• Nenhum resultado encontrado

INTEGRAÇÃO DA EDUCAÇÃO NO MERCOSUL

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "INTEGRAÇÃO DA EDUCAÇÃO NO MERCOSUL"

Copied!
109
0
0

Texto

(1)

INTEGRAÇÃO DA EDUCAÇÃO NO MERCOSUL

FELIPE CLEMENT

DECLARAÇÃO

“DECLARO QUE A MONOGRAFIA ESTÁ APTA PARA DEFESA EM BANCA PUBLICA EXAMINADORA”.

ITAJAÍ (sc), 08 de novembro de 2010.

___________________________________________

Professor Orientador: MSc. Maria Eugênia Furtado

UNIVALI – Campus Itajaí-SC

(2)

INTEGRAÇÃO DA EDUCAÇÃO NO MERCOSUL

FELIPE CLEMENT

Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Orientador: Professora MSc. Maria Eugênia Furtado

Itajaí, 08 de novembro de 2010.

(3)

caminho para que pudesse concluir mais uma etapa da minha vida;

Aos meus pais por todo amor e carinho que sempre tiveram comigo, meu eterno agradecimento pelos momentos em que estiveram ao meu lado, me apoiando e me fazendo acreditar que nada é impossível.

A minha namorada Bianca, por ser tão dedicada e amiga, por ser a pessoa que mais me apóia e acredita na minha capacidade, meu agradecimento pelas horas em que ficou ao meu lado não me deixando desistir e me mostrando que sou capaz de chegar onde desejo.

A minha orientadora Professora MSc. Maria Eugênia Furtado, sempre me apoiando em todos os momentos, enfim por todos os conselhos e pela confiança em mim depositada meu imenso agradecimento.

(4)

carinho e dedicação, por terem sido a peça fundamental para me tornar a pessoa que hoje sou.

A minha namorada Bianca pelo carinho e apoio dispensados em todo momento que precisei.

A minha orientadora Professora MSc. Maria Eugênia Furtado pela dedicação e amizade.

(5)

ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Itajaí, 08 de novembro de 2010.

Felipe Clement Graduando

(6)

Itajaí – UNIVALI, elaborada pelo Graduando Felipe Clement, sob o título Integração da Educação no MERCOSUL, foi submetida em 22 de novembro de 2010 à banca examinadora composta pelos seguintes professores: MSc. Maria Eugênia Furtado e MSc. Márcia Sarubbi Lippmann, e aprovada com a nota dez.

Itajaí, 29 de novembro de 2010.

MSc. Maria Eugênia Furtado Orientador e Presidente da Banca

MSc. Antônio José Lapa Coordenação da Monografia

(7)

ECA

CEB CEE CES CNE

Constituição Federal ECA

LDB

LICC

MERCOSUL STF

SC PLC UNIVALI

Lei n.º 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências.

Câmara de Educação Básica Conselho Estadual de Educação Câmara de Educação Superior Conselho Nacional de Educação

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 Lei n.º 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências.

Lei n.º 9.304, de 20 de dezembro de 2006. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional

Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942. Lei de Introdução ao Código Civil

Mercado Comum do Sul Supremo Tribunal Federal Estado de Santa Catarina Projeto de Lei da Câmara Universidade do Vale do Itajaí

(8)

INTRODUÇÃO... X

CAPÍTULO 1... 13

PROCESSO LEGISLATIVOS E RESPECTIVA VIGÊNCIA... 13

1.1 PROCESSO LEGISLATIVO

...

13

1.1.1ESPÉCIES...15

1.1.1.1 Processo legislativo ordinário... 16

1.1.1.1.1 Fases do processo legislativo ordinário

...

17

1.1.1.2 Processo legislativo especial previsto para elaboração de decreto legislativo... 22

1.2 VIGÊNCIA, REVOGAÇÃO, RETROATIVIDADE E HIERARQUIA DAS NORMAS JURÍDICAS... 23

1.2.1 DA VIGÊNCIA... 24

1.2.2 DA REVOGAÇÃO... 27

1.2.2.3 Revogação expressa ou tácita... 30

1.2.3 DA RETROATIVIDADE... 31

1.2.4 NORMAS INTERNACIONAIS NO BRASIL... 32

1.2.5 DA HIERARQUIA... 34

CAPÍTULO 2... 36

EDUCAÇÃO BRASILEIRA... 36

2.1 COMPOSIÇÃO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA... 36

2.1.1EDUCAÇÂOBÁSICA...41

2.1.1.1 Educação Infantil... 43

2.1.1.2 Ensino fundamental... 44

2.1.1.3 Ensino médio... 47

2.1.2 ENSINO SUPERIOR... 48

2.1.2.1 Cursos sequenciais... 50

2.1.2.2 Curso de graduação... 51

2.1.2.3 Curso de pós-graduação... 52

2.1.2.3.1 pós-graduação lato sensu... 53

2.1.2.3.2 pós-graduação stricto sensu... 55

2.1.2.4 Cursos de extensão... 57

(9)

CAPÍTULO 3... 58

INTEGRAÇÃO EDUCACIONAL NO MERCOSUL... 58

3.1 MERCOSUL... 58

3.1.1 COMPOSIÇÃO... 60

3.1.2 SETOR EDUCACIONAL DO MERCOSUL - SEM... 61

3.2 PROTOCOLO DE INTEGRAÇÃO EDUCACIONAL E RECONHECIMENTO DE CERTIFICADOS, TÍTULOS E ESTUDOS NA EDUCAÇÃO BÁSICA... 62

3.2.1 CURSOS ABRANGIDOS PELO PROTOCOLO DE INTEGRAÇÃO EDUCACIONAL...65

3.3 ACORDO DE ADMISSÃO DE TÍTULOS E GRAUS UNIVERSITÁRIOS...68

3.3.1 RECONHECIMENTO E CREDENCIAMENTO DOS CURSOS... 70

3.3.2 CURSOS ABRANGIDOS PELO ACORDO... 71

3.3.2.1 Curso de graduação... 72

3.3.2.2 Curso de pós-graduação lato sensu... 73

3.3.2.3 Curso de pós-graduação stricto sensu... 74

3.3.3 REVALIDAÇÃO DOS DIPLOMAS... 75

3.3.3.1 Competência para revalidação... 79

3.3.3.2 Procedimento para revalidação... 81

3.3.3.2.1 Critérios para revalidação... 83

CONSIDERAÇÕES FINAIS... 86

REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS... 89

ANEXOS... 96

(10)

A presente monografia tem o objetivo de trazer informações atuais e úteis a todos os interessados e/ou educandos que estão freqüentando, desejam transferir ou obtiveram um título de um curso numa instituição de ensino estrangeira pertencente aos “Estados Partes” do MERCOSUL e seus associados, onde se discutirá a necessidade e a possibilidade de prosseguir ou revalidar o diploma no Brasil. Para elaboração deste trabalho foi utilizada a pesquisa bibliográfica, que constitui no exame de obras de vários autores, exame da legislação nacional, exame de pareceres do Conselho Nacional da Educação, Conselho Estadual da Educação do Estado de Santa Catarina e exame das jurisprudências dos nossos Tribunais. Tendo como finalidade verificar o conceito e a validade dos tratados celebrados pelos “Estados Partes” do MERCOSUL e seus associados, bem como a composição dos cursos aludidos nestes tratados. Com o referido estudo ficou caracterizado que o educando poderá dar prosseguimento e revalidar os seus estudos na educação básica em todos os “Estados Partes” do MERCOSUL e seus associados e ainda, na educação superior, o educando deverá solicitar a revalidação do seu diploma obtido em instituição de ensino estrangeira mesmo para fins exclusivos de docência e pesquisa nas instituições de ensino superior no Brasil.

