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Natália Moraes Góes Paula Mariza Zedu Alliprandini Universidade Estadual de Londrina

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Academic year: 2021

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Análise das estratégias de aprendizagem cognitivas, 

autorregulatórias e comportamentais utilizadas por alunos de  um curso de pedagogia ofertado a distância 

     

 

Resumo 

avanço das Tecnologias de Informação Comunicação  (TIC)  tornou‐se  grande  aliado  no  cenário  de  formação  educacional.  Por meio de cursos à distância é  possível  atender tanto aos interesses dos estudantes na busca de  novas aprendizagens, como aos interesses institucionais. A  partir do referencial teórico da Psicologia Cognitiva/Teoria  do processamento da informação, a presente pesquisa teve  como objetivo investigar sobre uso de estratégias de  aprendizagem  utilizadas  por  alunos  de  um  curso  de  Pedagogia ofertado distância  por uma Instituição  de  Ensino  Superior  (IES)  pública  do  norte  do  Paraná. 

Participaram deste  estudo  532  alunos de um curso  de  Pedagogia. Para a coleta de dados foi utilizada a Escala de  Estratégias de Aprendizagem (EAA) desenvolvida e validada  por  Zerbini  Abbad  (2008).  Os  resultados  do  estudo  indicaram que  os participantes utilizam  com frequência  estratégias  de  aprendizagem.  Entre  os  Fatores  que  compõem a Escala, destaca‐se o Fator 5 – Elaboração, por  ser constituído pelas estratégias mais utilizadas. As menos  utilizadas referem‐se ao Fator – Controle da emoção. 

Diante destes resultados, ressalta‐se a importância do papel  do  professor/tutor  como  incentivador  do  uso  das  estratégias de aprendizagem em especial, entre aquelas  que operam no controle da emoção.  

 

Palavras‐chave: Estratégias de aprendizagem. Educação a  distância. Teoria do processamento da informação   

 

Natália Moraes Góes  nataliamoraesg@gmail.com 

     

Paula Mariza Zedu Alliprandini  Universidade Estadual de Londrina 

paulaalliprandini@uel.br   

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Introdução  

A sociedade atual tem repercutido mudanças de forma acelerada em distintas  áreas,  sejam  elas:  no  acesso  ao  mercado  de  trabalho,  no  setor  econômico  e  na  proliferação da cultura. Estas mudanças atingem significativamente o campo educacional  e assim, espera‐se que também ocorram mudanças neste sistema (BELLONI, 2008). 

O surgimento e expansão das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC),  por exemplo, desencadeou inúmeras mudanças no setor educacional. Com a utilização  destes  novos  recursos  tornou‐se  possível  modernizar  e  consolidar  os  já  existentes  espaços de Educação a Distância (EaD), como também fez emergir distintos cursos em  EaD. Também com as TIC e com as novas propostas de EaD, o mercado de trabalho tem  exigido que os profissionais se qualifiquem constantemente. Sendo assim, hoje muito se  fala em aprendizagem ao longo da vida (lifelong learning) (BELLONI, 2008), como forma  de suprir a necessidade de formação. Entretanto, isso não significa que a educação esteja  voltada as orientações mercadológicas, muito pelo contrário, como afirma Belloni (2005)  ao descrever que a formação continuada deve ser voltada as demandas dos indivíduos  emancipados, para que eles sejam capazes de competir no mercado de trabalho. 

Diante disso, no cenário educacional brasileiro, a EaD apresenta‐se como uma  modalidade em franca expansão. De acordo com os dados obtidos pelo Censo do Ensino  Superior do ano de 2012, o aumento nas matriculas realizadas no ensino superior na  modalidade a distância foi de 12,2% quando comparados os anos de 2011 e 2012. Sobre o  mesmo período foi apresentado que as matrículas em cursos presenciais avançaram  apenas 3,1%. Diante deste crescimento, a modalidade a distância já representa mais de 15% 

de matrículas em cursos de graduação. Dentre as matrículas realizadas, 72% são em  universidades e 23% em centros universitários, sendo 40,4% em cursos de licenciatura,  32,3% em cursos de bacharel e 27,3% em cursos tecnológicos (MEC, 2013). Estes dados  demonstram que o crescimento e a procura pela modalidade de ensino a distância tem  sido maior do que a do ensino presencial.  

