Os Sistemas de Inovação dos BRICS
José E Cassiolato IE/UFRJ
I Seminário sobre BRIC - Brasil, China, Índia e China Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica
Câmara dos Deputados
Brasília – 28 de novembro de 2006
A agenda de pesquisa do Estudo Comparativo dos Sistemas Nacionais de Inovação dos BRICS (www.globelics.org)
• Explicar de forma comparativa o padrão de especialização, competitividade e crescimento, LEVANDO EM
CONSIDERAÇÃO AS DIMENSÕES LOCAIS E ESPECIFICIDADES DA ECONOMIA DUAL
– Selecionar atividades produtivas com papel relevante nos sistemas nacionais de inovação (observando-se dimensões regionais).
– Analizar
• O que ocorre nas firmas em termos de inovação, aprendizado e criação de capacitações.
• Os padrões de interação entre empresas, inclusive competição, cooperação e “networking” e como as firmas interagem com a infraestrutura de conhecimento e demais instituições.
• Como as especificidades da educação nacional, mercado de trabalho e políticas implícitas elícitas afetam o comportamento estratégico das empresas e os padrões inter-organizacionais.
3 Cuidados
• Os números
• Os olhares
• “Benchmark” (???)
Gastos em P&D (% do PIB), 1996 and 2001
1996 2001 Var 1996-2001
Brazil 0.77 1.05 36.0
Rússia 0.90 1.16
Índia 0.72 0.82 15.0
China 0.60 1.09 82.4
29.0
Coréia 2.60 2.96 13.7
EUA 2.55 2.80 9.9
Japão 2.77 3.09 11.4
México 0.31 0.34 11.2
Mundo 2.06 2.46 19.5
Fonte: NEIT-IE-UNICAMP a partir dos World Bank World Development Indicators
Matrículas no ensino superior (%)
Fonte: NEIT-IE-UNICAMP a partir dos BIRD’s World Development Indicators
1990 2000 Var 1990-2000
Brasil 11,2 16,2 44,0
Rússia 52,1 62,8 20,5
Índia 6,1 10,6 74,6
China 3,0 12,7 326,6
Africa do Sul 13,2 14,6 10,4
Coréia 38,6 77,6 101,1
EUA 75,2 70,7 -6,0
Japão 29,6 47,7 61,1
México 14,5 20,5 41,1
Mundo 16,0 23,9 49,9
BRICS: Desempenho exportador recente positivo com melhoria na posição externa
• China: saldo exportador positivo associado derivado de alto desempenho competitivo na exportação de alguns manufaturados
• India: software e “commodities”
• Russia: petróleo
• Brasil: “ commodities”
A ênfase nas exportações e o papel do mercado
interno!!!
RUSSIA
Características do período pos Características do período pos
União Soviética União Soviética
Colapso da indústria high-tech e do sistema de Colapso da indústria high-tech e do sistema de
pesquisa do complexo industrial-militar pesquisa do complexo industrial-militar
(primeira metade dos anos 90) (primeira metade dos anos 90)
Queda acentuada do PIB (1990-1997 - 40%) Queda acentuada do PIB (1990-1997 - 40%)
Mudança na especialização para os setores Mudança na especialização para os setores
extrativistas extrativistas
Instabilidade – investmento de longo prazo Instabilidade – investmento de longo prazo
‘arriscado’
‘arriscado’
Estrutura Institutional
• Instituição de Pesquisa – forma principal de organização da P&D
Institutos de P
Institutos de P &D &D por tipo por tipo
248248 449449
Empresas produtivas Empresas produtivas
393393 453453
Organizações de educação superior Organizações de educação superior
6868 593593
Organizações de projetos de construção e Organizações de projetos de construção e exploração
exploração
228228 937937
Organizações de Design Organizações de Design
25642564 17621762