(11)

A presente Monografia tem como objeto apresentar os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais sobre os tratados de integração educacional existentes no MERCOSUL.

O seu objetivo é analisar e demonstrar quais os cursos brasileiros são abrangidos pelos tratados de integração educacional, quais os procedimentos que o educando deve se submeter para a revalidação do diploma em território nacional e ainda a possibilidade de dar prosseguimento nos estudos iniciados no exterior.

Na busca de integralizar a educação básica nos “Estados Partes” do MERCOSUL e seus associados, iniciaram-se esforços na criação de tratados e na unificação de conteúdos curriculares mínimos que possibilitem o prosseguimento dos estudos nestes países.

Neste diapasão, é crescente a procura dos estudantes por instituições estrangeiras que ofereçam cursos no ensino superior, especialmente cursos de pós-graduação stricto sensu na modalidade de Mestrado ou Doutorado.

As legislações que regulamentam a educação nos países, assim como as legislações que regulamentam a integração educacional entre os

“Estados Partes” do MERCOSUL e seus associados, devem ser analisadas pelo educando na escolha do seu curso. Para isso torna-se necessário analisar a vigência dos respectivos atos normativos para que o processo de integração educacional se efetive.

Neste contexto, a nossa lei de diretrizes e bases da educação, no art. 48 prevê a possibilidade de revalidação dos diplomas obtidos por instituições de ensino estrangeiras. Logo, configura-se como objetivo principal da presente monografia analisar o procedimento para revalidar no Brasil o diploma de graduação ou pós-graduação obtido numa instituição de ensino estrangeira no MERCOSUL.

(12)

Para tanto, principia–se, no Capítulo 1, tratando do processo legislativo e respectiva vigência da legislação que regulamentou as diretrizes e bases da educação nacional e o processo legislativo das legislações que promulgaram os tratados de integração educacional assinado entre os “Estados Partes” do MERCOSUL e seus associados.

No Capítulo 2, tratando da composição da educação nacional, onde cada nível e modalidade de ensino são delimitados por sua finalidade, seus objetivos e por suas diretrizes educacionais dispostos na lei de diretrizes e bases da educação nacional.

No Capítulo 3, tratando tratados de integração educacional celebrados pelos “Estados Partes” do MERCOSUL e seus associados, identificando quais os cursos, cuidados e procedimentos que deverão ser analisados previamente pelo educando na escolha pela instituição de ensino estrangeira. E ainda, quando do retorno do educando ao Brasil de que forma deverá proceder para viabilizar o prosseguimento dos seus estudos ou o reconhecimento do seu diploma.

As categorias fundamentais para a monografia, bem como os seus conceitos operacionais serão apresentados no decorrer da monografia.

O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões sobre os protocolos e acordos de integração educacional existentes no âmbito do MERCOSUL.

Para a presente monografia foram levantadas as seguintes hipóteses:

a) O Protocolo sobre Integração Educativa e Reconhecimento de Certificados, Títulos e Estudos de Nível Primário e Médio Não Técnico”, assinado em 5 de agosto de 1994 pelos Governos da República Argentina, da República Federativa do Brasil, da República do Paraguai e da República Oriental do Uruguai, promulgado pelo Decreto n.º 2.726, de 10 de agosto de 1998, permite o

(13)

prosseguimento, bem como o reconhecimento dos estudos na educação básica nos países que celebraram o aludido acordo.

b) O Protocolo de Integração Educativa e Reconhecimento de Certificados, Títulos e Estudos de Nível Fundamental e Médio Não-Técnico entre os Estados Partes do MERCOSUL, a República da Bolívia e a República do Chile, assinado em 5 de dezembro de 2002, promulgado pelo Decreto n.º 6.729, de 12 de janeiro de 2009 também permite o prosseguimento, bem como o reconhecimento dos estudos na educação básica nos países que celebraram o aludido acordo.

c) O Acordo de Admissão de Títulos e Graus Universitários para o Exercício de Atividades Acadêmicas nos Estados Partes do MERCOSUL foi assinado em 14 de junho de 1999, promulgado pelo Decreto n.º 5.518, de 23 de agosto de 2005, não substituiu a lei maior (LDB), portanto, não dispensa a revalidação do diploma de graduação e pós-graduação obtido uma instituição de ensino estrangeira.

Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase de Investigação foi utilizado o Método Indutivo, na Fase de Tratamento de Dados o Método Cartesiano, e, o Relatório dos Resultados expresso na presente Monografia é composto na base lógica Indutiva.

Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as Técnicas do Referente, da Categoria, do Conceito Operacional e da Pesquisa Bibliográfica.

(14)

PROCESSO LEGISLATIVO E RESPECTIVA VIGÊNCIA

1.1 PROCESSO LEGISLATIVO

De início, insta trazer à baila que o objetivo do presente capítulo é analisar o processo legislativo e a vigência da legislação que regulamentou as diretrizes e bases da educação nacional e o processo legislativo e a vigência dos decretos que promulgaram os tratados de integração educacional assinado entre os “Estados Partes” do MERCOSUL e seus associados.

Coelho1 define o processo legislativo como:

A lei passa a existir após um procedimento formal disciplinado na Constituição e no Regimento Interno das Casas do Poder Legislativo.

Esse procedimento, de grande complexidade, é denominado

“processo legislativo” e compreende a apresentação, discussão, votação, aprovação e veto de projetos de lei, bem como a sanção e publicação da lei. Enquanto não cumpridos os pressupostos procedimentais e as formalidades do processo legislativo, a lei não existe.

A Constituição Federal no art. 59 estabelece que o processo legislativo compreende a elaboração de:

Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:

I – emendas à Constituição;

II – leis complementares;

III – leis ordinárias;

IV – leis delegadas;

V – medidas provisórias;

VI – decretos legislativos;

VII – resoluções.

A fim de robustecer ainda mais a fundamentação do conceito em evidência, traz-se a lume as lições de Moraes2:

1 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil, volume 1, 3 ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2009, p.

36.

(15)

O termo processo legislativo pode ser compreendido num duplo sentido, jurídico e sociológico. Juridicamente, consiste no conjunto coordenado de disposições que disciplinam o procedimento a ser obedecido pelos órgãos competentes na produção de leis e atos normativos que derivam diretamente da própria constituição, enquanto sociologicamente podemos defini-lo como o conjunto de fatores reais que impulsionam e direcionam os legisladores a exercitarem suas tarefas.

E por fim, Ceneviva3 define de forma simples e objetiva o processo legislativo como “conjunto de medidas e de ritos observado na elaboração de leis”.

No Brasil, adota-se o processo legislativo indireto ou representativo, conforme disciplina Moraes4:

Por fim, o processo legislativo indireto ou representativo, adotado no Brasil e na maioria dos países, pelo qual o mandante (povo) escolhe seus mandatários (parlamentares), que receberão de forma autônoma poderes para decidir sobre os assuntos de sua competência constitucional.