Diante deste cenário, onde a EaD encontra‐se em vasta expansão, não cabe mais  tratá‐la  como  uma  forma  de  resoluções  de  problemas  emergenciais  do  sistema 

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ensino, pelo seu caráter flexível de espaço e tempo, pois oportuniza formação às pessoas  que trabalham o dia todo ou as que moram longe de um espaço de educação, por  exemplo. Se a EaD possibilita um processo de ensino e aprendizagem mais flexível, isso  não quer dizer que cursar optando por um curso a distância será mais fácil do que cursar  no presencial. (BOHADANA; VALLE, 2009). 

 Moran (2014) afirma que, de fato, muitas instituições banalizam a EaD, pensam 

que é fácil, barata, os conteúdos mais superficiais e que qualquer um pode trabalhar e ser  aluno dela. Com esta visão, os conteúdos são mínimos, os professores e tutores mal  remunerados e com acúmulo de alunos e atividades. Entretanto, essa realidade de muitas  instituições de EaD só será modificada, quando apresentarem modelos atraentes que  chamem  a  atenção  e  motivem  os  alunos  de  hoje,  quando  realmente  estiverem  trabalhando e interessados pela formação de indivíduos críticos e competentes, quando  valorizarem e compreenderem a importância de bons professores e tutores, e acima de  tudo, quando não estiverem utilizando apenas uma roupagem nova, roupagem esta  composta de modernos aparelhos de informática e sistema de comunicação, e por trás de  tudo isso, apresentarem um ensino tradicional. 

Nos  cursos  à  distância,  o  papel  do  professor/tutor  e  das  instituições  é  extremamente importante como afirmado acima.   Relevante destacar também que o  aluno tem papel fundamental no curso, pois ele é o principal agente da aprendizagem,  mais do que no ensino presencial. Diante das características dos cursos à distância esta  modalidade requer atitudes e comportamentos diferenciados por parte dos alunos, entre  estas atitudes espera‐se: que os alunos tenham uma postura autônoma, frente ao ato de  estudar e desenvolvam características distintas para o acompanhamento do curso em  que estão inseridos (ABBAD; CORRÊA; MENESES, 2010). 

Como afirma Peters (2003, apud ABBAD; CORRÊA; MENESES, 2010) os cursos à  distância pressupõem novos comportamentos dos alunos, entre eles pode se destacar: a  capacidade de agir e pensar independentemente, fazer escolhas acertadas, ser capaz de  pensar em sua própria aprendizagem e saber controlá‐la frente uma nova informação. 

Essas capacidades são essenciais para o melhor aproveitamento e aprendizagem no  ensino a distância. 

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Diante destas demandas relativas às características requeridas dos alunos da  EaD, o uso de estratégias de aprendizagem torna‐se de fundamental importância para  que realizem um bom curso e que consigam concluí‐lo com êxito.  

Warr e Allan (1998, apud ZERBINI; PILATI, 2012, p. 228) definem estratégias de  aprendizagem como: 

 

[...] procedimentos capacidades cognitivas complexas, aprendidas ao  longo da vida, seja naturalmente ou por meio de treino, utilizadas pelos  indivíduos em atividade de aprendizagem que facilitam alcance de  todos os critérios da aprendizagem. 

 

Embasada  na  Teoria  do  Processamento  da  Informação,  as  estratégias  de  aprendizagem  são  mecanismos  e/ou  ferramentas  utilizadas  para  armazenamento  e  posteriormente  recuperação  de  determinada  informação.  Autores  como  Oliveira,  Boruchovitch e Santos (2009, p. 531)  afirmam que: 

 

As  estratégias  de  aprendizagem  funcionam  como  reforçadoras  da  aprendizagem visto que instrumentalizam o aluno a diversificar as formas  de  estudo,  promovendo  atitudes  de  autoavaliação  melhora  do  desempenho escolar.  

 

As  estratégias  de  aprendizagem  são  usualmente  incluídas  em  duas  grandes  categorias,  a  saber:  as  estratégias  cognitivas  e  estratégias  metacognitivas.  Ambas  auxiliam o aprendiz a armazenar e recuperar de modo eficaz, facilitando, desta forma, a  aprendizagem (LEME, 2010).  

Destarte, as estratégias de aprendizagem cognitiva, caracterizam por ser aquelas  presentes durante a execução de uma tarefa, as quais ajudarão o aprendiz a assimilar as  informações.  Enquanto que as estratégias metacognitivas estão relacionadas à regulação  dos processos cognitivos, por exemplo, as habilidades autorreguladoras utilizadas pelo  aluno para cumprir determinada tarefa (JOLY, 2004). 

