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CORRELAÇÕES GENÉTICAS ENTRE ESCORES DE AVALIAÇÃO VISUAL E CARACTERÍSTICAS MEDIDAS POR ULTRASSONOGRAFIA

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CORRELAÇÕES GENÉTICAS ENTRE ESCORES DE AVALIAÇÃO VISUAL E

CARACTERÍSTICAS MEDIDAS POR ULTRASSONOGRAFIA

ÁVILA, G.R. 1; JOSAHKIAN, L.A.2;

1Pós-graduando. Curso de Pós-Graduação em Julgamento de Raças Zebuínas, FAZU - Faculdades Associadas de Uberaba. e-mail: avilagr10@yahoo.com.br.

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Professor Msc. FAZU - Faculdades Associadas de Uberaba, Superintendente Técnico da ABCZ, Orientador, e-mail: abczsut@abcz.org.br

RESUMO: O aumento da produtividade, as melhorias dos índices zootécnicos e da qualidade da carne são buscados através do melhoramento genético. Dentre as ferramentas de avaliação disponíveis, há a avaliação visual e a ultrassonografia. Objetivou-se a partir deste trabalho avaliar os métodos de seleção por escores visuais e suas correlações genéticas com medidas de ultrassonografia, tendo por fim a maximização do ganho genético por geração. A avaliação por escores visuais tem como objetivo estimar a composição da carcaça dos animais, identificando aqueles que, pelo conjunto de características, chegarão ao ponto de abate mais cedo de maneira eficiente. A ultrassonografia in vivo estima a quantidade de gordura e massa muscular depositada ao longo da vida do animal. De maneira geral, as medidas obtidas por ultrassonografia e os escores de avaliação visual apresentam correlações positivas de magnitudes moderadas, podendo haver resposta correlacionada de uma característica selecionando outra.

PALAVRAS CHAVE: Ezognosia; Melhoramento genético; Exame por imagem.

GENETIC CORRELATIONS BETWEEN SCORES OF VISUAL ASSESSMENT AND CHARACTERISTICS MEASURES FOR ULTRASONOGRAPHY

ABSTRACT: The increase in productivity, improvements in performance indexes and meat quality are sought by breeding. Among the assessment tools available, there is the visual assessment and ultrasonography. The objective of starting this work was to evaluate the methods of selection for visual scores and their genetic correlations with measures of ultrasound, with the objective of maximizing the genetic gain per generation. The assessment by visual scores aims to estimate the carcass composition of animals, identifying those who, by the set of characteristics, reach the point of slaughter sooner efficiently. Ultrasonography in vivo estimates the amount of fat and muscle mass deposited along the animal's life. In general, the measurements obtained by ultrasonography and the visual scores show positive correlations of moderate magnitude, there may be a correlated response of a trait by selecting another.

KEY WORDS: Visual evaluation, breeding, ultrasound.

INTRODUÇÃO

O Brasil se destaca pela sua competitividade no agronegócio em diversos setores. Os números da produção tem se elevado em certas propriedades devido ao aumento da produtividade da agropecuária, pelo alto emprego de tecnologias e racionalização dos recursos para produção por parte de alguns produtores, em uma área que pouco se expande.

O território brasileiro possui o maior rebanho comercial de bovinos do mundo, com cerca de 180 milhões de cabeças, sendo que dessas, 80% são animais com sangue zebuíno e predomínio da raça nelore. (ANUALPEC, 2011).

Apesar da alta produção, a produtividade da bovinocultura de corte brasileira se encontra inferior à europeia e norte americana. Tal realidade é devida a fatores relacionados à genética do rebanho, ao sistema de criação e ao nível tecnológico adotados na maioria das propriedades rurais. No entanto, o Brasil apresenta alto potencial para aumentar a produtividade, visto que possui clima favorável ao crescimento de plantas forrageiras e extensas áreas utilizáveis pela pecuária e agricultura. Para

tanto, um dos aspectos importantes é a adoção de um processo de melhoramento genético do rebanho, levando ao aumento da produtividade, melhorias dos índices zootécnicos dos animais zebuínos e da qualidade do produto final.

