[6] SEMINÁRIO I: Biotecnociência:
prós y contra: a moralidade do aprimoramento (enhancement) biológico e moral
Todos DeGrazia (2013)
Dupras (2017) Savulescu &
Persson (2013) Pesquisa na Internet 18/11/21
[7]
CAIXA DE FERRAMENTAS DA BIOÉTICA: Fundamentação, ontologia, metodologia.
Schramm Schramm (2007)
Schramm, Anjos &
Zoboli (2007) 25/11/21
[8] GENEALOGIA I: Raízes modernas
e contemporâneas da Bioética Schramm Durand (2003) 02/12/21
[9] GENEALOGIA II:
O surgimento da bioética e suas correntes
Hottois (2003) Kottow (2005) Jahr (2011) Schramm (2011) 09/12/21
[10]
GENEALOGIA III:
Biotecnociência, biopolítica, globalização e bioética.
Schramm Schramm (2010a)
Schramm (2014a) 16/12/21
[11] SEMINÁRIO II:
O consenso moral num mundo multicultural e globalizado é possível?
Todos Engelhardt (2012) Schramm (2014b) Pesquisa na Internet 23/12/21 TÓPICOS I: Bioética do começo Braz Braz Braz (2005)
[12] da vida. Kottow (2001) Mori (2001) 30/12/21
[13] TÓPICOS II: Bioética do fim da
vida Floriani Floriani (2013)
Schramm (2012a) Singer (2002) 13/01/22
[14]
TÓPICOS III: Bioética de proteção Schramm Schramm (2012b) Porto (2012) 20/01/22
[15] SEMINÁRIO III: Bioética e biopolítica, cooperação ou oposição; (Avaliação da disciplina)
Todos Schramm (2010b)
Maliandi (2006) Pesquisa na Internet
BIBLIOGRAFIA Textos da disciplina
Braz M. 2005. Bioética e reprodução humana. In: Schramm FR & Braz M (org.). Bioética e saúde:
novos tempos para as mulheres e as crianças? Rio de Janeiro: Ed. UFRJ/Ed. Fiocruz, p. 169-194. [pdf PPGBIOS 2020 Biblio 3]
DeGrazia D. 2013. Moral enhancement, freedom, and what we (should) value in moral behavior, JME Online, January 25 [pdf]
Dupras C. et al. 2017. Crossing mind barriers. A precautionary approach to neuroenhancement strategies.
[https://www.researchgate.net/publication/318392814_Crossing_mind_barriers_A_precautionary_
approach_to_neuroenhancement_strategies]
Durand, G. 2003. Emergência e situação da bioética. In: ID. Introdução geral à bioética. História, conceitos e instrumentos. São Paulo: Ed. Loyola, pp. 19-65. [pdf PPGBIOS 2020 Biblio 2]
Engelhardt Jr HT. 2012. Bioética global: uma introdução ao colapso do consenso. In: ID (org.).
Bioética global: o colapso do consenso. São Paulo: Paulinas, p. 19-40. [pdf PPGBIOS 2020 Biblio 2]
Floriani CA. 2013. Moderno movimento hospice: kalotanásia e o revivalismo estético da boa
morte, Bioética, Brasília, 21(3): 397-404
[http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/viewArticle/849]
Hottois G. 2003. Bioética. In: Hottois G & Missa JN. (org.). Nova enciclopédia de bioética.
Lisboa: Instituto Piaget, p. 109-115. [Historia de la Filosofía del Renacimiento a la Posmodernidad (trad. Marco Aurelio Galmarini). Madrid: Ed. Cátedra, 1999: [pdf PPGBIOS 2020 Biblio 2]
Jahr F. 2011. Ensaios em Bioética e Ética 1927-1947. Bioethikos, São Paulo, 5(3): 242-275 [http://www.saocamilo-sp.br/pdf/bioethikos/87/A1.pdf ]
Kottow M. 2001. Bioética del comienzo de la vida. ¿Cuántas veces comienza la vida humana?,
Bioética, Brasília, 9(2): 25-41.
[http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/viewArticle/243]
---. 2005. Escuelas bioéticas. In: ID. Introducción a la bioética. Santiago: Ed.
Mediterráneo, p. 89-103. [pdf PPGBIOS 20200 Biblio 2]
Maliandi R. 2004. Ética: conceptos y problemas. Buenos Aires: Ed. Biblos, cap. I-II, p. 17-44.
[pdf PPGBIOS 2020 Biblio 1]
---. 2006. Ecología y etología de la globalización. In: ID. Ética: dilemas y convergencias.
Cuestiones éticas de la identidad, la globalización y la tecnología. Buenos Aires: Ed. Biblos, p. 65-81.
[pdf PPGBIOS 2020 Biblio 1]
Mori M. 2001. Fecundação assistida e liberdade de procriação. Bioética, Brasília, 9(2): 57-70.
