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1. INTRODUÇÃO 3 2. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 3

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 3

2. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 3

a) Fundamentos do Direito Internacional Público 3

b) Princípios do Direito Internacional Público 4

c) Sujeitos de Direito Internacional Público 4

d) Direito Internacional Público e Direito Interno 6

3. COMPETÊNCIA INTERNACIONAL 7

a) Competência Internacional Exclusiva 7

b) Competência Concorrente (Relativa) 7

c) Competência Exclusiva (Absoluta) 8

4. FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL 8

a) Convenções Internacionais 9

b) Costume Internacional 10

c) Princípios 10

d) Doutrina 10

e) Jurisprudência 10

f) Resoluções ou Decisões das Organizações Internacionais 11

g) Atos Jurídicos Unilaterais dos Estados 11

5. TRATADO 11

a) Capacidade para Celebrar Tratados 12

b) Classificação dos Tratados 12

c) Fases para Internacionalização de um Tratado 14

d) Estrutura do Tratado 16

e) Anulabilidade e Nulidade dos Tratados 16

f) Requisitos de Validade dos Tratados 17

6. NACIONALIDADE 17

a) Conflito de Nacionalidade 18

● Brasileiro Nato 20

● Brasileiro Naturalizado 20

b) ​Condição Jurídica de Estrangeiros 21

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c) ​Medidas de Retirada Compulsória 27

d) ​Direitos dos Estrangeiros no Brasil 31

7. RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL 31

a) Proteção Diplomática 32

b) Elementos da Responsabilidade Internacional 33

8. MERCOSUL 33

a) Solução de Controvérsias do Mercosul 35

9. TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL 36

a) Competência do Tribunal Penal Internacional 36

b) Composição do Tribunal Penal Internacional 36

10. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU) 37

a) Composição da Onu 37

b) Corte Internacional de Justiça (Corte de Haia) 38

11. DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 39

a) Cartas Rogatórias 41

b) Exequatur 41

REFERÊNCIAS 41

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1. INTRODUÇÃO

Existem dois ramos de Direito Internacional, o Direito Internacional Público (relação entre os Estados soberanos e organizações internacionais) e o Direito Internacional Privado (relação entre particulares que se encontram em países diferentes).

Direito Internacional Público: é um conjunto de regras, costumes e princípios internacionais que rege as relações entre os sujeitos de Direito Internacional dentro da sociedade internacional. Os sujeitos de DI Público são os Estados e as Organizações Internacionais. O DI Público cuida das relações públicas e da aplicação de normas internacionais.

Direito Internacional Privado: cria regras e normas para solucionar o conflito de leis no espaço entre os sujeitos de DI Privado (pessoas físicas e jurídicas). No DI Privado é necessário analisar cada situação específica e verificar a possibilidade de se aplicar a legislação estrangeira e/ou a norma nacional à solução do caso concreto.

2. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

O ramo do Direito Internacional Público ou Direito das Gentes (​jus gentium​) é um sistema de normas jurídicas, composto por princípios e regras, que busca disciplinar e regulamentar as atividades exteriores dos Estados, das Organizações Internacionais e dos próprios indivíduos. Seu principal objetivo é estabelecer direitos e deveres para todos os que se enquadrem como sujeitos de direito internacional.

FUNDAMENTOS DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

Há debate doutrinário sobre quais seriam os fundamentos do Direito Internacional Público, resultando em duas teorias:

Teoria Voluntarista: o Direito Internacional apenas existe porque os Estados assim desejam. É a vontade dos Estados que determina a existência do Direito Internacional Público.

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Teoria Objetivista: o Direito Internacional Público existirá independente da vontade dos Estados, pois apresenta princípios, regras e costumes próprios.

PRINCÍPIOS DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

Dentre os princípios norteadores do Direito Internacional Público destacam-se:

a) Autodeterminação dos povos (art. 4º, III, da CF/88): os Estados possuem igualdade em sua soberania, não havendo subordinação entre eles, podendo cada um deles criar suas próprias normas internas;

b) Pacta Sunt Servanda (vinculado ao princípio da boa fé): os Estados e/ou Organizações Internacionais consentem em cumprir as promessas firmadas e os tratados que ratificarem.

SUJEITOS DE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

A personalidade jurídica de direito internacional está ligada a quem pode ser parte em uma relação internacional. O Direito Internacional disciplina as relações dos seguintes sujeitos/pessoas internacionais:

Estados Soberanos (personalidade jurídica ​originária​): possuem uma comunidade humana (nacionais e estrangeiros) estabelecida permanentemente numa base territorial (espaço terrestre, aéreo e marítimo) e sob a orientação de um governo independente (soberano);

Organizações Internacionais (personalidade ​derivada​): ​as organizações internacionais podem ser interestatais ou não estatais:

a) Coletividades interestatais: são entidades criadas por acordos e tratados, compostas por vários Estados, sendo que sua personalidade jurídica passa a existir e é considerada plena após o seu funcionamento. As coletividades interestatais podem celebrar tratados independentemente da aceitação dos seus Estados-Membros. São exemplos, a ONU (Organização das Nações Unidas), a OMS (Organização Mundial de Saúde), a OIT (Organização Internacional do Trabalho), etc.

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b) Coletividades não estatais: são as entidades beligerantes (grupos armados politicamente organizados com objetivos revolucionários), insurgentes (movimentos armados com características de guerra civil, mas com efeitos mais brandos que os da beligerância) e os movimentos de libertação nacional (como a Organização para a Libertação da Palestina), os quais só terão personalidade jurídica de Direito Internacional se forem reconhecidos. A Santa Sé (cúpula do governo da Igreja Católica) e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (organização humanitária independente e neutra) também são coletividades não estatais.

Indivíduos: são os nacionais e os estrangeiros em um Estado. Sua capacidade, enquanto sujeitos de Direito Internacional é limitada. A doutrina não é pacífica quanto a conferir personalidade de Direito Internacional aos indivíduos.

As ONGs (Organizações Não Governamentais) e as empresas privadas transnacionais não possuem ​status de pessoa jurídica internacional (exceto o Comitê Internacional da Cruz Vermelha), sendo constituídas por leis internas e caracterizando-se como pessoas jurídicas de direito privado.

Em sentido contrário, Portela (2017, p. 164), entende que as ONGs e as Empresas Privadas são sujeitos de direito internacional público de forma fragmentária, assim sendo, têm possibilidades de acesso a mecanismos internacionais de solução de controvérsias, embora mais restritas que as dos sujeitos tradicionais.

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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E DIREITO INTERNO

Levando-se em consideração que no Direito Internacional Público os Estados são soberanos (art. 1º, inc. I, da CF/88), estando todos em uma posição horizontal, para que prevaleça a coordenação (descentralização das decisões) e não haja subordinação entre eles, duas teorias objetivam adequar a eficácia e a aplicabilidade do Direito Internacional Público:

Teoria Dualista (ou Pluralista): para essa teoria, existem duas ordens jurídicas diversas, portanto, dois direitos autônomos: o Direito Interno e o Direito Internacional Público;

Teoria Monista: ​de acordo com essa teoria existe uma única ordem jurídica, então, o Direito Interno e o Direito Público Internacional representam um mesmo sistema jurídico. De acordo com o art. 27 da Convenção de Viena de 1969, quando houver conflito, o Direito Internacional Público irá prevalecer. Todavia, quando não houver conflito, prevalecerá a norma determinada pelo Direito Interno.

