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Aula nº. 02. Não provas a matéria não costuma cair dessa forma, mas a banca costuma dar um exemplo de obrigação simples e um de obrigação composta.

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Curso/Disciplina: Direito Civil: Obrigações Aula​: Teoria Geral (Parte II)

Professor(a): Rafael da Mota Mendonça Monitor(a): Danilo Barboza de Almeida

Aula nº. 02

2) CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

A classificação de uma obrigação se dá, a partir do número de objetos que essa obrigação possui, e o objeto da obrigação é a prestação. Prestação que no direito processual é chamado de “bem da vida”, podendo ser um “fazer”, um “não fazer”, um “dar” etc.

A obrigação poderá ser:

a) Simples: possui apenas uma prestação.

b) Composta: possui duas ou mais prestações.

Não provas a matéria não costuma cair dessa forma, mas a banca costuma dar um exemplo de obrigação simples e um de obrigação composta.

Temos como exemplo de obrigação simples, a obrigação facultativa. Lembrando que a obrigação facultativa não está na lei, dependendo sempre do acordo de vontades. Obrigação facultativa é uma obrigação simples em que o devedor tem a faculdade de substituir a prestação devida por outra. A obrigação facultativa não deve ser confundida com a “Dação em Pagamento”, pois a dação é uma modalidade de pagamento na qual o credor, após o vencimento admite receber coisa diversa daquela que foi originariamente pactuada.

Quanto a obrigação composta, temos como exemplo a obrigação alternativa. Obrigação alternativa são obrigações compostas em que o devedor tem que realizar apenas uma das prestações. Levam o conectivo “ou”. Há mais de uma obrigação estipulada, porém o devedor não precisa realizar todas, bastando realizar uma delas. Quem escolhe qual prestação realizar, via de regra é o devedor, mas as partes podem pactuar de forma diversa. Essa escolha feita pelo devedor é a chamada “concentração do débito”, que deverá ocorrer até 10 dias antes do vencimento (art. 800 do CPC/15) , sob pena da concentração do débito1 passar ao credor.

1Art. 800. Nas obrigações alternativas, quando a escolha couber ao devedor, esse será citado para exercer a opção e realizar a prestação dentro de 10 (dez) dias, se outro prazo não lhe foi determinado em lei ou em contrato.

§ 1o Devolver-se-á ao credor a opção, se o devedor não a exercer no prazo determinado.

§ 2o A escolha será indicada na petição inicial da execução quando couber ao credor exercê-la.

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Na obrigação facultativa temos apenas uma obrigação, cujo devedor pode substituí-la por uma outra, acordada previamente na celebração do contrato. Na alternativa, temos um obrigação composta em que o devedor tem que realizar apenas uma das prestações.

3-Teoria Dualista das Obrigações

O Brasil adotou no Código Civil a teoria dualista, isso significa dizer que a obrigação é dividida em dois momentos. Temos em um primeiro momento o débito, e em um segundo momento a responsabilidade. Essa ideia vem do Direito Alemão, por isso débito também é chamado “shuld” e a responsabilidade de “haftung”.

Do latim temos que débito é “debitum” e responsabilidade é “obligatio”.

O débito é a obrigação propriamente dita, enquanto a responsabilidade é um obrigação sucessiva que decorre do não cumprimento do débito. Via de regra as obrigações possuem esses dois momentos, e a obrigação que possui esses dois momentos é chamada de “obrigação civil”.

É possível que uma obrigação tenha somente o primeiro momento, ou seja, débito sem responsabilidade e essa obrigação é chamada de “obrigação natural”. Temos no Código Civil, dois exemplos de obrigação natural. Temos a dívida de jogo no art. 814 e a dívida prescrita nos artigos 882 e 883.

Art. 814. As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito.

§ 1 oEstende-se esta disposição a qualquer contrato que encubra ou envolva reconhecimento, novação ou fiança de dívida de jogo; mas a nulidade resultante não pode ser oposta ao terceiro de boa-fé.

§ 2 oO preceito contido neste artigo tem aplicação, ainda que se trate de jogo não proibido, só se excetuando os jogos e apostas legalmente permitidos.

§ 3o Excetuam-se, igualmente, os prêmios oferecidos ou prometidos para o vencedor em competição de natureza esportiva, intelectual ou artística, desde que os interessados se submetam às prescrições legais e regulamentares.

Art. 882. Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível.

Art. 883. Não terá direito à repetição aquele que deu alguma coisa para obter fim ilícito, imoral, ou proibido por lei.

Parágrafo único. No caso deste artigo, o que se deu reverterá em favor de estabelecimento local de beneficência, a critério do juiz.

Quando falamos em jogo, nos referimos as dívidas oriundas de jogos socialmente aceitos, porém não regulamentados (ex. poker, buraco etc). Na dívida prescrita, a prescrição extingue a pretensão , a pretensão 2 não extingue o direito subjetivo que é débito, a pretensão extingue a obligatio (responsabilidade) ou seja, a exigibilidade do direito subjetivo ou a pretensão.

2Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.

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Tanto o débito se mantém nas obrigações naturais que a principal característica delas é serem irrepetíveis, pois o credor, mesmo não podendo exigir, tem o direito de receber, tanto que após a prescrição se o devedor pagar voluntariamente, não poderá exigir de volta o'que foi pago.

