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Que objetos analisamos neste curso? Fonemas, morfemas, palavras, sentenças, o texto?

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Academic year: 2021

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Segunda semana do curso de Linguística III Professor Alessandro Boechat de Medeiros Departamento de Linguística e Filologia

Que objetos analisamos neste curso? Fonemas, morfemas, palavras, sentenças, o texto?

Neste curso, vamos nos concentrar na análise das sentenças e seus constituintes internos. Os fonemas ficam fora do escopo do curso, bem como a parte da morfologia que não tem efeitos na estrutura das sentenças.

O que são sentenças?

Não vamos considerar como sentenças as suas ocorrências materiais em circunstâncias específicas. A isso chamaremos “emissões”. Tampouco serão sentenças seus significados, ou as condições de verdade às quais estão ligadas, às quais chamaremos “proposições”. Note-se que duas formas podem ter as mesmas condições de verdade, ou, por outras palavras, veicular a mesma proposição, como em: “João chutou uma bola” e “uma bola foi chutada por João”. Aqui, temos duas formas com propriedades gramaticais diferentes, ainda que, para que sejam verdadeiras, o mundo tenha que estar exatamente do mesmo jeito. De fato, a relação entre forma e significado é muito mais distante da biunivocidade do que poderíamos imaginar. É comum que uma mesma forma, com a mesma estrutura gramatical, veicule proposições distintas. Por exemplo, frases que tenham elementos dêiticos, ancorados à situação de fala, ou frases que contenham itens lexicalmente ambíguos, como em “o banco ficava em frente a praça da cidade”, onde banco pode ser interpretado como assento ou como instituição financeira.

Chamaremos de “sentenças”, então, aquilo a que costumamos chamar, de maneira imprecisa, de propriedades gramaticais ou formais (ADGER, 2003). Aspectos da fonologia e do significado podem dar indicações a respeito dessas propriedades, mas nosso foco serão essas propriedades.

O modelo de gramática

Como estamos fazendo ciência, precisamos observar os fenômenos, formular hipóteses explicativas e testá-las de alguma maneira. Os métodos tradicionais para teste de hipóteses envolvem experimentos, muitas vezes envolvendo equipamentos sofisticados. Hoje existe uma gama de experimentos para testar determinadas hipóteses sobre propriedades gramaticais das línguas e sobre o processamento de frases na mente dos falantes. Mas esses recursos não estão sempre acessíveis, e os protocolos com frequência não alcançam o nível de especificidade a que as teorias gramaticais chegaram. Assim, uma das maneiras mais usadas pelos linguistas que trabalham com teoria da gramática para testar suas hipóteses é a consulta a intuições dos falantes nativos sobre as línguas que analisam. A pergunta que se tenta responder é se determinada forma, prevista por uma hipótese, é aceitável para o falante consultado. Mas o que é ser aceitável? Que dimensões estão em jogo? Aceitabilidade 1: Pedro aqueles homens viu./Eu vai à feira amanhã/Maria disse cantou. Aceitabilidade 2: A cadeira espirrou na pia./Pedro comeu uma nuvem.

Aceitabilidade 3: O rato morreu./O rato que o gato pegou morreu./O rato que o gato que o cachorro viu pegou morreu./O rato que o gato que o cachorro que o meu vizinho tem viu pegou morreu... O tipo de propriedades em que estamos interessados pode ser verificado apelando-se para o tipo de

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aceitabilidade 1 acima. Os outros casos de aceitabilidade podem ser úteis para a sondagem de tais propriedades, mas de maneira indireta.

Falantes dizem se sentenças são aceitáveis ou não. Gramaticalidade é um conceito paralelo, ligado a propriedades acessíveis pelo tipo de julgamento de aceitabilidade 1, mas que diz respeito a uma teoria linguística. Assim, uma sentença é agramatical se não obedece às previsões de uma teoria linguística. Assumindo que a teoria que vamos discutir aqui reflete perfeitamente a competência do falante, vamos confundir os dois conceitos, e dizer que uma sentença é agramatical se é inaceitável no sentido definido por “Aceitabilidade 1” acima.