Teoria Dualista Teoria Monista

Existem duas ordens jurídicas distintas (ordem jurídica autônoma e ordem jurídica interna)

Existe uma só ordem jurídica, sendo aplicadas normas internas e internacionais.

Necessita do diploma legal de incorporação Não precisa de diploma legal de incorporação

A Teoria Dualista é a adotada no Brasil, tendo em vista que os compromissos internacionalmente assumidos devem ser recepcionados em forma de uma espécie normativa do direito interno para ingressar no ordenamento jurídico brasileiro.

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3. COMPETÊNCIA INTERNACIONAL

As normas de Direito Internacional estabelecem, tendo por base o Direito Interno, a quem cabe analisar o conflito quando dois ou mais ordenamentos jurídicos se consideram competentes para solucioná-lo.

COMPETÊNCIA INTERNACIONAL EXCLUSIVA

É aquela em que houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional. Não se aplica em casos de competência internacional exclusiva.

Art. 25 do Código de Processo Civil. ​Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo réu na contestação.

§ 1º ​Não se aplica o disposto no caput às hipóteses de ​competência internacional

exclusiva ​previstas neste Capítulo.

COMPETÊNCIA CONCORRENTE (RELATIVA)

O Código de Processo Civil específica, em seu Título II (Dos Limites da Jurisdição Nacional e da Cooperação Internacional) a competência internacional exclusiva do direito interno brasileiro e aquela que pode ser exercida por juiz ou tribunal estrangeiro, as quais são elencadas a seguir:

I. Quando o ​réu (brasileiro ou estrangeiro) estiver ​domiciliado no Brasil (para pessoa jurídica, é suficiente ter agência, sucursal ou filial no Brasil);

II. Quando a ​obrigação​ tiver de ser cumprida no Brasil;

III. Quando a ação se originar de ​fato ocorrido​ ou de ​ato praticado no Brasil​; IV. Julgar as ações de alimentos, quando:

a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil;

b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos;

V. Ações decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil;

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VI. Ações em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional.

Vale lembrar que, segundo o art. 24 do NCPC, não haverá litispendência internacional se a ação for ajuizada simultaneamente no Brasil e no estrangeiro, mas caso haja trânsito em julgado primeiro no juízo brasileiro, a sentença proferida no exterior não poderá ser homologada.

COMPETÊNCIA EXCLUSIVA (ABSOLUTA)

Entende-se por competência exclusiva internacional aquela reservada a apenas um Estado. No Brasil, cabe apenas ao seu Poder Judiciário analisar as seguintes questões (art. 23 do NCPC):

I. Ações relativas a imóveis situados no Brasil;

II. Inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional;

III. Ações trabalhistas referentes a serviços prestados no Brasil, mesmo que a celebração do contrato tenha ocorrido no estrangeiro.

4. FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL

De acordo com o art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça (a CIJ é o único órgão que está fora do EUA, localizado na Holanda), promulgado pelo Decreto nº 19.841/1945, serão utilizadas como fontes do Direito Internacional:

Fontes Primárias

● convenções internacionais; ● costume internacional; ● princípios gerais do direito;

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Fontes Secundárias

● jurisprudência e doutrina.

As fontes primárias criam os direitos, já as fontes secundárias não criam direito, todavia, elas interpretam as regras jurídicas. O parágrafo único do mencionado artigo 38 da CIJ afirma que a Corte poderá utilizar como base de decisão a equidade, se as partes assim concordarem. Vale ressaltar que a equidade apenas poderá ser utilizada desde que não exista um tratado regulamentando determinada situação.

Art. 38. ​A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará:

a. as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;

b. o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito; c. os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas;

d. sob ressalva da disposição do Artigo 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos juristas mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito.

Parágrafo Único: ​A presente disposição não prejudicará a faculdade da Corte de decidir uma questão ​ex

aequo et bono, se as partes com isto concordarem.​

Existem ainda as seguintes fontes de Direito Internacional Público que não estão elencadas no art. 38 da Corte:

● Resoluções ou decisões das Organizações Internacionais; ● Atos jurídicos unilaterais dos Estados.

CONVENÇÕES INTERNACIONAIS

As convenções internacionais, para questão de prova, são sinônimo de tratado e ata. Tratados sempre são acordos concluídos e firmados entre as partes de forma escrita. Poderá haver tratados entre países (por exemplo, Brasil e Argentina), tratados entre um país e uma Organização, e, por fim, também poderá haver tratados entre Organizações Internacionais.

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COSTUME INTERNACIONAL

Podem-se conceituar costumes como as práticas aceitas pelos Estados, como direito aplicável/válido, durante um período de tempo. O costume é importante devido ao seu baixo nível de codificação, mas para ser caracterizado como costume internacional os seguintes critérios devem ser observados:

a) Objetivo / Material: os costumes devem ser tradicionais (praticados de forma reiterada); b) Subjetivo: o costume deve decorrer da aceitação dos Estados (deve haver aceitação do

costume como se fosse uma regra no plano internacional);

c) Espacial: o costume tem que ser utilizado por alguns ou vários povos, precisa ser uma prática aceita pelo Direito de cada país.

PRINCÍPIOS

São regras amplamente aceitas pela Comunidade Internacional, sendo utilizadas para complementar lacunas no Direito Internacional Público. Os Tribunais Nacionais ou Internacionais também já utilizaram os princípios, tais como a boa-fé, o respeito ao direito adquirido, o ​pacta sunt servanda​ e a vedação ao abuso de direito, para interpretar situações específicas.

DOUTRINA

A doutrina compreende os estudos de juristas e juízes internacionais. É utilizada como auxílio na determinação das regras de Direito Internacional, pois não produz norma concreta.

JURISPRUDÊNCIA

Para o Direito Internacional, jurisprudência é o conjunto de sentenças e decisões arbitrais proferidas por tribunais internacionais permanentes e pelas cortes arbitrais internacionais, respectivamente.

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RESOLUÇÕES OU DECISÕES DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS

São atos institucionais emanados das Organizações, enquanto sujeitos de Direito Internacional, dos quais os Estados somente participam indiretamente, diante de manifestação de voto nas assembleias gerais ou nos órgãos decisórios dessas Organizações.

ATOS JURÍDICOS UNILATERAIS DOS ESTADOS

Considera-se ato unilateral do Estado a manifestação de vontade inequívoca (tácita ou expressa) de um único Estado, formulada com a intenção de produzir efeitos jurídicos nas suas relações com outros sujeitos de Direito Internacional (Estados e organizações internacionais). São exemplos de atos unilaterais expressos a ​notificação​, o ​reconhecimento de uma obrigação internacional, o ​protesto​, a ​promessa​, etc.

