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INTERDISCIPLINARIDADE EM SALA DE AULA: CONSTRUINDO UMA NOVA APRENDIZAGEM EM ZOOLOGIA

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Academic year: 2021

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INTERDISCIPLINARIDADE EM SALA DE AULA: CONSTRUINDO UMA NOVA APRENDIZAGEM EM ZOOLOGIA

Elineí Araújo de Almeida31 INTRODUÇÃO

As idéias de inovação em sala de aula têm sido muito aplicadas para que aprendizagens mais eficientes possam ser atingidas. CASTANHO (2000) fala sobre os professores e suas inovações, examinando o conceito de inovação abordando vários exemplos de inovações aplicadas por professores. Em referência à obra PRISE (1999), inovação educativa é um meio de proporcionar novas soluções para velhos problemas, mediante estratégias de transformação ou de renovação expressamente planificadas. Inovar consiste em introduzir novos modos de atuar em face de práticas pedagógicas que aparecem como inadequadas e ineficientes (CASTANHO, 2000). Esta autora aborda que geralmente aceita-se três modos para explicar empiricamente o modo como se produzem as inovações educativas: a) o modelo de investigação e desenvolvimento; b) o modelo de solução de problemas; e c) o modelo de interação social, de acordo com a qual as inovações educativas se produzem como conseqüência das influências recíprocas, sejam pessoais ou institucionais.

CASTANHO (2000) destacou que muito das aplicações de hoje, no sentido das inovações, já estava presente na atuação de professores no passado. Uma delas é a preocupação do docente com a relação teoria-prática e interdisciplinaridade. No ensino tradicional, geralmente isso não ocorre, pois as disciplinas são vistas como se fossem separadas e apropriação do conhecimento se dá de forma diferenciada.

Apropriar-se do conhecimento pela reflexão na interdisciplinaridade por meio de discussão de problemas reais é freqüentemente uma forma de atingir bons resultados de ensino frente às mudanças do mundo, hoje tão rápidas e tão decisivas. É na interdisciplinaridade que se pode integrar conceitos, terminologias, metodologias e procedimentos, como também, aproximar grupos que apresentam interesses diversos. E, explorar a relação com os outros dentro de uma pedagogia que acessa a comunhão com o mundo e o ambiente é atender ao princípio da busca da estética e da sensibilidade.

A abordagem da interdisciplina aumenta as possibilidades dos professores se aproximarem das concepções alternativas de aprendizagem dos alunos em função do aumento de relações conceituais vivenciadas e dos interesses que muitos trazem consigo.

Com a Educação Ambiental sendo básica para o desenvolvimento de bons hábitos em relação ao meio e, associado a isso, também, a existência dos movimentos ecológicos estarem muito comuns e necessários na atualidade, muitos desses conhecimentos devem ser inseridos nas temáticas relacionadas com a existência da humanidade.

A Zoologia, área de conhecimento obrigatório dos cursos de Biologia, Ecologia, Zootecnia e outros que estudam os animais incluem os mais diversos grupos vertebrados, como também, os invertebrados. Quando a Zoologia é abordada de forma integrada com a evolução, a ecologia, a educação ambiental ou outra área de informação, atinge um nível de interesse maior por parte dos alunos porque ela se torna mais dinâmica para lidar com toda uma gama de organismos existentes na Terra. Para

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atingir tais níveis de interação, o professor deve trabalhar as informações com ações de aprendizagem significativas, para promover a interdisciplinaridade. Estudos atuais que desenvolvem suas metodologias didáticas com base em fundamentações teóricas, entre eles OLIVEIRA (2005), descrevem sobre a importância das idéias de PIAGET (1973, 1976), AUSUBEL (1978, 1982), NOVAK & GOWIN (1984) para um bom desempenho das concepções alternativas na aprendizagem.

PROBLEMAS DIDÁTICOS RELACIONADOS AO ESTUDO DOS ANIMAIS POUCO ACESSÍVEIS

Tratando-se a Zoologia de uma área da Biologia que lida com uma diversidade de formas, de relações ambientais, funcionais e aspectos taxonômicos e filogenéticos gerando muitos vocábulos diferenciados distante da realidade de cada grupo de animal que se estuda, muitos alunos consideram desmotivante estudar o seu conteúdo programático. Isso aumenta o problema quando se trata de táxons poucos vivenciados em estudos prévios de Zoologia, seja por dificuldade de acesso por causa do tamanho pequeno, da localidade onde se encontra, ou porque não se conhece a importância ecológica, ou mesmo a suas belezas de forma.