Gramaticalidade/aceitabilidade deve levar em conta também um sentido pretendido. Observem-se as sentenças abaixo:

1) Como Mário disse que Joana conquistou seu novo emprego? 2) Como Mário perguntou se Maria conquistou seu novo emprego?

Em (2) não é possível entender que a pergunta seja sobre a maneira como Maria conquistou seu novo emprego; ou seja, a sentença seria agramatical se o sentido pretendido fosse esse. (1) é ambígua. Constituintes sentenciais

As sentenças possuem uma estrutura interna de constituintes, em que uns constituintes contêm outros. É difícil definir o que é um constituinte sentencial. Tipicamente, um constituinte sentencial é uma subunidade da estrutura sintática (assumindo que estruturas sintáticas são formadas de unidades maiores compostas de unidades menores) que se sujeita a um conjunto de “operações” bem definido, como elipses, deslocamentos, coordenações etc. Assim, uma maneira de identificar um constituinte é verificar se ele se submete a tal conjunto de operações. Abaixo, apresento seis “testes” que nos ajudam a identificar constituintes sentenciais. Portanto, se uma determinada sequência de itens é um constituinte sintático, ela deve “passar” pelos seis testes abaixo. Contudo, fatores outros impostos pela gramática de uma língua podem impedir que um ou outro teste se aplique satisfatoriamente a um determinado constituinte. Por exemplo, o português não permite que o complemento de algumas preposições se desloque deixando sua preposição abandonada em outro ponto da frase, como na sentença inaceitável/agramatical *que menino ela disse que gosta de? Mas claramente a sequência que menino é um constituinte separado da preposição, pois ela pode ocorrer, deslocada de sua posição canônica, em contextos sem a preposição, como na frase que menino ela disse que ama? Note-se que o inglês não tem qualquer restrição gramatical quanto ao abandono de preposições; assim, a sentença which boy are you looking for? é gramatical com a preposição abandonada, e a sequência which boy, deslocada de sua posição canônica (objeto da preposição for na frase), é um constituinte sintático – que “passa” pelo teste (d) abaixo. Mas vejamos quais são esses testes:

a) Constituintes podem ser respostas a perguntas: O João cortou o cabelo.

O que o João cortou? R.: o cabelo. Quem cortou o cabelo? R.: o João. O que o João fez? R.: cortou o cabelo.

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b) Constituintes podem ser substituídos por pronomes: Ele (o João) cortou o cabelo.

O João cortou-o (o cabelo). O João fez isso (cortar o cabelo).

c) Constituintes podem sofrer elipse:

O que mais o João fez além de marcar sua viagem? Ah, cortou o cabelo.

E quanto ao cabelo dele? O João cortou.

d) Constituintes podem ser movidos: O cabelo, o João cortou.

Cortou o cabelo, o João.

e) Constituintes podem ser coordenados: O João e a Maria cortaram o cabelo. O João cortou o cabelo e as unhas.

O João cortou o cabelo e comeu um sanduíche.

O João cortou o cabelo e a Maria comeu um sanduíche.

f) Constituintes podem ser clivados: Foi o João que cortou o cabelo. Foi cortar o cabelo o que o João fez. Foi o cabelo que o João cortou.

A estrutura de constituintes de uma sentença pode ser representada através de uma estrutura de grafo com certas propriedades. As palavras (e determinados tipos de morfemas, como veremos mais adiante)

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ocupam os nós terminais da estrutura (abaixo dos quais não há ramificação). Cada nó ramificado corresponde, no esquema abaixo, a um constituinte.

Joana disse que Maria viu Pedro. (Fazer a estrutura em sala).