5. TRATADO

De acordo com o art. 2, § 1.º, “a”, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados de 1969 (CVDT), “’tratado’ significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica”.

É necessário tomar cuidado quando houver menção à palavra “Concordata” no Direito Internacional. Diferentemente do que ocorre no direito empresarial, a concordata no Direito Internacional está ligada a um acordo internacional firmado entre a Santa Sé e os Estados que têm cidadãos católicos, geralmente tratando de organizações de cultos religiosos e administração eclesiástica.

A Convenção de Viena de 1969, também chamada de “lei dos tratados”, “código dos tratados ou ainda “tratado dos tratados”, é considerada o diploma legal que regulamenta o direito dos tratados e traz alguns conceitos importantes, principalmente no que diz respeito à diferença entre Tratado e Convenção.

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Tratado: como já fora mencionado anteriormente, é a declaração de vontade escrita indicando convergência entres as partes;

Convenção: é um tratado multilateral solene que estabelece normas gerais e obrigatórias para os signatários dos tratados.

CAPACIDADE PARA CELEBRAR TRATADOS

Segundo a CVDT (art. 7º, § 2º, “a”), algumas pessoas possuem ​capacidade originária para celebrar tratados (competência para assinar e discutir tratados), sendo que, em regra, serão os Chefes de Governo e os Chefes de Estados os detentores desta capacidade. É possível que terceiros assinem tratados (​capacidade derivada​), desde que sejam ​Plenipotenciários (recebem plenos poderes pela “Carta de Plenos Poderes”), como os Ministros de Relações Exteriores e os Chefes de Missões Diplomáticas.

Como o tratado é considerado um acordo de vontades, é necessário mencionar que este apenas será aceito se houver o consentimento de todos os Estados participantes (art. 9º, § 1º, da CVDT). Vale ressaltar também que, em caso de conferência internacional, a adoção do texto de um tratado ocorre com o consentimento de 2/3 (dois terços) dos Estados presentes e votantes, salvo se este ​quorum decidir pela aplicação de regra diversa, conforme possibilita o § 2º do art. 9º da CVDT.

O art. 11 da CVDT, por sua vez, afirma que o consentimento de um Estado poderá se dar por assinatura, troca de instrumentos constitutivos de um tratado, ratificação, aceitação, aprovação ou adesão, ou qualquer outro meio desde que acordado.

CLASSIFICAÇÃO DOS TRATADOS

Os tratados internacionais podem ser classificados da seguinte maneira:

Classificação Formal:

a) Quanto às​partes​:

● Bilateral​:​ quando houver apenas duas partes.

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● Multilateral​:​ quando houver mais de duas partes.

b)​ Quanto ao ​procedimento​:

● Solene (ou tratado ​stricto sensu​): passa pelas fases de negociação, assinatura e

ratificação.

● Acordos de forma simplificada (unifásicos)​: as partes se obrigam definitivamente desde a

assinatura do acordo, não necessitando de ratificação.

Classificação Material:

a) Quanto à matéria:

● Tratados-contratos​: as partes regulam os interesses recíprocos dos Estados, de maneira

bilateral.

● Tratados-normativos (​tratados-lei​)​: possuem como objetivo criar normas gerais de Direito

Internacional Público.

b)​ Quanto à ​execução no Espaço:

● De acordo com o art. 29 da Convenção de Viena sobre Direitos dos Tratados, “um tratado obriga cada uma da partes em relação a todo o seu território”, entretanto, é possível formular uma reserva neste sentido, limitando as obrigações em determinado âmbito federal.

​c)​ Quanto à ​possibilidade de adesão​:

● Aberto​:​ permite a adesão de novos signatários.

● Fechado​: não possibilita a adesão ao tratado de outros Estados que não os signatários

originais.

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FASES PARA INTERNACIONALIZAÇÃO DE UM TRATADO

Fases Objetivos

Negociação

(Fase internacional)

Nessa fase ocorrerão os debates e elaboração do texto do tratado, podendo participar o Chefe do Executivo, o Ministro de Relações Exteriores, o Agente Diplomático creditado em país estrangeiro e o Chefe de Missão Diplomática (art. 84, inc. VII e VIII da CF/88).

Assinatura

(Fase internacional)

Pode-se afirmar que é o ato que encerra uma negociação (fase inicial do processo de formação dos tratados). Os mesmos sujeitos acima mencionados poderão participar desta fase. A assinatura é um aceite provisório e formal, não se atrelando à ratificação.

Referendo Parlamentar (Fase interna)

É necessária aprovação do Congresso Nacional do texto do tratado, por meio de Decreto Legislativo (art. 49, I, CF), autorizando o Chefe do Executivo a ratificá-lo.

Ratificação

(Fase internacional)

É um ato unilateral expresso e discricionário pelo qual o Estado se vincula ao tratado. É a ​troca ou o

depósito da carta ou dos instrumentos de

ratificação no organismo internacional que dá efeito ao tratado. A ratificação será feita por depósito quando houver muitos países participando do acordo e pela troca de cartas de ratificação quando se tratar de ato bilateral (art. 16

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da CVDT). A Ratificação no Brasil ocorre com a assinatura do Presidente da República.

Promulgação (Fase interna)

A partir da ratificação, o tratado passa a vigorar entre as partes no plano internacional. Caberá ao Presidente da República, ao final, promulgar o texto através de um Decreto Executivo.

Publicação (Fase interna)

Somente após a publicação no ​Diário Oficial da

União o tratado passará a ser conhecido pela população e suas regras terão efeito obrigatório.

Embora não esteja contido na tabela anterior, é necessário mencionar sobre a ​reserva​, que é um ato pelo qual se verifica uma condição do consentimento em aderir ao tratado. O Estado fará uma declaração de forma unilateral aceitando o tratado, porém afirmará que algumas disposições não valerão para ele. Tal reserva poderá ser manifestada no momento da assinatura ou da ratificação. Os tratados internacionais quando promulgados serão incorporados ao ordenamento jurídico interno de cada Estado. Todavia, vale mencionar que esse tratado não poderá contrariar a Lei Maior do Estado signatário, ficando sujeito ao controle de constitucionalidade.

Se o STF aprovar tratado com matéria geral, este terá ​status de Lei Ordinária Federal. Caso o tratado seja de natureza tributária, prevalecerá sobre o direito brasileiro (art. 98 da Lei nº 5.172/1966 – Código Tributário Nacional).

Por fim, se o tratado versar sobre direitos humanos e for aprovado em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por 3/5 (três quintos) dos votos, terá força de Emenda Constitucional (art. 5º, § 3º, da CF/88). Importante salientar que os tratados sobre direitos humanos que não observam este ​quorum especial ingressam no ordenamento jurídico brasileiro como normas supralegais​ (inferiores à Constituição, mas superiores às leis ordinárias).

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ESTRUTURA DO TRATADO

O tratado é formado por preâmbulo, parte dispositiva e anexos. No preâmbulo estão contidas as partes participantes, os motivos, as circunstâncias e os objetivos do tratado. Na parte dispositiva estão contidas as normas jurídicas do tratado. Por fim, os anexos estão ligados à técnica utilizada.