Como referência a um desses táxons cita-se aqui o grupo dos anelídeos poliquetas. São assim chamados porque apresentam o corpo segmentado e têm várias cerdas em seu corpo. Estruturalmente são constituídos de partes moles. A maior parte deles encontra-se em ambiente marinho.

Muitos livros didáticos de Zoologia (RUPPERT & BARNES, 1995; HICKMAN et al., 2003; BRUSCA & BRUSCA, 2007; RUPPERT et al., 2005), para chamar

atenção do entendimento dos poliquetas, informam que: a) em seus ambientes naturais são organismos de extrema beleza porque alguns deles têm formas graciosas e atingiram um grau evolutivo de coloração das mais variadas possíveis. b) as formas do corpo de alguns representantes lembram árvores de natal com seu aspecto espiralado e assemelham-se a leques com penachos e também possuem tufos brilhantes ao longo do corpo que dão aspectos de decorações artísticas esplendorosas. c) alguns deles quando agrupados formam verdadeiros jardins zoológicos do mar.

Mas, a maior parte dos representantes destes seres marinhos (intertidais ou de profundidades), não estão disponíveis, de forma natural, para estudos. Todas essas formas de vida são, assim, abstrações para quem quer conhecer a morfologia e fisiologia em comparação com outros grupos existentes, tal como os moluscos e crustáceos que têm conchas e carapaças, respectivamente. E, mesmo que se realizem coletas para estudos (atividade que se encontra proibida hoje para alguns táxons), com conseqüente fixação dos corpos, eles são reduzidos aos chamados vermes de cor parda sem beleza alguma.

A retirada desses organismos de seu ambiente natural é suficiente para terem seus corpos danificados ou suas estruturas de importância significativa para identificação taxonômica, transformadas.

Em conseqüência da falta de acessibilidade dos caracteres morfológicos, os estudos evolutivos tornam-se difíceis de serem realizados. Não somente porque as estruturas são danificadas, mas porque faltam exemplares reais para serem trabalhados, e muitas vezes os organismos estão somente acessíveis em outras regiões do Brasil ou mesmo do mundo.

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OBJETIVOS

Interrelacinar os conhecimentos zoológicos sobre os anelídeos poliquetas com os estudos sobre evolução e educação ambiental, destacando sua importância ecológica.

Utilizar um método alternativo de construção de modelos animais com caráter inovador dentro das abordagens construtivistas, utilizando material reciclável.

Despertar o lúdico e o interesse pelo processo de construção de elementos didáticos para apreensão de conceitos novos.

METODOLOGIA

No componente curricular Biodiversidade I do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no período 2006.2, nas turmas dos períodos diurno e noturno, foi desenvolvida uma aula de caráter interdisciplinar alternativo para trabalhar o tema Annellida de fora que os alunos pudessem visualizar melhor as estruturas dos organismos no momento da construção de modelos tridimensionais e assim fossem operacionalizada de forma mais concreta a aprendizagem dos conceitos envolvidos.

O conhecimento das concepções alternativas dos alunos foram trabalhadas no sentido de introduzir as vivências metodológicas e as conceituações de acordo com as experiências e conhecimentos apreendidos em momentos anteriores.

Como alternativa para a situação desafiante de trazer elementos concretos para estudo dos anelídeos poliquetas foi primeiramente chamar a atenção para a grande diversidade de formas por meio de fotografias coloridas e destacar a grande importância ecológica que estes organismos apresentam.Também foram indicados sites sobre informações pertinentes ao táxon em estudo

Considerando como concepções teóricas básicas o significado da inovação dentro da sala de aula para que se pudesse conduzir de forma segura a nova metodologia, foram buscados apoio em trabalhos já realizados nesta temática com outras áreas do conhecimento biológico, entre eles, OLIVEIRA (2005) e AZEVEDO & BEZERRA (2006). Algumas informações foram discutidas com os alunos antes de introduzir a atividade prática, principalmente com relação à construção dos modelos tridimensionais como o material reciclável.