Há, então, a necessidade de avaliação das características da carcaça dos animais, sendo indispensáveis ferramentas eficientes, de custo acessível e que permita uma avaliação rápida e menos dispendiosa em relação aos tradicionais testes de progênies. Neste ínterim, a avaliação visual vem sendo utilizada por programas de melhoramento, principalmente quanto à precocidade de terminação, quantidade e distribuição da carcaça.

Outra ferramenta utilizada neste contexto é a ultrassonografia, que passou a ser considerada, desde 1950, como técnica para a predição da composição da carcaça de bovinos de corte, tendo em conta que é uma tecnologia de baixo custo e de fácil aplicação, quando comparada à mensuração realizada diretamente na carcaça após o abate (YOKOO et al., 2009).

Portanto, objetivou-se a partir deste trabalho avaliar os métodos de seleção por escores visuais e suas correlações genéticas com medidas de ultrassonografia,

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tendo por fim a maximização do ganho genético por geração.

REVISÃO DA LITERATURA

O melhoramento genético se processa com base na escolha correta daqueles que participam, ou melhor, daqueles aos quais é dada a possibilidade de participar, do processo de constituição da geração seguinte. Este processo é denominado seleção e tem como efeito primário o aumento da frequência de genes favoráveis, e como resultado a alteração da média da população (LOPES, 2005).

A seleção de bovinos de corte no Brasil passou por fases distintas. Nas décadas de 1950 e 1960, os antigos selecionadores agiam baseados em suas próprias experiências e em manuais de zootecnia. Entretanto, faltava base para exercer a tarefa do melhoramento animal. Esta era a época da chamada “seleção para tipo”, que considerava características que não estivessem relacionadas à produção (DIBIASI, 2006).

Na década de 1970, mudaram-se os rumos da seleção. Os selecionadores buscavam, independentemente da idade, animais com maior peso corporal. A seleção exclusiva para peso na idade adulta resulta em animais mais tardios e mais exigentes quanto aos requerimentos nutricionais e que, quando não atendidos, aumentam o tempo de permanência desses animais destinados ao abate no rebanho, aumentando os custos de produção. Para as fêmeas destinadas à reprodução, o prejuízo é ainda maior, pois a reprodução é a primeira etapa a falhar quando às exigências nutricionais não são atendidas. (KOURY FILHO et al., 2010).

Desta forma, passaram a ser utilizados, pelos programas de melhoramento, os pesos em determinadas idades e as taxas de ganho de peso, principalmente por sua correlação positiva com outras características de interesse econômico semelhantes. (LOBO, 1996).

Avaliação visual

O olho humano é a ferramenta de seleção de bovinos de corte mais antiga, utilizada desde a domesticação dos animais e, até o momento, não existe nenhuma outra ferramenta capaz de mesclar a quantidade de informações que uma imagem é capaz de transmitir.

Baseado nisto muitos programas de melhoramento genético têm utilizado escores de avaliação visual para estimar a composição da carcaça dos animais e a velocidade que estes chegarão ao ponto de abate. O objetivo básico e direcional das características envolvidas na avaliação visual de diferentes tipos morfológicos é identificar aqueles animais que, nas condições viáveis de criação em consonância com o mercado consumidor, cumpram seu objetivo eficientemente em menos tempo. (JOSAHKIAN et al., 2003)

Considerando-se a afirmação de que dois animais de mesmo peso podem ser de biótipos totalmente diferentes, sustenta-se a utilização destas características avaliadas visualmente e ressalta-se a importância da

composição do peso, ou da carcaça, e não o peso final isoladamente.

