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ARANHA, S. . Projeto Teletandem Brasil: algumas questões sobre comunidades discursivas. In: V SIGET, 2009, Caxias do Sul. Anais do V SIGET. Caxias do Sul: em cdrom, 2009.

TÍTULO: PROJETO TELETANDEM BRASIL: algumas questões sobre comunidades discursivas

AUTORIA: Profa. Dra. Solange ARANHA (Universidade Estadual Paulista – UNESP/ Campus de São José do Rio Preto - solangea@ibilce.unesp.br)

RESUMO: O objetivo deste trabalho é discutir critérios para uma definição de comunidade que seja pertinente aos interagentes do “Projeto Teletandem Brasil: Língua Estrangeira para Todos” tendo por base Swales (1998; 2004), Prior (1998; 2003), Canagarajah (2002) e Bhatia (2008). Com o objetivo de estabelecer as características dos interagentes brasileiros e estrangeiros que fazem parte do projeto TELETANDEM BRASIL para fundamentar as discussões teóricas sobre comunidade (discursiva, de fala, interpretativa, de atividade, etc...), desenvolvemos um questionário que levou em conta as discussões aqui propostas. A busca por parâmetros e critérios teóricos para determinar as comunidades discursivas e a relevância de se conhecer as características dos grupos de interagentes nos levou a inserir os estudos sobre gênero na segunda pergunta de pesquisa do Projeto TELETANDEM BRASIL “Quais as características da interação e da aprendizagem entre os pares, participantes do tandem à distância?”

PALAVRAS-CHAVE: comunidade discursiva; projeto TELETANDEM Brasil; gênero textual

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ABSTRACT: The purpose of this paper is to discuss criteria for a definition of community which may be applied to the participants of “Teletandem Brasil: foreign languages for all” based on Swales (1998; 2004), Prior (1998; 2003), Canagarajah (2002) e Bhatia (2008). We aim at establishing the characteristics of the Brazilian and the foreigners participants to create theoretical discussions about the issue of community (discourse, speech, interpretative, virtual, of activities). In order to achieve this purpose, we elaborated a questionnaire, based upon Swales (1990) criteria to establish discourse communities, that was sent to all participants. The search for parameters and theoretical criteria to determine the communities and the relevance of knowing specificities of the participants led us do include Genre Analysis in the second research question of the project: “Which are the interaction and the learning characteristics between partners?”

KEY WORDS: discourse community; Teletandem Brasil, genre analysis.

1. Introdução

O Projeto Teletandem Brasil – Línguas Estrangeiras para todos nasceu com o propósito de ser uma alternativa mais democrática de contato entre pessoas de países diferentes e acessível a sociedades que enfrentam problemas econômicos e sociais, como é o caso do Brasil, além de levar esse contato a áreas do país afastadas da rota comercial internacional e de turismo, onde desenvolver um tandem presencial seria praticamente impossível.

O Projeto tem caráter inovador e promissor, apesar de todas as limitações e desafios existentes, como é o caso da

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dificuldade de acesso ao equipamento básico necessário às interações, ainda não disponível a todos, questão levantada por Telles e Vassallo (2006). Por outro lado, é grande a expectativa de que o Projeto leve ao aprendizado de línguas estrangeiras a todo o país, desempenhando importante papel social com vistas a ser implantado nas escolas públicas brasileiras.

Atualmente, os interagentes do projeto são provenientes de diferentes culturas, níveis sociais e econômicos, faixa etária e nem sempre compartilham os mesmos propósitos ao começarem a fazer parte do projeto. Vários pesquisadores (CAVALARI, 2009; FERNANDES, 2008; LUZ, 2009; SILVA, 2008) estudam as características das interações dentro do projeto, mas sem o embasamento teórico de gêneros textuais. Este encaminhamento parece poder ampliar a compreensão sobre esse universo de interação virtual.

Neste contexto, é fundamental que sem compreenda as características comuns dos interagentes que os levam a se candidatarem como participantes para que se busque elementos recorrentes nas interações com vistas a minimizar interações mal-sucedidas e a desistência dos participantes. O conhecimento das características comuns desse grupo de interagentes pode auxiliar no desenvolvimento dos estudos sobre os gêneros que ocorrem nas interações. Nesse sentido, acredita-se que o insucesso entre algumas parcerias possa ser minimizado.