A estrutura sintática e as propriedades das palavras

A teoria que vamos desenvolver aqui assume que as palavras projetam estrutura sintática. Isso quer dizer que, por exemplo, se determinado verbo pede por dois participantes (é um verbo transitivo na terminologia da gramática tradicional), a estrutura sintática em que ocorrerá deverá fornecer dois lugares para que tais participantes ocupem – no caso, o que tradicionalmente chamados de sujeito e objeto. Além disso, qualquer que seja a transformação que façamos na sentença, essas posições ocupadas não podem ser eliminadas da estrutura. Basicamente, a estrutura de uma sentença vai depender em grande medida das propriedades de seleção dos itens que a compõem. Assim, por exemplo, se um verbo seleciona como complemento uma oração, não podemos nem omitir a oração da estrutura sintática nem substituir a oração por outra coisa, como um constituinte com uma preposição encabeçando-o. Vejamos os exemplos a seguir:

*Pedro disse _____. *Pedro disse sobre o João.

No primeiro caso, não preenchemos o predicado com o complemento verbal, e isso faz com exigências sintáticas e semânticas fiquem por satisfazer, tornando a sentença agramatical/inaceitável. No segundo, podemos até estar preenchendo um suposto espaço para a complementação do verbo, mas o preenchemos com uma categoria que não é aceita como complemento do verbo dizer, e a sentença é de novo inaceitável/agramatical.

Assim, podemos pensar que muitos itens (e não somente verbos) exigem que determinados tipos de constituintes sintáticos se combinem com eles na estrutura sintática das sentenças em que ocorrem. De modo geral, os itens não impõem restrições gramaticais sobre os sujeitos (que são quase sempre sintagmas nominais), mas restringem gramaticalmente o universo de complementos, alguns selecionando só sintagmas nominais como complementos, outros selecionando só complementos preposicionais, outros ora uma oração, ora um sintagma nominal.

Alguns exemplos:

Verbo “comer” – dois lugares, que têm que ser ocupados por dois constituintes que satisfaçam suas necessidades de seleção: ou seja, um sujeito nominal e um complemento nominal.

O nome “construção” – um lugar, que deve ser ocupado por um constituinte que satisfaça sua necessidade de seleção: ou seja, um complemento preposicional.

A preposição “com” – um lugar, que deve ser ocupado por um constituinte que satisfaça sua necessidade de seleção: ou seja, um complemento nominal.

O verbo “apresentar” - três lugares, que devem ser ocupados por constituintes que satisfaçam suas necessidades de seleção: ou seja, um sujeito nominal, um complemento nominal e um segundo

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complemento preposicional.

Vimos isso na sentença acima: os participantes de “dizer” estão presentes (“Joana” e a oração subordinada); os participantes de “ver” estão presentes (“Maria” e “Pedro”); a conjunção “que” seleciona uma sentença finita (com tempo verbal e concordância), que está na estrutura; etc.

O léxico (mental)

Qualquer sistema linguístico trabalha com elementos atômicos que são combinados de acordo com restrições específicas. Como estamos pensando em língua como um objeto mental – um sistema de regras ou princípios, uma gramática, internalizada na mente do falante –, esses átomos só podem estar armazenados na mente do falante, e formam o que chamaremos de léxico mental. Os átomos linguísticos seriam tipicamente palavras (mas não só), que se combinam por regras ou princípios sintáticos e semânticos e geram sentenças com significados mais complexos, que dependem, de modo geral, regularmente do significado dessas palavras – ou seja, sabendo os significados das palavras e as regras que licenciam suas combinações, sabemos como interpretar qualquer sequência de palavras gerada por essas regras. Chamemos o conjunto de regras ou princípios que servem à combinação desses átomos de sintaxe. Na divisão de trabalho esboçada aqui, a sintaxe fica sendo responsável por aquilo que é regular – aquilo que é previsível a partir das unidades e das regras de combinação dessas unidades. Já aquilo que não é previsível, que é idiossincrático, vai ficar codificado tipicamente (mas não só) nos átomos, nas palavras e morfemas, as chamadas entradas lexicais; ou seja, as idiossincrasias estarão armazenadas como uma lista de itens (que podem até se relacionar uns com os outros) no léxico mental.