Para que essas características fossem avaliadas, visando a avaliação indireta daquelas ligadas à carcaça, foi criada uma escala de medidas observadas visualmente, por meio de pontuações (escores). Estas, aliadas às medidas de peso para avaliação genética, vêm sendo utilizadas no Brasil desde a década de 1970, com a implantação do PROMEBO (Programa de Melhoramento Genético de Bovinos de Carne). A partir deste, diversos métodos de avaliação visual foram desenvolvidos para bovinos de corte, sendo a maioria resultante de modificações no sistema americano Ankony que, através de escores em escala de um a dez, avalia cinco características: Ausência de gordura excessiva; musculosidade; tamanho do esqueleto; aprumos e estrutura óssea; e caracterização racial. (DIBIASE, 2006)

EPMURAS

A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), por meio do Programa de Melhoramento Genético das Raças Zebuínas (PMGZ), criou um método de avaliação linear denominado EPMURAS que leva em conta sete características: estrutura (E), precocidade (P), musculatura (M), umbigo (U), racial (R), aprumos (A) e sexualidade (S). A descrição de cada característica segue conforme descrito por ABCZ (2003):

Estrutura (E): Prediz visualmente a área que o animal abrange visto de lado, olhando-se basicamente para o comprimento corporal e a profundidade de costelas. A área que o animal abrange está intimamente ligada aos seus limites em deposição de tecido muscular.

Precocidade (P): Avaliação do biótipo mais precoce, realizado com base na deposição de gordura subcutânea, buscando animais com maior profundidade de costelas em relação à altura de seus membros. Principalmente em idades mais jovens, em que muitas vezes os animais ainda não apresentam gordura de cobertura, o objetivo é identificar o desenho que corresponda a indivíduos que irão depositar gordura de acabamento mais precocemente, e que, via de regra, são os indivíduos com mais costelas em relação à altura de seus membros.

Musculosidade (M): Avaliada através da evidência das massas musculares. Animais mais musculosos e com os músculos bem distribuídos pelo corpo, além de pesarem mais na balança, apresentam melhor rendimento e qualidade da carcaça, o que reflete diretamente na lucratividade da atividade.

Umbigo (U): Avaliado a partir de uma referência do tamanho e do posicionamento do umbigo (umbigo, bainha e prepúcios), devendo ser penalizado os indivíduos que apresentarem prolapso de prepúcio.

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Caracterização Racial (R): Todos os itens previstos nos padrões raciais das respectivas raças zebuínas devem ser considerados. O tipo racial é um distintivo comercial forte e tem valor de mercado, o que, por si só, justifica sua inclusão em um programa de melhoramento.

Aprumos (A): Avaliados através das proporções, direções, angulações e articulações dos membros anteriores e posteriores. Animais com melhores aprumos são favorecidos por suportarem caminhar em busca do alimento em sistema extensivo predominante no Brasil. Na reprodução, bons aprumos são fundamentais para o macho efetuar bem a monta e para a fêmea suportá-la, além de estarem diretamente ligados ao período de permanência do indivíduo no rebanho.

Sexualidade (S): Busca-se masculinidade nos machos e feminilidade nas fêmeas, sendo que estas características deverão ser tanto mais acentuadas quanto maior a idade dos animais avaliados. Avaliam-se os genitais externos, que devem ser funcionais, de desenvolvimento condizente com a idade cronológica. Características sexuais do exterior do animal parecem estar diretamente ligadas à eficiência reprodutiva, e a reprodução é a característica de maior impacto financeiro na atividade.

As escalas de escores a serem seguidas para as avaliações visuais estão descritas na Tabela 1. A nota zero desclassifica o animal.

Tabela 1. Descrição de escores para a característica de avaliação visual.

CARACTERÍSTICA DESCL. ESCORES

Estrutura Corporal (E) 0 1 2 3 4 5 6

Precocidade (P) 0 1 2 3 4 5 6 Musculosidade (M) 0 1 2 3 4 5 6 Umbigo (U) 0 1 2 3 4 5 6 Racial (R) 0 1 2 3 4 Aprumos (A) 0 1 2 3 4 Sexualidade (S) 0 1 2 3 4

Fonte: Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (2003). De acordo com Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (2003), os escores de Estrutura corporal, Precocidade e Musculatura serão estabelecidos pela comparação entre animais de um mesmo lote criados em um grupo de contemporâneos e também um biótipo dentro da raça. Já, para as características raciais de aprumos e sexualidade, os escores serão atribuídos em relação aos padrões atribuídos pela ABCZ. Em relação ao umbigo, a escala referência é de acordo com padrões previamente estabelecidos (Figura 1).

