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UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA FACULDADE DE EDUCAÇÃO E ARTES CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

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UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO E ARTES

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Comparação dos efeitos do treinamento intervalado de alta intensidade e aeróbio

contínuo de alta intensidade na gordura corporal de adultos saudáveis

Cristiane Ragazini de Souza

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UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO E ARTES

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

COMPARAÇÃO DOS EFEITOS DO TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE E AERÓBIO CONTÍNUO DE ALTA INTENSIDADE NA

GORDURA CORPORAL DE ADULTOS SAUDÁVEIS

CRISTIANE RAGAZINI DE SOUZA

Relatório Final apresentado como parte das exigências da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso à Banca Examinadora do curso de Educação Física da Faculdade de Educação e Artes da Universidade do Vale do Paraíba.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Bruna Oneda

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RESUMO

O papel do exercício físico na manutenção de uma composição corporal saudável já é bastante conhecido, e o exercício aeróbio contínuo com intensidade moderada vem a bastante tempo sendo considerada a atividade física mais apropriada quando o objetivo é o emagrecimento. Estudos recentes, porém, mostraram que o treinamento intervalado de alta intensidade apresentou melhores resultados quando comparado ao contínuo moderado na redução da gordura corporal. Entretanto não há estudos que comparem a corrida contínua de alta intensidade com a corrida intervalada, também de alta intensidade, nesse sentido.

O objetivo desse estudo então é comparar os efeitos desses dois tipos de treinamento na redução da gordura corporal em indivíduos saudáveis. Para isso, foram analisados estudos recentes que tinham como objetivo avaliar como esses tipos de treinamento influenciaram a perda de gordura.

Poucas foram as publicações encontradas nas quais os indivíduos submetidos aos protocolos de treinamento eram adultos saudáveis. A maioria dos trabalhos investigados utilizaram amostras obesas ou com sobrepeso, e em alguns deles os indivíduos eram adolescentes. Os protocolos de treinamento foram, em sua maioria, baseados na corrida.

Em todos os estudos analisados os dois tipos de treinamento mostram-se eficientes na redução da gordura corporal. Apesar de ambos utilizarem a glicose como substrato energético preferencial, acredita-se que o EPOC (consumo excessivo de oxigênio após o exercício), que é maior em treinamentos de alta intensidade, e o alto gasto energético fazem desses dois tipos de treinamento ferramentas eficientes para a perda de gordura e manutenção de uma boa composição corporal. Dessa forma, a escolha entre eles vai depender do gosto do indivíduo por um ou outro tipo de atividade.

Entretanto um trabalho experimental abordando o questionamento principal desse trabalho faz-se necessário para que as conclusões sejam baseadas em dados mais apropriados.

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SUMÁRIO 1. Introdução ... 5 2. Justificativa ... 6 3. Objetivo Geral ... 7 3.1. Objetivos Específicos ... 7 4. Metodologia ... 8 5. revisão de Literatura ... 9 5.1. Sistemas Energéticos ... 9 5.1.1. Sistema ATP-CP ... 9 5.1.2. Sistema Glicolítico ... 10 5.1.3. Sistema Oxidativo ... 11

5.2. Metabolismo da Gordura Corporal Durante o Exercício ... 11

5.3. Metabolismo dos Carboidratos Durante o Exercício ... 12

5.4. Intensidade do Exercício ... 13

5.5. EPOC - Consumo Excessivo de Oxigênio Após o Exercício ... 14

5.6. Treinamento Aeróbio Contínuo ... 15

5.7. Treinamento Intervalado de Alta Intensidade ... 16

6. Discussao ... 19

7. Conclusão ... 21

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1. INTRODUÇÃO

A gordura corporal armazenada no tecido tem um papel importante na manutenção da saúde do indivíduo. Entretanto é sabido que, quando em excesso, essa gordura traz prejuízos ao funcionamento geral do organismo, além de impactos negativos na estética corporal. Por esses motivos, muito vem se estudando a respeito dos meios para promover a redução da gordura corporal, e sabe-se que a atividade física é um deles.

Pozzebon et al (2009) conduziram uma pesquisa teórica na qual revisaram diversos estudos que mostravam o papel do exercício físico no emagrecimento e puderam afirmar que o exercício físico é um importante agente para diminuição da massa gorda. Tanto os exercícios aeróbios, anaeróbios, contínuos ou fracionados promovem aumento da oxidação de gorduras, seja utilizando-as como substrato energético ou aumentando o gasto calórico diário. Também pode-se dizer que o exercício agudo não promove alterações no perfil lipídico, mas sim o exercício executado de maneira crônica. O exercício se mostra mais eficiente para diminuição de percentual de gordura, e ainda atua preservando a massa magra, quando comparado a dieta hipocalórica.