Destaca‐se por estratégias cognitivas de aprendizagem aquelas estratégias que  operam diretamente com a informação e o uso destas estratégias refletirá na forma com  que o aprendiz armazena, organiza e elabora as informações. Por sua vez, as estratégias  metacognitivas de aprendizagem refletem mais na forma como o aprendiz regula a sua 

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própria cognição frente a uma determinada tarefa. Desta forma, o uso destas estratégias  se  apresentará  no  planejamento  (estabelecimento  de  objetivos  para  o  estudo),  monitoramento (conscientização da sua própria compreensão e atenção) e regulação  (modificação  do  comportamento  durante  a  tarefa)  do  pensamento  (OLIVEIRA; 

BORUCHOVITCH;  SANTOS,  2009).  Leme  (2010)  ratifica  que  as  estratégias  de  administração de recursos, como: administração do tempo, organização do ambiente e  pedido de ajuda, também podem ser incluídas entre as estratégias metacognitivas. 

Como  expresso  acima,  as  estratégias  cognitivas  e  metacognitivas  são  ferramentas de suma importância para o melhor aproveitamento e realização de uma  tarefa.  Entretanto  cabe  destacar  a  relevância  que  as  estratégias  metacognitivas  apresentam, especialmente por elas serem responsáveis pelas tomadas de decisão do  aprendiz.  

Segundo  Kopke  Filho  (2002),  o  termo  metacognição  tem sido amplamente  estudado, por ser de fato, um constructo essencial para o melhor desempenho dos  aprendizes independente da tarefa, pois remete ao conhecimento que o indivíduo tem  acerca de seus recursos cognitivos e ao controle que pode ter sobre eles, ou seja, sobre o  autocontrole  da  própria  cognição. O autocontrole decorre  do conhecimento  que o  indivíduo tem acerca das estratégias de que dispõe e que podem ser usadas em uma  situação específica. Sendo assim, quando o aprendiz dispõe da metacognição ele poderá,  por exemplo, visualizar onde encontra maiores dificuldades em uma determinada tarefa e  assim poderá modificar as estratégias que vem utilizando para que estas sejam sanadas.  

Diante das inúmeras vantagens observadas quanto ao uso das estratégias de  aprendizagem, salienta‐se a importância que estas sejam ensinadas pelos professores,  independente do nível escolar em que o aprendiz se encontra e que também o uso  frequente  da  mesma  seja  motivado,  a  fim  de  que  os  alunos  apresentem  uma  aprendizagem significativa e que o processo de escolarização deixe de ser e/ou não se  torne algo extremamente árduo (ALMEIDA, 2002; COSTA; BORUCHOVITCH, 2009; LINS; 

ARAUJO; MINERVINO, 2011; BUSNELLO; JOU; SPERB, 2012). 

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Góes e Alliprandini (2013 a,b) ao investigarem a produção científica relativa ao uso  de estratégias de aprendizagem sob a luz do referencial teórico da Psicologia Cognitiva,  verificaram que a maioria dos trabalhos foram realizados no ensino presencial e que,  quando a busca se realizou no contexto da EaD, poucos foram os trabalhos localizados  com essa temática, assim ratifica que mesmo conhecendo a pertinência das estratégias  de aprendizagem,  ainda são poucos os trabalhos que se preocupam com este constructo  na EaD. Diante desse cenário, este trabalho pretende responder à seguinte problemática: 

alunos da EaD utilizam estratégias de aprendizagem? Qual a frequência no uso das  distintas  estratégias  de  aprendizagem?  Frente  a  isto,  o  objetivo  deste  trabalho  é  investigar sobre o uso de estratégias de aprendizagem utilizadas por alunos de um curso  de Pedagogia ofertado a distância de uma Instituição Pública do norte do Paraná.  

 

Cenário da Pesquisa 

O curso no qual esta pesquisa foi realizada, iniciou‐se no ano de 2010 e finalizou‐

se no ano de 2013. O curso caracteriza‐se por ser a primeira oferta de um curso de  graduação na modalidade a distância pela IES e atendeu a 2472 alunos, distribuídos nos  polos dos municípios de: Colombo (550 alunos), Palmeira (200 alunos), Paranaguá (200  alunos), Cerro Azul (300 alunos) e Curitiba (1222 alunos). Estes alunos foram divididos em  turmas, cada turma era composta por 50 alunos para cada tutor a distância e 25 alunos  para cada tutor presencial. 