A avaliação visual de um determinado lote de animais, que formam grupos de contemporâneos, deve ser realizada de maneira rápida e precisa. Os escores são individuais para cada animal e característica. Assim, um indivíduo pode ter notas E (4), P (6), M (5), U (4), R (3), A

(2) e S (4), por exemplo. Esta metodologia de avaliação visual tem duas aplicações práticas no processo de seleção. A primeira, é que se podem identificar todos os pontos negativos e positivos que coexistam no animal. A segunda, é que a avaliação no rebanho pode diagnosticar defeitos e qualidades mais frequentes na propriedade de forma simples e direta, através do resultado dos escores.

Figura 1 - Referência de escala de escores para característica de umbigo.

Fonte: Brasilcomz – Zootecnia Tropical, 2009.

CPMU

O método CPMU, desenvolvido pela empresa GenSys, gera informações utilizadas em diversos programas de melhoramento no Brasil. Este método se refere à avaliação das seguintes características: i) A conformação (C) considera a largura, profundidade e comprimento do indivíduo; a precocidade (P) é avaliada pela capacidade do indivíduo em armazenar gordura corporal e indica a precocidade ao acabamento; a musculatura (M) considera a massa muscular presente nos animais; e o umbigo (U) representa o tamanho e posicionamento do prepúcio. Este sistema de avaliação leva em consideração apenas quatro características, deixando de avaliar características importantes como aprumos e sexualidade.

O método consiste em aplicação de escores de um a cinco, relativos a cada característica dentro de um grupo contemporâneo. Dessa forma, o avaliador atribui nota um e cinco para os extremos, e três para os animais medianos. Na figura 2, faz-se um comparativo entre diferentes biótipos em relação à característica musculosidade.

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Figura 2 - Comparativo entre biotipo desejável (a) e indesejável (b) referente à característica musculatura.

Fonte: Ribas, 2008.

MERCOS

Desenvolvido pelo Programa de Melhoramento da Raça Nelore (Programa Nelore Brasil), o método MERCOS tem como objetivo identificar animais que apresentem maior número de características de importância econômica e melhorar alguns aspectos relacionados à composição do peso do animal (FARIA, 2007). As medidas são realizadas na época da desmama e ao sobreano. Neste método, são avaliadas as características: musculosidade (M); estrutura física (E); características raciais (R); conformação (C); ônfalo (O), - que diz respeito às características de umbigo - e sexualidade (S).

O método consiste na determinação do animal intermediário em relação ao grupo de contemporâneos ao qual pertence. Este receberá nota três e servirá como base de comparação para os outros animais do grupo. Os animais que expressam a característica de forma menos desejável receberão notas um e dois, já os mais desejáveis receberão notas quatro e cinco. Esta avaliação é feita para cada característica citada acima, com exceção dos aspectos sexuais, que é uma característica binária. Dessa forma, a avaliação é comparativa, e as notas atribuídas aos animais são relativas ao grupo de contemporâneos a que pertencem, não podendo as notas dos integrantes de um grupo ser comparadas com aquelas de outro grupo.

Técnica de Ultrassonografia

Outra forma de avaliar a composição de peso dos animais vem sendo usada mais recentemente: o ultrassom. Considerado um método não invasivo, o uso da ultrassonografia in vivo estima a quantidade de gordura e massa muscular depositada ao longo da vida do animal. Rapidez e confiabilidade são pontos que atribuem a esta tecnologia alto grau de repetibilidade em suas mensurações na carcaça. Dessa forma, as medidas de carcaças com o

uso da ultrassonografia apresentam considerável acurácia em rendimento de carne e aceitável predição em termos de qualidade (PREKINS et al., 1992).