Durante muito tempo o exercício aeróbio contínuo foi reconhecido, dentre todas as outras, como a abordagem mais eficaz na redução de gordura, por ser um exercício no qual há a predominância de utilização sistema oxidativo para geração de energia. Dentre as modalidades mais praticadas com essas características estão a corrida, a bicicleta e a natação. Nas academias, os exercícios aeróbios são praticados nos ergômetros na maior parte dos casos.

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2. JUSTIFICATIVA

Apesar de haver na literatura inúmeros estudos relacionando o treinamento aeróbio contínuo e intervalado com a redução de gordura corporal, a comparação especificamente da corrida intervalada de alta intensidade com a corrida contínua de alta intensidade com esse objetivo ainda é um assunto pouco discutido.

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3. OBJETIVO GERAL

Comparar os efeitos do treinamento intervalado de alta intensidade e do treinamento aeróbio contínuo de alta intensidade na gordura corporal de adultos saudáveis.

3.1. Objetivos Específicos

 Entender quais são os efeitos da corrida intervalada de alta intensidade na gordura corporal de indivíduos saudáveis e não obesos;

 Entender quais são os efeitos da corrida contínua de alta intensidade na gordura corporal de indivíduos saudáveis e não obesos;

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4. METODOLOGIA

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5. REVISÃO DE LITERATURA 5.1. Sistemas Energéticos

A energia necessária para que ocorra a contração muscular é gerada pela depleção de moléculas de ATP ou Adenosina Trifosfato, que recebe esse nome por ser formada por uma molécula de adenosina ligada a três grupos de fosfato inorgânico, e é a responsável pelo armazenamento de energia dentro das células musculares. A energia fica armazenada na ligação entre os fosfatos e, quando o ATP sofre a ação da enzima ATPase, ocorre a separação do último grupo fosfato da molécula, liberando energia. Nesse momento então, a molécula de ATP transforma-se em ADP (Adenosina Difosfato), fosfato livre e energia. As moléculas de ADP e o fosfato livre que sobram são utilizados pela célula para a geração de novas moléculas de ATP. Nesse processo, chamado de fosforilação devido à adição de um fosfato ao ADP, a energia advinda de outras fontes (substratos energéticos provenientes da alimentação) é utilizada para refazer a ligação do grupo fosfato ao ADP, ficando assim armazenada na molécula de ATP. (WILMORE; COSTILL, 2001)

Existem três vias metabólicas através das quais as células podem gerar ATPs: degradação de creatina fosfato, degradação da glicose ou glicogênio, também conhecida como via glicolítica, e a via aeróbica, também conhecida como oxidativa. (POWERS; HOWLEY, 2000)

5.1.1. Sistema ATP-CP

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atividade de esforço muscular máximo, ou seja, que exija uma produção rápida de ATP, o processo de depleção de CP ocorre a uma velocidade elevada para impedir que a concentração de ATP diminua e a atividade possa ser mantida. Após alguns segundos, quando o estoque de CP é esgotado, a capacidade de produção rápida de ATP também diminui e, a partir desse momento, outra via de produção de energia passa a predominar para que a atividade muscular possa continuar. (WILMORE; COSTILL, 2001)

5.1.2. Sistema Glicolítico

A via glicolítica, ou sistema glicolítico, também é considerada anaeróbica por não necessitar de oxigênio para a geração de ATPs. A glicólise, processo que caracteriza essa via de geração de energia, é uma sequencia de reações químicas que transforma a glicose em ATPs e um subproduto dessas reações: o ácido lático. (GUYTON; HALL, 2008)

O processo se inicia com a entrada da glicose circulante na corrente sanguínea para dentro da célula. Uma vez dentro da célula, pela ação da enzima hexocinase, a glicose recebe um fosfato ligado ao seu sexto átomo de carbono, dando origem assim ao composto chamado glicose-6-fosfato. Como esse fosfato advém da quebra de um ATP, podemos dizer que o início da glicólise necessita de um ATP. A glicose-6-fosfato também pode ser oriunda da quebra do glicogênio muscular, um polímero composto por várias moléculas de glicose, nesse caso sem a necessidade do gasto de um ATP. À partir da glicose-6-fosfato, ocorre uma série de oito reações químicas até que, ao final dessas reações, é produzido o piruvato. O piruvato pode ter dois destinos: virar ácido lático, quando não há a presença de oxigênio, ou seguir para a mitocôndria, onde será oxidado para gerar mais energia, dessa vez de forma aeróbia. (HOUSTON, 2001)

