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Introdução: Objetivos

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Academic year: 2021

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CULTURAS HISTÓRICAS, CULTURAS ESCOLARES E PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL: PERSPECTIVAS DE ANÁLISEE DIÁLOGOS NO

ENSINO DE HISTÓRIA Aluno: Julia Viviani Cunha Gouvêa Orientador (a): Juçara da Silva Barbosa de Mello Introdução:

O eixo central da pesquisa constitui-se na análise de campos e categorias da história e do ensino de história em suas dimensões específicas e relacionais, numa perspectiva que valoriza tanta o caráter teórico de cada categoria quanto sua aplicação prática, ou seja, no modo como são vivenciadas em processos históricos dinâmica e concretamente considerados. A ênfase, assim, concentra-se na análise de experiências sociais concretas em que são consideradas, em caráter próprio e relacional, as dimensões da memória, da história, da identidade e do patrimônio cultural, refletindo sobre suas utilizações no processo de ensino-aprendizagem na escola básica.

A partir das intenções mais gerais descritas acima, dois eixos distintos, porém, complementares marcaram e continuam a marcar o desenvolvimento da pesquisa empírica. Um deles busca refletir sobre as causas mais profundas de um fenômeno que vem ocorrendo desde as últimas décadas do século passado. Trata-se da transformação do conceito de patrimônio e de sua emergência como política pública de reconhecimento e valorização de memórias e tradições de grupos historicamente marginalizados. A segunda questão volta-se à análise das relações dessa transformação mais ampla e estrutural com o ensino de história, a memória e o patrimônio cultural em localidades específicas, numa análise que buscou, e ainda busca considerar as influências recíprocas entre os acontecimentos que se operam numa dimensão global e do tempo longo, com aqueles que se dão no âmbito do local.

Duas localidades foram contempladas até o presente momento. A escola CIEP Brizolão 341 – Vereador Sebastião Pereira Fortes, em Queimados, na Baixada Fluminense foi uma delas, cujo Projeto Político Pedagógico foi analisado à luz do que está estabelecido pela LDB de 1996 e dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino de História. A outra é o bairro de Madureira, no subúrbio do Rio de Janeiro, lugar em que se encontra localizado o Instituto de Instituto de Educação Carmela Dutra. Aqui, além da busca por um diagnóstico da leitura que professores e alunos possuem sobre a temática do patrimônio cultural e, se, e como, são vislumbradas as articulações com os temas da memória e da construção de identidades no contexto das aulas, foi firmada uma parceria com dois professores e um grupo de alunos, que participaram no levantamento e registro dos bens culturais da comunidade.

Objetivos

O principal objetivo da pesquisa foi o do reconhecimento da cultura histórica das comunidades que cercam as escolas, de "seus mundos de experiência", das redes de solidariedade e conflito, processualmente constituídas por meio das relações sociais, em disputas que envolvem afetividades, poder político, econômico e cultural, nas quais a interação com os espaços (lugares) sensíveis da cidade se apresenta como componente intrínseco."

Assim, buscou-se conhecer o universo cultural dos alunos, por meio de estímulos à reflexão sobre as relações com espaço social que os cerca, os marcos materiais e imateriais que se colocam como referenciais da memória individual e coletiva. Nessa perspectiva, realizou-se o registro e a catalogação do patrimônio cultural da comunidade, já institucionalizado, e de espaços, construções e manifestações com

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potencial para tal. Pretende-se, ainda, propiciar a organização de exposições e atividades que sensibilizem a comunidade ao envolvimento, numa prática que tanto deverá servir como termômetro indicador do grau de significância desses materiais, quanto para redimensioná-lo.

Busca-se, ainda, uma constante reflexão teórica sobre os limites e possibilidades de inter-relações entre memória, história, patrimônio cultural e elaboração e reelaboração de identidades por meio da educação escolar. Para tanto, além da leitura e discussão de diversos textos sobre as temáticas citadas, fez-se e continua-se a fazer, análise dos pressupostos presentes nos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) das diversas disciplinas que compõem a área das Ciências Humanas, que abrem espaço à reflexão sobre possíveis utilizações do patrimônio cultural na educação escolar. Umas das metas a serem alcançadas a partir dessas ações é a elaboração de um material didático que viabilize a utilização do patrimônio cultural no ensino de conteúdos canônicos da educação escolar.