No léxico mental, cada entrada é especificada com uma considerável quantidade de informações, como suas propriedades fonológicas e morfológicas, sua interpretação (propriedades referenciais), suas propriedades formais, entre elas sua categoria gramatical, sua seleção categorial, se deve ou não concordar com algum outro constituinte da sentença, se se sujeita ou não a determinado tipo de transformação (por exemplo, o verbo emocionar é transitivo direto, mas não é muito aceitável em sentenças na voz passiva; comparem-se o filme emocionou a plateia e ??A plateia foi emocionada pelo filme) etc., a interpretação que atribui aos seus participantes, quantos participantes seleciona, entre outras coisas.

Como representamos as entradas e suas propriedades? Um modo simples e útil de representá-las – ainda que não seja uma representação completa de suas propriedades – é através das grades temáticas, quadros que listam propriedades de seleção e os chamados papéis temáticos atribuídos pelos itens listados no léxico mental. Papéis temáticos são funções semânticas que nos dizem como os chamados argumentos de um determinado item devem ser interpretados em companhia deste item na estrutura sintática. A expressão argumento de um predicado vem da lógica de predicados e é adotada pela teoria gerativa. Na lógica de predicados, algumas palavras pedem por outras para serem saturadas – é como se, para completar seu sentido, elas precisassem se combinar a outras palavras ou a constituintes sintáticos, que são combinações de outras palavras. Assim, por exemplo, um verbo como chutar seria, tanto para a lógica de predicados quanto para a gramática gerativa, um tipo de predicado (ele sozinho, e não tudo aquilo que não é o sujeito, como na definição da gramatica tradicional) com dois argumentos, que recebem, cada um, um papel temático: seu argumento interno (complemento) receberá o papel de paciente; seu argumento externo (sujeito da sentença) receberá o papel de agente. Seguem abaixo alguns exemplos de grades temáticas.

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“Comer” (kom-) NP/DP NP/DP V Agente Paciente “Construção” (koNStɾusioN) PP N Paciente “Para” (paɾa) NP/DP P Alvo

Nas grades há expressões para os papéis que os constituintes selecionados pelos itens recebem deles. Elas também especificam as categorias dos constituintes selecionados.

Há dois tipos de seleção que os itens fazem: a seleção semântica (ou seleção-s) e a seleção categorial (ou seleção-c). A seleção semântica está relacionada ao significado dos itens selecionados. Um verbo como “ler”, por exemplo, seleciona coisas legíveis, e causa espanto se encontramos frases como João leu a banana. A seleção categorial está ligada à categoria gramatical selecionada. Por exemplo, o verbo “amar” seleciona um sintagma nominal como complemento; já o verbo “gostar” seleciona um complemento preposicional. Note-se que, a despeito de certa diferença de “intensidade” entre os dois estados que esses itens denotam, os seus argumentos parecem ser interpretados do mesmo jeito: aquele que gosta ou ama é alguém que experimenta um determinado estado psicológico, e aquele que é amado ou de quem se gosta é um tema ou a matéria ou o estímulo para esse estado.

A literatura tem tentado reduzir a seleção-c(ategorial) à seleção-s(emântica); mas seremos conservadores aqui e manteremos as duas coisas separadas.

Papéis temáticos

Ao que parece, os itens lexicais atribuem um conjunto limitado de funções semânticas aos constituintes que selecionam. Essas funções, ou “papéis”, são pouco numerosas e se distribuem de maneira mais ou menos regular entre as funções sintáticas. Por exemplo, se um verbo atribui papel de agente para um dos constituintes selecionado por ele, esse constituinte será um sujeito; tipicamente, pacientes são objetos; etc.

Alguns papéis:

Agente, paciente, tema, beneficiário (maleficiário), alvo, origem, experienciador, causa, etc.

Os papéis temáticos estão relacionados a um dos tipos de seleção que itens fazem: a seleção semântica (ainda que não esgotem). Observe-se que se um constituinte vai receber o papel de agente, ele deve

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denotar uma entidade com certas propriedades, como animacidade, por exemplo. Verbos como “comover” selecionam entidades animadas que possam experimentar tal estado. No caso desse verbo, além de ser um experienciador de tal estado, deve ser humano, pois se trata de estado exclusivo desse conjunto de entidades.

Tipicamente, os papéis são atribuídos pelos itens substantivos do léxico; mas há itens no léxico que não atribuem papéis temáticos e não fazem seleção semântica.