O objetivo deste trabalho é determinar os critérios para estabelecer algumas características da comunidade (seja discursiva, de fala, interpretativa, virtual) de interagentes do Projeto Teletandem Brasil para que, posteriormente, se possa avaliar as ocorrências dos gêneros textuais presentes nas

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interações e verificar a hipótese de que as interações em si configuram um gênero emergente.

2. Fundamentação teórica

Comunidade discursiva é um conjunto de indivíduos com objetivos em comum, formalmente expressos ou não. Possui também mecanismos de intercomunicação variáveis, usados primeiramente para fornecer informação e feedback a seus membros, e um léxico específico que restringe e adéqua os textos compartilhados por seus membros e ainda dificulta seu acesso por não-membros. Para que um grupo de indivíduos possa ser reconhecido como uma comunidade discursiva, seus participantes devem estabelecer os procedimentos e as práticas a serem utilizados entre eles. A sobrevivência dessa comunidade depende de um equilíbrio entre o número de membros mais novos e mais antigos, para que sua manutenção e conservação sejam viáveis. Esses participantes não compartilham necessariamente características específicas como emprego, faixa etária e/ou classe sócio-econômica: devem compartilhar apenas seus objetivos na comunidade. Leffa (1999) salienta que um mesmo objeto de estudo pode servir a diversos objetivos por comunidades discursivas distintas. Um tema como linguagem, por exemplo, pode ser abordado de diferentes pontos de vista, e cada um implica em uma comunidade discursiva diferente. Para as realizações comunicativas desses objetivos, os membros de uma comunidade discursiva utilizam, e conseqüentemente possuem, um ou mais gêneros.

Prior (2003) faz um histórico da origem das comunidades discursivas e discute as características comuns entre

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comunidades discursivas e comunidades de prática. Faz menção ao trabalho de Wenger (1998) no qual o autor enfatiza a necessidade da co-presença dos membros nas comunidades de prática. Conclui seu texto com a premissa da necessidade de bases teóricas mais sólidas para o estabelecimento de definições dos tipos de comunidades. Canagarajah (2005) afirma que somos simultaneamente membros de múltiplas comunidades discursivas, que não são exclusivas, mas sim se sobrepõem umas às outras. O autor afirma também que a questão do pertencimento a comunidades discursivas fica mais complicada quando não se trata de contextos acadêmicos, esses mais simples de delimitar suas características. Nesse sentido, o autor pressupõe que não seja impossível interligar, mesclar as comunidades discursivas, embora seja fundamental negociar as diferenças comunicativas e a visão de mundo das comunidades divergentes.

Na definição de Swales (1990) a respeito de comunidade discursiva acadêmica, o autor enfatiza que essa noção se afasta da noção de comunidade de fala corrente na Sociolingüística por três razões. A primeira está relacionada ao meio; a escrita rompe as barreiras do tempo e do espaço. A segunda surge da necessidade de distinguir um grupo sociolingüístico de um socioretórico, enquanto em um a principal necessidade é a de socialização (que reflete no comportamento lingüístico), no outro essa necessidade é funcional, visto que a comunidade discursiva se forma no intuito de atingir objetivos primeiros à socialização ou solidariedade. Por fim, a Comunidade de Fala é centrípeta, no sentido de que tende a absorver os indivíduos em um grupo mais geral, e a Comunidade Discursiva é centrífuga, pois

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tende a separar os indivíduos em grupos de interesse mais específicos. Resumidamente, ele as diferencia como sendo a Comunidade de Fala de interação local, envolvendo principalmente interação face a face com objetivos primeiros de socialização e solidariedade e a Comunidade Discursiva sendo dispersa espacialmente, formada por indivíduos com objetivos específicos compartilhados. No caso de interações via MSN Messenger, o Skype, o Oovoo e quadro de comunicação, essas distinções se tornam frágeis porque o grupo de pessoas que faz parte das interações tem necessidades tanto de socialização quanto de pertencimento (portanto, sociolinguistico e socioretórico), não há distinção clara entre fala e escrita, e o projeto “Teletandem Brasil:língua estrangeira para todos” tem uma característica centrípeta no sentido de socializar e expandir cada vez mais as possibilidades de interação entre brasileiros e estrangeiros. Neste sentido, a definição de comunidade discursiva e comunidade de fala se imbricam e parece haver necessidade de um terceiro caminho para estabelecimento de critérios ara determinar essa comunidade Teletandem.