ANULABILIDADE E NULIDADE DOS TRATADOS

Os arts. 46 a 53 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, de 1969 (Promulgada pelo Decreto nº 7.030/2009), estabelecem as seguintes hipóteses de vícios de consentimento que podem afetar a validade dos tratados internacionais:

I. Ratificação Imperfeita​: quando o Executivo ratifica o tratado internacional, mas desrespeita norma constitucional sobre competência para celebrar tratados (art. 46 da CVDT);

II. Erro​: se aplica aos erros de fato, no caso de o Estado acreditar existir determinada situação ao tempo do consentimento sem a qual não se obrigaria ao tratado (art. 48 da CVDT);

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III. Dolo​: ocorre quando um Estado é levado a concluir um tratado pela conduta fraudulenta de outro Estado negociador (art. 49 da CVDT);

IV. Corrupção de Representante de um Estado​: ocorre quando a manifestação do consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado for obtida por meio da corrupção de seu representante, pela ação direta ou indireta de outro Estado negociador (art. 50 da CVDT);

V. Coação​: segundo a Convenção de Viena de 1969, a coação torna o tratado nulo, diferentes das demais hipóteses de vício (consideradas como anulabilidades ou nulidades relativas), pois o consentimento é obtido mediante atos ou ameaças dirigidas ao representante do Estado (art. 51) ou sobre o próprio Estado soberano (art. 52);

Observação​: não é considerada coação a celebração de tratados de paz.

REQUISITOS DE VALIDADE DOS TRATADOS

I. Capacidade das Partes​: a capacidade jurídica de celebrar tratados é prerrogativa dos sujeitos de Direito Internacional Público (Estados, Organizações Internacionais);

II. Habilitação dos agentes signatários:​ é a concessão de poderes para celebrar tratados; III. Consentimento Mútuo: é a manifestação dos signatários sem que haja vícios de

consentimento;

IV. Objeto Lícito e Possível ​: o objeto do tratado deve estar de acordo com as normas de Direito Internacional e deve ser possível de ser executado.

6. NACIONALIDADE

Pode-se considerar como nacionalidade o vínculo político-jurídico existente entre o Estado soberano e o indivíduo. O art. 20 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos de 1969 (Pacto de São José da Costa Rica) afirma que toda pessoa possui direito a uma nacionalidade no Estado em que nasceu se não tiver direito a outra nacionalidade.

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Artigo 20 - Direito à nacionalidade

1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.

2. Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em cujo território houver nascido, se não tiver direito a outra.

3. A ninguém se deve privar arbitrariamente de sua nacionalidade, nem do direito de mudá-la.

Existem dois tipos de nacionalidades:

Nacionalidade originária (​primária ou ​atribuída​): resulta do nascimento (​jus solis​), da nacionalidade dos pais na época do nascimento (​jus sanguinis​) ou de ambos;

Nacionalidade adquirida (​secundária​, ​derivada ou ​de eleição​): obtida mediante naturalização, quando houver alteração da nacionalidade.

CONFLITO DE NACIONALIDADE

Haverá conflito de nacionalidade quando o indivíduo tiver mais de uma ou nenhuma nacionalidade:

Conflito Positivo de Nacionalidade: aquele que possui mais de uma nacionalidade é chamado de polipátrida​.

Conflito Negativo de Nacionalidade: aquele que não possui nacionalidade é chamado de apátrida (​heimatlos​). Segundo o art. 15 da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), todo ser humano tem direito a uma nacionalidade, sendo que ninguém dela será arbitrariamente privado ou impedido do direito de mudá-la.

O art. 12 da Constituição Federal diferencia e regulamenta as duas modalidades de brasileiros. Art. 12. São brasileiros:

I - natos:

a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;

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b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;

II - naturalizados:

a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;

b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. § 1º - Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.

§ 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.

§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presidente da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado Federal;

IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - da carreira diplomática;

VI - de oficial das Forças Armadas. VII - de Ministro de Estado da Defesa

§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:

I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;

II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:

a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;

b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.

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BRASILEIRO NATO

Serão brasileiros natos aqueles nascidos no Brasil, mesmo que os pais sejam estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço do seu país. Também serão considerados brasileiros natos os nascidos no estrangeiro caso algum dos pais seja brasileiro e esteja a serviço da República Federativa do Brasil. Por fim, serão brasileiros natos aqueles nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira ou que venham a residir no Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.

A expressão “estar a serviço de seu país”, segundo o STF, é interpretada de forma ampla, portanto, estará a serviço de seu país, por exemplo, a pessoa que esteja prestando serviço à Administração indireta.

BRASILEIRO NATURALIZADO

O brasileiro naturalizado sempre será estrangeiro que adquire a nacionalidade brasileira. A naturalização pode ser Ordinária, Extraordinária, Especial e Provisória.

X Ordinária Extraordinária Especial Provisória

Tempo de residência em

território nacional

Regra Geral​ :​ prazo mínimo de 4 (quatro) anos

Exceção​: O prazo de residência será reduzido para, no mínimo, 1 (um) ano​ se o naturalizando

preencher quaisquer das seguintes condições: a) Ter filho brasileiro;

b) Ter cônjuge ou companheiro brasileiro e não estar dele separado legalmente ou de fato no momento de concessão da naturalização;

15 (quinze) anos ininterruptos

Não conta pelo tempo de residência no Brasil, mas sim pelo tempo de serviços prestados ao Brasil no Exterior ou pelo tempo de união estável ou casamento com integrante do Serviço Exterior Brasileiro. Assim sendo: a) tempo de serviços prestados ao Brasil no exterior​:

10 (dez) anos sem

Poderá ser concedida ao migrante criança ou adolescente​ que tenha fixado residência em território nacional antes de completar 10 (dez) anos de idade​.

Pode ser convertida em definitiva?será convertida em definitiva se o naturalizando expressamente assim o requerer no prazo de 2 (dois) anos após atingir a maioridade.

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c) Haver prestado ou poder prestar serviço relevante ao Brasil;

d) Recomendar-se por sua capacidade profissional, científica ou artística.

interrupção

b) Tempo de União estável ou casamento com integrante do Serviço Exterior Brasileiro: 5 (cinco) anos Língua Portuguesa É necessário a comunicação em Língua Portuguesa Não é necessário a comunicação em Língua Portuguesa É necessário a comunicação em Língua Portuguesa Não é necessário a comunicação em Língua Portuguesa Demais Requisitos

ter capacidade civil, segundo a lei brasileira

+

não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei.

sem condenação penal +

requerimento pela nacionalidade brasileira.

ter capacidade civil, segundo a lei brasileira +

não possuir condenação penal ou estiver

reabilitado, nos termos da lei.

deverá ser requerida por intermédio do

representante legal da criança ou adolescente.

Lembrando que o art. 12, inc. II, alínea “a”, da CF/88, exige daqueles originários de ​países de língua portuguesa​ a residência no Brasil de, pelo menos, ​um ano​ e idoneidade moral.