Institutos de Pesquisa Institutos de Pesquisa
37973797 46464646
Total Total
20032003 19901990
Estágios das políticas de C&T
“Romanticismo do mercado” (início dos 90s) – crise sistêmica em C&T (redução de recursos, pessoal, sucateamento das organizações de C&T)
“Formalismo do mercado” (meados dos 90s) – stagnação profunda. Medidas emergenciais para prevenir a
desintegração total do setor de C&T
“Pragmatismo do mercado” (2000s) – favorecimento de
programas e projetos de curto e médio em detrimento
dos de longo prazo
Tendências recentes Tendências recentes
Boom do petróleo Boom do petróleo
Aumento do consumo doméstico (bens de Aumento do consumo doméstico (bens de
consumo) consumo)
Crescimento de serviços pessoais (classe Crescimento de serviços pessoais (classe
média expansão) média expansão)
Intenso desenvolvimento de TI
Intenso desenvolvimento de TI
INDIA
Composição da P&D Empresarial 2002-03
• Intensidade de P&D : 0.47 %
• Gastos Privados em P&D ( 80 %)
• Gastos Públicos em R&D (20 %)
• Principais Setores em P&D Privada
§ Farmacêutica ( 2.49 %) § Transporte ( 0.90 %)§ Química ( 0.45 %)
Principais Setores em P&D Pública
§ Defesa ( 8.78 %) § Combustíveis ( 0.08 %) § Equipamento Elétrico-eletrônico (0.45 %)
Agentes do SNI indiano: as empresas domésticas
Grupo Tata (por exemplo)
- Faturamento: US$ 21,9 bilhões (2,7% PIB indiano)
- Atua em diferentes segmentos: energia, telecomunicações, automóveis, indústria alimentícia, engenharia
- Operações em mais de 40 países de todos os continentes
-Exs: Tata Motors: interesse em avançar no mercado de automóveis mais baratos;
Tata Consultancy Services (TCS): parcerias com grandes multinacionais
Internacionalização das empresas locais
- 1o sem /2006: empresas indianas adquiriram 76 firmas no exterior (US$ 5,2 bi)
- Dr. Reddys (2a maior farmacêutica indiana): adquiriu (2006) a Betapharm, 4a maior fabricante de genéricos da Alemanha, por US$ 570 mi
Fonte: Valor Econômico, 15/09/2006
IDE
-
Até os anos oitenta: permitido somente nos casos em que a tecnologia desejada não podia ser obtida de outra maneira;
- A partir de 1991: aprovação automática em indústrias
prioritárias até 51% IDE e tradings envolvidas em atividades exportadoras;
- A partir de 2000: liberalização é intensificada; IDE passa a ser permitido (até 100%) para empresas novas ou já
existentes sem necessidade de aprovação prévia, com diversas exceções
-- varejo, energia atômica, loterias e agricultura (com exceções): IDE proibido;
Altas barreiras à entrada: (os governos estaduais e a regulação indireta)
Papel SECUNDÁRIO ATÉ HOJE
Fonte: CD distribuído no globelics India
IDE (P&D) IDE (P&D)
- Mais de 150 centros de terceirização de P&D estabelecidos na - Mais de 150 centros de terceirização de P&D estabelecidos na
Índia.
Índia.
- 1985-86: Texas Instruments foi o primeiro grupo a se - 1985-86: Texas Instruments foi o primeiro grupo a se estabelecer em Bangalore, seguido por GE, Intel, Cisco, estabelecer em Bangalore, seguido por GE, Intel, Cisco,
Microsoft e Motorola.
Microsoft e Motorola.
-IT: pioneiros em terceirização de P&D, seguidos pelo setor de IT: pioneiros em terceirização de P&D, seguidos pelo setor de telecom, automobilístico, farmacêutico e biotecnologia, e áreas telecom, automobilístico, farmacêutico e biotecnologia, e áreas
emergentes.
emergentes.