 

O processo da pesquisa 

Este estudo caracteriza‐se  por uma  pesquisa  quantitativa  que  não ignora o  qualitativo. De acordo com Suassuna (2008) depois de um período de dicotomia sobre as  perspectivas  de  pesquisa  qualitativas  e  quantitativas,  muitos  pesquisadores  vêm  propondo  que  ambas  se  articulem  em  benefício  da  análise  dos  dados,  da  própria  pesquisa.  Entre  os  defensores  desta  proposição  encontra‐se  Gonsalves  (2001  apud  SUASSUNA, 2008, p. 354) a qual define e argumenta:  

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[...]  abordagem quantitativa  como aquela em  que  pesquisador  procura explicar as causas do fenômeno estudado, por meio de medidas  objetivas, estatísticas testes de hipóteses. Já a abordagem qualitativa  teria  como  mar  compreensão  interpretação  dos  fenômenos  considerando os significados que os sujeitos atribuem às suas práticas. A  autora sugere que dualismo seja superado que cada uma dessas  abordagens  seja  empregada  em  níveis  diferentes  de  profundidade,  conforme a natureza dos dados em jogo. 

 

O presente estudo integra‐se as produções vinculadas ao projeto “O uso de  estratégias de aprendizagem pelos estudantes da EaD e sua relação com o papel do  professor/tutor”, projeto este aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo  seres humanos, conforme Parecer 071/2013.  

 

Participantes  

Participaram da presente pesquisa 532 alunos que estavam concluindo um curso  de Pedagogia ofertado a distância por uma IES pública do estado do Paraná. Do total de  participantes, 525 (98,7%) eram do sexo feminino e 7 (1,32%) do sexo masculino. A faixa  etária dos participantes variou de 25 a  63 anos de idade. 

 

Instrumento de Coleta de Dados 

O instrumento utilizado para coleta de dados deste estudo trata‐se de uma  escala  desenvolvida  e  validada  por  Zerbini  e  Abbad  (2008),  intitulada  “Escala  de  Estratégias de Aprendizagem (EEA)”.  

A escala caracteriza‐se como do tipo Likert, tendo como opção de respostas de 0  (nunca) a 10 (sempre), é composta por 28 itens, dividida em 7 fatores, apresentados a  seguir:  1. controle da  emoção:  são as estratégias autorregulatórias de controle de  ansiedade e controle da concentração,   itens 1 a 5 do instrumento; 2. busca de ajuda  interpessoal: estratégias comportamentais de obtenção de auxílio de outras pessoas  para tirar dúvidas, itens 6 a 11 da escala; 3. repetição e organização: são as estratégias  cognitivas de repetição do material para posteriormente realizar esquemas mentais do  material estudado, itens 12 a 16; 4. controle da motivação: estratégias de autorregulação 

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de controle da motivação e da atenção, os itens 17 a 20; 5. elaboração: estratégias  cognitivas de reflexão sobre implicações e conexões entre o material aprendido e o  conhecimento existente do aluno,  os itens 21 a 23; 6. busca de ajuda no material didático: 

estratégias comportamentais de obtenção de informação no material do curso ou em  outras  fontes,  excluem‐se  as  que  envolvem  contato  social,  itens  24  a  25  e  7. 

monitoramento da compreensão: estratégias autorregulatórias de avaliação do próprio  processo  de  aprendizagem  e  modificação  do  comportamento,  os  itens  (26  a  28)  (ZERBINI; PILATI,  2012).   

De acordo com Zerbini e Pilati (2012), seria considerado baixo uso de estratégias  de  aprendizagem,  valores médios  entre  0 e  4; 4,1 a  7  indicam  uso moderado das  estratégias e entre 7,1 a 10 indicam o uso frequente das estratégias ao longo do curso.  

 

Procedimentos  

Inicialmente o presente projeto tramitou e foi aprovado pelo Comitê de Ética da  IES investigada. Para a coleta de dados, foram utilizados os recursos da ferramenta do  Google Drive, sendo que o link da pesquisa foi disponibilizado na plataforma do referido  curso. Por meio desta ferramenta, o aluno podia acessar e responder a Escala online e as  respostas automaticamente foram disponibilizadas por meio da emissão de um relatório. 

Ao acessar o link, o aluno se deparava com uma página que apresentava o Termo  de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Após a leitura do termo e assinalar a  concordância em participar da pesquisa, abria‐se uma nova página onde a EEA estava  disponível para ser respondida. O link da pesquisa ficou disponível na plataforma nos  meses de Junho e Julho de 2013. Após este período, o link foi retirado da plataforma e  posteriormente foram realizadas as análises dos dados.  