Foi solicitada aos alunos a construção de alguns modelos tridimensionais de poliquetas por meio da observação de fotos coloridas dos representantes de vários táxons.em níveis taxonômicos mais elevados. Todos os exemplos continham as características marcantes para serem reproduzidas nos modelos. Juntamente com as ilustrações, alguns exemplares já montados pelo professor foram disponibilizados para os alunos como forma de servir de padrão para comparação e ilustrar o aprendizado. Foram padronizadas as cores das estruturas morfológicas dos organismos para que os alunos pudessem acompanhar a diversificação desses elementos, não somente dentro do táxon que cada grupo de alunos desenvolveu como também compreender as explicações das apresentações dos seus colegas.

Todo o procedimento metodológico para a produção deste trabalho baseou-se na ação participativa (DEMO, 2004; GALIAZZI & FREITAS, 2005), onde o professor vivenciou, junto com os alunos a execução das atividades.

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Quatro horas-aula foram utilizadas para a produção dos modelos e apresentação dos modelos em uma hora- aula em dia posterior.

RESULTADOS

Durante o processo de construção dos modelos didáticos, os alunos demonstraram interagir positivamente com o tipo de atividade aplicada. Tosos os alunos cortaram e colaram as estruturas representativas do corpo dos animais.

Nas apresentações realizadas após a construção dos modelos, os alunos, explicaram as características diagnósticas exclusivas de cada linhagem destacando o modelo. Fizeram a leitura da evolução dos representantes mais próximos filogeneticamente e demonstraram domínio de um número maior de informação em comparação com a didática aplicada em semestre anterior quando se estudou o tema Annelida para alunos do mesmo curso e no mesmo.

Em uma avaliação posterior, foi sugerido aos alunos a resolução de questões relatando sobre a aprendizagem do táxon de anelídeo trabalhado na dinâmica de construção dos modelos. As opiniões dos alunos sobre a dinâmica de ensino foram, em sua maioria positivas. A maior parte deles respondeu as questões sugeridas e, o nível de aprofundamento das respostas quanto ao conhecimento das estruturas, foi muito elevado. Isso demonstrou que as estratégias utilizadas foram muito positivas para a apreensão dos conteúdos trabalhados.

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, G.D. & BEZERRA, M.J.D. Avaliação da aprendizagem: uma estratégia inovadora na disciplina de Anatomia Humana. In: GOMES, M.C.S. (Org.). Tecendo saberes e compartilhando experiências sobre avaliação. Natal-RN: EDUFRN, 8:91-101, 2006.

AUSUBEL, D.P. A aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São Paulo: Moraes. 1982.

AUSUBEL, D.P. Educational Psychology: a cognitive view. New York: Holt, Hinehart & Winston. 1978.

BRUSCA, R.C. & BRUSCA, G.J. Invertebrados. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.

CASTANHO, M.E.L.M. Professores e inovações. In: CASTANHO, S. & CASTANHO, M.E.L.M. (orgs.) O que há de novo na educação superior: do projeto pedagógico à prática transformadora. Campinas: Papirus, 2000.

DEMO, P. Pesquisa participante: saber pensar e intervir juntos. Brasília/DF: Líber Livro Editora, 2004.

GALIAZZI, M.C. & FREITAS, J.V. Metodologias emergentes de pesquisa em educação ambiental. Rio Grande do Sul: Editora Unijuí, 2005.

HICKMAN, C.P., ROBERTS, L.S. & LARSON, A Princípios integrados de Zoologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.

NOVAK, J.D. & GOWIN, D.B. Learning how to learn. New York: Cambridge University Press. 1984.

OLIVEIRA, S.S. Concepções alternativas de ensino de Biologia: como utilizar estratégias diferenciadas na formação inicial de licenciados. Educar, 26:233-250, 2005. PIAGET, J. Biologia e conhecimento. São Paulo: Editora Vozes Ltda. 1973.

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PRISE (Programa de Reformas e Inovaciones en el Sector Educación). Manual de Gestión para la elaboración, ejecución y educación de proyectos innovadores en la Misiones: Missões Cigram, Imprenta Editorial. 1999.

RUPPERT, E.R. & BARNES, R.D., Zoologia dos Invertebrados. São Paulo: Editora Rocca LTDA. 1996.

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