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Salário Mínimo Regional Desenvolvimento e Distribuição de Renda.

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Academic year: 2022

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Salário Mínimo Regional

Desenvolvimento e Distribuição de Renda.

Porto Alegre, 15/02/2022

Pauta das Centrais Sindicais – 2022

A luta das Centrais Sindicais pela valorização do Piso Regional vem demonstrando a possibilidade de ação conjunta e unitária do movimento sindical gaúcho para um projeto de desenvolvimento do Estado que incorpore a melhoria da distribuição de renda e, sobretudo, resguardar a base da hierarquia salarial dos segmentos mais vulneráveis, presentes em setores e regiões em que a organização sindical tem menor alcance.

A valorização do piso regional, ao contrário do que alguns setores empresariais afirmam, significa um necessário instrumento de democratização de renda, desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida para milhares de trabalhadores, gerando um círculo virtuoso de salário e demanda agregada. Em 2021, segundo o Novo CAGED, houve 1,3 milhões de admissões no Rio Grande do Sul.

Santa Catarina e Paraná, estados da Região Sul e com características socioeconômicas semelhantes as do Rio Grande do Sul, também possuem Piso Regional e reajustaram os salários mínimos estaduais entre 2020 e 2022, cumulativamente, em 22,3% e 23,7% respectivamente

Em Santa Catarina as centrais sindicais fecharam acordo com as federações patronais prevendo um reajuste médio de 10,5% para o salário mínimo regional de 2022. Ficou garantido a reposição do INPC de 2021, que foi de 10,16%, e um aumento real de 0,34%.

O Paraná continuará com o maior salário mínimo regional do país em 2022, onde os valores foram definidos pelo Conselho Estadual do Trabalho Emprego e Renda (CETER) através de uma comissão tripartite formada por representantes dos trabalhadores dos empresários e técnicos do governo estadual. Esta política de construção definiu pela aplicação do INPC de 2021 (que foi de 10,16%), nos quatro grupos salariais que vão de R$ 1.617 a R$ 1.870, retroativos a 1º de janeiro.

As Centrais Sindicais do Rio Grande do Sul entendem e defendem que a valorização do Piso Regional é um instrumento eficiente para percorrer o longo caminho de superarmos o baixo crescimento econômico e alto desemprego, devendo servir inclusive, como contrapartida aos incentivos fiscais e ao atendimento da agenda das federações empresariais pelo Governo do Estado.

Importante registrar que para manter a relação que existia entre a primeira faixa no Mínimo Regional e o salário mínimo nacional vigente em 2001 (ano em que Mínimo Regional foi implantado no RS), seria necessário um reajuste em 1º de fevereiro de 2022 de 18,83%.

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No entanto, ante a urgência de amenizar parte as perdas do poder de compra causado pela forte aceleração dos preços dos alimentos da cesta básica, do gás e da energia elétrica nos últimos dois anos que acumulam altas de 34,9%, 46,2% e 49,2% respectivamente, consideramos fundamental:

1. Reajuste total de 15,58% para 1° de fevereiro de 2022. Este porcentual é resultado de:

4,50% (PL nº 35/2020) correspondente ao INPC e cujo reajuste não foi concedido;

10,60%: (INPC em 01/fev/2022);

2. Inclusão de novas categorias, ainda não contempladas, com criação de novas faixas;

3. Alteração de faixas de categorias que apresentem defasagem na faixa atual.

4. Colocar o piso na Constituição do Estado.

5. Estabelecer critério de reajuste geral, levando em conta o crescimento da economia nacional e estadual, mais a inflação.

6. Incluir na Lei a garantia do piso como vencimento mínimo aos Servidores Públicos do Estado.

7. Que o debate sobre o reajuste do mínimo regional ocorra dentro do Conselho Estadual do Trabalho, aos moldes do que já acontece em outros estados.