[http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/viewArticle/245]
Porto D. 2012. Bioética de intervenção: retrospectiva de uma utopia. In: Porto D, Garrafa V, Martins GZ & Barbosa SN (org.). Bioéticas, poderes e injustiças. Brasília: CFM, pp. 109-126. [pdf PPGBIOS 2020 Biblio 3]
Savulescu J., Persson I. 2013. Moral Enhancement, Philosophy Now, 91.
[https://philosophynow.org/issues/91/Moral_Enhancement]
Schramm FR. 2007. Líneas de fundamentación de la bioética y bioética de la protección.
[http://www.redbioetica-edu.com.ar]
---. 2008. Bioética da Proteção: ferramenta válida para enfrentar problemas morais na era da globalização. Revista Bioética, Brasília, 16(1) 11-23 [http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/view/52/55]
---. 2009. O uso problemático do conceito ‘vida’ em bioética e suas interfaces com a práxis biopolítica e os dispositivos de biopoder. Revista Bioética, Brasília, 17(3): 377-389.
[http://www.portalmedico.org.br]
---. 2010 a. Existem boas razões para se temer a biotecnociência? Bioεthikos, São Paulo, 4(2): 189-197.
[http://www.saocamilo-sp.br/pdf/bioethikos/76/189a197.pdf]
---. 2010b. Bioética como forma de resistência à biopolítica e ao biopoder. Revista
Bioética, Brasília, 18(3): 519-535.
[http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/viewFile/583/588]
---. 2011. Uma breve genealogia da bioética em companhia de Van Rensselaer Potter, Bioethikos, 5(3): 302-308. [http://www.saocamilo-sp.br/pdf/bioethikos/87/A5.pdf]
---. 2012a. Finitude e Bioética do Fim da Vida, Revista Brasileira de Cancerologia,
58(1): 73-78.
[http://www.inca.gov.br/rbc/n_58/v01/pdf/11_artigo_opinicao_finitude_bioetica_fim_vida.pdf ]
---. 2012b. É pertinente e justificado falar em bioética de proteção? In: Porto D, Garrafa V, Martins GZ & Barbosa SN (org.). Bioéticas, poderes e injustiças. Brasília: CFM, pp. 127-141.
[pdf PPGBIOS 2020 Biblio 3]
---. 2014a. Dialética entre liberalismo, paternalismo de estado e biopolítica. Análise conceitual, implicações bioéticas e democráticas, Bioética, 22(1): 10-17.
[http://www.scielo.br/pdf/bioet/v22n1/a02v22n1.pdf]
---. 2014b. Diálogo entre o agnosticismo e o universo das religiões: o caso da empatia., Bioética, 22(3): 407-15
[http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/view/946/1121]
---. 2017. La cuestión de los métodos y de los fundamentos de la bioética.
[http://www.redbioetica-edu.com.ar info@redbioetica-edu.com.ar]
Schramm FR, Anjos MF & Zoboli E. 2007. A questão das tendências epistemológicas ou de fundamentação. In: Anjos MF & Siqueira JE (org.). Bioética no Brasil: tendências e perspectivas.
Aparecida: Ideias & Letras, p. 29-56. [pdf PPGBIOS 2020 Biblio 1]
Singer P. 2002. Eutanásia: emergindo da sombra de Hitler. In: ID, Vida ética: os melhores ensaios do mais polêmico filósofo da atualidade. Rio de Janeiro: Ediouro, p. 250-259.
[http://blogacritica.blogspot.com.br/2015/08/eutanasia-emergindo-da-sombra-de-hitler.html]
Obras de referência geral
Beauchamp TL. & Childress JF. 2013. Principles of Biomedical Ethics, 7a ed. Oxford: OUP.
Durand, G. 2003. Introdução geral à bioética. História, conceitos e instrumentos. São Paulo: Ed.
Loyola.
Hottois G. 1999. Historia de la filosofia del Renascimiento a la Posmodernidad. Madrid: Cátedra [pdf Hottois_Historia de la filosofía].
Hottois G. & Missa, JN. (org.) 2003. Nova Enciclopédia da Bioética. Lisboa: Instituto Piaget.
Kuhse H & Singer P. 2006. Bioethics. An Anthology, 2nd Ed. Oxford: Blackwell Publ.
---. 2009. A companion to bioethics, 2a ed. Oxford: Blackwell. [pdf]
Leone S, Privitera S, Teixeira da Cunha J. (dir.). 2001. Dicionário de Bioética. Aparecida: Editora Santuário.
Pessini L & Barchifontaine CP. 2005. Problemas atuais de Bioética. 7ª Ed. São Paulo: Ed. Loyola.
Post SG. 2004. Encyclopedia of Bioethics. 3rd Ed. New York: Macmillan [pdf Encyclopedia 2004_1-5]
Singer, P. 1993. Ética prática. São Paulo: Martins Fontes.
---. 2002. Vida ética: os melhores ensaios do mais polémico filósofo da atualidade. Rio de Janeiro: Ediouro.
Tealdi JC (org.) 2008. Diccionario latinoamericano de bioética. Bogotá: UNESCO/Un. Nacional de Colombia [pdf TEALDI Diccionario LA Bioética I-IV].