 

Resultados e Discussões 

A fim de atingir os objetivos propostos para este trabalho, será apresentado  inicialmente neste relato, a média geral dos fatores que compõem a Escala (7 fatores) e 

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após a média de cada item que compõe a Escala (28 itens). Procedendo desta forma, a  seguir, na Tabela 1, estão apresentadas as médias por Fatores. 

 

Tabela 1 – Valores das médias referente a cada fator da Escala de Estratégias de Aprendizagem  (EAA). 

 Fonte: Autoras (2014)   

A partir da análise dos dados apresentados na Tabela 1, observa‐se que as médias  dos sete fatores variaram de 7,52% a 9,44%, o que demonstra, de acordo com Zerbini e  Pilati (2012) que os participantes deste estudo utilizam estratégias de aprendizagem com  frequência.  

Pesquisa anterior como a de Abbad, Corrêa e Meneses (2010) registrou médias  inferiores às encontradas no presente estudo. As médias encontradas por estes autores  variaram de 3,72% a 7,76%, resultado este que indicou pouca e moderada frequência no  uso  das  estratégias  de  aprendizagem.  Borges  e  Junior  (2012)  também  buscaram  investigar o uso de estratégias de aprendizagem entre alunos de curso a distância e  encontraram resultados divergentes do encontrado no presente estudo. Os resultados  do estudo classificaram os participantes da pesquisa em nível médio, quanto ao uso de  estratégias de aprendizagem. Entretanto, os autores reconhecem que mesmo que os  participantes não tenham sido classificados em nível alto no uso das estratégias, o uso  das mesmas parece apropriado às necessidades de aprendizagem em EaD (BORGES; 

JUNIOR, 2012). 

Fatores  Médias 

N= 532  

1. Controle da Emoção  7,52 

2. Busca de ajuda interpessoal   8,23 

3. Repetição e organização  9,02 

4. Controle da motivação  8,95 

5. Elaboração  9,44 

6. Busca de ajuda ao material didático  9,06 

7. Monitoramento da compreensão  8,11 

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Com a análise da Tabela 1, observou‐se que as estratégias de aprendizagem que  compõem o Fator 1 – Controle da Emoção (7,52) são utilizadas com menor frequência  quando comparadas as médias com os outros fatores. Sobre isso, Paul (1990 apud  BELLONI, 2008, p.45) afirma que frequentemente as dificuldades que os alunos da EaD  apresentam  são  mais  de  ordem  psicológica,  do  que  dificuldades  com  o  conteúdo  propriamente dito. Frente a isso, se as estratégias do Fator 1 fossem utilizadas com maior  frequência, talvez os participantes da pesquisa pudessem ter um melhor rendimento  acadêmico, pois superariam as questões emocionais. 

Sobre o Fator 2  ‐ Busca de ajuda interpessoal (8,23). Observou‐se que estas  estratégias foram utilizadas com menor frequência aos demais Fatores, com exceção do  Fator 1.  

A análise dos dados obtidos em relação ao Fator 3 – Repetição e Organização  (9,02)  indicou  que  essas  estratégias  são  utilizadas  com  menor  frequência  quando  comparadas ao Fator 5.  

Sobre o Fator 4 – Controle da motivação (8,95), verificou‐se que as estratégias  que  compõem  os  Fatores  1,  2  e  7  são  utilizadas  com  menor  frequência  quando  comparadas a este Fator, sendo que Fator 5 apresentou maior frequência em relação ao  Fator 4. 

A maior média obtida entre os fatores foi a do Fator 5 – Elaboração (9,44),  portanto as estratégias de aprendizagem que compõem o Fator 5 são utilizadas com  maior frequência do que as estratégias dos demais Fatores. Estudos anteriores como os  de Zerbini e Abbad (2008), Abbad, Corrêa e Meneses (2010) e Góes, Pavesi e Alliprandini  (2013) convergem com o resultado encontrado neste estudo, quando indicam que as  estratégias do Fator 5 são utilizadas com maior frequência quando comparada a outros  fatores.  

A média do Fator 6 ‐ Busca de ajuda ao material didático (9,06), indicou que as  estratégias do Fator 6 são utilizadas com maior frequência quando comparada aos outros  Fatores, com exceção do Fator 5. Pesquisa anterior de Abbad, Corrêa e Meneses (2010),  indicou uso moderado deste Fator.  

(11)

Por fim, as análises referentes ao Fator 7 – Monitoramento da Compreensão  (8,11) demonstraram que as estratégias que compõem este Fator são utilizadas com  maior frequência apenas quando comparadas ao Fator 1.  

A seguir, serão apresentadas as médias apresentadas pelos participantes relativa  a cada item da Escala, por fator, iniciando com a apresentação dos itens do Fator 1. 