Em 1998, Swales reformula o conceito de comunidade discursiva dizendo que ela é o espaço de circulação responsável pela (re)produção de um grande número de gêneros, os quais tem como função social a validação das atividades interacionais fora das comunidades. Nesse sentido, no caso do projeto Teletandem Brasil, o conhecimento deste “grande número de gêneros” que circula nas interações é fundamental.

Swales (2001) desenvolve o conceito de comunidade de prática, que designa um grupo de pessoas que se unem em torno de um mesmo tópico ou interesse. Juntas, essas pessoas

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trabalham para achar meios de melhorar o que fazem, ou seja, na resolução de um problema na comunidade ou no aprendizado diário, através da interação regular.

Um outro fator relevante a ser discutido neste trabalho é a relação entre a comunidade e o gênero textual que ela compartilha. Segundo Aranha (1996) existe um processo de “auto-alimentação” entre a comunidade discursiva e a existência de gêneros. A comunidade desenvolve os gêneros, e a existência de gêneros configura grupos sociais como comunidades discursivas por compartilharem propósitos comunicativos efetivados através dos gêneros pertinentes a ela. Podemos dizer que os gêneros são sócio-historicamente construídos, não são somente objetos textuais mais ou menos semelhantes, mas eventos codificados inseridos em processos sociais comunicativos.

Esses autores partem dos critérios propostos por Swales em 1990 para o estabelecimento de uma comunidade discursiva e questionam os diversos agrupamentos sociais e os mecanismos presentes nas (inter) relações entre os indivíduos que a eles pertencem. No projeto Teletandem Brasil, os grupos de aprendizes interessados em desenvolver sua compreensão e produção em língua estrangeira são das mais diversas faixas etárias e provenientes de diferentes níveis sociais e carreiras profissionais. A necessidade de aprendizagem da língua estrangeira varia de acordo com o grupo, bem como a macro-habilidade desejada. Essas interações acontecem no meio virtual através de ferramentas que compensam as limitações geográficas tais como o MSN Messenger, o Skype, o Oovoo e o quadro de comunicação.

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A modalidade de aprendizagem teletandem baseia-se no conceito de aprendizagem colaborativa, que, segundo Figueiredo (2006), constitui uma abordagem construtivista, no sentido de que os indivíduos aprendem, ou tentam aprender, algo juntos, tanto por interações em sala de aula quanto fora dela, por meio de computadores. O autor cita Swain (1995) quando diz que os aprendizes necessitam de oportunidades para usar a língua-alvo significativamente, para poderem exteriorizar o que aprenderam, a fim de desenvolver certas características gramaticais. Juntamente com Lapkin, (1998) Swain sugere que aquilo que ocorre nos diálogos colaborativos é aprendizagem, que ocorre dentro do diálogo/desempenho.

De acordo com Telles e Vassallo (2006), são seis os princípios que diferem o teletandem (TT) das demais modalidades tandem, sendo eles:

1. TT é um inovador modo de aprendizagem de LE in-tandem a distância assistido pelo computador que proporciona uso de produção oral e escrita, de compreensão auditiva e interpretação de textos e de imagens dos participantes por meio de webcam imediatas;

2. As interações de TT são realizadas com base em princípios de reciprocidade e autonomia comumente partilhadas e acordadas entre os dois participantes;

3. Os participantes do TT são duas pessoas interessadas em estudar a língua um do outro a distância em um modo relativamente autônomo1;

4. Os participantes do TT são falantes (razoavelmente) competentes das respectivas línguas. Eles podem ser ou não

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Diz-se relativamente autônomo visto que os participantes podem lançar mão de mediação feita por um professor profissional.

