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Processo

0612/20.6BEPNF

Data do documento 9 de dezembro de 2021

Relator

Teresa De Sousa

SUPREMO TRIBUNAL ADMINISTRATIVO | ADMINISTRATIVO

Acórdão

DESCRITORES

Apreciação preliminar > Revista > Caducidade do direito de acção

SUMÁRIO

Não é de admitir revista perante a aparente exactidão do acórdão recorrido na apreciação que fez sobre a caducidade do direito de acção, até por a questão não ser particularmente relevante juridicamente e não revestir complexidade jurídica superior ao normal, não sendo, igualmente, a revista necessária para uma melhor aplicação do direito, pelo que não se justificar postergar a regra da excepcionalidade da revista.

TEXTO INTEGRAL

Formação de Apreciação Preliminar

Acordam no Supremo Tribunal Administrativo

1. Relatório

A………… recorre de revista do acórdão do TCA Norte de 02.06.2021 que embora julgando parcialmente procedente a apelação por esta interposta (quanto à nulidade da sentença, nos termos do art. 615º, nº 1, alínea d) do CPC), confirmou a decisão proferida em 1ª instância que julgou procedente a excepção de caducidade do direito de acção, absolvendo o Réu da instância, na presente acção administrativa intentada pela aqui Recorrente contra a Caixa Geral de Aposentações, IP (CGA).

A Autora recorre de revista, nos termos do art. 150º, nº 1 do CPTA, alegando a importância fundamental da questão nela colocada, sendo necessária uma melhor aplicação do direito.

A Recorrida CGA contra-alegou defendendo que a revista não deve ser admitida.

2. Os Factos

Os factos dados como provados são os constantes do acórdão recorrido para onde se remete.

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3. O Direito

O art. 150º, nº 1 do CPTA prevê que das decisões proferidas em 2ª instância pelo Tribunal Central Administrativo possa haver, excepcionalmente, revista para o Supremo Tribunal Administrativo “quando esteja em causa a apreciação de uma questão que, pela sua relevância jurídica ou social, se revista de uma importância fundamental” ou “quando a admissão do recurso seja claramente necessária para uma melhor aplicação do direito”.

Como resulta do próprio texto legal, e a jurisprudência deste STA tem repetidamente sublinhado, trata-se de um recurso excepcional, como, aliás, o legislador sublinhou na Exposição de Motivos das Propostas de Lei nºs 92/VIII e 93/VIII, considerando o preceito como uma “válvula de segurança do sistema”, que só deve ter lugar, naqueles precisos termos.

A Recorrente defende nesta revista que, mesmo que o despacho de fixação do montante da pensão se tenha consolidado em 16.01.2015, como entenderam as instâncias, a Recorrida deveria, à luz do princípio da boa fé e da boa administração pública, ter ponderado as reclamações apresentadas pela Recorrente, podendo o Tribunal, face àqueles princípios, previstos no art. 266º, nº 2 da CRP, corrigir esse erro. E que o acórdão recorrido violou as disposições conjugadas dos arts. 95º, nºs 1 e 3, 615º, nº 1, alínea d) do CPC, ex vi dos arts. 1º e 140º, nº 3 do CPTA e 266º, nº 2 da CRP, art. 2º, nºs 2 e 3 da Lei nº 77/2009, de 13/8, DL nº 15/2007, de 19/1 e art. 5º da Lei nº 60/2005, de 29/12 e art. 2º, nº 1 da Lei nº 69/2005.

Na acção interposta a Autora/Recorrente formulou os pedidos de: A) anulação do acto administrativo proferido pelo Director Central da Ré que indeferiu a reclamação que apresentou relativa à alteração das condições de aposentação;

B) Que a Ré fosse condenada à prática do acto administrativo devido, em substituição do acto praticado, nos seguintes termos: a) a proceder ao recálculo da pensão de aposentação da Autora considerando no tempo de serviço, os períodos de ausência, por motivo de doença, registados a partir de 20.01.2007;

b) a proceder ao recálculo da pensão de aposentação da Autora considerando no tempo de serviço, de 01.07.2007 a 19.09.2008, enquanto Directora do Centro de Formação da Associação de Escolas de …………

e de 01.09.2010 a 31.08.2011 enquanto Professora Bibliotecária designada;

c) a pagar as diferenças entre o valor que se vier a apurar, feito o novo recálculo, e o valor liquidado à Autora desde a data da concessão da pensão de aposentação (20.10.2014) até integral pagamento, acrescidos de juros à taxa legal;

Caso o pedido em B) não obtenha procedência,

C) Que a Entidade Demandada seja condenada à prática do acto administrativo devido, em substituição do acto praticado, determinando o pagamento à Autora das diferenças entre o valor da pensão de aposentação determinado por despacho de 20.02.2020, que é € 2.827,01, e o valor inicialmente pago à A.

desde a data da concessão da pensão de aposentação em 20.10.2014, que era de €2.372,06.