-PARADOXO: Dados mostram baixo investimento em P&D
% dos Gastos em P&D das subsidiárias das MNCs dos EUA 1989-2003
0,10%
- 0,12%
0,10%
0,15%
0,12%
0,13%
0,13%
Africa do Sul
2,53%
3,06%
- 2,47%
0,24%
0,06%
0,01%
- China
0,36%
0,36%
- -
0,15%
0,04%
0,03%
0,03%
India
0,004%
0,009%
- 0,005%
0,000%
0,000%
- -
Rússia
1,46%
1,45%
1,01%
1,24%
2,99%
2,00%
1,59%
1,28%
Brasil
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
TOTAL
2003 2002
2001 2000
1997 1994
1991 Região/Período 1989
Gastos de P&D /Vendas: Subsidiárias das MNCs dos EUA – 1989-2003
0,18%
- 0,24%
0,19%
0,34%
0,39%
0,39%
0,34%
Africa do Sul
1,16%
1,56%
- 1,92%
0,29%
0,22%
0,10%
- China
0,81%
0,88%
- -
0,84%
0,51%
0,98%
0,62%
Índia
0,01%
0,03%
- 0,03%
0,00%
0,00%
- -
Rússia
0,50%
0,52%
0,33%
0,40%
0,75%
0,72%
0,55%
0,29%
Brasil
0,95%
1,03%
0,92%
0,99%
0,94%
1,02%
0,95%
0,85%
Países Desenvolvidos (EU 15, Canadá e Japão)
0,77%
0,84%
0,78%
0,82%
0,74%
0,83%
0,76%
0,69%
TOTAL
2003 2002
2001 2000
1997 1994
1991 1989
Região/Período
Como a Índia atrai IDE em P&D?
1. Exigências de performance: baseia-se na idéia que confiança excessiva na atuação de IDE poderia limitar o desenvolvimento tecnológico do país.
- performance em P&D, transferência tecnológica e criação de joint ventures.
- o estabelecimento destas exigências não afastaram o IDE do país.
2. Aprimoramento do SNI: investimento em recursos humanos, melhoria dos institutos públicos de pesquisa e infra-estrutura correlata,
fortalecimento do mercado interno.
Setores: a indústria de software
- crescimento explosivo pós liberalização;
- mais de 3000 empresas instaladas no país (MNCs = 25%)
- organizações de pesquisa + empreendimentos industriais + uso da língua inglesa: fundamentais na capacitação da mão-de-obra.
- integração à economia mundial suprindo serviços de baixo nível tecnológico (mas ainda superior ao incorporado pelo restante da economia indiana).
- MNCs na indústria de software: importantes no desenvolvimento de RH
A indústria de software
MNCs na indústria de software:
- importantes no desenvolvimento de RH, reconhecimento da ‘marca Índia’ e implantação de modelos offshore
- atividades limitadas à geração de informações para a matriz, sendo que poucos produtos completos são gerados no local, os contratos são relativamente simples e pagam salários modestos.
- Sucesso da indústria deve ser analisado com cuidado: aprimoramentos locais relativos a negócios, mais do que ao conhecimento técnico- científico específico.
$0
$5.000
$10.000
$15.000
$20.000
$25.000
$30.000
Tamanho do Mercado de Software e TI (2003)
US$ Milhões1)
.Fontes: www.nasscom.org, neoIT Mapping off-shore Markets (2004), EIU figures, web.ita.doc.gov/ITI/itiHome.nsf/ExportITReports?OpenForm, Slicing the Knowledge-Based Economy in Brasil, China and India: A Tale of 3 Software Industries (2003), A.T. Kearney analysis
Doméstico Exportações Canadá
Índia
China
Irlanda
Brasil
África do Sul
Cingapura México
Argentina Rússia
Polônia
Hungria
Malásia
Filipinas
República Tcheca
Chile Canadá, Índia e Irlanda:
importancia das exportações
China e Brasil possuem mercados internos grandes e
bastante desenvolvidos
Setores: a indústria de software
Exportações
Especificidades do Sistema de Inovação
Conhecimento Tradicional
Capacidade Empresarial Local Defesa e a Questão Militar
Importância da Cultura Local (Bollywood) Alta Capacitação Científica
Evidências de alta regulamentação
Importância das Empresas Públicas (as 7 jóias)
.
CHINA
China
• Composição do PIB Agricultura 12.5% Indústria 46%
Serviços 41.5%
• Emprego : mais de 50% na agricultura
• Estrutura de Propriedade (% do Produto – empresas médias e grandes)
– 1/3 Estatal
– 1/3 Estrangeiras
– 1/3 “Outros Locais” (vários com participação pública)
• (Mas o que são empresas na China...
• Papel Importante das Exportações ….