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nativos da língua-meta. Eles não são professores profissionais;

5. Os processos de ensino/aprendizagem no TT são realizados por meio do desenvolvimento de livres sessões de conversação por áudio/vídeo regulares e com objetivos didáticos;

6. Essas conversações livres são seguidas por reflexões partilhadas durante as quais habilidades escritas e de interpretação são praticadas. Tais reflexões podem focar no conteúdo, na cultura, na forma, no léxico e no próprio processo de TT. A prática da escrita e leitura podem ainda ter a forma de sessões de e-tandem regulares, como a troca de tarefas escritas por e-mail, quando correções e informações sobre vocabulário e gramática são fornecidas pelo parceiro. Este sexto princípio é muito importante na hora de diferenciar as sessões de TT de um chat informal (p. 4-5 minha tradução).

Sendo uma atividade de co-construção do conhecimento em um contexto social, podemos dizer que o TT tem o potencial de favorecer a interação e de proporcionar aos alunos um papel mais ativo no processo de aprendizagem. Figueiredo (op.cit.) também destaca que, na aprendizagem colaborativa os alunos se tornam agentes de sua aprendizagem, exercendo um papel participativo, tendo ainda a oportunidade de negociar, discutir, argumentar, apresentar seus pontos de vista e ouvir o do outro. Sobre este assunto, citamos Jonassen et al (1999 apud Sabbag, 2002) quando afirma que maior retenção de informação está associada à importância e significado da informação para o aprendiz, ou seja, uma vez que o uso da ferramenta é voluntário e o tópico da conversação é determinado pelo aprendiz, ele o fará de acordo com seus

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próprios interesses, tornando a aprendizagem mais significativa e, portanto, mais eficaz.

As vantagens da aprendizagem colaborativa mediada pelo computador são muitas e algumas são abordadas por Souza (2006). Segundo o autor, o meio virtual possibilita o engajamento do aprendiz de LE com a comunicação autêntica e intercultural, além de proporcionar-lhe insumo lingüístico abundante, variado e relacionado a temas de seu próprio interesse. Além disso, existe a oportunidade de o aprendiz negociar significados, reformulando sua capacidade expressiva na língua-alvo. Brammerts (1996 apud Souza, 2006) diz que esse tipo de aprendizagem colaborativa de línguas estrangeiras por meio de computadores vem sendo utilizado desde a década de 90 e, além de ser uma modalidade de aprendizagem altamente contextualizada, é fortemente baseada na noção de autonomia do aprendiz, ou seja, fica a cargo deste delimitar seus objetivos e escolher os melhores métodos para alcançá-los, sempre buscando o desenvolvimento em sua L2 por meio da interação com o parceiro, ao mesmo tempo ajudando-o em seu aprimoramento como usuário de sua língua.

Nesse contexto, elaboramos um questionário que busca determinar algumas características dos interagentes do projeto tendo em vista suas expectativas, seu conhecimento prévio sobre o projeto e o léxico compartilhado pelos membros, sua realidade lingüística durante as interações, entre outras questões baseadas nos critérios propostos por Swales, 1990 para o estabelecimento de uma comunidade discursiva. Estamos cientes das limitações desses critérios e das discussões já apresentadas por outros teóricos.

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4. Os dados

O questionário (anexo 1) foi primeiramente enviado, por meio de e-mail, aos interagentes de língua portuguesa, e a partir deste, traduções para o inglês, italiano, francês e espanhol foram confeccionadas e enviadas para os interagentes do projeto das respectivas línguas, num total de 788 questionários enviados por meio de uma lista de email cadastral. Do total, obtivemos, até o momento, 26 questionários respondidos, sendo 21 em português, 2 em inglês, 2 em italiano e 1 em francês. Ainda não obtivemos resposta de participantes falantes de espanhol.

O objetivo desta seção é mostrar como as perguntas foram elaboradas no sentido de mapear os interagentes e suas características. A primeira pergunta “Qual seu principal objetivo como interagente no Projeto Teletandem Brasil? Por que você se interessou em participar do projeto?” está diretamente relacionada ao primeiro critério (uma CD tem um conjunto de objetivos comuns). Os objetivos podem ser mais explícitos ou mais implícitos, como desenvolver a proficiência em LE, ou pesquisa ligada à área. Geralmente os interagentes brasileiros participam do Projeto não apenas com objetivo de estudar LE, mas também de desenvolverem suas pesquisas de iniciação científica, mestrado ou doutorado. Assim, o objetivo (explícito) proposto nas diretrizes do Projeto caminha juntamente com os objetivos pessoais de cada interagente (gerar dados para pesquisas, por exemplo). A segunda pergunta “Qual a forma de interação que você utiliza nas interações com seu par? (MSN, Skype, Oovoo, e-mail)?” vai ao encontro do segundo critério, (uma CD tem mecanismos de intercomunicação entre seus membros), pois busca confirmar a existência de tais mecanismos de

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intercomunicação, além de buscar explicitá-los. A maior recorrência de determinado meio de comunicação – ou MSN, ou Skype, ou Oovoo – nos mostrará se o grupo tem características em comum, se os interagentes utilizam os mesmos modos para entrar em contato com seus pares.