Mais adiante, no curso, veremos que os papéis temáticos são importantes para um princípio chamado critério temático ou critério teta, que define, em parte, como será a estrutura profunda (DS) de uma sentença.

Itens funcionais vs. Itens lexicais

O léxico possui itens que não atribuem papéis, mas que fazem seleção categorial. Vejam-se, por exemplo, as conjunções, como “que”, ou os artigos, como “o” ou “um”. Conjunções como “que” selecionam sentenças finitas – ou seja, excluem-se as sentenças infinitivas, gerundivas, participiais. Do que trata a sentença não é importante; tempo, modo e aspecto veiculados por ela tampouco. Isso não quer dizer que não contribuam com significado. Por exemplo, se comparamos “que” com “se”, vemos que a primeira é tipicamente selecionada por verbos declarativos (como “dizer” ou “afirmar”) e que a segunda é selecionada por verbos interrogativos, como “perguntar”, “indagar” em alguns contextos, etc. Assim, “que” está associada à força declarativa, tipicamente, enquanto “se” está relacionada à força interrogativa, sendo possivelmente essas as suas contribuições.

Com os artigos não é diferente. Parecem não selecionar tipos específicos de sintagmas nominais aos quais se combinam: denotem eles entidades massivas (ainda que, nesses casos, haja restrições a depender do significado do nome que o artigo toma e do conhecimento de mundo associado a esse significado) ou contáveis, por exemplo, podem ser combinados com artigos definidos e indefinidos: “o gato”, “um gato”, “a água”, “uma água”, etc. O importante é que selecionam sintagmas nominais ou formas nominais de verbos.

Conjunções e artigos são exemplos de itens funcionais do léxico. As contribuições semânticas que fazem tipicamente não se ligam a conhecimento de mundo, mas a aspectos do significado que chamamos de estruturais. Por exemplo, unicidade de referência (no caso do artigo definido, se eu digo o gato caiu do telhado, o contexto só pode conter um gato), relações entre conjuntos (em todo gato mia, o conjunto dos gatos é um subconjunto das entidades que miam), etc. Outro conjunto de itens funcionais não mencionados acima, que relaciona tempo de evento ao tempo em que determinada frase é dita, é o das flexões verbais. Flexões tampouco fazem seleção semântica de verbo (todos os paradigmas são encontrados em todos verbos, independente de sua interpretação e suas propriedades acionais).

Como disse antes, esses significados são estruturais e independem do nosso conhecimento de mundo. Uma maneira de mostrar isso é a seguinte. Tomemos as sentenças a seguir:

Todo cafura borma.

Os maragos porberaram as pafuas

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que seja a entidade cafura, ela borma, ou seja, que o conjunto das entidades que são cafuras está contido no conjunto das entidades que bormam. Na segunda sentenças, não sei o que são maragos, pafuas e não faço ideia do que seja porberar, mas sei que a ação ou estado descrito por porberar, que envolve maragos e pafuas, aconteceu antes de eu dizer a frase acima.

Itens lexicais não só selecionam constituintes de categorias específicas, mas que tenham referências com propriedades específicas. Ou seja, além da seleção categorial, há uma seleção semântica, associada, como disse antes, aos papéis que atribuem, mas não limitada a eles. Note-se, ainda, que os papéis temáticos, atribuídos pelos itens lexicais (nos exemplos acima, os verbos bormar e porberar) dependem do conteúdo lexical desses itens. Portanto, se não sei o que significa porberar, não sei como interpreto o complemento ou o sujeito: não sei, por exemplo, se o sujeito é agente de algum evento ou se experimenta um estado psicológico; tampouco sei como interpretar o complemento: ele sofre alguma mudança de estado em decorrência de um evento (é um paciente)? Ele é só uma extensão onde se desenrola um evento de deslocamento no espaço (é um locativo)? Ele é um tema para uma determinada experiência?

Itens lexicais atribuem papéis, mas não os itens funcionais; itens lexicais podem ser acrescidos ao léxico mental de um falante (com exceção talvez das preposições), mas não itens funcionais.

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