Pisos com o reajuste de 15,58%

Piso Regional RS out/21 c/ reajuste de 15,58%

I Faixa R$ 1.305,56 R$ 1.508,97

II Faixa R$ 1.335,62 R$ 1.543,71

III Faixa R$ 1.365,92 R$ 1.578,73

IV Faixa R$ 1.419,86 R$ 1.641,08

V Faixa R$ 1.654,51 R$ 1.912,28

Elaboração : DIEESE-RS

Reajustes 10,50% 10,16%

Agrupamento SC PR RS*

Grupo I 1.416,00 1.617,00 1.305,56

Grupo II 1.468,00 1.680,80 1.335,62

Grupo III 1.551,00 1.738,00 1.365,92

Grupo IV 1.621,00 1.870,00 1.419,86

Grupo V 1.654,51

Fonte: Legislação dos Estados Elaboração: DIEESE-RS

* RS outubro de 2021

Pisos Regionais 2022

Obs.: As ocupações que compõem os grupos varia de estado para estado, conforme definido na legislação estadual

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Das justificativas.

A função primordial do Piso Regional é proteger os trabalhadores que estão na base da hierarquia salarial no estado. Além desta função listamos outros papéis na economia e sociedade de um estado.

1. Proteção aos “perdedores da barganha salarial”

O piso regional visa proteger as categorias de trabalhadores mais vulneráveis ou com inserção mais frágil no mercado de trabalho: mulheres, jovens, trabalhadores no setor agrícola. Também há um grande desnível entre os acordos e convenções coletivas das categorias mais mobilizadas, em relação às menos mobilizadas, que acaba funcionando como incentivo a expedientes patronais, como certos tipos de subcontratação e terceirização, com o objetivo de driblar as conquistas previstas nos acordos das categorias preponderantes

2. Emprego doméstico

O isolamento do trabalho doméstico em famílias, muitas vezes em condições precárias de trabalho levam a limites na sua capacidade de negociação coletiva para lograr melhores salários. No Rio Grande do Sul o trabalho doméstico representa 10,9% do emprego total, o que correspondia em 2019, segundo a PNAD (IBGE) a 331 mil empregos. (Tabela 1 do anexo)

3. Baliza os salários de ingresso no mercado de trabalho

Funciona como balizador do salário de ingresso no mercado de trabalho e é a remuneração mais comum entre os trabalhadores admitidos numa determinada categoria profissional. Em 2021 foram 1, 3 milhões de novas contratações no Rio Grande do Sul. (Tabela 2 do anexo)

4. Inibição da rotatividade

Uma das características do mercado de trabalho brasileiro e gaúcho é a prática da rotatividade, entendida aqui como a demissão de um trabalhador pela empresa e a contratação de outro para o mesmo posto, com objetivo de reduzir o gasto com a folha de pagamentos. A elevação de um salário base, que alcança os trabalhadores menos qualificados, aproxima os valores dos rendimentos dos já empregados em relação aos dos seus possíveis substitutos, desestimulando essa prática de movimentação de pessoal.

5. Equalização e dinamização regional

Do ponto de vista das diferenças entre as regiões do estado, o piso regional exerce um papel equalizador. O processo de valorização do piso estimula o circuito econômico de áreas que contam com grande número de indivíduos que dependem do piso. Junto com outras medidas de estímulo à dinamização econômica desses mercados, a elevação do Piso Regional pode impulsionar não só o nível de bem-estar das populações aí residentes, mas também o crescimento e a diversificação da economia local.

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6. O piso regional como um sistema de negociação setorial

O Brasil, ao contrário de outros países, não tem um sistema de “Conselhos de Salários” tripartites, onde se estabelecem salários mínimos por setores de atividade. A negociação do piso regional poderia funcionar como um sistema de negociação setorial. A própria pulverização das negociações dificulta o atendimento de reivindicações por parte das empresas, sempre que isso possa alterar parâmetros de custo em relação aos seus concorrentes – o que não ocorreria se a negociação fosse centralizada e obrigasse o conjunto das empresas do ramo específico. Com isto se fomentaria a concorrência local entre as empresas com base na qualidade e na inovação, em vez da restrição ao crescimento salarial.

Argumentos das Federações Empresariais

Entre os argumentos dos que se opõe a existência de pisos salariais estaduais estão relacionados ao custo do trabalho e que isto levaria ao aumento da informalidade e da taxa de desemprego. Além de prejudicar as micro e pequenas empresas por não terem a capacidade para pagar salários mais altos.