Para finalizar, necessário faz-se constar o ensinamento do Ministro do STF, Mendes5, ao asseverar que “o legislativo opera por meio do Congresso Nacional, que é bicameral, já que composto por duas Casas: a Câmara dos Deputados e o Senado Federal”.

Desta forma, existe um conjunto de procedimentos que deverão ser obedecidos pelos órgãos competentes na produção das espécies normativas no Brasil.

2 MORAES, Alexandre de. Direito constitucional, 19 ed. São Paulo: Atlas, 2006, p. 578.

3 CENEVIVA, Walter. Direito constitucional brasileiro, 3 ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2003, p.

227.

4 MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. p. 581.

5 MENDES, Gilmar Ferreira, Inocêncio Mártires Coelho, Paulo Gustavo Gonet Branco. Curso de direito constitucional, 2 ed. rev. atual. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 853.

(16)

1.1.1 ESPÉCIES

No ensinamento de Moraes6 existem três espécies de processo legislativo: “o comum ou ordinário, o sumário e os especiais”.

E ainda, o autor7 dá prosseguimento à lição, explicando que o processo legislativo ordinário é “aquele que se destina à elaboração das leis ordinárias, caracterizando-se pela sua maior extensão”, já o processo legislativo sumário “apresenta somente uma diferenciação em relação ao ordinário, a existência de prazo para o Congresso Nacional delibere sobre determinado assunto”

e por fim, encontramos os processos legislativos especiais “estabelecidos para elaboração de emendas à Constituição, leis complementares, leis delegadas, medidas provisórias, decretos-legislativos, resoluções [...]”.

Prosseguindo no assunto, Silva8 ensina que o processo legislativo é formado por um conjunto de atos preordenados, dentre eles destaca-se:

“(a) iniciativa legislativa; (b) emendas; (c) votação; (d) sanção e veto; (e) promulgação e publicação”.

A par das espécies de processe legislativo, serão analisadas apenas o ordinário e o especial, tendo em vista a natureza das legislações abordadas.

Neste diapasão, encontra-se a Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que se enquadra como lei ordinária, portanto, pertence ao processo legislativo ordinário. E ainda, enquadrados no processo legislativo especial, encontra-se os Decretos Legislativos n.º 101, de 3 de julho de 1995, n.º 800, de 23 de outubro de 2003 e n.º 216, de 30 de junho de 2004. Já os Decretos n.º 2.726, de 10 de agosto de 1998, 5.518, de 23 de agosto de 2005 e 6.729, de 12 de janeiro de 2009 serão analisados no item 1.2.4 que disciplina a aplicação das normas internacionais no Brasil.

6 MORAES, Alexandre de. Direito constitucional, p. 581.

7 MORAES, Alexandre de. Direito constitucional, p. 581.

8 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo, 28ª ed. rev. atual. São Paulo:

Malheiros Editores, 2006, p. 525.

(17)

1.1.1.1 Processo legislativo ordinário No dizer de Gagliano9:

A lei é, por excelência, como já se disse, a mais importante fonte do direito em nosso ordenamento positivo. Nela se encontra toda a expectativa de segurança e estabilidade que se espera de um sistema positivado.

Mas o que é uma lei? De uma forma simples Venosa10 responde conceituando a lei como uma “regra geral de direito, abstrata e permanente, dotada de sanção, expressa pela vontade de autoridade competente, de cunho obrigatório e forma escrita”.

Por conseguinte, Nader11 ensina que a lei é “ato do Poder Legislativo, que estabelece normas de acordo com os interesses sociais”.

A fim de robustecer ainda mais a fundamentação da tese em evidência, traz-se a lume, as lições de Ferraz Júnior12 ao afirmar que “a lei é a forma de que se reveste a norma ou um conjunto de normas dentro do ordenamento”.

Complementando o entendimento Silva13 assevera que processo legislativo ordinário “é o procedimento comum, destinado à elaboração das leis ordinárias. É mais demorado. Comporta mais oportunidade para o exame, o estudo e a discussão do projeto”.

Ao deparar-se diante de uma norma jurídica tão importante para o nosso ordenamento jurídico, torna-se necessário a criação de um processo legislativo complexo, onde o projeto de lei é amplamente discutido para que lhe assegure segurança, validade e atenda perfeitamente aos seus objetivos. Com base neste entendimento, justifica-se a elaboração de uma lei ordinária pelo processo legislativo ordinário.

9 GAGLIANO, Pablo Stolze. Rodolfo Pamplona Filho. Novo curso de direito civil, volume I: parte geral. 12 ed. rev. atual. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 55.

10 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral, volume 1, 3 ed. São Paulo: Atlas, 2003, p. 37.

11 NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito, 17ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1999, p. 168.

12 FERRAZ JÚNIOR, Tercio Sampaio. Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão, denominação, 4 ed. São Paulo: Atlas, 2003, p. 233.

13 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. p. 530.

(18)

1.1.1.1.1 Fases do processo legislativo ordinário

Para Moraes14 o processo legislativo ordinário apresente 3 (três) fases: “fase introdutória, fase constitutiva e fase complementar”.

A respeito do tema, o doutrinador Silva15 entende que o processo legislativo ordinário desenvolve-se em 5 (cinco) fases: “(a) introdutória; (b) a de exame do projeto nas comissões permanentes; (c) a das discussões; (d) a decisória; (e) a revisória”.

Independentemente da quantidade de fases do processo legislativo ordinário, o projeto de lei deverá necessariamente respeitar uma ordem para a sua criação, análise, aprovação e publicação.

A iniciativa para apresentar um projeto de lei ao Poder Legislativo decorre da Constituição Federal no art. 61:

Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.

A respeito do tema, Moraes16 assevera que a iniciativa de lei é a “faculdade que se atribui a alguém ou a algum órgão para apresentar projetos de lei ao Legislativo, podendo ser parlamentar ou extraparlamentar e concorrente ou exclusiva”.

Saviani17 dissertando sobre o tema enfatiza que projeto de lei que se transformou na nossa LDB foi de iniciativa de um membro do Congresso Nacional:

Promulgada a Constituição Federal em 05.10.88, em dezembro do mesmo ano o deputado Octávio Elísio apresentou na Câmara

14 MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. p. 582.

15 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. p. 530.

16 MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. p. 582.

17 SAVIANI, Dermeval. A nova lei da educação: trajetória, limites e perspectivas. 6 ed. Campinas:

Autores Associados, 2000, p. 42.

(19)

Federal o projeto de lei que recebeu o número 1.258-A/88 fixando as diretrizes e bases da educação nacional.

Por conseguinte, apresentado o projeto de lei ao Congresso Nacional, inicia-se a faze constitutiva, onde haverá ampla discussão e votação a respeito da matéria, conforme ensinamento de Moraes18:

Nesta fase, uma vez apresentado o projeto de lei ao Congresso Nacional, haverá ampla discussão e votação sobre a matéria nas duas Casas, delimitando-se o objeto a ser aprovado ou mesmo rejeitado pelo Poder Legislativo.

Nesta fase, o projeto de lei seguirá para discussão nas comissões das Casas, antes de ser votado pelo Plenário. Neste ponto, importante destacar o ensinamento de Silva19 ao afirmar que “os projetos aprovados em qualquer das Casas, devem passar à outra para terem a sua votação confirmada, uma vez que a Constituição exige que ambas as Casas participem do processo [...]”.