“Você tem contato com outros interagentes (brasileiros e estrangeiros) do projeto?” é a terceira pergunta, e visa a buscar mecanismos de intercomunicação entre os participantes do projeto, questão ligada aos critérios dois e três (uma CD tem mecanismos de intercomunicação entre seus membros; e uma CD usa desses mecanismos participatórios primeiramente para informar e dar feedback). Ainda podemos ressaltar a ligação ao sexto critério, que sugere uma estrutura hierárquica de participantes dentro da comunidade.

A quarta pergunta “Qual a forma de interação com eles?” e a quinta “Com qual freqüência você tem contato com esses outros membros do projeto?”, relacionam-se ao segundo e ao terceiro critérios, no que diz respeito à existência de mecanismos de intercomunicação entre os membros, a serem utilizados para informar e fornecer feedback a esses membros. A sexta pergunta que compõe o questionário, “Como você se atualiza em relação às novidades do projeto? (Newsletter, congressos, encontros). Explicite” pretende investigar os mecanismos de intercomunicação entre os membros, questão ligada aos critérios dois e três (uma CD tem mecanismos de intercomunicação entre seus membros; e uma CD usa desses mecanismos participatórios primeiramente para informar e dar feedback). Com esta pergunta buscamos encontrar os mecanismos que são compartilhados pelo grupo e descobrir quais seriam os principais e mais recorrentemente utilizados:

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se os congressos sobre a área, se as newsletter enviadas por e-mail etc.

A sétima pergunta “Em que línguas você se comunica com seu par interagente durante as interações?” foi baseada no quarto critério (uma CD utiliza, e, portanto, possui um ou mais gêneros na comunicação). Com esta questão pretendemos confirmar (ou não) expectativas discursivas que são criadas pelos gêneros que articulam as operações da CD. O mesmo critério (uma CD utiliza, e, portanto, possui um ou mais gêneros na comunicação) serviu como base para a formulação da oitava pergunta “Em qual língua você se comunica com seu par interagente fora dos limites das interações do projeto?” visando a investigar a criação e manutenção de gêneros pela CD.

Ainda a respeito do gênero, foram criadas as questões nove “Quais são suas expectativas lingüísticas sobre seu interagente?” e dez “Como foi feito o primeiro contato com o seu parceiro? (qual ferramenta utilizou, qual língua, qual o tempo entre o primeiro contato e a resposta)”. Quais seriam as características da relação interagente mais proficiente/interagente menos proficiente? E as características da interação em si? É de se esperar que o interagente cumpra com alguma tarefa? É sugerido pelos membros mais antigos um modelo para executá-la? As respostas a estas perguntas nos guiarão a uma conclusão quanto ao tipo de interação que encontramos dentro do projeto, bem como as relações entre os participantes, levando-nos a constatar quais tópicos se fazem mais importantes para o grupo, quais elementos formais do discurso são utilizados, entre outros.

A décima primeira pergunta “Você utiliza o serviço de mediação (orientação) do Projeto Teletandem Brasil para

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solucionar suas dúvidas e problemas quanto ao seu teletandem?” bem como a décima segunda “Como foi feito o primeiro contato com o mediador?” também vai ao encontro do quarto critério, relacionado às relações genéricas dentro do grupo. A forma de interação entre os membros do grupo, que são interagentes (estudantes geralmente de graduação, ligados ou não à pesquisa), professores mediadores (na maioria das vezes desenvolvem pesquisas de mestrado ou doutorado na área) e pesquisadores, pode nos fornecer pistas sobre a existência (ou não) de gêneros desenvolvidos pelo grupo, além da relação hierárquica existente entre os participantes. Assim, esperaríamos encontrar certa divisão entre novatos e veteranos, aqueles que apenas iniciaram suas interações e buscariam apoio ou ajuda quando necessário de participantes mais antigos, que dominariam melhor o funcionamento do processo bem como seus impasses.

