ABRIL, 1982
1
N." 281
MATuRAÇÃO
DE SEMENTES
DE
Cordia
goeldiana
HUBER
E M B R A P A
CENTRO DE PESQUISA AGROPECUARIA DO TR6PICO OMIDO
MINISTRO
DA AGRICULTURAãngelo Amaury Stabile
Presidente da EMBRAPA
Eliseu Roberto de Andrade Alves
Diretoria Executiva
da
EMBRAPAAgide Gorgatti Netto
-
Diretor José Prazeres Ramalho de Castro-
Diretor Raymundo Fonseca Souza-
DiretorChefia do CPATU
Cristo Nazaré Barbosa do Nascimento
-
ChefeJosé Furlan Junior
-
Chefe Adjunto TécnicoCIRCULAR TÉCNICA N." 28 Abril, 1982
MATURAÇAO DE SEMENTES
DE
Cordia
goeldiana HUBERMiltan Kanashiro Eng." Florestal
Noemi
Geraldes
ViannaEng." Florestal
E M B R A P A
CENTRO DE PESQUISA AGROPECUARIA DO TRdPICO ÚMIDO Belém, Par6
ISSN 0100-7556
Centro
de
Pesquisa Agropecuária do TrópicoÚmido
Trav. Dr. Enéas Pinheiro, s/n
Caixa Postal, 48 66.000
-
Belém, PA Telex [O911 1210Kanashiro, MIlton
Maturação de sementes de Cordia goeldiana, Huber por Milton
Kanashiro e Noemi Geraldes Vianna . Befém, EMBRAPA-CPATU, 1982. I 1 p . [EMBRAPA-CPATU . Circular Técnica, 283.
I
1. Sementes de fteijd - Maturação. 1 . Vianna, Noemi Ge-S U M A R I O
INTRODUÇÃO
...
5MATERIAL E MÉTODOS
...
Caracterizacãodo experimento
...
Instalação
e avaliaçãado
experimento...
RESULTADOS
...
8DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
...
I 0CONCLUSÕES
...
10MATURAÇAO DE SEMENTES DE Corda goeldiana HUBER C11
RESUMO : São apresentadas informações obtidas em vlvelro sobre
emergencia de plântulas de Cordia goeldiana (frei16 cinza) com s e mentes coletadas em diferentes épocas. determinando o ponto de
maturaçáo da esp6cle. Foi verificado que sementes com 57mm de
diâmetro (tamanho normal] e passando de cor verde para a mamm
apresentam maior percentagem de emergbncia [68,0°/~]. Os resulta-
dos obtidos são mostrados em tabela e figura.
Cordia
goeldiana Htrber.
pertence à famfliaBoraginaceae
e temgrande potencial para utiliraç5o em diversos sistemas de regenera-
ção artificial para a Amazônia. Ocorre naturalmente nesta região em locais de clima Afi,
Ami
e Awi (sistema de Kõppen] de acordo com Çarpanezzi [1980]. As coneentraçóes populacionais são escassas,devido a intensa exploração que
vem
sofrendo. C ainda característi-ca própria da espécie
apresentar
baixadensidade
populacional,re-
gistrado por Rizzini (19711.
Surgindo através das resultados de pesquisa
como
espécie pro-missora
paraplantações,
se faz sentir paulatinamente a falta de co-nheci m e n t o ~ aplicáveis à coleta, benef iciamento e armazenamento
das sementes, Si medida que aumenta a necessidade das mesmas.
Atualmente, as coletas de C . goeldiana são executadas em florestas
naturais e por isso muito dispendiosas. Seus frutos/sementes são pequenos e disseminam-se pela ação do venta. sendo praticamente
inviável juntar sementes no
chão.
[Kanashira, 1980).O conhecimento de
alguns
caracteres
fenoldgicos que ocorremdo
florescimento à dispersão das sementes possibilita programar deforma racional a coleta de sementes. Há um estágio em que a se- mente está em sua máxima qualidade fisiológica [ponto de matura- ção fisiológica] apresentando o m5ximo de germinagáo e vigor ECar- valho & Nakagawa, 1980).
Para diferentes espécies, este
estágio
se caracteriza através de várias maneiras [coloração dos frutos, trincamento, tamanho, densi- dade, etc.].