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dificultar o processo de contração muscular, e, caso a intensidade do exercício não diminua, ocorrerá a fadiga muscular. (WILMORE; COSTILL, 2001)

5.1.3. Sistema Oxidativo

O sistema oxidativo, como o nome sugere, requer oxigênio para que haja a produção de energia. A produção de ATP ocorre na mitocôndria, começando através do Ciclo de Krebs, seguido pela cadeia de transporte de elétrons e terminando com a fosforilação oxidativa. A utilização dessa via para geração de energia começa a predominar à medida que o exercício se estende e ultrapassa quatro minutos de duração. (POWERS; HOWLEY, 2000)

O Ciclo de Krebs, também conhecido com Ciclo do Ácido Cítrico, inicia-se a partir da coenzima acetil-CoA, que pode ser proviniente do piruvato resultante da glicólise anaeróbia ou então da βoxidação dos ácidos graxos, provenientes de lipídios. A acetil-Coa pode também ser formada a partir de aminoácidos. (WILMORE; COSTILL, 2001)

A principal tarefa do ciclo do ácido cítrico é, à partir de reações com a acetil-CoA, gerar íons de hidrogênio (H+) para que sejam transferidos para a cadeia de transporte de elétrons. (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2008)

A oxidação total de carboidratos, ou seja, o processo que se inicia com a glicólise, passando pelo ciclo de Krebs e depois pela cadeia de elétrons, tem como resultado final a produção de H2O, CO2 e 38 ou 39 moléculas de ATP por molécula de carboidrato. Já no caso da oxidação

de gorduras, a produção de ATP é muito maior. Dependendo do tipo de ácido graxo que está sendo oxidado, o processo completo, até a cadeia de transporte de elétrons, pode gerar até 129 ATP por molécula de ácido graxo. (WILMORE; COSTILL, 2001)

De acordo com Houston (2001), o sistema oxidativo é o responsável pela produção de mais de 85% de todo ATP produzido pelo organismo.

5.2. Metabolismo da Gordura Corporal Durante o Exercício

A gordura é uma fonte de energia indispensável para o organismo. O tecido adiposo, onde a gordura fica armazenada, pode ser considerada a maior reserva energética do corpo. (ARAÚJO; MENÓIA, 2008)

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triglicerídeos encontram-se também, em uma proporção muito menor, nas fibras musculares, em forma de gotículas, chamado de triglicerídeo intramuscular. Durante o exercício físico, pela ação das catecolaminas, a enzima lipase hormônio-sensível é ativada e o triglicerídeo armazenado no tecido adiposo é quebrado em ácidos graxos livres e glicerol. A esse processo dá-se o nome de lipólise. Os ácidos graxos livres são então transportados através da corrente sanguínea para os músculos que estão em atividade, e dentro da célula muscular são transportados para as mitocôndrias para que sejam oxidados, conforme explicam os autores. Nos exercícios de alta intensidade, porém, onde há um aumento na concentração de lactato, a atividade lipolítica mostra-se diminuída (ANDRADE; RIBEIRO; CARMO, 2006). Isso ocorre porque, conforme demonstrado por Rooney e Trayhurn (2011), o lactato inibe a ativação da lipase hormônio-sensível e, consequentemente, a lipólise. Com a diminuição dos ácidos graxos livres devido à inibição da lipólise, a oxidação de gorduras durante a atividade física intensa é limitada (SILVEIRA et al, 2011).

Para Gomes e seus colaboradores (2011), um outro fator que pode influenciar na oxidação dos ácidos graxos é o funcionamento adequado e pleno do Ciclo de Krebs. Para que esse funcione corretamente e o nível de atividade do ciclo seja mantido é necessário que uma quantidade ideal de moléculas de oxaloacetato seja disponibilizada. Para exercícios físicos de longa duração, é necessário que as células musculares captem de forma efetiva os ácidos graxos livres que chegam através da corrente sanguínea, fornecendo assim acetil-CoA, que por sua vez depende do oxaloacetato, para oxidação. Os autores entendem que o piruvato veja a ser um elemento essencial para a produção de oxaloacetato, sugerindo então que o aumento na quantidade de glicogênio está intimamente ligado com o processo através do qual os níveis ideais de oxaloacetado são mantidos. Eles concluem então que a capacidade da célula oxidar gorduras está de certa maneira relacionada com a glicose, uma vez que depende de sua oferta e de sua apropriada metabolização. Em circunstancias nas quais há uma depleção elevada da glicose ou nas quais haja aumento expressivo na sua disponibilidade, a oxidação dos ácidos graxos livres é diminuída, nesse caso por diminuir a oferta de intermediários, como o oxaloacetato, para o ciclo de Krebs.