“Existem termos que são utilizados entre os membros do projeto para facilitar a comunicação? Quais?” é a décima terceira pergunta que compõe o questionário e diz respeito ao quinto critério (uma CD partilha um léxico específico). Buscamos com esta questão poder levantar alguns termos cunhados e compartilhados pelos membros do Projeto – interagentes, mediadores, pesquisadores da área – buscando confirmar a existência de uma terminologia específica que caracterizaria o grupo como uma CD.

Por fim, temos a décima quarta e última pergunta “Existe alguma estrutura hierárquica entre os membros do projeto? (Ex: novatos e veteranos). Justifique” relacionada ao sexto critério (uma CD possui um nível de membros com grau adequado de conteúdo relevante e proficiência discursiva). Nosso objetivo com esta pergunta é investigar qualquer forma

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de hierarquização dentro do grupo. Segundo Swales, uma CD tem membros que detêm um conhecimento altamente desenvolvido do discurso e do conteúdo usados pela comunidade – os gêneros. Existem, também, membros novatos que adquirem tais convenções discursivas e passam a participar plenamente das atividades da comunidade.

Após o recebimento de um número maior de questionários respondidos, procederemos a análise das respostas e buscaremos itens que são compartilhados pela maioria dos membros. Pretendemos discutir a possibilidade de criação de uma nova comunidade para este projeto específico.

5. Referências Bibliográficas

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CANAGARAJAH, A. S. Critical Academic Writing and Multilingual Students, The University of Michigan Press, 2005.

FISH, S. Is there a text in this class? (The authority of Interpretive Communities). Cambridge, MA: Harvard University Press, 1980

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CAVALARI, S.M.S. A auto-avaliação em um contexto de Ensino-aprendizagem de línguas em Tandem via chat. Tese de doutorado. Universidade Estadual Paulista, IBILCE, 2009.

FERNANDES, F. R. Investigando o processo de ensino-aprendizagem de LE in tandem: a ensino-aprendizagem de língua francesa em contextos digitais. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual Paulista, IBILCE, 2008.

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LEFFA, V.J. Writing for the scientific community: the challenge of being original under constraint. In: ENCONTRO NACIONAL DE PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS DE LÍNGUA INGLESA,14., 1999, Belo Horizonte. Anais. v.14, n.14, p. 337-344, 1999.

LUZ, E.B. A construção da autonomia no processo de ensino aprendizagem de línguas em ambiente virtual (in-teletandem). Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual Paulista, IBILCE, 2009.

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CALLT. The Especialist, v. 27, p. 189-212, 2006.

Anexo 1

1. Qual seu principal objetivo como interagente no Projeto Teletandem Brasil? Por que você se interessou em participar do projeto?

2. Qual a forma de interação que você utiliza nas interações com seu par? (MSN, Skype, Oovoo, e-mail)?

3. Você tem contato com outros interagentes (brasileiros e estrangeiros) do projeto?

4. Qual a forma de interação com eles?

5. Com qual freqüência você tem contato com esses outros membros do projeto?

6. Como você se atualiza em relação às novidades do projeto? (Newsletter, congressos, encontros). Explicite.

7. Em que línguas você se comunica com seu par interagente durante as interações?

8. Em qual língua você se comunica com seu par interagente fora dos limites das interações do projeto?

9. Quais são suas expectativas lingüísticas sobre seu interagente?

10. Como foi feito o primeiro contato com o seu parceiro? (qual ferramenta utilizou, qual língua, qual o tempo entre o primeiro contato e a resposta)

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11. Você utiliza o serviço de mediação (orientação) do Projeto Teletandem Brasil para solucionar suas dúvidas e problemas quanto ao seu teletandem?

12. Como foi feito o primeiro contato com o mediador?

13. Existem termos que são utilizados entre os membros do projeto para facilitar a comunicação? Quais?

14. Existe alguma estrutura hierárquica entre os membros do projeto? (Ex: novatos e veteranos). Justifique

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