AIguns
trabalhos realizados. comCordia
allidora sobreépocas adequadas
para
coleta de sementes, concluem que as mes-mas poderiam ser coletadas três ou quatro semanas antes da disse- minadão natural (Tschinkel, 1966).
€
importante salientar que, osu-
cesso das coletas de sementes na árvore, depende da fixação de um indicador prático e seguro. Para Dyira costulatri, uma Dípterocarpa- ceae importante da Malásia, os frutos são coletados na árvore quan- do o fendilhamento das vagens se inicia. Em coletas de
grande
es-cala é difícil obter todos os frutos no mesmo estágio, contudo vagens
que são levemente amarronzadas
com
rugas podem sercoletadas.
Quando as qualidades de sementes são mínimas podem ser coleta-
das no chão, mantendo o local
limpo
de qualquer vegetação [Vap,1980).
Prática
semelhante a essa pode ser empregadapara
Cordia allidoia, aumentando o rendimento quando há possibilidade de es- tender lanss sob as copas das arvores. As sementes maduras quepassam de verde
para
marrom, caem quando as copas são balança-das fortemente [Stead, 1980).
Trabalhos de matu ração realizados com
Gmelina
arborea atravésde testes de gerrninaçãio indicaram a superioridade dos frutos ver-
des, verde-amarelos e
amarelos
(91,6%; 94,6% e 91,9%, respectiva-mente), coletados no chão, quando comparados aos de cor marrom
(52,6%), também coletados no chão e aos de cor verde /90,6%) co- letado~ na arvore [Aminuddin & Zakaria, 19801.
Estes
autores atribuema perda de viabilidade das sementes obtidas de frutos marrons aos produtos de fermentação do pericarpo, e consideram inviável a coie- ta dos frutos verdes na
árvore
por elevar o custo, danificar as copase apresentar germinaçãio alta, porém, irregular, provavelmente, devi-
do ao processo incompleto de maturaçao dos frutos.
Há outros indices seguros de matur-ão, como densidade dos
cones para Pinus
spp,
lembrando que cada espécie apresenta umade frutos, como é o caso de Douglas-fir (Pseudotsuga-menziienziil que apresentam elevado teor de açúcar quando maduros.
Estes
ín-dices determinados de forma menos prática só são utilizados quando o
programa
de coletad e
sementes é importantee
certamenteo
re-torno
será
compensável.
Dada a importância alcan~ada por
C.
gaeldiana como apção paraplantaçóes, o reconhecimento
prático
do estágiode maturação
idealpara
coleta de sementes na árvore permitirámenor
custo de produ- ção e sementesde
melhor qualidade fisiológica.MATERIAL E METODOS Caracterizacão
do
experimentoAs sementes
de
C .goeldiana
foram obtidas de plantio noCam-
po Experimental de
Belterra
com seis anosde
idade.
Este plantio éproveniente de mudas de regeneração natural
procedente
de Tomé- Açu [PAI. Foram coletadas de cinco árvores que floresceram ao mes- mo tempo.As coletas tiveram início quinze dias após o florescimento, em
intervalos de
cinco
dias, numtotal
de
seis coletas.Em
cada
coletarealizada,
o material foiidentificado
de acordocom
o estádio apresentado, baseado nodesenvolvimento
e colora-ção
dos frutos.
No
período
de
disseminação os frutos/sernentes elipsóides variam de 7-9mm de comprimento e 3-5mm de diâmetro ea
coloração
émarrom.
Das coletas efetuadasos
estádios registra-dos dos
frutos foram:
1."
coleta
-
fruto
de GOTverde
em estádio inicial dedesenvol-
vimento.
2."
coleta
-
fruto de
cor
verde, comdesenvolvimento
mais
avan-çado.
3." coleta
-
fruto decor verde,
estádio médiod e desenvolvi.
4." coleta
-
fruto de cor verde, praticamente desenvolvido. 5." coleta-
fruto passando de cor verde a marrom e bem de-senvolvido.
6.' coleta
-
fruto com predominância da cor marrom em está-dio final de desenvolvimento. Instalação e avaliação do experimento
O experimento foi instalado no viveiro do Campo Experimentz! de BeIterra, Santarém-PA
.