Perguntas:

1) Qual a exceção a irrepetibilidade das obrigações naturais, ou seja, qual a hipótese na qual mesmo o devedor pagando, ele poderá exigir de volta o que pagamento, ainda que o credor tenha o direito de receber? Resposta: A exceção é para proteger terceiro de boa fé .

Digamos que que um devedor que possua 4 credores, A, B, C e D, pague dívida prescrita a B, C e D, e que esse pagamento o leve a insolvência, prejudicando o pagamento que faria a A. Esse credor A, que é terceiro de boa fé, pode exigir, até mesmo judicialmente (ação pauleana), que os valores sejam devolvidos.

Assim sendo, podemos concluir que, o pagamento de Obrigação Natural que leve o devedor a insolvência, prejudicando terceiro de boa fé, permite que os valores pagos retornem ao patrimônio do devedor, sob a alegação de fraude contra credores, excepcionando a irrepetibilidade das obrigações naturais.

2) É possível compensar obrigação natural? Resposta: Para poder responder essa pergunta, é necessário conhecer os requisitos da compensação, presentes no art. 369 do Código Civil, que autoriza a compensação entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis entre si. Quando se fala em dívidas vencidas, leia-se dívidas exigíveis, assim sendo, não é possível compensar obrigações naturais, pois estas não são exigíveis.

Art. 369. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis.

3) É possível “novar” obrigação natural ? Resposta: A novação é uma forma de extinção das obrigações sem o pagamento, disciplinada nos arts 360 e seguintes do Código Civil. Quando se faz a novação de uma obrigação natural, se está extinguindo uma obrigação que não é exigível, pela criação de uma outra que é uma obrigação civil e exigível.

No que diz respeito a dívida de jogo o art. 814, § 1º proíbe expressamente a novação. Isso ocorre, pois se o legislador permitisse essa novação, estaria colocando na mão do particular a possibilidade de tornar exigível jogos que o Estado optou por não regulamentar;

Na dívida prescrita, a novação torna aquela obrigação exigível novamente, ou seja, se está renunciando a prescrição, e o art. 191 do Código, diz que a renúncia pode ser expressa ou tácita. E a 3 novação da dívida prescrita nada mais é do que a renúncia tácita à prescrição, pois o credor tem ato contrário a ela. A idéia da prescrição é liberar o devedor, e por isso o art. 202 dispõe que o prazo 4 prescricional, somente poderá voltar do zero uma vez, evitando que o devedor torne-se refém de uma relação obrigacional. Isso impede a ocorrência de várias novações sucessivas.

Art. 360. Dá-se a novação:

3Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição.

4Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez,

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I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior;

II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor;

III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor quite com este.

Art. 361. Não havendo ânimo de novar, expresso ou tácito mas inequívoco, a segunda obrigação confirma simplesmente a primeira.

Art. 362. A novação por substituição do devedor pode ser efetuada independentemente de consentimento deste.

Art. 363. Se o novo devedor for insolvente, não tem o credor, que o aceitou, ação regressiva contra o primeiro, salvo se este obteve por má-fé a substituição.

Art. 364. A novação extingue os acessórios e garantias da dívida, sempre que não houver estipulação em contrário. Não aproveitará, contudo, ao credor ressalvar o penhor, a hipoteca ou a anticrese, se os bens dados em garantia pertencerem a terceiro que não foi parte na novação.

Art. 365. Operada a novação entre o credor e um dos devedores solidários, somente sobre os bens do que contrair a nova obrigação subsistem as preferências e garantias do crédito novado. Os outros devedores solidários ficam por esse fato exonerados.

Art. 366. Importa exoneração do fiador a novação feita sem seu consenso com o devedor principal.

Art. 367. Salvo as obrigações simplesmente anuláveis, não podem ser objeto de novação obrigações nulas ou extintas.

4) É possível constituir uma garantia pessoal ou real para cumprimento de obrigação natural?

Resposta: No que ´diz respeito a dívida de jogo, o art. 814,§ 1º proíbe expressamente a constituição de fiança, resta saber se é somente a fiança que ele proíbe ou a constituição de qualquer garantia. Temos duas correntes sobre o tema, a primeira irá seguir a regra básica de hermenêutica, qual seja, normas restritiva não poderão sofrer interpretação extensiva, se o legislador proibiu apenas a fiança somente a fiança esta é proíbida e todas as demais garantias pessoais ou reais são permitidas.

A segunda corrente, que segundo o professor é a mais adequada, faz a seguinte reflexão: se o objetivo é proibir apenas a fiança para evitar que o particular possa tornar exigível jogos que o Estado optou em não regulamentar, não haveria sentido em proibir apenas a fiança e permitir todas as demais garantias. Assim sendo, em uma observação teleológica ou finalística, observando o sentido da norma, não há sentido em se proibir apenas a fiança. Podemos concluir que não é possível constituir nem garantia pessoal e nem real para o pagamento de dívida de jogo.

Com relação a dívida prescrita é sim possível a constituição de garantia real ou pessoal para o seu cumprimento, pois a constituição de uma garantia para o pagamento de dívida prescrita, nada mais é do que uma renúncia tácita à prescrição. Contudo, a renúncia tácita ocorrerá, no limite da garantia que foi constituída. Ou seja, se em uma dívida prescrita de um milhão é dado um bem em garantia no valor de 800

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mil reais, a renúncia tácita ocorre quanto aos 800 mil reais, no que diz respeito aos 200 mil remanescentes a dívida continua prescrita.

Referências

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