5.3. Metabolismo dos Carboidratos Durante o Exercício

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uma reserva de energia. Durante o exercício, a glicose sofre uma sequência de reações químicas dentro da fibra muscular de modo a produzir energia, processo esse conhecido como glicólise. (GUYTON; HALL, 2008)

Durante uma atividade física intensa, devido à alta depleção de carboidratos para geração de energia, os estoques de glicogênio muscular são quase que totalmente utilizados. Finda a sessão de treinamento, os mecanismos responsáveis pela ressíntese do glicogênio muscular são estimulados e iniciam-se os processos de recomposição desses estoques. Mediante um período de repouso adequado e também da ingestão de carboidratos nas quantidades necessárias, o músculo treinado é capaz de armazenar uma quantidade significativamente maior de glicogênio do que o músculo não treinado. Essa reserva maior de glicogênio muscular permite ao indivíduo uma melhor performance na atividade física, aumentando sua capacidade de tolerar intensidades e volumes maiores de esforço. (WILMORE; COSTILL, 2001)

5.4. Intensidade do Exercício

A intensidade de um treinamento aeróbio pode ser determinada pelo percentual do consumo máximo de oxigênio (VO2max), do limiar de lactato ou liminar anaeróbio (LA) (CAPUTO et

al, 2009), da frequência cardíaca máxima (FCmax) ou da frequência cardíaca de reserva

(FCreserva). (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2008)

O VO2max expressa a capacidade máxima do organismo de captar e utilizar o oxigênio, representando o máximo trabalho aeróbio que pode ser desenvolvido pelo indivíduo. Ele indica o ponto a partir do qual, apesar do aumento na intensidade do exercício, não ocorre o aumento no consumo do oxigênio, indicando a incapacidade do organismo de continuar mantendo o metabolismo predominantemente aeróbio a partir desse ponto. (WILMORE; COSTILL, 2001)

Já o limiar anaeróbio (LA), no exercício aeróbio onde há o aumento de carga, é definido pelo momento a partir do qual a produção de lactato passa a ser maior do que a capacidade de remoção do mesmo, sugerindo que a partir desse ponto não seja mais possível manter o trabalho, pois o acumulo de lactato rapidamente levará o indivíduo à fadiga. Pode-se dizer então que nesse ponto o exercício alcançou intensidade aeróbia máxima. (ANTONUTTO; DI PRAMPERO, 1995)

A intensidade do esforço também pode ser medida através da frequência cardíaca atingida pelo indivíduo durante o exercício. De uma maneira geral e simplista, a FCmax pode ser

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FCmax = 208 – 0,7 x idade (anos) parece ser mais realista. (MCARDLE; KATCH; KATCH,

2008)

De acordo com o American College of Sports Medicine (apud CUNHA; MONTENEGRO; FARINATTI, 2013), o exercício é considerado intenso entre 77 a 95 % da frequência cardíaca máxima ou entre 64 a 90% do consumo máximo de oxigênio.

5.5. EPOC - Consumo Excessivo de Oxigênio Após o Exercício

Um dos efeitos agudos do exercício físico é o fenômeno conhecido como consumo excessivo de oxigênio após o exercício ou, em inglês, excess post erxercise oxygen consumption – EPOC, e compreende o consumo de oxigênio que ocorre após o término do exercício, uma vez que consumo de oxigênionão retorna aos valores basais imediatamente após o esforço, gerando uma demanda energética que vai além do gasto com o exercício em si. (GAESSER; BROOKS, 1984).

Embora as causas do EPOC não estejam bem esclarecidas, é provável que ele ocorra para que haja a ressíntese de fosfocreatina, metabolização do lactato resultante da glicólise, restauração dos danos ao tecido muscular, recuperação da frequência cardíaca e da temperatura corporal. De uma maneira mais prolongada, ele contribui para os processos de retorno da homeostase fisiológica, que ocorrem continuamente, porém com menor intensidade. Esses processos incluem o ciclo de Krebs com maior utilização de lipídios; efeitos de vários hormônios, ressíntese de hemoglobina e mioglobina, ressíntese do glicogênio muscular, entre outros. (FOUREAUX; PINTO; DÂMASO, 2006)

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que, quando a carga total de trabalho for semelhante, a magnitude e duração do EPOC serão as mesmas, independentemente do exercício ser contínuo ou intervalado.