Inicialmente, o projeto de lei é discutido numa Comissão que emite parecer sobre sua constitucionalidade e outros aspectos legais (na Câmara, é a “Comissão de Constituição e Justiça e de Redação”; no Senado, a “Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania”).

A Constituição Federal, art. 58, § 2º, inciso I, disciplina a matéria:

Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato que resultar sua criação. [...]

§ 2º Às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe:

I – discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa; [...]

A respeito do tema, Moraes20 assevera que:

18 MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. p. 589.

19 SILVA, Paulo Napoleão Nogueira da. Direito constitucional do MERCOSUL. Rio de Janeiro:

Forense, 2000, p. 191.

20 MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. p. 589.

(20)

Ressalte-se que a análise de constitucionalidade do projeto de lei será realizada tanto na Câmara dos Deputados, através de sua Comissão de Constituição, Justiça e de Redação, quando no Senado Federal, através da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, cabendo-lhes, precipuamente, a análise dos aspectos constitucionais, legais, jurídicos, regimentais ou de técnica legislativa dos projetos, emendas ou substitutivos, bem como admissibilidade de proposta à Constituição Federal.

A título de curiosidade, a LDB antes de ser remetida à Comissão de Constituição, Justiça e Redação, passou por 3 (três) emendas, conforme explica Saviani21:

Já em 15 de dezembro de 1988 o próprio Octávio Elísio apresenta uma emenda de autor, seguida de uma segunda em 04.04.89 e de uma terceira em 13.06.89. Submetido à apreciação da Comissão de Constituição, Justiça e Redação, o projeto obteve parecer favorável à

“constitucionalidade, juridicidade e boa técnica legislativa”, aprovado pela Comissão em 29 de junho de 1989.

Todo o projeto legislativo da LDB foi muito complexo e discutido nas Casas, somando-se mais de 1000 (mil) propostas de alterações ao texto original do projeto de lei. Sobre esta designação, o mesmo autor22 complementa, afirmando que:

Ao projeto original foram anexos 7 projetos completos, isto é, propostas alternativas à de Octávio Elísio para fixação das diretrizes e bases da educação nacional, e 17 projetos tratando de aspectos específicos correlacionados com a LDB, além de 978 emendas de deputados diferentes partidos.

Por conseguinte, sendo favorável o parecer da Comissão, o mérito do projeto de lei passa a ser discutido em uma ou mais Comissões temáticas ligadas à matéria e dependendo da sua complexidade, poderá ser composta uma Comissão Especial, conforme ensina Coelho23:

Em seguida, o mérito da lei que se pretende aprovar é discutido em uma ou mais Comissões temáticas ligadas ao assunto em foco; em geral, tais Comissões são permanentes (Comissão de Agricultura, de Direitos Humanos, de Relações Exteriores etc.), mas, se a complexidade do tema do projeto de lei justificar, pode ser composta

21 SAVIANI, Dermeval. A nova lei da educação: trajetória, limites e perspectivas. p. 57.

22 SAVIANI, Dermeval. A nova lei da educação: trajetória, limites e perspectivas. p. 57.

23 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil. p. 37-38.

(21)

uma Comissão Especial para a sua discussão (o Código Civil, por exemplo, foi discutido por uma Comissão temporária específica).

O projeto de lei da LDB, iniciado no final de 1988, após inúmeras alterações, passou a ser analisado pela Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Câmara dos Deputados, em meados de maio de 1990, conforme explica Saviani24:

Finalmente, no primeiro semestre de 1990, mais precisamente entre 9 de maio e 28 de junho, desencadeou-se o processo de negociação e votação na Comissão de Educação, Cultura e Deporto da Câmara dos Deputado, agora presidida pelo Deputado Carlos Sant’Anna, sob cuja direção se deu o exame detalhado, artigo por artigo, parágrafo por parágrafo, entabulando-se negociações diárias à luz das quais o relator foi reescrevendo o texto dando origem à terceira versão de seu substituto. Ao final do processo que se consumou em 28 de junho de 1990, o texto logrou a aprovação unânime, transformando- se no substituto da Comissão.

Prosseguindo em sua digressão, o mesmo autor25 assevera que a versão proposta e aprovada pela Comissão de Educação, Cultura e Deporto da Câmara dos Deputados ainda enfrentou obstáculos e passou por um longo processo legislativo antes de ser aprovada na sessão plenária da Câmara em 13 de maio de 1993:

Aprovado na Comissão de Educação em 28.06.90, o substitutivo Jorge Hage ainda teria pela frente um longo percurso na Câmara dos Deputados, passando pela Comissão de Finanças no segundo semestre de 1990, indo ao Plenário no primeiro semestre de 1991 e retornando às comissões onde ficaria até o primeiro semestre de 1993 quando logrou aprovação final na sessão plenária da Câmara de 13.05.93.

Ao final, o mesmo autor26 arremata, destacando que o referido projeto aprovado na Câmara Federal ao dar entrada no Senado foi identificado como PLC n.º 101/93:

O projeto de Lei nº 1.158-B, de 1988, aprovado na Câmara Federal em 13 de maio de 1993, ao dar entrada no Senado foi identificado como PLC (Projeto de Lei da Câmara) nº 101, de 1993 “que fixa

24 SAVIANI, Dermeval. A nova lei da educação: trajetória, limites e perspectivas. p. 58.

25 SAVIANI, Dermeval. A nova lei da educação: trajetória, limites e perspectivas. p. 127.

26 SAVIANI, Dermeval. A nova lei da educação: trajetória, limites e perspectivas. p. 155.

(22)

diretrizes e bases da educação nacional”, tendo sido designado relator na Comissão de Educação o senador Cid Sabóia (PMDB-CE).

Para concluir, o projeto de lei é votado, onde deverá se tornar público para que deixe de ser apenas um “projeto” e passa a ser efetivamente uma

“lei”, conforme ensina Coelho27:

A lei, depois de aprovada pelos Poderes Legislativo e Executivo, passa a existir com a sua publicação na imprensa oficial. Antes desse ato, não se de considerar existente ainda a lei, mesmo que inteiramente concluído o processo de sua aprovação pelos Poderes Legislativo e Executivo; isso porque os destinatários da lei não podem ter conhecimento de seu conteúdo enquanto não realizada a publicação.

Esta fase no processo legislativo, no ensinamento de Moraes28, é denominada de fase complementar, a qual “compreende a promulgação e a publicação da lei, sendo que a primeira garante a executoriedade à lei, enquanto a segunda lhe dá notoriedade”.

A respeito do tema ensina Diniz29:

As normas nascem com a promulgação, mas só começam a vigorar com a sua publicação no Diário Oficial. De forma que a promulgação atesta a sua existência, e a publicação, sua obrigatoriedade, visto que ninguém pode furtar-se a sua observância, alegando que não a conhece (LICC, art. 3º).

O projeto de lei da LDB foi para votação no Senado e, após votação favorável seguiu para promulgação presidencial, conforme explica Saviani30:

Uma vez aprovado no Senado o projeto retornou à Câmara dos Deputados na forma do Substitutivo Darcy Riveiro. [...]. De fato, em sessão realizada em 17 de dezembro de 1996 era aprovado na Câmara dos Deputados o relatório apresentado por José Jorge (PFL- PE) contendo o texto final da LDB. Indo a sanção presidencial o texto foi mantido sem vetos sendo promulgada em 20 de dezembro de 1996 a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

27 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil. p. 38.