Dentre as medidas ultrassonográficas, três são mensuradas nos animais: área do olho do lombo (AOL), espessura de gordura subcutânea (EG), gordura na garupa (P8) e porcentagem de gordura intramuscular (Figura 3).

Figura 3 - Locais das medidas de ultrassom.

Fonte: Sainz e Araújo, 2002.

A área de olho do lombo é utilizada como sendo uma indicadora da musculosidade, mensurada no

Longissimus dorsi, entre as 12ª e 13ª costelas, expressa em

cm2. Esta medida tem sido relacionada com o rendimento da carcaça e, principalmente, com o rendimento dos cortes de alto valor comercial (LUCHIARI FILHO, 2000).

A espessura de gordura subcutânea indica o grau de acabamento da carcaça e é medida no mesmo ponto da AOL. Essa camada de gordura de cobertura é essencial durante o resfriamento, que deve acontecer de forma lenta e gradual para não causar o encurtamento das fibras e, consequentemente, o endurecimento da carne. A falta de gordura de cobertura leva a uma perda excessiva de água ocasionando, além da perda de peso, o escurecimento da carne durante o resfriamento. (GORDO, 2010)

O ponto para a medida da deposição de gordura subcutânea na garupa é localizado entre os íleos e ísquios. Neste ponto, a deposição de gordura inicia-se mais cedo do que nas costelas e apresenta maior repetibilidade e acurácia de mensuração em relação à EG (YOKOO, 2005).

A gordura intramuscular, ou marmoreio, está associada com a palatabilidade, suculência, e levemente relacionado com a maciez. Esta medida também é determinada no Longissimus dorsi, sendo observada por pontos de gordura visíveis no músculo (FARIA, 2012).

Avaliação Visual X Ultrassonografia

Muito se discute a respeito da subjetividade dos métodos de avaliação visual, pela possível influência da interpretação pessoal de cada técnico, no entanto, segundo Koury Filho (2003), quando avaliados por técnicos

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capacitados, os escores de avaliações visuais apresentam alta repetibilidade entre as avaliações.

Da mesma forma, a avaliação por ultrassonografia também estaria sob influência da subjetividade dos técnicos pela mensuração no aparelho, como da calibragem do equipamento de ultrassom.

Para tanto, Waldner et al. (1992), avaliaram a acurácia das medidas por ultrasonografia, realizadas por quatro técnicos, com diferentes níveis de experiência, na colheita e interpretação de imagens, em animais da raça Brangus, dos quatro meses até dois anos de idade. Estes autores concluíram que aumentando a experiência de quem colhe as imagens, não foi observado aumento na acurácia das estimativas da AOL e da EGS e que os técnicos iniciantes podem ser facilmente treinados para interpretar EGS com a mesma precisão de técnicos mais experientes. Já para a AOL, os resultados não foram conclusivos, pois o técnico mais experiente não diferiu do técnico com um nível menor de experiência.

Entretanto, os autores concluíram que a experiência de quem interpreta as imagens é importante. Logo, pode-se afirmar que a ultra-sonografia é também, de certa forma, subjetiva.

Sendo assim, ambos os métodos (avaliações visuais e medidas de ultra-sonografia) devem ser utilizados em programas de seleção desde que haja mão de obra qualificada para aplicá-los, refletindo em uma maior qualidade de dados para a avaliação genética.

PARÂMETROS GENÉTICOS

Correlação indica a associação entre duas características, ou a interferência de uma característica pela expressão de outra, sendo o intervalo de variação de “-1” a “1”, e são os valores mais próximos de “1” e “-1” que indicam maior intensidade de interação entre as características. Correlação igual a “0” indica que as características não apresentam relações lineares. Já, correlações positivas indicam que duas características seguem o mesmo sentido, aumentando juntas ou diminuindo juntas, enquanto as correlações negativas indicam que as características seguem caminhos opostos.