 

Tabela 2 ‐ Médias dos itens que compõem o Fator 1 

Fator 1 – Controle da Emoção  Médias 

1. Mantive‐me calmo diante da possibilidade das coisas ficarem difíceis.  7,45  2. Repeti a mim mesmo que tudo sairia bem ao final do curso.  9,15  3. Mantive‐me calmo diante da possibilidade de ter um rendimento no curso 

abaixo do esperado.  6,95 

4. Mantive‐me calmo diante da possibilidade de cometer erros ao realizar as 

atividades do curso.  7,17 

5. Mantive‐me calmo diante da possibilidade das coisas darem errado.  6,89  Fonte: Autoras (2014) 

 

As estratégias que compõem o Fator 1 – Controle da Emoção estão associadas às  estratégias autorregulatórias. As estratégias autorregulatórias referem‐se ao aluno tomar  consciência dos objetivos do estudo para que possa organizar e melhor dirigir o seu  processo de aprendizagem. Estudantes que utilizam estratégias autorregulatórias são  motivados, tornam‐se agentes ativos da sua própria aprendizagem, pois direcionam os  seus esforços para a aquisição dos conhecimentos e habilidades, utilizando‐se assim da  metacognição (GALVÃO; CÂMARA; JORDÃO, 2012).  

Como observado nas médias gerais, a média do Fator 1 (7,52) caracteriza‐se pela  mais baixa entre os fatores. Analisando as médias por itens, de fato, verifica‐se uma  frequência baixa no uso destas estratégias, especialmente na estratégia 3  ‐ mantive‐me  calmo diante da possibilidade de ter um rendimento no curso abaixo do esperado (M= 6,95). 

Além desta  média demonstrar uso moderado  das estratégias de aprendizagem, ela  também reflete a angústia que os alunos sentem em não conseguir atingir o rendimento 

(12)

esperado no curso. Talvez as dificuldades dos alunos em permanecerem calmo diante  desta situação, revelam uma vida escolar marcada por momentos de pressão e angústia. 

Estes resultados apontam para o importante papel do professor/tutor como um  estimulador do uso de distintas estratégias de aprendizagem, a fim de que o aluno  assuma  novas  capacidades  e  torne‐se  cada  vez  mais  independente  quanto  a  sua  aprendizagem (GÓES; ALLIPRANDINI, 2013b).  

As médias obtidas em relação aos diferentes itens do Fator 2 (busca de ajuda  interpessoal), podem ser observadas na Tabela 3. 

 

Tabela 3 – Médias dos itens que compõem o Fator 2 

Fator 2 – Busca de ajuda interpessoal   Médias 

6. Expressei minhas ideias nos chats.  7,26 

7. Expressei minhas ideias na lista de discussão.  7,79  8. Troquei e‐mails com meus colegas, participando da comunidade de 

aprendizagem.  8,12 

9. Troquei informações com os colegas sobre o conteúdo do curso.  8,93  10. Troquei informações com os tutores sobre o conteúdo do curso.  8,45  11. Busquei auxílio do tutor para esclarecer minhas dúvidas sobre o conteúdo.  8,81 

Fonte: Autoras (2014) 

 

Autores como Soares, Valentini e Rech (2011) compreendem um Ambiente Virtual  de Aprendizagem (AVA) como um espaço que se estabelece por meio de tecnologias  digitais, de forma que o importante neste ambiente são as interações e os diálogos que  surgem entre os autores deste processo: professores, estudantes e tutores. Para isso é  imprescindível que os espaços sejam cada vez mais abertos e dialógicos o que permitirá  que os estudantes sejam realmente coconstrutores do seu saber e que possam realizar as  atividades de aprendizagem de forma compartilhada e colaborativa.  

O  Fator  2  –  Busca  de  ajuda  interpessoal,  compreende  as  estratégias  de  aprendizagem  comportamentais  e  assim  investiga  as  atitudes  dos  alunos  frente  a  situações de interação, por exemplo: nos chats, lista de discussão, relação colega e 

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professor/tutor. Observando a Tabela 3 verifica‐se que a média mais baixa entre os itens  deste fator foi a da estratégia 6: expressei minhas ideias nos chats, sendo esta média  relativamente baixa, quando comparada com as outras médias, que pode ser explicada  pela passividade dos alunos frente as ferramentas disponíveis no curso e/ou até pela  dificuldade e/ou receio em se  exporem  diante dos  outros alunos e até  mesmo do  professor/tutor.  Pode‐se chegar a essa conclusão, pois as estratégias que questionavam  quanto a utilização dos chats e da lista de discussão (Estratégias 6 e 7) foram as que  tiveram menor média. Por outro lado, aquelas estratégias que apresentam um contato  mais  individual  (Estratégias  8,  9,  10,  11)  com  algum  colega,  ou  com  os  tutores  apresentaram maior frequência de uso.  