28 MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. p. 596.

29 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: teoria geral do direito civil, volume 1, 24 ed.

rev. atual. de acordo com a reforma do CPC. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 95-96.

30 SAVIANI, Dermeval. A nova lei da educação: trajetória, limites e perspectivas. p. 162.

(23)

Neste contexto, a LDB cumpriu totalmente o processo legislativo, sendo ao final promulgada pelo Presidente da República e publicada do Diário Oficial, passando neste momento, a ser denominado de “lei”, resultado que não poderia ser diferente, logo, pois, por óbvio, ser este um requisito de validade da norma jurídica.

1.1.1.2 Processo legislativo especial previsto para a elaboração do decreto legislativo

Nas palavras de Moraes31 o decreto legislativo é:

Decreto legislativo é a espécie normativa destinada a veicular as matérias de competência exclusiva do Congresso Nacional, previstas, basicamente, no art. 49 da Constituição Federal. Além destas matérias, também é de competência do decreto legislativo a regulamentação exigida no art. 62, da citada Carta (EC nº 32/01).

Sobre esta designação, o mesmo autor32 complementa, afirmando que:

De ressaltar, que os decretos legislativos serão, obrigatoriamente, instruídos, discutidos e votados em ambas as casas legislativas, no sistema bicameral; e se aprovados, serão promulgados pelo Presidente do Senado Federal, na qualidade de Presidente do Congresso Nacional, que determinará sua publicação. Não haverá participação do Presidente da República no processo legislativo de elaboração de decretos legislativos e, consequentemente, inexistirá veto ou sanção, por tratar-se de matérias de competência do Poder Legislativo.

Nas palavras do Ministro do STF, Mendes33:

Por meio do decreto legislativo, por exemplo, o Congresso resolve sobre tratados internacionais, susta atos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar e disciplina relações ocorridas durante a vigência de medida provisória não convertida em lei.

Neste sentido, depara-se diante da criação de três decretos a respeito de acordos internacionais a seguir evidenciados.

31 MORAES, Alexandre de. Direito constitucional, 19 ed. p. 625.

32 MORAES, Alexandre de. Direito constitucional, 19 ed. p. 525-626.

33 MENDES, Gilmar Ferreira, Inocêncio Mártires Coelho, Paulo Gustavo Gonet Branco. Curso de direito constitucional. p. 873.

(24)

Primeiramente, o decreto legislativo n.º 101, de 3 de julho de 1995 que aprovou o texto do Protocolo sobre Integração Educativa e Reconhecimento de Certificados, Títulos e Estudos de Nível Primário e Médio Não Técnico, celebrado em Buenos Aires, em 5 de agosto de 1994.

Posteriormente, foi editado decreto legislativo n.º 216, de 30 de junho de 2004 que aprovou o texto do Protocolo sobre Integração Educativa e Reconhecimento de Certificados, Títulos e Estudos de Nível Fundamental e Médio Não-Técnico entre os Estados Partes do Mercosul, Bolívia e Chile, celebrado em Brasília, em 5 de dezembro de 2002.

Registre-se que os dois primeiros Protocolos de Integração Educativa regulamentam a educação básica, ou seja, a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio.

Por fim, o decreto legislativo n.º 800, de 23 de outubro de 2003 que aprovou o texto do Acordo de Admissão de Títulos e Graus Universitários para o Exercício de Atividades Acadêmicas nos Estados Partes do MERCOSUL. Conforme se depreende da própria nomenclatura, o acordo versa sobre a educação superior.

Entretanto, somente a elaboração de uma decreto legislativo não é suficiente para a promulgação de um tratado no Brasil. Conforme será asseverado no decorrer do presente trabalho, o tratado é internalizado com a promulgação do decreto executivo.

1.2 VIGÊNCIA, REVOGAÇÃO, RETROATIVIDADE, NORMAS INTERNACIONAIS E HIERARQUIA DAS NORMAS JURÍDICAS NO BRASIL

A função social do direito é disciplinar a vida. Logo, há que se cogitar que todas as pessoas submetem-se a normatividade do Direito, transformando-os em fatos jurídicos. Estes fatos resultantes de uma manifestação de vontade são denominados de atos jurídicos34.

34 BARROSO, Luís Roberto. Controle de constitucionalidade no direito brasileiro: exposição sistemática da doutrina e análise crítica da jurisprudência, 4 ed. rev. atual. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 12.

(25)

Por este raciocínio, compreende-se dos ensinamentos de Barroso35 que “é nessa categoria que se inserem as normas jurídicas, que são atos emanados dos órgãos constitucionalmente autorizados, tendo por fim criar ou modificar as situações nelas contempladas”.

Ao comparar a vida com as normas jurídicas o doutrinador Pereira36 ensina: “à semelhança da vida humana, também as leis têm a sua própria vida, que é a sua vigência ou a faculdade impositiva: nascem, crescem, morrem”.

O aludido doutrinador37 complementa, acrescentando que

“estes três momentos implicam a determinação do início da sua vigência, a continuidade da sua vigência e a cessação da sua vigência”.

Assim, tem-se que as normas jurídicas passam pelos critérios de vigência, revogação, retroatividade e hierarquia para determinar a sua aplicação ou não, no ordenamento jurídico pátrio.

1.2.1 DA VIGÊNCIA

No ensinamento de Rodrigues38 “o intervalo entre a data da publicação da lei e a de sua entrada em vigor chama-se vacatio legis”.

Para Lisboa39 “a vacatio legis sujeita-se ao princípio do prazo único ou simultâneo, por meio do qual a lei entra em vigor concomitantemente em todo o território nacional”.

Sintetizando este ponto importante na fundamentação da vacatio legis, com Diniz40 tem se que:

35 BARROSO, Luís Roberto. Controle de constitucionalidade no direito brasileiro: exposição sistemática da doutrina e análise crítica da jurisprudência. p. 12.

36 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil, volume 1, 19ª ed. Rio de Janeiro:

Forense, 1998, p. 73.

37 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. p. 73.

38 RODRIGUES, Silvio. Direito Civil, volume 1, 32 ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 17.

39 LISBOA, Roberto Senise. Manual elementar de direito civil, 2 ed. rev. e atual. em conformidade com o novo código civil. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002, p. 140.

40 DINIZ, Maria Helena. Compêndio de introdução à ciência do direito. 14 ed. São Paulo: Saraiva, 2001, p. 388.

(26)

Pelo prazo único, a sua obrigatoriedade é simultânea, porque a norma entra em vigor, a um só tempo, em todo o país, quarenta e cinco dias após sua publicação, conforme dispõe a atual Lei de Introdução ao Código Civil, em seu art. 1º. Embora válida, a norma não produz efeito durante aqueles quarenta e cinco dias; só entra em vigor posteriormente.

Este prazo para vigência está estabelecido na LICC, em seu art. 1º:

Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o País quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.

§ 1º Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada. [...].

Sobre este dispositivo Coelho41 anota que:

Assim, a lei é vigente a partir da zero hora do dia imediatamente seguinte à consumação integral do prazo. Se o prazo é fixado em função de interregnos temporais diversos de dia (em mês, meses, ano etc.), a lei entra em vigor a partir da zero hora do dia correspondente no mês do ano indicado.