Crescimento do emprego formal e queda da informalidade no Rio Grande do Sul

Nos últimos 17 anos, entre 2002 a 2018, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (RAIS e Caged), o estoque de trabalhadores formais no Rio Grande do Sul cresceu 44,2% passando de 2.027.416 trabalhadores com carteira assinada em 2002 para 2.902.373 em 2018, um acréscimo de 895.427 trabalhadores formais no período (Gráfico 1). Ao mesmo tempo, segundo dados da PNAD/IBGE, o número de trabalhadores sem carteira assinada registrou queda de 19%, passando de 558 mil em 2012 para 452 mil em 2019, redução de 106 mil empregados sem carteira de trabalho assinada (Gráfico 2).

Taxa de desemprego e crescimento do emprego. Conforme podemos ver no Gráfico 3, no período de 2001 a 2018 na Região Metropolitana de Porto Alegre a taxa de desemprego passou de 14,9% em 2001 para 11,7% em 2018 (dados até fevereiro). Nesse período, o emprego com carteira assinada aumentou 40% e o rendimento médio real dos assalariados que pertencem ao grupo dos 25% mais pobres cresceu 41,8%.

Vale ainda destacar que segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral (PNAD/IBGE) a taxa de desocupação do Rio Grande do Sul (8,2%) e demais estados da região Sul Santa Catarina (6,0%) e Paraná (9,0%), ambos também com piso regional é menor do que a do Brasil (12,0%) em todo o período. A taxa de desocupação do Rio Grande do Sul também é inferior a de Minas Gerais (9,6%), estado que possui uma economia com características próximas da economia gaúcha e que não possui piso Regional (Gráfico 4)

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A contratação nas micro e pequenas empresas

Segundo informações do Ministério do Trabalho e Emprego, de janeiro a agosto de 2019, as microempresas do setor industrial (até 19 empregados) foram as que apresentaram o maior geração de postos de trabalho (6.234 vagas)(Tabela 3 do anexo).

Sendo o que há, considere-se o todo exposto como proposta elaborada pelo Fórum das Centrais Sindicais do Rio Grande do Sul, cujas entidades colocam-se, desde já, a disposição para dialogar com os setores patronais sob a observância, mediação e deliberação final do Governo do Estado.

Fraternas saudações Classistas,

Fórum das Centrais Sindicais do Rio Grande do Sul

CTB – CUT - Intersindical – NCST – FS – CSB – UGT – Conlutas – Pública – Fórum forumcentrais.rs@gmail.com

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ANEXOS

Gráfico 1

Evolução do Estoque de Empregos Formais Rio Grande do Sul - 2002 a 2018

2.027.416 2.079.813 2.193.332 2.235.473 2.320.747 2.425.844 2.521.311 2.602.320 2.804.162 2.920.589 2.993.031 3.082.991 3.109.179 3.005.549 2.910.883 2.902.373 2.922.843

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Fonte: RAIS e Caged, Ministério da Economia (Departamento do Trabalho)

*Em 2018 os dados estão estimados. Foi utilizado o estoque 2017 da RAIS + saldo caged de 2018. A RAIS 2018 ainda não foi divulgada

Elaboração: DIEESE RS

Gráfico 2

Empregados sem carteira de trabalho assinada Rio Grande do Sul – 2012 a 2019

558 560 543 526 513

494 499 498 474 468 469 490 483 486 470 483 452

422 447473 465 491 474506

461 478 456483 450 452

jan- fev- mar

abr- mai- jun

jul- ago-

set out- nov- dez

jan- fev- mar

abr- mai- jun

jul- ago- set

out- nov- dez

jan- fev- mar

abr- mai- jun

jul- ago- set

out- nov- dez

jan- fev- mar

abr- mai- jun

jul- ago- set

out- nov- dez

jan- fev- mar

abr- mai- jun

jul- ago- set

out- nov- dez

jan- fev- mar

abr- mai- jun

jul- ago- set

out- nov- dez

jan- fev- mar

abr- mai- jun

jul- ago-

set out- nov- dez

jan- fev- mar

abr- mai- jun

2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Fonte: PNAD Contínua, IBGE - 2012 a 2019 Elaboração: DIEESE RS