O brasileiro naturalizado poderá perder sua nacionalidade por sentença judicial caso pratique atividade nociva ao interesse nacional ou caso adquira outra nacionalidade. Não haverá perda da nacionalidade brasileira, mas ​acumulação de nacionalidades​, nos casos de:

a) Reconhecimento de nacionalidade originária;

b) De imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em Estado estrangeiro, como condição de permanência em território.

CONDIÇÃO JURÍDICA DE ESTRANGEIROS

Considerações Gerais

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A condição jurídica de estrangeiro será estudada através da Lei de Migração (13.445/2017) que substituiu o antigo Estatuto do Estrangeiro (Lei nº 6.815/80).

Em que pese o tema ser tratado na doutrina como “condição jurídica de estrangeiro”, como se cada pessoa estrangeira tivesse a mesma condição jurídica, a Lei de Migração faz importantes distinções, nesse sentido:

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Admissão do Estrangeiro no Brasil

Regra Geral: No Brasil, em tempo de paz, desde que satisfeitas as condições previstas na Lei nº

13.445/2017, qualquer estrangeiro pode entrar e permanecer no território nacional ou dele sair.

A quem cabe o controle de entrada e saída do território nacional? As funções de polícia marítima,

aeroportuária e de fronteira serão realizadas pela Polícia Federal nos pontos de entrada e de saída do território nacional (Art. 38 da Lei de Migração).

Qual é o documento que permite aos Estados controlar o ingresso de estrangeiros em seu

território? ​Passaporte, expedido pela polícia de cada país (no Brasil, seu emitente é a Polícia

Federal), com o fim de garantir aos nacionais de um Estado o ingresso em território de outro, além de servir como meio de identificação pessoal. A natureza jurídica do passaporte é de documento policial.

Títulos de Ingresso no Estrangeiro no Brasil

Qual o documento que confere a expectativa de ingresso do Estrangeiro no Brasil? O visto é o

documento que dá a seu titular expectativa de ingresso em território nacional (Art. 6º da Lei de Migração).

OBSERVAÇÃO: O visto nunca dará garantia ​de ingresso em território nacional, mas sim mera expectativa.

Quem pode conceder visto? O visto será concedido por embaixadas, consulados-gerais,

consulados, vice-consulados e, quando habilitados pelo órgão competente do Poder Executivo, por escritórios comerciais e de representação do Brasil no exterior (Art. 7º da Lei de Migração).

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A quem não se pode conceder visto? - (Art. 10 da Lei de Migração)

Quais são os tipos de Visto? - (Art. 12 da Lei de Migração)

a) Visto de Visita​ ​- (Art. 13 da Lei de Migração)

● Cabimento: O visto de visita poderá ser concedido ao visitante que venha ao Brasil para estada de curta duração, sem intenção de estabelecer residência.

● Hipóteses: I. turismo; II. negócios;

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III. trânsito;

IV. atividades artísticas ou desportivas;

V. outras hipóteses definidas em regulamento.

O visitante poderá exercer atividade remunerada no Brasil?

REGRA:​ ​É vedado ao beneficiário de visto de visita exercer atividade remunerada no Brasil.

EXCEÇÃO: ​poderá receber pagamento do governo, de empregador brasileiro ou de entidade

privada a título de diária, ajuda de custo, cachê, pró-labore ou outras despesas com a viagem, bem como concorrer a prêmios, inclusive em dinheiro, em competições desportivas ou em concursos artísticos ou culturais.

Passageiros em Escala e Conexões ​- O visto de visita não será exigido em caso de escala ou conexão em território nacional, desde que o visitante não deixe a área de trânsito internacional.

b) Visto Temporário​ ​- (Art. 14 da Lei de Migração)

● Cabimento: O visto temporário poderá ser concedido ao imigrante que venha ao Brasil com o intuito de estabelecer residência por tempo determinado + finalidade de:

I. pesquisa, ensino ou extensão acadêmica; II. tratamento de saúde;

III. acolhida humanitária; IV. estudo;

V. trabalho; VI. férias-trabalho;

VII. prática de atividade religiosa ou serviço voluntário;

VIII. realização de investimento ou de atividade com relevância econômica, social, científica, tecnológica ou cultural;

IX. reunião familiar;

X. atividades artísticas ou desportivas com contrato por prazo determinado;

ou [..] o imigrante seja beneficiário de tratado em matéria de vistos; outras hipóteses definidas em regulamento.

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b.1) Visto temporário para pesquisa - ensino ou extensão acadêmica poderá ser concedido ao imigrante ​com ou sem vínculo empregatício com a instituição de pesquisa ou de ensino brasileira, exigida, na hipótese de vínculo, ​a comprovação de formação superior compatível ou equivalente reconhecimento científico​.

b.2) Visto temporário para tratamento de saúde - poderá ser concedido ao imigrante e a

seu acompanhante, ​desde que o imigrante comprove possuir meios de subsistência suficientes​.

b.3) Visto temporário para estudo - poderá ser concedido ao imigrante que pretenda vir ao

Brasil para ​frequentar curso regular ou ​realizar estágio ou ​intercâmbio de estudo ou de pesquisa.

b.4) Visto temporário para trabalho - poderá ser concedido ao imigrante que venha

exercer atividade laboral, ​com ou sem vínculo empregatício no Brasil, ​desde que comprove oferta de trabalho formalizada por pessoa jurídica em atividade no País​, ​dispensada esta exigência se o imigrante comprovar titulação em curso de ensino superior ou equivalente​.

b.5) Visto temporário para férias-trabalho ​- poderá ser concedido ao imigrante maior de

16 (dezesseis) anos que seja nacional de país que conceda ​idêntico benefício ao nacional brasileiro​, em termos definidos por ​comunicação diplomática​.

b.6) Visto temporário para realização de investimento - poderá ser concedido ao

imigrante que aporte recursos em projeto com potencial para geração de empregos ou de renda no País.

c) Diplomático e Oficial​ - (Art. 15 da Lei de Migração)

● Cabimento: poderão ser concedidos a autoridades e funcionários estrangeiros que viajem ao Brasil em missão oficial de caráter transitório ou permanente, representando Estado estrangeiro ou organismo internacional reconhecido.

OBSERVAÇÃO: ​Não se aplica às pessoas acima elencadas o disposto na legislação trabalhista brasileira.

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● Transformação em Autorização de Residência: Os vistos diplomático e oficial poderão ser transformados em autorização de residência, o que importará ​cessação de todas as prerrogativas, privilégios e imunidades decorrentes do respectivo visto​.

● Remuneração: O titular de visto diplomático ou oficial somente poderá ser remunerado por Estado estrangeiro ou organismo internacional, ressalvado o disposto em tratado que contenha cláusula específica sobre o assunto.

d) Visto de Cortesia​ ​- (Art. 57 do Regulamento da Lei de Migração)

Cabimento

O visto de cortesia poderá ser concedido:

I. às personalidades e às autoridades estrangeiras em viagem não oficial ao País;

II. aos companheiros, aos dependentes e aos familiares em linha direta que não sejam beneficiários dos vistos diplomático e oficial;

III. aos empregados particulares de beneficiário de visto diplomático, oficial ou de cortesia; IV. aos trabalhadores domésticos de missão estrangeira sediada no País;

V. aos artistas e aos desportistas estrangeiros que venham ao País para evento gratuito, de caráter eminentemente cultural, sem percepção de honorários no território brasileiro, sob requisição formal de missão diplomática estrangeira ou de organização internacional de que o País seja parte;

VI. excepcionalmente, a critério do Ministério das Relações Exteriores, a outras pessoas não elencadas nas demais hipóteses previstas neste artigo.