Foram utilizadas sementeiras comuns de viveiro com substratc, de terra preta do índio [Iatossolo amarelo hú-mico antropogênico distrófico) e utilizada serragem de madeira para
a cobertura das sementes.
As sementes foram semeadas a medida que as coletas
iam
sen-do realizadas. O de1 ineamento experimental foi inteiramente casua-
lizado com quatro repetições. A partir do início da emergência das plântulas foram realizadas contagens diárias durante o período de vinte e cinco dias. Os dados coletados são fornecidos em percen- tagem.
RESULTADOS
Na
Tabela 1 são apresentados os dados referentes ao i'.", 14.', 19.0e 24." dias, após o inicio da emergência.
TABELA 1 - Resultados médios de emergência em percentagem.
Coletas Período p/início de Dias apds inicio de emergência
emergência [Dias)
--
7 i 4 19 24
Os dados tomados diariamente para os diferentes estádios de
maturaçáo sáo apresentados nas curvas de emergência, mostrados
na
figura 1.
LEGf MD*
*
T O - . O 2 r 'O- 5 $0.. 0 .- ," 40- r 0 : 30- W t o - .-
.C--.-.-'-'-'-.-- --- -
- -
- - ---
- --
- --
i i 7 li ti i i; i, i, zsFig. i
-
Curvas de emergbncia para diferentes estádios de maturaçáo,DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
As coletas nos diversos estádios de maturação dos frutos/se-
mentes
forneceram diferentes resultados de emergência. Essesre-
sultados mostraram que a medida que os frutos se desenvolveram, houve um aumento na percentagem de
emergência,
até alcançar um valor máximo. Logo apos esseponto.
a percentagem de emergên- cia começou a diminuir, coincidindo com o inicio da dispersão dosfrutos ,
O
estádio que apresentou maior percentagem de emergência foireferente a quinta-coleta [68,0%), diminuindo um pouco no estádio posterior (62,O
% I .
Deve-se ressaltar também que os
períodos
para oinicio
da emer. gência diminuíram da primeira 5 última coleta efetuada. Enquantopara
Cordia
alliodora, segundoTschinkel
[ I 967),sementes
coletadasseis
semanas
antes da disseminação natural não germinaram, as mes- mas atingiram o máximo de germinação quando coletadas trêssema-
nas antes do início da queda natural. Para
Cordia
goeldiana pode-se notar que no estádio de melhor emergência os frutos estavam pas- sando dacor
verdepara
a
marrom atingindo praticamente seu tama- nho natural (5,O-7,Omm de comprimento e 3-5mm de diâmetro];Embora os testes tenham sido realizados em
condições
de vi- veiro, osresultados
obtidos fornecem boa indicaçãoda época
em que as sementes deCordia
goeldianadevem
ser coletadas.Em função dos resultados, pode-se considerar que a melhor
epo-
ca para
coletar
os frutos/sementes équando
os mesmosestão
mu-dando
da
cor verde para amarrom, e
já atingiram o seu tamanhona-
tural.
Neste estádio, as sementes
emergem
22 dias, em média,ap0s
a semeadura.Recomenda-se a repetição deste trabalho em
condições
melhor controladas, a fim de que os dados possamser
comprovados.KANASHIRO, M. & VIANNA, N.G. Matureçáa de semem tes de Cordia goeldiana' Huber. BelBm, EMBRAPA-
CPATU, 1982. I 1 p . (EMBRAPA-CPATU. Circular
78cnica, 28).
ABSTRACT: Seeds of Cordia goeldiana (freij6 cinza] were collected
in cfifferent stages of developrnent. Emergente of seedIings In a
nursery bed was used to determine the point of maturation. It was
shown that seeds with the highest percentage of seedling emergence
(68,0°/~) were those 57rnrn In length and 3-5mm in diameter (normal
size] and tending from green to brown in colour. nie results
AMINUDDIN, B.M. & ZA'KARIA, B.I. GradJng of Gmeltna a k t e a [yemane] fruits by
colour
.
Malayslan Forester, Kepong, 43 (3): 337-9, 1980.CARVALHO, M.M. & NAKAGAWA, .i. Sementes, Clbncia, Temolagia e Produção.
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.
Belern, EMBRAPA-CPATU, 1980. 3p. (EM BRAPA-CPATU. Pes-quisa em Andamento, 51.
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