O que está bem estabelecido é que programas de treinamento que proporcionem um EPOC elevado podem contribuir fortemente para o emagrecimento. Apesar de o custo energético do EPOC em uma sessão de treinamento parecer pequeno, o efeito acumulado de várias sessões poderá impactar positivamente na redução da gordura corporal. (FOUREAUX; PINTO; DÂMASO, 2006)

5.6. Treinamento Aeróbio Contínuo

Também conhecido como treinamento de endurance, o treinamento aeróbio é reconhecido pela sua importância no desenvolvimento tanto da capacidade quando da eficiência dos sistemas cardiovascular e respiratório, além de ajudar na manutenção e na redução da gordura corporal. Exercícios como a caminhada, corrida, natação, ciclismo e o remo são as principais atividades através das quais o metabolismo aeróbio é exercitado e melhorado. (WILMORE; COSTILL, 2001)

Para verificar a contribuição do treinamento aeróbio no emagrecimento, Silva, Petroski e Pelegrini (2014) elaboraram um estudo com o objetivo de verificar o efeito de um programa de 12 semanas de treinamento, sem intervenção nutricional, na composição corporal de adolescentes com excesso de peso. Verificaram que houve uma diminuição da dobra cutânea tricipital, do percentual de gordura corporal, e da massa de gordura, assim como um aumento da massa magra e uma melhora no HDL.

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Em condições metabólicas normais, um estado de balanço energético negativo crônico induzido por redução na ingestão alimentar ou elevação do gasto energético, acarreta em redução da massa corporal, e quanto maior o déficit energético maior a redução na adiposidade corporal, ou seja, em situações em que o déficit calórico for igual, as alterações na composição corporal serão semelhantes, independente da intensidade do exercício. (GOMES et al., 2013, p.600)

Em outro estudo parecido, Lazzer et al. (2011), selecionaram 24 adolescentes obesos para participarem de um treinamento aeróbio com duração de 3 semanas de treinamento aeróbio, divididos em dois grupos: o de alta intensidade treinou a 70% do VO2max e o de baixa intensidade a 40%. O gasto energético das sessões de treinamento foi estipulado em 20 kJ/kg de massa magra. Após três semanas de treinamento, constatou-se que redução na gordura corporal dos dois grupos, não havendo diferenças consideráveis entre as diferentes intensidades.

Quando trata-se de corrida, parece também não haver diferença significativa no gasto calórico da corrida executada em diferentes intensidades, para uma distância fixa. Isso foi observado por um grupo de pesquisadores que acompanhou 14 corredores, entre homens e mulheres, que correm por lazer. Inicialmente todos foram submetidos a um teste de esteira com análise de gases e medição do lactato sanguíneo, para determinar em que velocidade cada participante atingia o limiar anaeróbio. Determinou-se então que cada participante faria duas corridas: uma a 70% do LA e outra a 95%. A diferença no gasto calórico foi em média de 3,8% a mais na corrida a 95% do LA, ou seja, não muito significativa. Também mediram a quantidade de gordura metabolizada durante as sessões, que foi de 20g para 95% do LA e 26g para 70%. (ROSENBERGER; MEYER; KINDERMANN, 2005)

5.7. Treinamento Intervalado de Alta Intensidade

Entende-se por treinamento intervalado o método no qual, dentro da sessão de treinamento, alternam-se períodos de execução de exercícios com períodos de intervalo de recuperação. A intensidade do treino é modulada em função da recuperação, que pode ser ativa, com estímulos de baixa intensidade, ou passiva, na qual o sujeito permanece em repouso. (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2008)

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Sa (2014) verificou que o treinamento intervalado vem sendo estudado já há bastante tempo, porém não encontrou um consenso na literatura quanto à prescrição de volume, intensidade e tempo de recuperação. Entretanto, houve consenso sobre a influência positiva do treinamento intervalado na condição aeróbia, representada pelo aumento considerável do VO2max, na melhora da eficiência da corrida com relação ao gesto motor e na composição corporal, através da diminuição da massa de gordura.