Registre-se que o prazo de quarenta e cinco dias é adotado quando a própria lei não estabelecer outro prazo para sua vigência, o qual poderá ser inferior ou superior ao prazo estabelecido pela LICC.

O Decreto n.º 2.726, de 10 de agosto de 1998, Decreto n.º 5.518, de 23 de agosto de 2005 e o Decreto n.º 6.729, de 12 de janeiro de 2009, entraram em vigor na data de suas publicações. O primeiro disciplinou no art. 2º

“este Decreto entra em vigor na data de sua publicação” e os seguintes no art. 3º

“este Decreto entra em vigor na data de sua publicação”. A falta de prazo para a vigência dos aludidos Decretos justifica-se pela pequena repercussão que o ato normativo representa. Nos termos da Lei Complementar n.º 95/98, art. 8º, se extrai:

Art. 8o A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula "entra em vigor na data de sua publicação" para as leis de pequena repercussão.

41 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil. p. 40.

(27)

O prazo para vacância da lei conta-se conforme Lei Complementar n.º 95/98, art. 8º, § 1º:

§ 1o A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subseqüente à sua consumação integral.

Já a LDB foi sancionada pelo Presidente da República em 20 de dezembro de 1996, e recebeu o n.º 9.394, entrando em vigor na data da sua publicação no Diário Oficial da União em 23 de dezembro de 1996, nos termos do art. 9 “esta Lei entra em vigor na data de sua publicação”.

Entretanto, a referida legislação em tela estabeleceu o prazo de 1 (um) ano para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adaptarem as suas legislações em conformidade com a presente legislação. Nesse sentido estabelece o art. 88:

Art. 88. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adaptarão sua legislação educacional e de ensino às disposições desta Lei no prazo máximo de um ano, a partir da data de sua publicação.

§ 1º As instituições educacionais adaptarão seus estatutos e regimentos aos dispositivos desta Lei e às normas dos respectivos sistemas de ensino, nos prazos por estes estabelecidos.

§ 2º O prazo para que as universidades cumpram o disposto nos incisos II e III do art. 52 é de oito anos.

O prazo foi estabelecido tendo em vista a diversidade geográfica e os níveis de educação no país. Por este raciocino, compreende-se o ensinamento de Motta:

Ao aprovar a Lei nº 9.394, que foi sancionada pelo Presidente da República no dia 20 de dezembro de 1996, nossos Legisladores levaram em conta que os estados, o Distrito Federal e os municípios têm os seus respectivos processos legislativos com graus de eficiência muito diferentes, isto é, enquanto alguns poderiam ter sua legislação educacional rapidamente adaptada às disposições da LDB, outros poderiam demorar até um ano pra adotarem todas as mudanças necessárias.

E ainda, as creches e pré-escolas, as quais compõe a educação básica, terão 3 (três) anos para integrarem-se ao respectivo sistema de

(28)

ensino42, nos termos da LDB no art. 89 “as creches e pré-escolas existentes ou que venham a ser criadas deverão, no prazo de três anos, a contar da publicação desta Lei, integrar-se ao respectivo sistema de ensino”.

Por mais complexo que seja o processo legislativo, ao final a lei poderá conter erros que deverão ser corrigidos, antes mesmo do início da vigência.

A LICC, no art. 1º, § 3º estabelece que se, antes de entrar a lei em vigor, “ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação”, ou seja, no prazo de vacância houve uma correção no texto, o prazo começa a partir da nova publicação desta lei.

Por outro lado, ao teor da LICC, art. 1º, § 4º “as correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova”, ou seja, encerrado a vacância, consequentemente iniciado a vigência, existindo correção no texto, considera-se uma lei nova. Esta nova lei deverá submeter-se a todos os procedimentos anteriormente adotados à correção do texto.

Por fim, no teor da lei deverá constar a expressão na Lei Complementar n.º 95/98, art. 8º, caput “entra em vigor na data de sua publicação”

quando não existir prazo para vacância e a expressão do § 2º do aludido ato normativo ‘esta lei entra em vigor após decorridos (o número de) dias de sua publicação oficial’ quando existir o prazo de vacância da lei. Desta forma é possível constar o início da vigência da norma jurídica.

1.2.2 DA REVOGAÇÃO

Encerra a vigência da lei com a sua revogação. A LICC no art.

2º estabelece que “não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue”.

No ensinamento de Gonçalves43 “a lei, com efeito, em regra, caráter permanente: mantém-se em vigor até ser revogada por outra lei”. Nisso

42 LDB, arts. 16, 17 e 18.

43 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: parte geral, volume 1. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 40-41.

(29)

consiste o princípio da continuidade que o eminente doutrinador complementa, acrescentando que “em um regime que se assenta na supremacia da lei escrita, como o do direito brasileiro, o costume não tem força para revogar a lei, nem esta perde a sua eficácia pelo não-uso”.

Para Coelho44 a lei perde a vigência em três hipóteses: “a) fim do prazo estabelecido para vigorar; b) suspensão da execução pelo Senado, em razão da declaração de inconstitucionalidade pelo STF; c) revogação”.

Na hipótese de término pelo prazo estabelecido pra vigorar, a própria lei estabelece no seu texto o prazo determinado de vigência, que decorrido o lapso temporal, deixa de produzir efeitos. Ainda no entendimento de Coelho45 está hipótese configura uma lei temporária:

Trata-se de lei temporária, em que o término da vigência é fixado, de antemão, pela própria lei (em dispositivo preceituando a vigência até determinada data ou por certo período) ou por disposição constitucional (caso de leis orçamentárias, por exemplo).

Já no segundo caso, quando a lei perde a sua vigência por ato do Senado, em razão da declaração de inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal, o doutrinador Coelho46 disciplina que, neste caso, “a lei deixa de vigorar em virtude de sua invalidade, reconhecida e proclamada pelo procedimento constitucional apropriado”.

Na mesma linha de pensamento Gonçalves47 complementa acrescentando que “a perda da eficácia pode decorrer, também, da decretação de sua inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal, cabendo ao Senado suspender-lhe a execução (CF, art. 2º, X)”.

A Constituição Federal no art. 52, inciso X, estabelece como competência do STF “suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal”.

44 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil. p. 51.

45 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil. p. 51.

46 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil. p. 51.

47 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: parte geral. p. 42.

(30)

No Brasil, não pode existir lei que contraria ao disposto na Constituição Federal, ocorrendo neste caso, sua inconstitucionalidade. Corolário a esta disposição, é a lição de Barroso48 ao afirmar que:

A inconstitucionalidade, portanto, constituiu vício aferido no plano da validade. Reconhecida a invalidade, tal fato se projeta para o plano seguinte, que é o da eficácia: norma constitucional não deve ser aplicada.

No ensinamento de Gonçalves49, depara-se diante do princípio da hierarquia, o qual “não tolera que uma lei ordinária sobreviva a uma disposição constitucional, que contrarie, ou uma norma regulamentar que subsista em ofensa à disposição legislativa”.

Por fim, insta trazer à baila a terceira hipótese de perda da vigência da lei, a qual é determinada pelo doutrinador Coelho50 como revogação:

Quando a lei é revogada, isso significa que ela perde a aptidão para produzir efeitos não porque havia limites temporais previamente estabelecidos para ela vigorar, nem porque se apresente inconstitucional. A revogação decorre do entendimento do legislador no sentido de que a vigência da lei não corresponde mais à melhor alternativa para nortear eventuais conflitos de interesses nela refletidos.