As médias do Fator 3 – Repetição e organização podem ser vistas na Tabela 4, a  seguir. 

 

Tabela 4 – Médias dos itens que compõem o Fator 3 

Fator 3 – Repetição e organização   Médias 

12. Fiz anotações sobre o conteúdo do curso.  9,51 

13. Repeti mentalmente o conteúdo do curso.  8,86 

14. Desenhei esquemas para estudar o conteúdo do curso.  8,19 

15. Fiz resumos do conteúdo do curso.  9,15 

16. Li o conteúdo do curso no material impresso.  9,38  Fonte: Autoras (2014) 

 

Os dados da Tabela 4 revelam o uso das estratégias cognitivas. Estas estratégias  como visto anteriormente são utilizadas quando o aprendiz encontra‐se frente a uma  tarefa.  Algumas  estratégias  cognitivas  mais básicas,  como:  fazer anotação  sobre  o  conteúdo  e  ler  o  conteúdo  do  curso,  podem  ser  feitas,  muitas  vezes,  de  forma  automática, sem que haja uma reflexão por parte dos alunos e frequentemente elas não  precisam ser ensinadas. As estratégias mais básicas (12, 15 e 16) são utilizadas com maior  frequência, sendo que aquelas que requerem maiores esforços dos aprendizes, como as  estratégias 13 e 14 são utilizadas com menor frequência. Diante deste cenário, talvez os 

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participantes optem pelas estratégias mais simples, pela falta de tempo, por tratar‐se de  participantes alunos/trabalhadores, ou porque não desenvolveram o hábito do uso das  estratégias que requerem maior esforço, por não terem sido ensinados e incentivados a  utilizá‐las, desconhecendo então, os benefícios das mesmas para que a aprendizagem se  torne significativa.  

A Tabela 5 apresenta as médias obtidas pelos participantes em relação ao Fator 4. 

 

Tabela 5 – Médias dos itens que compõem o Fator 4 

Fator 4 – Controle da motivação   Médias 

17. Forcei‐me a prestar atenção quando me senti cansado.  9,10  18. Esforcei‐me mais quando percebi que estava perdendo a concentração.  9,02  19. Aumentei meus esforços quando o assunto não me interessava.  8,83  20. Esforcei‐me mais quando percebi que estava perdendo o interesse.  8,83 

Fonte: Autoras (2014)   

As  estratégias  que  compõem  o  Fator  4,  referem‐se  as  estratégias  de  autorregulação. Diante dos dados da tabela, observa‐se que os participantes apresentam  níveis elevados de autorregulação, até mesmo quando não estavam muito motivados,  por distintas situações: cansaço, perda de concentração e desinteresse pelo assunto. 

Estes dados são extremamente significativos, pois evidenciam que o participante do  estudo foi capaz de se autocontrolar e manter‐se motivado, mesmo não tendo a presença  do professor/tutor a todo o momento, como é o caso de cursos ofertados a distância.  

Sobre o Fator 5, as médias de cada item podem ser visualizadas na Tabela 6. 

 

Tabela 6 – Médias dos itens que compõem o Fator 5 

Fator 5 – Elaboração  Médias 

21. Associei os conteúdos do curso aos meus conhecimentos anteriores.  9,45  22. Associei os conteúdos do curso às minhas experiências anteriores.  9,51  23. Identifiquei, no meu dia a dia, situações para aplicar o conteúdo dos cursos.  9,36 

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As médias dos itens do Fator 5 apresentaram‐se como as mais altas, quando  comparadas aos outros Fatores. Estas estratégias referem‐se as  estratégias do tipo  cognitivas.  

O alto índice de uso destas estratégias que compõem o Fator 5 é extremamente  relevante e animador, pois estes resultados oferecem indícios de que os participantes ao  longo do curso apresentaram uma aprendizagem significativa.  

