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Estudo transversal de portadores de prótese tipo protocolo

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Academic year: 2021

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Cross-sectional study of carriers of Brånemark protocol prostheses

Alcides Oliveira de MELO1, Renato de FREiTAs2

Estudo transversal de portadores de prótese tipo protocolo

1. Graduando em Odontologia, Faculdade de Odontologia de Bauru, universidade de são Paulo, Bauru, sP, Brasil.

2. Doutor em Reabilitação Oral. Professor Assistente Doutor do Departamento de Prótese, Faculdade de Odontologia de Bauru, universidade de são Paulo, Bauru, sP, Brasil.

Recebido: 16/12/2011

Aceito: 30/03/2012

RESUMO

O objetivo foi realizar o acompanhamento de pacientes que instalaram próteses tipo protocolo de Brånemark em uma clínica particular para avaliar os sucessos e insucessos na reabilitação oral. Foi realizado o exame clínico e radiográfico (panorâmica) de 14 pacientes. A média de idade dos pacientes era de 64,14 anos. não foi encontrada nenhuma fratura de componente metálico. Quatro pacientes apresentaram diferentes graus de desgaste dos dentes e uma paciente apresentou fratura do elemento 41. uma paciente apresentou soltura do parafuso final e foi encaminhada para retorque. A satisfação funcional (mastigação) dos pacientes foi de 92,86%, enquanto a estética e a fonética apresentaram 100%. Três pacientes necessitaram de reembasamento das próteses totais convencionais superiores e outras três apresentaram manchamento dos orifícios de resina da prótese inferior. Duas pacientes tiveram reabsorção óssea na região anterior e houve aparecimento das roscas dos implantes. nenhum paciente apresentou higiene péssima, mas 79% apresentavam níveis de bom à ruim. A média de tempo de instalação das próteses era de 32,07 meses, sendo o maior acompanhamento de oito anos. Dos pacientes avaliados, 36% nunca haviam feito ou fizeram apenas um controle das próteses após a instalação. O controle e a manutenção periódica são os fatores mais importantes da reabilitação oral, mantendo em perfeitas condições o sistema estomatognático, e, as radiografias panorâmicas são métodos complementares fundamentais no controle de pacientes com próteses fixas implantossuportadas para a verificação de falhas ou alterações no tecido ósseo peri-implantar.

Palavras-chave: Prótese dentária. Radiografia panorâmica. Prótese dentária fixada por implante.

Endereço para correspondência:

Alcides Oliveira de Melo Rua Veríssimo da silva, 576

08275-270 – são Paulo – são Paulo - Brasil E-mail: aomelo2@hotmail.com

AbstrAct

The aim was perform a follow-up of patients that installed their Brånemark protocol prostheses in a particular clinic to evaluate the success and failures in oral rehabilitation. It was made the clinic and radiographic exam (panoramic) of 14 patients. The patients’ age average was of 64,14 years old. It was not found any fracture of metallic components. Four patients presented different degrees of teeth’s wear and one patient presented fracture of the 41 element. One patient had the final screw loose and was guided to a retorque. The patient’s functional satisfaction (chewing) was of 92,86%, whilst the esthetics and phonetics had 100%. Three patients needed to reline the superior conventional total prostheses and other three patients presented spots on the resin orifice of the inferior prosthesis. Two patients had bone resorption on the anterior region and the implants threads was showed up. None patient presented an awful hygiene, but 79% presented from good to bad levels. The time average of the prostheses installation was of 32,07 months, been the longest follow-up of eight years. From the evaluated patients, 36% of them had never done or just made it once the control after the prosthesis installation. It was concluded that the control and the periodic maintenance are the most important factors of the oral rehabilitation, keeping in perfect conditions the stomatognathic system, and the panoramic radiographies are complementary methods, essentials on the control of patients with implant-supported fixed prostheses, checking the failures or changes in the peri-implant bone tissue.

Key words: Dental prosthesis. Radiography, panoramic. Dental

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O advento da implantodontia e a descoberta da osseointegração por Per--Ingvar Brånemark na década de 60, possibilitaram a busca e o desenvol-vimento da reabilitação com próteses implantossuportadas4. Atualmente,

o modelo de prótese fixa estudada por Brånemark é uma das principais indicações para reabilitar pacientes edêntulos com próteses implantos-suportadas, e por esse motivo são também denominadas próteses tipo protocolo (protocolo de Brånemark). Esse protocolo consiste em quatro a seis implantes instalados na mandíbula3,8, sobre os quais é confeccionada

uma barra metálica que irá receber a estrutura de resina acrílica. Quando possível, as próteses do tipo protocolo são a primeira indicação nas reabili-tações orais. Porém, com o desenvolvimento de novas tecnologias, diversos tipos de implantes e componentes foram surgindo para ampliar as opções de tratamento. Esse desenvolvimento trouxe também novas dúvidas aos profissionais, tornando sua indicação mais precisa, o que favoreceu o de-senvolvimento de falhas e/ou fracassos nas reabilitações3.

Várias podem ser as falhas e complicações protéticas que podem cau-sar maiores transtornos durante e/ou após a reabilitação com próteses implantossuportadas. Além disso, como as demais alternativas de rea-bilitação, as próteses do tipo protocolo devem ser planejadas de modo a facilitar a higiene pelo paciente. Encontramos na literatura casos de fratura de implante2,16,19, fratura ou afrouxamento do parafuso do pilar

intermediário2-3,11-14,16,19,23, fratura ou afrouxamento do parafuso final de

retenção da prótese12, fratura da base ou dentes de acrílico9-10,13,19, e

fra-tura da estrufra-tura metálica 3,5,19,23.