O TAF de Penafiel em despacho saneador-sentença julgou procedente a excepção de caducidade do direito

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de acção, absolvendo a Ré da instância.

Sublinhou que o fundamento de invalidade invocado na p.i. se reconduz ao regime da anulabilidade, por vir invocado o vício de violação de lei, por eventual erro nos pressupostos de facto em que assentou a decisão administrativa, já que, no entender da A. lhe deveria ter sido contabilizado como tempo de carreira, não apenas 34 anos, 11 meses e 20 dias, mas 37 anos, 9 meses e 27 dias, decorrente dos períodos e situações que indica.

E que resulta dos autos que a A. solicitou a aposentação a 16.09.2013 e 23.07.2014, sendo-lhe deferida a 24.10.2014, tendo a CGA procedido ao cálculo da pensão da autora tendo em conta o tempo de serviço de 34 anos, 11 meses e 20 dias, que vem agora questionado na acção.

Ora, a autora teve a 16.01.2015 conhecimento do tempo de serviço que lhe foi contabilizado para efeitos do cálculo da pensão que lhe foi atribuída (não se conhecendo em que data lhe foi notificada aquela decisão).

Assim, apenas sendo aquele acto que fixa o tempo de serviço considerado para efeitos de aposentação – de 20.10.2014 -, questionado na data em que a p.i. deu entrada em tribunal – 07.10.2020 -, há muito que tinha sido ultrapassado o prazo para a sua impugnação.

O acórdão recorrido, face à invocada nulidade da decisão de 1ª instância por omissão de pronúncia (art.

615º, nº 1, alínea d) do CPC), quanto ao pedido subsidiário [formulado sob a al. C)], julgou-a procedente e conheceu em substituição, nos termos do art. 149º, nº 1 do CPTA.

Sobre tal pedido conheceu da caducidade do direito de acção, julgando-a procedente, fundando-se, nomeadamente, no seguinte: “No caso, considerando a data que consta do ofício de 20/02/2020 como sendo a data do envio do mesmo à autora, presume-se que a mesma o rececionou no terceiro dia posterior à sua expedição, que no caso, coincidindo com um domingo (dia 23/02/2020), se considera como tendo sido notificado no 1.º dia útil posterior (24.02.2020), de modo que, a contagem do prazo de 15 dias úteis para reclamar administrativamente teve o seu início no dia 25 de fevereiro. Assim, tendo em conta a data em que a autora foi notificada do ato e a data em que apresentou a reclamação, ainda não tinham decorrido 15 dias úteis, só pode concluir-se que a reclamação foi apresentada tempestivamente. De resto, nada foi alegado em sentido divergente por parte da apelada, que, aliás, rececionou essa reclamação e se dignou apreciá-la.

Sendo assim, o prazo de três meses para a impugnação judicial daquele ato administrativo proferido no dia 20/02/2020 que indeferiu a pretensão da autora e para a formulação do competente pedido de condenação à prática do ato devido, suspendeu-se com a dedução daquela reclamação – a 11/03/2020 – e apenas retomou a sua contagem com a notificação da decisão que indeferiu a reclamação apresentada contra o identificado ato administrativo, o que ocorreu, com a notificação do ofício nº 573/2020, datado de 03/07/2020.

Considerando-se que o referido ofício foi remetido à autora na data nele aposta – 03/07/2020 – (nada existe nos autos em sentido que aponte noutro sentido) presume-se que a mesma o rececionou no 3.º dia útil posterior, ou seja, no dia 06/07/2020 (uma segunda-feira) pelo que, o prazo para a impugnação judicial retomou a sua contagem no dia imediato, ou seja, a 07/07/2020. O Autor dispunha, então, de mais 75 dias

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para intentar a competente ação. Porém, apenas a intentou no dia 07/10/2020.

(…)

Na verdade, com a revisão do CPTA passou a prever-se no artigo 58.º, n.º 2, que os prazos estabelecidos no nº 1 (ou seja, no caso, o prazo de três meses previsto na alínea b) do n.º 1 do artigo 58.º) se contam nos termos do artigo 279.º do Código Civil, assumindo-se, assim, no n.º 2 desse normativo, que os prazos em causa se contam continuamente, sem suspensão durante as férias judiciais.

Note-se que havendo lugar à suspensão por força da dedução de reclamação administrativa, como sucedeu na situação em análise, esse prazo de três meses converte-se em 90 dias, justificando-se esta conversão para permitir o apuramento do termo do prazo sempre que opere o referido efeito suspensivo.

Sendo o referido prazo contínuo, tendo o mesmo iniciado a sua contagem no dia 25/02/2020, decorreram 15 dias até à data em que foi apresentada a reclamação administrativa – 11/03/2020. Nessa data a contagem do prazo suspendeu-se.

Considerando que a autora foi notificada da decisão que indeferiu a sua reclamação no dia 06/07/2020, o prazo para impugnar judicialmente o referido ato retomou a sua contagem no dia 07/07/2020, data a partir da qual o autor dispunha de mais 75 dias seguidos para apresentar a p.i. no TAF.