MEDIDAS DE RETIRADA COMPULSÓRIA

a) Repatriação

A repatriação consiste em medida administrativa de devolução de pessoa em situação de impedimento ao país de procedência ou de nacionalidade.

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b) ​ ​Deportação

Deportação é medida decorrente de procedimento administrativo que consiste na retirada compulsória de pessoa que se encontre em situação migratória irregular em território nacional.

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c)​ ​Expulsão

A expulsão consiste em medida administrativa de retirada compulsória de migrante ou visitante do território nacional, conjugada com o impedimento de reingresso por prazo determinado. É cabível em casos de prática de crime de genocídio, crime contra a humanidade, crime de guerra ou crime de agressão, bem como nos casos de crime comum doloso passível de pena privativa de liberdade, consideradas a gravidade e as possibilidades de ressocialização em território nacional.

Não poderá ser expulso,​ o expulsando que:

● tiver filho brasileiro que esteja sob sua guarda ou dependência econômica ou socioafetiva ou tiver pessoa brasileira sob sua tutela;

● tiver cônjuge ou companheiro residente no Brasil, sem discriminação alguma, reconhecido judicial ou legalmente;

● tiver ingressado no Brasil até os 12 (doze) anos de idade, residindo desde então no País; ● for pessoa com mais de 70 (setenta) anos que resida no País há mais de 10 (dez) anos,

considerados a gravidade e o fundamento da expulsão

d)​ ​Extradição

Denomina-se extradição a medida de cooperação internacional pela qual um Estado entrega à justiça repressiva de outro, a pedido deste, indivíduo nesse último processado ou condenado criminalmente e lá refugiado, para que possa aí ser julgado ou cumprir a pena que lhe foi imposta. É um mecanismo de Cooperação Internacional - A extradição é a medida de cooperação internacional entre o Estado brasileiro e outro Estado pela qual se concede ou solicita a entrega de pessoa sobre quem recaia condenação criminal definitiva ou para fins de instrução de processo penal em curso.

Não se concederá a extradição quando:

I. O indivíduo cuja extradição é solicitada ao Brasil for brasileiro nato;

II. O fato que motivar o pedido não for considerado crime no Brasil ou no Estado requerente;

III. O Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o crime imputado ao extraditando;

IV. A lei brasileira impuser ao crime pena de prisão inferior a 2 (dois) anos;

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V. O extraditando estiver respondendo a processo ou já houver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em que se fundar o pedido;

VI. A punibilidade estiver extinta pela prescrição, segundo a lei brasileira ou a do Estado requerente;

VII. O fato constituir crime político ou de opinião;

VIII. O extraditando tiver de responder, no Estado requerente, perante tribunal ou juízo de exceção;

IX. O extraditando for beneficiário de refúgio

e) Asilo

No âmbito jurídico, pode-se afirmar que existem dois tipos de asilo (art. 4º, inc. X, da CF/88), o asilo territorial e o asilo diplomático.

Pode-se conceituar o ​asilo territorial como o acolhimento concedido pelo Estado, em seu território, ao estrangeiro perseguido por crimes de natureza política e ideológica. Poderá o Estado que concedeu o asilo revogá-lo alegando motivos de segurança nacional. Vale ressaltar que tal asilo SEMPRE será concedido pelo Chefe de Estado e mais ninguém.

O ​asilo diplomático (ou ​extraterritorial​) é aquele no qual o Estado concede asilo, fora de seu território, ao indivíduo perseguido que busca proteção. Será concedido asilo diplomático em locais situados dentro do Estado em que ocorre a perseguição, mas que são imunes à jurisdição deste Estado, como embaixadas, representações diplomáticas e navios de guerra.

O asilo é concedido mediante perseguição atual e efetiva, diferente do refúgio, o qual exige apenas o mero temor de perseguição.

ATENÇÃO: Repartição Consular pode conceder asilo? Quanto à concessão do

asilo diplomático em repartições consulares, o entendimento corrente é no sentido da sua ​não aceitação​.

f) Refúgio

O refúgio vincula-se a questões de guerra e está disciplinado, no âmbito internacional, pela Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados, de 1951, e seu Protocolo, de 1966. Quanto à

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legislação nacional, a Lei nº 9.474/1997, em seu art. 1º, define o refugiado como sendo todo indivíduo que:

I. Devido a fundados temores de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas encontre-se fora de seu país de nacionalidade e não possa ou não queira acolher-se à proteção de tal país;

II. Não tendo nacionalidade e estando fora do país onde antes teve sua residência habitual, não possa ou não queira regressar a ele, em função das circunstâncias descritas no inciso anterior;

III. Devido a grave e generalizada violação de direitos humanos, é obrigado a deixar seu país de nacionalidade para buscar refúgio em outro país.

No Brasil, compete ao CONARE (Comitê Nacional para os Refugiados), órgão colegiado vinculado ao Ministério da Justiça, analisar os pedidos de reconhecimento da condição de refugiado.

OBSERVAÇÃO​: tanto o asilo quanto o refúgio podem ou não ser concedidos por um Estado soberano, sendo considerados atos discricionários.

DIREITOS DOS ESTRANGEIROS NO BRASIL

Excluindo-se o exercício de voto, a prestação de serviço militar e a ocupação de determinados cargos, privativos de brasileiros natos, os estrangeiros recebem tratamento semelhante ao do brasileiro por força do disposto no caput do art. 5º da Constituição Federal, o qual lhes assegura a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.

7. RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL

A responsabilidade internacional é a resposta que o Direito Internacional apresenta aos Estados que infringem as suas regras. Todo fato internacionalmente ilícito cometido por um Estado gera a

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sua responsabilidade internacional, sendo necessária a reparação do dano e a imposição de ônus jurídico ao Estado infringente.

Estende-se às Organizações Internacionais intergovernamentais o conceito de responsabilidade internacional, portanto, elas também podem ser demandadas quando for verificada a violação de normas internacionais e prejuízos a terceiros.

Uma vez que o Estado é internacionalmente responsável por toda ação ou omissão que lhe seja imputável segundo as regras de Direito Internacional Público, deve reparar o prejuízo causado ao outro Estado ou, na eventualidade de não ser possível a reparação pecuniária, apresentar indenização ou compensação.

Uma característica da responsabilidade internacional é a sua imputação aos Estados, mesmo que o ato ilícito tenha sido praticado por um indivíduo ou que a vítima seja um particular.