No caso do Instituto de Educação Carmela Dutra, em Madureira, utilizou-se espaço físico cedido pela instituição para a montagem de um laboratório sobre identidade, memória, história e patrimônio cultural da região em que está localizada a escola. O laboratório vem sendo equipado com acervo adquirido através de pesquisa na comunidade. Pretende-se continuar com um permanente trabalho de levantamento, arquivamento e catalogação desses materiais, visando propiciar que toda a comunidade escolar possa realizar experiências com essas fontes documentais, de modo que conteúdos canônicos e não canônicos das diversas disciplinas escolares possam vir a ser pedagogicamente trabalhados a partir de uma lógica de valorização da cultura local. Metodologia

A primeira parte do projeto se deu com leituras e discussões concernentes às análises propostas à pesquisa. Paralelamente, foi aplicada metodologia de análise do projeto político e pedagógico das escolas, com a investigação acerca das condições de sua formulação, planos de curso e planejamentos anuais ou semestrais dos professores de História; entrevistas com os professores; juntamente com o professor, realização de atividades lúdicas com os alunos, envolvendo fotografias de família, objetos e relatos sobre a história familiar e da comunidade e, em menor medida, de leitura e escrita visando diagnosticar aspectos de seu universo cultural.

Estão sendo realizadas, paralelamente aos procedimentos acima, leituras sistemáticas dos Parâmetros Curriculares Nacionais de História, dos ensinos fundamental e médio, bem como de recente literatura dedicada ao tema, o que também será feito no que tange ao patrimônio cultural. Sobre este último tópico, o patrimônio cultural, estão sendo analisados o processo histórico de transformações em sua concepção, e em suas utilizações, e ainda, a implementação de políticas públicas voltadas à valorização e preservação de bens patrimoniais, assim como, os conflitos de interesses que subjazem a tais políticas.

O cruzamento das informações resultantes desses procedimentos de pesquisa, ainda em curso, permitirá a definição dos fundamentos teóricos e empíricos necessários à elaboração de propostas para inserção da educação patrimonial no projeto político pedagógico, visando sua adoção de acordo com as reais condições existentes, tanto no que diz respeito à consideração das referências culturais de alunos e professores, quanto aos recursos materiais disponíveis. Isto porque a pesquisa vem evidenciando a ausência dessas temáticas, tanto no Projeto Político e Pedagógico nas escolas, quanto nas práticas cotidianas dos professores em sala de aula. A escola é “espaço do público para

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elaboração de sua cultura”. “A escola autônoma cultiva a curiosidade [...], aprendizagem criativa e não mecânica”.

Os gráficos abaixo, construídos a partir de questionários aplicados em turmas de escolares do ensino médio do Instituto de Educação Carmela Dutra, apontam para um desconhecimento da existência de bens culturais de referência na região.

Gráfico 1 Gráfico2

Gráfico3 Gráfico4

Os alunos, de idades que giram em torno dos 14 aos 16 anos, embora sejam moradores da região e consumidores de sua cultura, ao mesmo tempo em que reconhecem a importância do patrimônio cultural como meio de valorização da cultura de um povo (como ficou demonstrado através das respostas às perguntas do questionário), apontam para o conhecimento de bem poucos em sua própria região, conforme indicado no gráfico 2. Ao contrário do que possa parecer, tal constatação não significa a inexistência desses bens. A região de Madureira conta com um conjunto de bens culturais, alguns deles já reconhecidos institucionalmente, com projeção nacional e até global, como é o caso das escolas de samba Portela e Império Serrano, além de manifestação cultural registrada no IPHAN1 como “Jongo do Sudeste”, e localmente conhecida por “Jongo da Serrinha”.

A explicação para essa aparente contradição está no fato de que o patrimônio cultural ou os bens culturais de referência de um grupo costumam ser mais vividos do que percebidos, cabendo para seu (re) conhecimento e valorização, a promoção de atividades e estudos que tragam à reflexão a memória e a história, impressas nesses bens. Nesse sentido, o método de trabalho com fontes documentais, em experiências realizadas no espaço do Laboratório montado no Instituto de Educação Carmela Dutra, apresenta-se como ação bastante eficaz.

A metodologia utilizada para a reflexão acerca do conceito de patrimônio tem refletido a leitura de textos teóricos, escritos por autores como, o francês Dominique

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Poulot, Françoise Choay ,Cecília Londres. Quanto ao conceito de educação, adotamos o que vem expresso no texto “A Crise na Educação”, de Hanna Arendt e José Carlos Libâneo. De modo semelhante, ou seja, por meio da leitura e do debate, vem sendo realizadas as análises dos Parâmetros Curriculares Nacionais e do Projeto Politico e Pedagógico.

Para chegar ao diagnóstico a respeito da leitura que professores do ensino básico possuem sobre a temática do patrimônio, e de suas utilizações no ensino de história, vem sendo realizados encontros (seminários), nos quais esses professores vêm sendo provocados a refletir, expressando verbalmente e por escrito, as suas impressões.