Esta revogação ocorre com a publicação de outra lei. Desta forma, para Gonçalves51 “a revogação deve emanar da mesma fonte que aprovou o ato revogado”.

A LICC no art. 2º disciplina a revogação das leis:

Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue.

§ 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.

§ 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.

48 BARROSO, Luís Roberto. Controle de constitucionalidade no direito brasileiro: exposição sistemática da doutrina e análise crítica da jurisprudência. p. 14.

49 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: parte geral. p. 42.

50 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil. p. 51.

51 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: parte geral. p. 42.

(31)

§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.

Quando a revogação da lei ocasiona a perda total dos seus dispositivos nos deparamos com a ab-rogação ou a revogação ocasiona a perda parcial dos dispositivos, nos deparamos com a derrogação52. Esta revogação poderá ocorrer de forma expressa ou tácita nos dispositivos da nova lei, conforme se examina na sequência.

1.2.2.1 Revogação expressa ou tácita

A par do dispositivo de lei acima mencionado, destaca-se o § 1º ao estabelecer as duas espécies de revogação: expressa ou tácita.

Sobre este dispositivo, Coelho53denota que:

O art. 2º, § 1 da LICC dispõe sobre ambas as categorias de revogação: “a lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior”. Encontra-se a categoria expressa no ditado pela primeira frase desse dispositivo, isto é, na ostensiva declaração legal de que se está procedendo à revogação de um ou mais preceitos normativos anteriormente editado. Das hipóteses de revogação tácita trata o restante da norma em foco.

Diante desta lição, o autor54 dá prosseguimento, assinalando que revogação expressa é:

Expressa é a revogação derivada de dispositivo que a preceitua. Sua formulação por ser genérica (sem identificação da lei ou dispositivos revogados, como, por exemplo, na fórmula “revogam-se as disposições em contrário”) ou específica (com a identificação da lei ou dispositivos revogados).

A respeito do tema, Monteiro55 assevera que a revogação é expressa “quando a lei nova taxativamente declare revogada a lei anterior”.

52 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil. p. 52.

53 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil. p. 52.

54 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil. p. 53.

55 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil, v. 1: parte geral. 39 ed. rev. e atual.

por Ana Cristina de Barros Monteiro França Pinto. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 27.

(32)

Por exemplo, a LDB no art. 92 revogou expressamente leis e outras disposições em contrário:

Art. 92. Revogam-se as disposições das Leis nºs 4.024, de 20 de dezembro de 1961, e 5.540, de 28 de novembro de 1968, não alteradas pelas Leis nºs 9.131, de 24 de novembro de 1995 e 9.192, de 21 de dezembro de 1995 e, ainda, as Leis nºs 5.692, de 11 de agosto de 1971 e 7.044, de 18 de outubro de 1982, e as demais leis e decretos-lei que as modificaram e quaisquer outras disposições em contrário.

Por outro lado, a revogação tácita no ensinamento de Monteiro56 configura-se:

É tácita, ou por via oblíqua, a revogação se a lei nova, sem declarar explicitamente revogada a anterior: a) seja com esta incompatível; b) quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior (art. 2º, § 1º, última parte, da Lei de Introdução ao Código Civil).

Prosseguindo no tema Coelho57 ensina que a revogação é tácita “quando, inexistindo dispositivo revogador expresso, a lei anterior é incompatível com a nova ou se esta regula exaustivamente a mesma matéria daquela”.

Por fim, a revogação deve obedecer ao critério hierárquico das leis, onde, por exemplo, uma lei ordinária pode ser revogada por outra lei ordinária, já uma lei constitucional não pode ser revogada por outra lei ordinária.

1.2.3 DA RETROATIVIDADE

A lei é criada para regulamentar os fatos futuras, ou seja, o passado não pode ser regulamentado por uma lei criada no presente.

Corolário com este fundamento é o ensinamento de Monteiro58: A lei é expedida para disciplinar eventos futuros. O passado escapa ao seu império. Sua vigência estende-se, como já se acentuou, desde o início de sua obrigatoriedade até o início da obrigatoriedade de outra lei que a derrogue. Sua eficácia, em regra, restringe-se

56 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil. p. 27.

57 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil. p. 54.

58 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil. p. 29-30.

(33)

exclusivamente aos atos verificados durante o período de sua existência.

A Constituição Federal, no seu art. 5º, XXXVI dispõe que “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”.

Para finalizar, Dower59 assevera que “a principal restrição à regra da aplicação imediata e geral da lei, é o respeito aos direitos já adquiridos e, portanto, integrados ao patrimônio das partes”.

Nesse sentido, a lei não poderá retroagir para prejudicar um direito anteriormente conquistado, uma vez que seu objetivo é disciplinar os eventos futuros.

1.2.4 NORMAS INTERNACIONAIS NO BRASIL

Para que um tratado internacional seja válido no Brasil é necessária a edição de uma norma interna, denominada de decreto executivo. Por meio do decreto executivo o tratado é promulgado no Brasil e passar a produzir efeitos.

Nesse sentido, Varella60 assevera que:

No Brasil, a teoria e os tribunais consideram a existência de um sistema dualista temperado. De acordo com esse sistema, direito nacional e direito internacional são duas ordens jurídicas distintas e, portanto, existe um duplo procedimento para que o tratado seja totalmente válido: o engajamento internacional, pelo qual o Estado se compromete perante os demais Estados-partes no tratado e o engajamento nacional, com a edição de uma norma interna, a partir do qual o tratado obriga os nacionais. Somente após a norma interna o tratado torna-se exigível no Brasil, adquirindo valor normativo que varia conforme a natureza do tratado e a forma de aprovação pelo Congresso Nacional. Chama-se dualismo temperado, porque a regra comporta exceções.

Mas o que é um tratado? Tratado nos termos da Convenção de Viena61, art. 2º, n.º 1, alínea “a” é:

59 DOWER, Nelson Godoy. Noções de direito: instituições de direito público e privado, 12 ed.

São Paulo: Nelpa, 2004, p. 16-17.

60 VARELLA, Marcelo D. direito internacional público. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 65.

(34)

A expressão “Tratado” designa um acordo internacional concluído por escrito, entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer esteja consignado num instrumento único, quer em dois ou vários instrumentos conexos, e qualquer que seja a sua denominação particular.

A respeito da matéria, Silva62 assevera que “por tratado entende-se o ato jurídico por meio do qual se manifesta o acordo de vontades entre duas ou mais pessoas internacionais”.

Continuando no entendimento, o aludido doutrinador63 destaca que a expressão “tratado” refere-se a uma expressão genérica, senão vejamos:

Em outras palavras, tratado é a expressão genérica. São inúmeras as denominações utilizadas conforme a sua forma, seu conteúdo, o seu objetivo ou o seu fim, citando-se as seguintes: convenção, protocolo, convênio, declaração, modus vivendi, ajuste, compromisso, etc., além das concordatas, que são os atos sobre assuntos religiosos celebrados pela Santa Sé com os Estados quem têm cidadãos católicos.

No presente caso, tanto o Protocolo sobre Integração Educativa e Reconhecimento de Certificados, Títulos e Estudos de Nível Fundamental e Médio Não-Técnico entre os Estados Partes do Mercosul, Bolívia e Chile, assim como o Acordo de Admissão de Títulos e Graus Universitários para o Exercício de Atividades Acadêmicas nos Estados Partes do MERCOSUL, são considerados tratados internacionais.