PROTEÇÃO DIPLOMÁTICA

É a atividade voltada à proteção dos direitos de um Estado que foram violados por outro sujeito, mesmo que a reclamação tenha sido motivada por particular para defender interesse próprio. O procedimento para buscar a reparação na esfera internacional se opera mediante pedido de indenização pelos prejuízos sofridos, devendo o Estado da vítima ​endossar a reclamação. Por meio deste instrumento (​endosso​), será outorgada a ​proteção diplomática de um Estado a um particular.

Para que o endosso seja concedido pelo Estado, há necessidade de serem preenchidas as seguintes condições:

a) A vítima (pessoa física ou jurídica) precisa ser nacional do Estado reclamante ou estar sob sua proteção diplomática (como o estrangeiro residente no Estado protetor);

b) Esgotamento dos recursos internos (administrativos ou judiciais);

c) A vítima não pode ter agido com culpa (não pode ter contribuído para a criação do dano).

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No caso dos ​apátridas​, não refugiados, será concedida a proteção diplomática pelo Estado no qual haja estabelecido o seu domicílio ou, na falta deste, sua residência habitual.

A proteção diplomática não se confunde com a ​proteção funcional conferida aos funcionários das organizações internacionais que se encontram a seu serviço. Entende-se que os agentes de determinada organização não necessitam de outra proteção além daquela disponibilizada pela organização internacional à qual se vinculam.

ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL

Para haver responsabilidade internacional são necessários os seguintes elementos:

a) Ato ilícito internacional: deve haver a violação de uma norma de Direito Internacional; b) Imputabilidade: é o nexo causal entre a ação (ou omissão) violadora do Direito

Internacional e o causador do dano, ou seja, o vínculo jurídico estabelecido entre o Estado (ou organização internacional) transgressor e o Estado que sofreu a lesão;

c) Prejuízo ou dano: resultado antijurídico do fato cometido pelo Estado (ou particular em nome do Estado) ou organização internacional transgressor da norma internacional.

Lembrando que os Estados serão sempre responsáveis pelos atos praticados em seu nome pelos seus funcionários.

OBSERVAÇÃO​: Eventos lícitos, mas que causem riscos iminentes e excepcionais, podem também acarretar em responsabilidade internacional de um Estado (ex: testes nucleares, poluição marítima, etc.).

8. MERCOSUL

O Mercosul é um bloco formado por Argentina, Uruguai, Brasil, Paraguai e Venezuela (último país a entrar no bloco, em 2006), tendo sido estabelecido no Protocolo de Ouro Preto (1994) e promulgado pelo Decreto nº 1.901/1996. Assim como na União Europeia, o Mercosul funciona

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como uma cooperação intergovernamental, tendo personalidade jurídica de Direito Internacional (art. 34 do Protocolo de Ouro Preto).

O objetivo desse bloco era a integralização regional e a construção de um Mercado Comum. De acordo com o Protocolo de Ouro Preto, a estrutura institucional do Mercosul conta com:

Conselho do Mercado Comum: órgão superior do Mercosul ao qual incumbe a condução política do processo de integração e a tomada de decisões (art. 3º);

Grupo Mercado Comum: é o órgão executivo do Mercosul (art. 10), sendo integrado por 4 membros titulares e 4 membros alternos por país e coordenado pelos Ministérios de Relações Exteriores de cada país. Manifesta-se mediante Resoluções que são obrigatórias aos Estados-Partes;

Comissão de Comércio do Mercosul: é o órgão encarregado de assistir o Grupo Mercado Comum, velando pela aplicação dos instrumentos de política comercial comum acordados pelos Estados-Partes (art. 16). Manifesta-se mediante Diretrizes ou Propostas que são obrigatórias aos Estados-Partes;

Parlamento do Mercosul: constituído em 2006, em substituição à Comissão Parlamentar Conjunta, é o órgão representativo dos cidadãos dos Estados-Partes, manifestando-se mediante Pareceres, Projetos de normas, Anteprojetos de normas, Declarações, Recomendações, Relatórios e Disposições;

Foro Consultivo Econômico-Social: é o órgão de representação dos setores econômicos e sociais, integrado por igual número de representantes de cada Estado-Parte (art. 28);

Secretaria Administrativa do Mercosul: é o órgão de apoio operacional, responsável pela prestação de serviço aos demais órgãos do Mercosul, com sede em Montevidéu.

Cabe salientar que o Conselho do Mercado Comum, o Grupo Mercado Comum e a Comissão de Comércio do Mercosul são os órgãos de capacidade decisória no Mercosul (art. 2º do Protocolo de Ouro Preto).

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SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS DO MERCOSUL

O Protocolo de Olivos, promulgado pelo Decreto nº 4.982 de 2004, estabeleceu o sistema de Solução de Controvérsias no Mercosul e a criação de um Tribunal Permanente de Revisão (TPR), sendo este o principal órgão do sistema, juntamente com os Tribunais Arbitrais ​Ad Hoc​.

De acordo com o Protocolo de Olivos, o sistema de Solução de Controvérsias observará o seguinte procedimento:

Negociações Diretas: os Estados-Partes numa controvérsia procurarão resolvê-la, antes de tudo, mediante negociações diretas (art. 4º), as quais não excederão o prazo de 15 dias a partir da comunicação do início da controvérsia.

Procedimento Opcional ante o Grupo de Mercado Comum (GMC): se as negociações fracassarem, as partes podem buscar o GMC, o qual analisará a controvérsia e formulará recomendações.

Tribunal Arbitral ​Ad Hoc​: quando não for possível solucionar a controvérsia mediante a aplicação das negociações diretas ou ante o Grupo de Mercado Comum, podem as partes recorrer ao procedimento do Tribunal Arbitral ​Ad Hoc​, o qual é formado a partir das Listas de Árbitros depositadas pelos Estados-Partes na Secretaria do Mercosul. Compor-se-á por 3 árbitros, sendo que cada país designará um titular (e um suplente). Destes 3 árbitros, um será escolhido, em comum acordo, como presidente, não podendo ser nacional dos países envolvidos na controvérsia. O objeto da controvérsia é delimitado pelas partes, que também informarão sobre instâncias cumpridas anteriormente, para, então, o Tribunal emitir o laudo arbitral.

Tribunal Permanente de Revisão: serve como instância recursal do laudo do Tribunal ​Ad Hoc​, mas as partes também podem optar submeter-se diretamente ao TPR, adotando-o como instância única (art. 23 e 24). Os laudos do TPR serão obrigatórios para os Estados-Partes na controvérsia, tendo força de coisa julgada.

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9. TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL

Foi instituído como Corte Internacional independente durante a Conferência de Roma em 1998, na qual se estabeleceu o seu tratado constitutivo, o Estatuto de Roma (promulgado no Brasil pelo Decreto nº 4.388/2002). O Tribunal Penal Internacional (TPI) possui caráter permanente, tendo por objetivo julgar indivíduos que sejam acusados de praticar crimes de agressão, genocídio, guerra e contra a humanidade (art. 5º, § 1º do Estatuto de Roma).

COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL

Segundo o art. 4º do Estatuto de Roma, o TPI poderá exercer seus poderes e funções no território de qualquer Estado-Parte e, por acordo especial, no território de qualquer outro Estado que o aceite. Diz-se, portanto, que sua jurisdição é​ internacional​, e não universal.