Crescimento de 44,2% no emprego formal entre 2002 e 2018

Queda de 19%

Redução de 106 mil trabalhadores sem carteira

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Tabela 1

Estimativa de empregados e trabalhadores domésticos segundo posição na ocupação Rio Grande do Sul – II trimestre 2019

Posição na ocupação

Número de Trabalhadores

(mil pessoas)

Participação %

Empregado no setor privado COM carteira assinada 2.253 95,6%

Trabalhadores domésticos COM carteira assinada 104 4,4%

Subtotal 2.357 100%

Empregado no setor privado SEM carteira assinada 452 66,6%

Trabalhadores domésticos SEM carteira assinada 227 33,4%

Subtotal 679 100%

Total de empregados 3.036 100%

Total de trabalhadores domésticos 331 10,9%

Fonte: PNAD Contínua II Trimestre 2019, IBGE Elaboração: DIEESE RS

Tabela 2

Admissões e desligamentos e saldo emprego formal. Rio Grande do Sul 2021

Fonte: Novo CAGED

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Gráfico 3

Evolução do emprego assalariado com carteira assinada, rendimento médio real dos assalariados que pertencem ao grupo dos 25% mais pobres e taxa de desemprego

Região Metropolitana de Porto Alegre 2001-2018

97,7 100,6 99,6 104,5 110,7 116,8 119,0 127,5 131,6 144,6 146,2 147,3 153,4 148,9 147,8 139,7 136,4 140,7

103,1 95,4 97,5 99,9 103,8 109,6 111,3 111,9 121,3 124,9 127,7 132,3 134,0 139,3 128,8 130,8 142,7 141,8

14,9 15,3 16,7

15,9

14,5 14,3

12,9

11,2 11,1

8,7

7,3 7,0

6,4 5,9

8,7 10,7 12,8

11,7

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Taxa de desemprego (% da PEA)

Índice base fixa 2000=100

Emprego assalariados com carteira assinada Rendimento médio real dos assalariados que pertencem ao grupo dos 25% mais pobres Taxa de desemprego

Os dados de 2018 são até fevereiro, pois a pesquisa foi encerrada.

Fonte: PED-RMPA – Convênio FEE, FGTAS/SINE-RS, SEADE-SP e DIEESE.

Elaboração: DIEESE RS

Gráfico 4

Taxa de Desocupação %

Estados com Piso Regional, Minas gerais e Brasil 2012 a 2019

12,0 8,5 9,6

15,1

7,8

12,8

5,6

9,0

4,1

6,0 5,3

8,2

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

Brasil Minas Gerais Rio de Janeiro

São Paulo Paraná Santa Catarina

Rio Grande do Sul

Fonte: PNAD Contínua, IBGE - 2012 a 2019

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Tabela 3

Saldo do Emprego Formal e Salário Médio de Admissão na Indústria conforme tamanho do estabelecimento – Rio Grande do Sul - Janeiro a Agosto de 2019

Tamanho da Empresa Saldo da Movimentação Salário Médio de Admissão R$

ATÉ 19 (Microempresa) 6.234 1466,18

DE 20 A 99 (Pequena Empresa) 1.158 1457,44

DE 100 A 249 1001 1512,96

DE 250 A 499 1104 1547,39

DE 500 A 999 625 1522,73

1000 OU MAIS 1408 1469,69

Total 11.530 1486,65

Fonte: Caged, Ministério da Economia (Departamento do Trabalho) Elaboração: DIEESE RS

Tabela 4 - Cesta Básica, janeiro 2022

Tabela 5

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Tabela 6 – Salário Mínimo Necessário - Gasto familiar por item –Dez/2022

Tabela 7

PIB per capita por UF. 2002 a 2019

Na Região Sul, Santa Catarina aparece na quarta posição entre os maiores PIB per capita do país. Já o Rio Grande do Sul está na quinta e o Paraná, na sexta posição.

Fonte: IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona Franca de Manaus - SUFRAMA

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Gráfico 5

Produção industrial acumulada no ano de 2021

Santa Catarina (10,3%), Paraná (9,8%) e Rio Grande do Sul (8,8%) registraram taxas positivas maiores do que a média nacional (3,9%),

Fonte: IBGE - Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física

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