O treinamento intervalado de alta intensidade clássico produz aumento significativo na aptidão aeróbia e anaeróbia, pois produz adaptações consideráveis no músculo esquelético, tanto no sistema oxidativo quando na via glicolítica. Os efeitos desse tipo de treinamento na perda de gordura subcutânea e abdominal também são positivos (BOUTCHER, 2011)

O treinamento intervalado parece elevar a taxa metabólica de repouso e mantém o consumo excessivo de oxigênio pós-exercício por mais tempo quando comparado ao treinamento contínuo de baixa intensidade, sugerindo assim que esse tipo de treinamento proporcione um gasto energético total maior, colaborando assim para um balanço energético negativo e consequentemente promovendo o emagrecimento. (MORENO; LIBERALI; NAVARRO, 2009)

Isso já havia sido obervado por Tremblay, Simoneau e Bouchard em 1994, em um estudo feito com 27 homens e mulheres não-obesos. Um grupo foi submetido a treinamento aeróbio contínuo de 20 semanas, cuja intensidade inicialmente era de 60% da FC de reserva e foi sendo aumentada até atingir 85%. O outro foi submetido ao treinamento intervalado de alta intensidade por 15 semanas. O grupo submetido ao treinamento intervalado perdeu mais gordura subcutânea. Isso foi observado através da soma de 6 dobras cutâneas (bíceps, tríceps, panturrilha, subescapular, suprailíaca e abdominal), medidas antes do programa de treinamento e depois. Os autores acreditam que essa diferença deve-se principalmente à metabolização de lipídios pós-exercício que ocorre em maior magnitude no treinamento de alta intensidade.

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6. DISCUSSAO

Durante as pesquisas, vários estudos que comparam os efeitos do treinamento intervalado de alta intensidade com o treinamento contínuo de intensidade moderada foram encontrados, porém esses não foram incorporados a esse trabalho, uma vez que o objetivo é a comparação do intervalado com o contínuo de alta intensidade.

Muitos estudos de revisão publicados demonstraram que o treinamento intervalado de alta intensidade contribui significativamente para a redução da gordura corporal (BOUTCHER, 2011; MORENO, LIBERALI, NAVARRO, 2009; SA, 2014). Estudos experimentais feitos com diferentes tipos de amostra também chegaram a resultados parecidos (TREMBLAY, SIMONEAU, BOUCHARD, 1994; HAZELL et al., 2014) . Na maior parte deles as amostras eram compostas de mulheres ou adolescentes obesos ou com sobrepeso. Dessa forma, não foi possível verificar como esse tipo de treinamento contribuiria para a redução de gordura corporal em indivíduos não obesos.

Já em relação ao treinamento aeróbio contínuo de alta intensidade, poucos trabalhos publicados foram encontrados nos quais o objetivo do estudo era verificar como esse tipo de treinamento atua no emagrecimento. Isso provavelmente deve-se ao fato de não ser tão comum a utilização desse tipo de treinamento com objetivo de emagrecimento, já que a alta intensidade requer um nível de condicionamento e de motivação que difíceis de serem encontrados em indivíduos com sobrepeso. Os trabalhos encontrados comparavam diferentes intensidades de treinamento na redução da gordura corporal, e de uma maneira geral mostraram que não há diferenças significativas nos resultados obtidos por diferentes intensidades, desde que o gasto calórico seja o mesmo (GOMES et al., 2013; LAZZER et al., 2011, ROSENBERGER, MEYER, KINDERMANN, 2005), embora o treinamento de alta intensidade tenha se mostrado mais eficiente na melhora da capacidade aeróbia (LAZZER et al., 2011). Isso implicaria então em afirmar que a vantagem da alta intensidade em relação a intensidades mais baixas seria a economia de tempo nas sessões de treinamento, além da melhora da capacidade aeróbia. Esse ponto também foi descrito como uma vantagem do treinamento intervalado de alta intensidade (BOUTCHER, 2011; SA, 2014).

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7. CONCLUSÃO

Quando o objetivo principal do treinamento for a redução da gordura corporal, tanto o treinamento contínuo de alta intensidade quando o treinamento intervalado podem ser considerados adequados, pois ambos proporcionam a redução da gordura corporal quando executados dentro de um programa de pelo menos doze semanas. Como ambos produzem gasto calórico e EPOC elevados e possibilitam uma economia de tempo das sessões, que geralmente não ultrapassam 30 minutos, a escolha entre um tipo de treinamento e outro deverá usar como premissas outros fatores, como o aumento da capacidade aeróbia, que pareceu ser maior com o treinamento intervalado, e a preferência do participante por um ou outro.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Referências

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