É importante mencionar que o TPI apenas atuará quando o sistema jurídico nacional não tenha julgado o caso, e se o fez, não tenha sido capaz de solucionar tal situação. Para que o TPI possa julgar o caso é necessário que a acusação seja recebida e processada pela Câmara Preliminar. O TPI não julga Estados e Organizações Internacionais, apenas indivíduos. Também não julga crimes cometidos anteriormente à sua vigência.

COMPOSIÇÃO DO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL

Conforme o disposto no Estatuto de Roma, o TPI será composto por 18 juízes de nacionalidades diferentes (art. 36) e pelos seguintes órgãos:

Presidência (art. 38): administra o Tribunal e atua em coordenação com o Gabinete do Procurador;

Gabinete do Procurador (art. 42): recolhe comunicações e informações sobre os crimes de competência do TPI, realiza inquérito e exerce ação penal junto ao Tribunal;

Secretaria (art. 43): responsável pelos aspectos não judiciais da administração e do funcionamento do TPI;

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Seção de Instrução (art. 39 e 57): ao menos seis juízes (predominantemente com experiência em processo penal) proferem despachos, emitem mandados a pedido do Procurador, asseguram a proteção às vítimas, testemunhas e pessoas detidas, adotam medidas cautelares, autorizam ações do Procurador, etc.;

Seção de Julgamento de Primeira Instância (art. 39 e 64): ordena acusações, comparecimento de testemunha em audiência, apresentação de provas, procede ao julgamento;

Seção de Recursos (art. 39 e 82): julga, por maioria, o recurso em audiência pública para anular ou modificar a decisão ou a pena; ou, ainda, ordena um novo julgamento perante um outro Juízo de Julgamento em Primeira Instância.

Caso o TPI chegue a condenar o acusado, este terá a pena aplicada respeitando a pena máxima de 30 anos (art. 77, § 1º, alínea “a”, do Estatuto de Roma). Se, porventura, o crime cometido for de extrema gravidade, a pena aplicada será a de prisão perpétua (art. 77, § 1º, alínea “b”, do Estatuto de Roma). Poderá ser aplicada cumulativamente a pena de multa e a de confisco.

10. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU)

Trata-se de organização internacional permanente e intergovernamental, cujos propósitos são manter a paz e a segurança internacionais, desenvolver relações amistosas entre as nações e conseguir uma cooperação internacional para solucionar pacificamente os conflitos.

A Carta das Nações Unidas, documento que regulamenta a Organização das Nações Unidas (ONU), foi assinada em 1945 (juntamente com o Estatuto da Corte Internacional de Justiça) e passou a integrar o ordenamento jurídico brasileiro neste mesmo ano por meio do Decreto nº 19.841.

Quando foi formada, a ONU contava com 51 Estados-membros, mas o número de membros, até o ano de 2015, chegou a 193.

COMPOSIÇÃO DA ONU

São órgãos principais das Nações Unidas (art. 7º da Carta das Nações Unidas):

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Assembleia Geral: composta por até 5 representantes de cada um dos Estados-membros, tendo competência para discutir e fazer recomendações relativamente a qualquer matéria que for objeto da Carta das Nações Unidas ou se relacionarem com as atribuições e funções de qualquer dos órgãos nela previstos;

Conselho de Segurança: composto por 15 Estados-membros, dos quais 5 são permanentes (China, EUA, França, Reino Unido e Rússia) e 10 são eleitos a cada 2 anos pela Assembleia Geral, sendo sua principal responsabilidade a manutenção da paz e segurança internacionais; Conselho Econômico e Social: é composto de 54 Membros das Nações Unidas eleitos pela Assembleia Geral e é responsável pelos estudos de questões econômicas, sociais, culturais e de direitos humanos, bem como a coordenação e o estímulo a programas que os atendam;

Conselho de tutela: era responsável pela supervisão e acompanhamento do progresso de territórios ainda não independentes, tendo suas atividades suspensas em 1994 (independência do último território);

Corte Internacional de Justiça: composta por 15 juízes independentes de nacionalidades diversas, eleitos pela Assembleia Geral e pelo Conselho de Segurança, é o principal órgão judiciário das Nações Unidas, funcionando de acordo com o Estatuto da Corte Internacional de Justiça, com sede em Haia (Holanda). A decisão da Corte Internacional de Justiça é obrigatória às partes (art. 94, § 1º da Carta);

Secretariado: composto pelo Secretário-Geral (indicado pela Assembleia Geral mediante recomendação do Conselho de Segurança) e funcionários da ONU, realiza o trabalho administrativo e também outras funções que eventualmente sejam atribuídas pelos demais órgãos da ONU.

CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA (CORTE DE HAIA)

Seu principal objetivo é resolver os litígios entre os Estados, funcionando também como órgão consultivo (art. 65 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça e art. 96 da Carta das Nações Unidas). A Corte é aberta aos Estados que são membros da ONU, podendo o seu Conselho de Segurança ou a sua Assembleia Geral solicitar parecer consultivo sobre qualquer questão de ordem jurídica.

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Não é o único foro judiciário internacional, podendo-se citar outros exemplos, como a Corte Interamericana de Direitos Humanos, o Tribunal do Direito do Mar e tribunais administrativos da OIT (Organização Internacional do Trabalho).

11. DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

O ​Direito Internacional Privado é composto de princípios e regras que possuem como prioridade a resolução de conflitos de leis no espaço. Entende-se como conflito de leis nos espaço a existência de duas ou mais leis aplicáveis ao mesmo caso.

A LINDB (Lei de Introdução as Normas de Direito Brasileiro) do art. 7° ao art. 19 informa todas as regras de aplicação de lei estrangeira no Brasil. O Direito Internacional Privado regulamenta os direitos entre particulares vinculados a sistemas jurídicos distintos, ou seja, diz respeito às relações entre os sujeitos privados, das quais o Estado não interage como um ente soberano. A principal missão do Direito Internacional Privado é identificar o sistema jurídico que será aplicado ao caso concreto que possua como partes sujeitos com nacionalidades diversas ou quando o ato ocorrer no exterior.

Teoria de Elementos de Conexão: a aplicação das regras do Direito Internacional Privado

depende de elementos de conexão definidos pela lei do Estado ( ​lex fori​). Assim, os elementos de conexão são considerados matérias que ensejam a aplicação de determinado direito, podendo ser:

a) Pessoais (personalidade, capacidade, direito de família e sucessões):

A norma do domicílio rege o estatuto pessoal da pessoa natural, como rregime de bens do casamento, sucessão, direitos da personalidade etc. – arts. 7º, 8º e 10 da LINDB ​(Lex Loci Domicili);

b) Reais:

● Aplica-se a norma do local onde está situada a coisa ( ​Lex Rei Sitae), cabendo também ao regime de bens – arts. 8º, 10, § 2º e 12, § 1º, da LINDB, e à sucessão, quando há cônjuge ou filhos brasileiros – art. 5º, XXXI, da CF;

Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002

Referências

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