– Mas crescentemente mercado interno mostra-se significativo
China : Limites ao Crescimento
• “Jobless growth”
• Aumento do gap de renda e problemas ambientais
• Especialização em produtos de baixo
valor agregado (margens de lucro entre
2-5 %)
China – Sistema Nacional de Inovação
• Esforço brutal na constituição de uma boa infraestrutura de C&T
• Absorção de tecnologias a partir de dois modelos diferenciados de atração do capital estrangeiro … (e
dois modos de desenvolvimento tecnologico e utilização de tecnnologias externas
– Capital Asiático e da diáspora: dois blocos de setores mais intensivos em exportação (Eletro-eletrônico;
calçados/confecções)
– Outros (em especial capital Europeu e Norte-Americano):
acesso ao mercado interno
• Através de joint-ventures
• Intensa regulação e forte política industrial
• Ex: Casos de empresas brasileiras (Embraer, Embraco)
Empresas Públicas continuam fortes
• No final dos 70 respondiam por 78% da produção industrial e 19% do emprego total;
• Início dos 80 (1ª fase de reestruturação) mudança nos sistemas de incentivos (sistema de responsabilidade gerencial);
• 1983 (segunda fase) reforma no sistema de direitos de propriedade e direito cedido as empresas de vender a produção acima das cotas estabelecidas a preço de mercado (sistema dual de preços);
• Declínio da participação no PIB de 2/3 em 1978 para cerca de 1/3 no final da década de 1990;
• 3ª fase da reforma (em curso) reestruturação das empresas
públicas, buscando construir uma estrutura de propriedade diversificada e manter o controle estatal de grandes empresas em setores
considerados estratégicos (focar as grandes empresas e abandonar as pequenas);
• Empresas públicas com foco em um conjunto de atividades
consideradas estratégicas (ind. pesada, extração mineral, energia, sistema bancário e setores de alta tecnologia).
O caso da Industria Automobilistica
Dois estagios
(2) 1953~1978: Antes da reforma (import. Assimilação, manufatura…) (3) 1978~Hoje: Reformas
• Joint Ventures
– 1984: Beijing Jeep Corporation (BJC) joint venture entre Beijing Automobile Industry Corporation (BAIC) e American Motors Corporation (AMC)(depois DaimlerChrysler).
– 1985: Shanghai VW, Shanghai Automotive Industry Corporation (SAIC) e Volkswagen – 1985: Guangzhou Automotive Manufacturing Company e Peugeot
– 1991: FAW-Volkswagen
– 1992: Dongfeng Citroen between DongFeng(SAW) and Citroen from France
– 2000: Tianjin-Toyota between Tianjin Automobile Xiali Company(TAIC) and Toyota from Japan(In 2002, TAIC merged with FAW, thus, it became FAW-Tianjin-Toyota
– 2001: Chang’An Ford Chang’An Automobile Group e Ford – 2002: Dongfeng Nissan DongFeng(SAW) e Nissan
– 2002: Beijing Hyundai BAIC e Hyundai Motor Company
E as marcas proprias?
• Alto nível de demanda (e altas margens de lucro)
• O mercado organizado e a proteção estatal
• Oferta de partes e peças
• A modularização da indústria ajuda:
– Por examplo, os parceiros da Chery
• Bertone, Italy design
• Pininfarina, Italy design
• AVL List, Austria design de motores
As Locais
• Geely
– De materiais de construcao, a motocicletas, a auto – 1997, adquire uma pequena empresa estatal – 1998, produz 100 autos. 1999, 1,600 compactos – 2000, 10,000 compactos, 2001, 24,000 compactos
– 2003, 80,000 compactos, 2004, 110,000 compactos e sedans
• Hafei
– Harbin Hafei Motor Co., LTD, subsidiaria da Hafei Aviation industry Co. Ltd, empresa de defesa – 1986, mini truck; 1992, Songhuajiang minivan; 1999, small passenger and sedan cars
– In 2005, mais de 230,000 autos
• Chery
– Fundada em 1997 (Wuhu) – 1999, inicia a produção de autos
– 2001, adquire SAIC (350 mil. Yuan) para obter permissão governamental – 2001, 28.000 autos; 2002, 50.000 autos; 2005, 180.000 autos