David Ausubel considera que a estrutura cognitiva existente é o principal fator  que influencia a aprendizagem. Sendo assim, o conhecimento prévio desempenha um  papel  fundamental  para  a  aprendizagem  significativa,  desempenhando  duas  características  centrais:  seu  caráter  cognitivo,  evidenciado  na  importância  do  novo  conhecimento  integrar‐se  na  estrutura  cognitiva prévia, e em  seu  caráter  aplicado,  baseado na discussão específica sobre a aprendizagem escolar e no ensino (PAIXÃO; 

FERRO, 2009). Frente a isto, se o aprendiz busca relacionar e associar os conhecimentos  novos aos subsunçores já presentes em sua estrutura cognitiva, esta prática deve ser  valorizada e incentivada, pois ele está construindo uma aprendizagem significativa. 

Sobre o Fator 6, pode‐se ver os resultados quanto ao uso destas estratégias na  Tabela 7. 

 

Tabela 7 – Médias dos itens que compõem o Fator 6 

Fator 6 ‐ Busca de ajuda no material didático  Médias  24. Busquei outros sites relacionados ao conteúdo do curso.  8,92  25. Busquei outras fontes de pesquisa, fora da internet, relacionadas ao curso.  9,19 

Fonte: Autoras (2014) 

 

As  estratégias  que  compõem  o  Fator  6  estão  relacionadas  as  estratégias  comportamentais. Os resultados indicam que os participantes têm o hábito de buscar  distintas fontes de pesquisa, o que sugere que apresentam autocontrole e consciência de  suas dificuldades diante de um conteúdo e que frente a estas dificuldades, buscam supri‐

las, assumindo uma postura ativa e sem contar com o auxílio do professor/tutor e dos 

(16)

colegas. Assim, a partir dos resultados verificados na Tabela 7, pode‐se afirmar que os  participantes do presente estudo atingiram uma das atitudes que Peters (2003, apud  ABBAD; CORRÊA; MENESES, 2010) defende ser extremamente necessária entre alunos de  cursos a distância, que é a de agir e pensar independentemente.  

As estratégias que se referem ao Fator 7‐ Monitoramento e Compreensão são  caracterizadas  por  estratégias  de  autorregulação.  Os  resultados  destas  estratégias  podem ser vistos na Tabela 8. 

 

Tabela 8 – Médias dos itens que compõem o Fator 7 

Fator 7 – Monitoramento da compreensão  Médias 

26. Elaborei perguntas para testar minha compreensão sobre os conteúdos do 

curso.  7,88 

27. Revisei a matéria para verificar o quanto eu dominava o conteúdo.  8,96  28. Elaborei perguntas, testes e provas para estimular minha aprendizagem.  7,48 

Fonte: Autoras (2014) 

 

Os resultados do uso das estratégias do Fator 7 demonstram que os alunos  utilizam com frequência estas estratégias. Entretanto, a estratégia 27: Revisei a matéria  para verificar o quanto eu dominava o conteúdo, é utilizada com maior frequência quando  comparada  às  outras  estratégias  deste  Fator.  Este  fato  pode  ser  justificado,  pela  estratégia 27 ser mais básica e ser mais fácil sua realização do que as estratégias 26 e 28. 

 

Considerações Finais  

As reflexões quanto ao uso de estratégias de aprendizagem apresentadas pelos  participantes deste estudo e pela revisão da literatura pertinente facultaram a notar  aspectos importantes, entre eles o uso frequente das estratégias de aprendizagem entre  estes participantes.  

Dentre os resultados apresentados, vale ressaltar a necessidade de uma especial  atenção  por  parte  dos  professores/tutores  em  relação  ao  uso  da  estratégia 

(17)

autorregulatória relativa  ao  controle da emoção, uma  vez que foi a estratégia que  apresentou a menor frequência em relação as demais. Também é importante destacar  que as estratégias de expressar as ideias nos chats e na lista de discussão, relacionadas ao  fator de busca de ajuda interpessoal, foram estratégias pouco utilizadas em relação às  demais.  Considerando  se  tratar  de  um  curso  ofertado  a  distância  e  que  estas  se  constituem algumas das importantes estratégias disponíveis, revela‐se a necessidade de  que  o  uso  destas  estratégias  sejam  estimuladas  pelos  professor/tutores  no  desenvolvimento das atividades na EaD. 

As análises realizadas suscitaram possibilidades de intervenções pedagógicas no  contexto da EaD, ao considerar as importantes implicações educacionais relacionadas ao  processo ensino‐aprendizagem dos alunos neste contexto, em especial, as estratégias de  controle da emoção, busca de ajuda interpessoal e de monitoramento da compreensão. 

  Nesse sentido, sugere‐se a realização de novos estudos que investiguem sobre o  uso das estratégias de aprendizagem e possibilidades de intervenções pedagógicas que  promovam a aprendizagem na EaD. 

     

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Referências

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