Conclusões parciais

Diversas foram as atividades realizadas, concernentes à pesquisa. Dentre elas estão alguns eventos acadêmicos como, seminários, oficinas e palestras. No âmbito do projeto foi organizado o evento acadêmico: CICLO DE DEBATES SOBRE HISTÓRIA E ENSINO DE HISTÓRIA, envolvendo professores da PUC-Rio, UERJ e diversas outras instituições acadêmicas do Rio de Janeiro. O evento ocorreu na UERJ, no decorrer dos meses de outubro e novembro de 2015. Outro evento foi a apresentação de resultado parcial da pesquisa, pela professora Paula Pessanha e alunas do Instituto de Educação Carmela Dutra, no Projeto História às Sextas, do Departamento de História da PUC-Rio, em 09 de outubro de 2015. A apresentação foi mediada pela Profª Juçara Mello, coordenadora e orientadora da pesquisa. Houve, ainda, exposição da pesquisa pelo bolsista vigente na época, Davi Campino. A exposição foi realizada através de pôsteres, em evento voltado à comunidade escolar no Instituto de Educação Carmela Dutra, na “Semana da Normalista”, em Madureira. Com a atividade intitulada “Os modos de fazer/contar a história: encontros da universidade com a escola”, a bolsista Julia Viviane da Cunha Gouveia e docentes e discentes do Instituto de Educação Carmela Dutra, participaram no PUC POR UM DIA/2016.

Exposição da pesquisa, através de pôsteres, na Semana da Normalista no Instituto de Educação Carmela Dutra, em Madureira.

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Atividade realizada no PUC POR UM DIA/2015. “Os modos de fazer/contar a história: encontros da universidade com a escola”

Outra meta principal do projeto foi a criação do Laboratório Interdisciplinar de Memória e Patrimônio Cultural, em espaço cedido pelo Instituto de Educação Carmela Dutra, em Madureira/RJ. No laboratório encontra-se material levantado no decorrer da pesquisa, armazenado em quatro DVDs separados por temas. Esses dados estão divididos nas seguintes temáticas: Patrimônios construídos (Edificações), Associações recreativas, Festas e Religiosidades. Espera-se que futuramente mais materiais sejam acrescentados a esses já existentes, com o intuito de enriquecer o acervo do laboratório. A inauguração do laboratório aconteceu no dia 10/06/16 e contou com a presença de professores e alguns alunos do Carmela Dutra. Nos DVDs que fazem parte do acervo do laboratório podemos encontrar o material detalhado da pesquisa. O primeiro deles trata do tema Patrimônios construídos, edificações. Nele encontra-se uma lista com os bens culturais da região de Madureira: Igreja do Santo Sepulcro, Rua Clara Nunes, G.R.E.S. Portela, Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Campinho, Ciclo suburbano, capela São José da Pedra, conjunto arquitetônico cinema Madureira, cinema alfa, fazenda do campinho, sobrados de 1915, entre outros. Além da lista, o material conta com imagens e observações sobre cada uma das edificações.

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Interior da Igreja do Santo Sepulcro. O templo da igreja é tombado por decreto municipal, constituindo uma extensa lista de bens culturais, materiais e imateriais da região de Madureira. A foto encontra-se no acervo do Laboratório Interdisciplinar de Memória e Patrimônio Cultural.

O segundo DVD tem o tema de associações recreativas. Nele encontram-se informações, fotos e dissertações sobre o G.R.E.S. Império Serrano, G.R.E.S. Portela, Madureira esporte clube e sobre o Parque Madureira.

O terceiro DVD é intitulado de Festas, e trata da feira das Yabás, baile charme do viaduto de Madureira e pagode da tia doca.

O quarto DVD tem a temática Religiosidades, e conta com uma importante e rica compilação de informações sobre a festa de Iemanjá do Mercadão de Madureira, Festa dos Cachorros, Jongo da Serrinha e Mercadão de Madureira.

Todos os DVDs contêm, além de imagens e outras referências aos bens culturais do bairro, histórico que acompanha cada um deles. Junto a esse material estão pastas contendo artigos, jornalísticos e acadêmicos, bem como dissertações e teses referidos aos diversos bens culturais e patrimoniais apresentados.

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O espaço do Laboratório Interdisciplinar de Memória e Patrimônio Cultural, no Instituto de Educação Carmela Dutra, em Madureira.

Evento de inauguração do Laboratório Interdisciplinar de Memória e Patrimônio Cultural, no Instituto de Educação Carmela Dutra, em Madureira. Presentes à mesa estão os diretores da escola, coordenador de Graduação e da Pós-Graduação da PUC. Em fala de abertura do evento está a coordenadora desta pesquisa, professora Juçara da Silva Barbosa de Mello. 10 de jul. de 2016.

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Evento de inauguração do Laboratório Interdisciplinar de Memória e Patrimônio Cultural. No auditório, alunos e professores da graduação e pós-graduação em história da PUC e alunos e professores do Instituto de Educação Carmela Dutra. 10 de jul. 2016.

Referências

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