Diversos trabalhos têm apresentado correlações genéticas positivas entre escores de avaliação visual e medidas por ultrassonografia. (Figueiredo, 2001; Dibiase, 2006; Yokoo, 2009; Albuquerque e Oliveira 2002). Em um estudo com machos da raça Nelore, Figueiredo (2001) encontrou valores de correlações de 0,22, 0,11 e 0,13 entre AOL e escores de avaliação visual de Musculosidade, Conformação e Precocidade, respectivamente. Desta forma, o autor afirmou que aqueles escores podem ser utilizados com critério de seleção para melhoria de AOL. O autor ainda comentou que, pela definição dada por Eler et al. (1996), a musculosidade é a característica que melhor selecionaria AOL por apresentar maior magnitude de correlação entre estas características.

Dibiase (2006) em um estudo com animais da raça Brangus, encontrou valores de correlação entre musculosidade e AOL de 0,327 sendo, portanto, números superiores descritos anteriormente. Maiores valores entre

AOL e musculosidade (0,61), estrutura (0,54) e precocidade (0,58) também foram descritos por Yokoo (2009) na raça Nelore.

Da mesma forma, Albuquerque & Oliveira (2002) também estimaram correlações positivas entre as características em questão, sendo 0,57, 0,56 e 0,63 entre AOL e escores de conformação, precocidade de terminação e musculatura, respectivamente.

Já para a EGS, Figueiredo (2001) encontrou correlações negativas com escores de musculosidade (-0,33), precocidade (-0,55) e conformação (-0,16). Assim como Eler (1996), o autor concluiu que animais de maior musculatura tendem a ter menos acabamento de gordura. Entretanto, Dibiase (2006) encontrou correlações entre EGS e Precocidade de 0,376 a 0,634, variando de acordo com o ano da avaliação. Outros autores também encontraram correlações moderadas entre EGS e precocidade, musculatura e conformação, sendo: 0,37, 0,63 e 0,11, respectivamente segundo Albuquerque e Oliveira (2002), e 0,40, 0,38 e -0,02 de acordo com Yokoo (2009) para as mesmas características, respectivamente.

De acordo com Figueiredo (2001) duas questões podem ser levantadas: ou o escore de precocidade não foi eficiente em avaliar a deposição de gordura subcutânea, ou a medida de EGS que não o foi. Tal autor concluiu que novas metodologias para a análise de dados de EGS devem ser estudadas, pois, a correlação genética negativa apontada por ele apenas evidencia que ambos medem coisas diferentes, não garantindo, todavia qual o lado que obteve precisão.

Quanto às correlações entre escores de estrutura, precocidade e musculosidade e EGP8 se comportaram semelhante à EGS, sendo -0,05, 0,42 e 0,41, respectivamente (Yokoo, 2009). Porém, segundo o mesmo autor, as estimativas de correlação genética entre espessuras de gordura (EGS e EGP8) e E não foram estatisticamente diferentes de zero (p>0,01), e sugerem que a seleção de animais para espessura de gordura não acarretará mudanças na característica estrutura corporal e vice-versa.

Infelizmente, poucos estudos avaliam a correlação genética entre Marmoreio e avaliações visuais. No entanto, Dibiase (2006) reportou correlações positivas de magnitudes baixas entre marmoreio e escores de precocidade: 0,217 a 0,310. Desta forma, mais trabalhos são necessários a fim de aperfeiçoar a utilização da avaliação visual em conjunto com técnicas de ultrassonografia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tanto as medidas de ultrassom como a avaliação visual podem ser incluídas nos programas de melhoramento, desde que sejam aplicados por técnicos treinados e, no caso da ultrassonografia, por aparelhos calibrados.

Os valores de correlações genéticas entre avaliações visuais e medidas feitas por ultrassonografia encontrados na literatura, sugerem que pode haver resposta

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correlacionada em uma característica ao se fazer a seleção para outra.

A grande variabilidade genética encontrada para as características na literatura sugerem que mais estudos devem ser realizados afim de aumentar a precisão do uso conjunto das ferramentas em questão.

REFERÊNCIAS

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