Logo, o prazo de 90 dias, à míngua de inexistência de qualquer outra causa de suspensão, completou-se no dia 19 de setembro de 2020.

Assim, considerando que o dia 19.09.2020, foi um sábado, por força da remissão para o artigo 279.º do C.C., o termo do prazo transferiu-se para o primeiro dia útil seguinte (alínea e) do artigo 279.º do CC). (…) (…), tendo em consideração que a ação apenas foi intentada em outubro de 2020, em face dos fundamentos fáticos e jurídicos enunciados, impõe-se concluir ocorrer efetivamente a exceção da caducidade do direito de ação da autora no que concerne ao pedido formulado sob a alínea C) do petitório, pelo que terá o réu de ser absolvido da instância.”

Quanto à caducidade do direito de acção conhecida em 1ª instância, vindo imputado erro de julgamento quanto ao decidido, julgou-o improcedente.

Disse-se, nomeadamente, o seguinte: “Conforme resulta dos factos assente, por despacho de 20/10/2014 da Direção da CGA foi reconhecida à Apelante o direito à aposentação ao abrigo da modalidade especial de aposentação prevista no artigo 2º, nº 3, da Lei n.º 77/2009, de 13 de agosto.

Sucede que, já então a pensão de aposentação foi calculada nos termos em que, só agora, a Autora vem impugnar, isto é, por aplicação do regime legal previsto no artigo 2.º, n.º 3, da Lei n.º 77/2009, de 13 de agosto, considerando-se na P1 da pensão a carreira completa de 40 anos, e com exclusão dos períodos de de ausência por doença registados a partir de 2007-01-20, do tempo prestado de 2007-01-01 a 2008-09-19 enquanto Directora do Centro de Formação da Associação de Escolas de ……….. e do tempo prestado de 2010-09-01 a 2011-08-31 enquanto Professora Bibliotecária.

Pretendendo a autora que esses períodos de tempo tivessem sido contabilizados, devia a mesma ter impugnado o ato inicial de fixação da sua pensão de aposentação quanto ao modo como foi contado o tempo para efeitos de aposentação, no prazo de três meses a contar da notificação do ato de 20/10/2014 que lhe fixou a pensão de aposentação. Tratando-se de aspetos da decisão que conhecia desde então, não os tendo impugnado, deixou que se consolidasse na ordem jurídica essa contabilização do seu tempo de

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serviço. E o eventual vício daí decorrente, configurável como erro nos pressupostos de facto, apenas determina a anulabilidade do ato e não a sua nulidade, pelo que, como tal, por razões eminentemente de segurança jurídica, a respetiva impugnação está sujeita a prazos curtos de reação, que uma vez decorridos, têm como consequência a consolidação do ato administrativo.”

E, sendo assim, considerou que o Tribunal de 1ª instância havia concluído correctamente pela caducidade do direito de acção quanto ao despacho inicial de 29.10.2014, com a consequente absolvição da Ré da instância.

Afigura-se-nos que a questão da caducidade do direito de acção [agora intempestividade da prática do acto processual – art. 89º, nº 4, alínea k) na actual versão do CPTA], objecto da presente revista, terá sido decidida pelo acórdão recorrido com acerto, estando este juridicamente fundamentado através de um discurso plausível e consistente. Como também não se vislumbra que o decidido possa violar os princípios da justiça e da boa-fé, previstos no art. 266º, nº 2 da CRP, já que o legislador infraconstitucional não está impedido de regular determinadas matérias – no caso prazos para a prática de actos – da forma que lhe parecer mais adequada, sem que essa regulação possa ser considerada, à partida, inconstitucional. A Recorrente não concorda com a interpretação que foi dada, mas essa discordância não corresponde a uma violação dos preceitos indicados. Como, igualmente, não se vê, mesmo no juízo sumário que esta apreciação preliminar comporta, que o acórdão recorrido tenha incorrido em nulidade por omissão de pronúncia (arts. 615º, nº 1, alínea d) do CPC e art. 95º, nºs 1 e 3 do CPTA), já que a verificação da caducidade do direito de acção, determina, desde logo, a absolvição da instância, e, prejudica o conhecimento das questões de fundo quanto à interpretação dos diplomas legais que a Recorrente convocou.

Assim, perante a aparente exactidão do acórdão recorrido não deve ser admitido o recurso, não se vendo que a questão seja particularmente relevante juridicamente ou que revista complexidade jurídica superior ao normal, não sendo, igualmente, a revista necessária para uma melhor aplicação do direito, pelo que não se justificar postergar a regra da excepcionalidade da revista.

4. Decisão

Pelo exposto, acordam em não admitir a revista.

Custas pela Recorrente.

Lisboa, 9 de Dezembro de 2021. – Teresa de Sousa (relatora) – Carlos Carvalho – José Veloso.

Fonte: http://www.dgsi.pt

Referências

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