Conforme já asseverado, o tratado é internalizado com a promulgação do decreto executivo. Somente após o tratado é incorporado ao ordenamento jurídico nacional64.

Nesse sentido, foi elaborado o Decreto n.º 2.276, de 10 de agosto de 1998, que promulgou o Protocolo sobre Integração Educativa e Reconhecimento de Certificados, Títulos e Estudos de Nível Primário e Médio Não

61 ÁUSTRIA. Convenção de Viena. Disponível em http://www2.mre.gov.br/dai/dtrat.htm. Acessado em 08 de nov. de 2010.

62 SILVA, Geraldo Eulálio do Nascimento e Hildebrando Accioly. Manual de direito internacional público, 15 ed. rev. atual. por Paulo Borba Casella. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 28.

63 SILVA, Geraldo Eulálio do Nascimento e Hildebrando Accioly. Manual de direito internacional público, p. 29.

64 VARELLA, Marcelo D. direito internacional público. São Paulo: Saraiva, 2009.

(35)

Técnico, celebrado em Buenos Aires, em 5 de agosto de 1994. O texto do aludido Protocolo de Integração Educativa, conforme já asseverado, foi previamente aprovado pelo Congresso Nacional por meio do decreto legislativo n.º 101, de 3 de julho de 1995.

Posteriormente, foi editado o Decreto n.º 6.729, de 12 de janeiro de 2009, que promulgou o Protocolo sobre Integração Educativa e Reconhecimento de Certificados, Títulos e Estudos de Nível Fundamental e Médio Não-Técnico entre os Estados Partes do Mercosul, Bolívia e Chile, celebrado em Brasília, em 5 de dezembro de 2002. O texto do aludido Protocolo de Integração Educativa, da mesma forma que o Protocolo de Integração Educativa acima mencionado e também já asseverado, foi previamente aprovado pelo Congresso Nacional por meio do decreto legislativo n.º 216, de 30 de junho de 2004.

Por fim, o Decreto n.º 5.518, de 23 de agosto de 2005 que promulgou o Acordo de Admissão de Títulos e Graus Universitários para o Exercício de Atividades Acadêmicas nos Estados Partes do MERCOSUL. Da mesma forma que os Protocolos já mencionados no presente item, também foi previamente aprovado pelo Congresso Nacional por meio do decreto legislativo n.º 800, de 23 de outubro de 2003.

1.2.5 DA HIERARQUIA

As normas jurídicas no Brasil situam-se hierarquicamente inferiores à Constituição Federal e não podem contrariar os seus dispositivos, tendo em vista tratar-se de lei máxima no nosso ordenamento jurídico. Verificada a incompatibilidade da norma jurídica, esta torna-se inconstitucional65.

Por este raciocínio, compreendem-se os ensinamentos de Coelho66:

A organização hierárquica das normas jurídicas situa como imediatamente inferiores à Constituição Federal normas jurídicas de três espécies: lei (complementar, ordinária ou delegada), medida provisória e decreto autônomo. Entre elas não há hierarquia.

65 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil. p. 58-59.

66 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil. p. 61.

(36)

Assim, como denota Gonçalves67 “o princípio da hierarquia não tolera que uma lei ordinária sobreviva a uma disposição constitucional, que contrarie, ou uma norma regulamentar subsista em ofensa à disposição legislativa”.

Os tratados internacionais, no ensinamento de Varella68 “[...]

em geral têm força de norma infraconstitucional”.

Desta forma, a LDB e os Decretos69 que promulgaram os tratados de cooperação educacional entre os “Estados Partes” do MERCOSUL e seus associados, foram aprovados respeitando o processo legislativo, estando em vigor e devidamente compatível com o texto constitucional, o que inviabiliza suposta alegação de inconstitucionalidade.

67 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: parte geral. p. 42.

68 VARELLA, Marcelo D. direito internacional público. p. 67.

69 Decretos Legislativos n.º 101, de 3 de julho de 1995, n.º 800, de 23 de outubro de 2003 e n.º 21669, de 30 de junho de 2004 e os Decretos n.º 2.726, 10 de agosto de 1998, n.º 5.518, de 23 de agosto de 2005 e n.º 6.729, de 12 de janeiro de 2009.

(37)

EDUCAÇÃO BRASILEIRA

2.1 COMPOSIÇÃO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

A preocupação em fixar normas para a educação nacional remonta a Constituição Federal de 1934, art. 5º, inciso XIV que foi pioneira em fixar a competência do Estado para “traçar as diretrizes da educação nacional”.

Prosseguindo neste entendimento é o ensinamento de Saviani70:

A origem da temática relativa às diretrizes e bases da educação nacional remonta à Constituição Federal de 1934, a primeira de nossas cartas magnas que fixou como competência privativa da União “traçar as diretrizes da educação nacional” (Artigo quinto, inciso XIV).

Antes de analisar a LDB faz-se necessário entender os conceitos de “diretrizes” e “bases”. Desta forma, Motta71 conceitua “diretrizes” como:

Diretriz, como substantivo, é a linha que mostra o caminho, define objetivos e tendências e significa direção, orientação. Como adjetivo, é a qualidade do que dirige, que orienta, ou seja, conjunto de instruções, indicações e regras gerais que conduzem as ações em uma determinada área72.

70 SAVIANI, Dermeval. A nova lei da educação: trajetória, limites e perspectivas. p. 09.

71 MOTTA, Elias de Oliveira. Direito educacional e educação no século XXI: com comentários à nova lei de diretrizes e bases da educação nacional. Prefácio de Darcy Ribeiro. Brasília: Unesco, 1997. p. 91.

72 LDB. Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar-se um ano a partir da publicação desta Lei.

§ 1º A União, no prazo de um ano a partir da publicação desta Lei, encaminhará, ao Congresso Nacional, o Plano Nacional de Educação, com diretrizes e metas para os dez anos seguintes, em sintonia com a Declaração Mundial sobre Educação para Todos.

Referências

Documentos relacionados

Diante do exposto, o presente estudo visou identi- ficar a percepção do enfermeiro que atua no setor de oncologia de um hospital de Aracaju sobre os aspectos éticos e legais diante

Não serão aceitos como documentos de identidade: certidões de nascimento, CPF, títulos eleitorais, carteiras de motorista (modelo antigo), carteiras de estudante,

O campo “status” será devidamente alterado de acordo com a convocação, conforme a classificação dos

i_MtMfwd: taxa foward de mercado da data de liquidação (D+3) até o vencimento, apurada na data da operação; i_MtMliq: taxa pré de mercado interpolada a partir dos vértices das

4.7 A convocação para o preenchimento das vagas de cada curso, de acordo com as opções por turno e campus, ocorrerá como segue: em cada curso, serão convocados os candidatos

A PROPESQ encaminhará, em até 2 (dois) dias úteis após o recebimento da proposta, um protocolo de recebimento da proposta, que servirá como comprovante da entrega. Cada

situações hipotéticas apresentadas nos itens abaixo e, em seguida, assinale a opção CORRETA. Um contabilista divulga em sua página na internet seus títulos,

O café nada mais é do que uma solução cujo solvente é a água e o soluto são as substâncias que estão presentes no pó de café que são solúveis em água