Para tentar evitar esses problemas durante ou após a reabilitação, avalia-ções clínicas e radiográficas devem ser realizadas. No tratamento com próte-ses implantossuportadas espróte-ses são os meios de monitoramento e manutenção para evitar complicações desnecessárias sendo importante a colaboração por parte do paciente10,16,19. Com base nos dados apresentados, fica evidente a

importância de um acompanhamento periódico para avaliar as condições da prótese instalada, além das condições de higiene por parte do paciente, para evitar que falhas ou complicações ocorram desnecessariamente causando transtorno para os mesmos. Buscando informações sobre a longevidade das próteses implantossuportadas, o alvo da pesquisa foi verificar se houve insu-cessos ou complicações de próteses instaladas no arco inferior de pacientes de uma clínica particular da cidade de Bauru/SP.

MATERIAL E MÉTODOS

Trinta pacientes de uma clínica particular localizada em Bauru – SP foram selecionados a partir do estudo prévio dos prontuários odonto-lógicos e foram incluídos aqueles que haviam sido reabilitados com im-plantossuportadas do tipo protocolo de Brånemark no arco inferior e PT convencional no arco superior. Após análise dos prontuários, os pacientes foram chamados a retornar a clínica para avaliação longitudinal e análise da radiografia panorâmica para controle. Existe na literatura um aconse-lhamento da necessidade desse controle longitudinal pelos portadores de próteses implantossuportadas, para verificar a presença de problemas ou

Durante as ligações os pacientes foram relembrados da importância de um controle longitudinal e da imagem radiográfica como método comple-mentar de avaliação. Porém, foram registradas algumas intercorrências com relação à participação dos pacientes. Dos 30 pacientes, cinco se recusa-ram a fazer o controle, mesmo após a explicação da importância, pois acre-ditavam que não havia necessidade de controle no momento da ligação, ou por questões financeiras, pois muitos dos pacientes atendidos na clínica são de outras cidades; dois haviam realizado manutenção há pouco tempo e não quiseram retornar novamente; dois pacientes não puderam agendar a consulta de avaliação, devido alguma complicação de saúde sistêmica que o impossibilitava de comparecer na clínica fosse por condições físicas ou de agendamento; três faltaram nos retornos agendados; uma paciente foi ex-cluída, pois havia feito protocolo no arco superior; três pacientes não foram encontrados devido ao grande período de tempo sem controle e alteração de endereço e/ou telefone. Logo, a amostra final foi composta de 14 pacien-tes, todos reabilitados com prótese total convencional superior e protocolo implantossuportada inferior. Ao chegarem à clínica, os pacientes receberam as devidas informações sobre a pesquisa e concordaram em participar da mesma através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

As avaliações consistiram no minucioso exame clínico do paciente verifi-cando a estabilidade das próteses, a presença ou ausência de fraturas ou des-gastes, a qualidade dos tecidos peri-implantares e a qualidade de higiene por parte do paciente. Além disso, a análise radiográfica através das radiografias panorâmicas confirmou se havia ou não alguma alteração da adaptação das próteses sobre os implantes e permitiu a avaliação do osso na região peri--implantar. Todos os dados foram cuidadosamente avaliados e anotados em uma ficha clínica elaborada e foi verificado se havia a necessidade de algum tipo de tratamento. Aqueles que apresentaram alguma alteração tanto na prótese implantossuportada como na convencional foram orientados e en-caminhados para resolução do problema.

Os pacientes foram questionados sobre a satisfação após a instalação da prótese nos quesitos: estética, função (mastigatória) e fonação. Foram designados três níveis para cada item, sendo que os pacientes poderiam optar por totalmente satisfeitos, parcialmente satisfeitos ou insatisfeitos. A análise do grau de higiene dos pacientes foi realizada através de níveis de higiene que poderiam variar entre ótimo, bom, regular, ruim ou péssimo. O ótimo representava os pacientes que apresentavam pouca placa por lingual dos implantes anteriores (área de difícil acesso) ou nenhuma placa; bom, quando apresentavam pouca quantidade de placa e cálculo por lingual; re-gular quando apresentava cálculo em alguns dentes; ruim quando além de presença de placa e/ou cálculo, o paciente relatava não fazer uso de escova interdental e/ou fio dental para higiene, e péssimo, quando havia grande quantidade de placa e cálculo distribuídos pela prótese.

Após a obtenção de todos os dados, os mesmos foram tabelados e a aná-lise da presença de complicações protéticas foi verificada. Os dados foram dispostos sob forma de gráficos. As percentagens foram estabelecidas e a média e o desvio padrão também foram analisados para a idade dos pacien-tes e para o tempo de instalação das própacien-teses.

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Melo AO de, Freitas R de

RESULTADOS

Quatorze pacientes da clínica particular foram avaliados longitudinal-mente através do exame clínico e análise radiográfica (radiografia pano-râmica). As avaliações possibilitaram verificar a estabilidade das próteses, a presença ou ausência de fraturas ou desgastes, a qualidade dos tecidos peri-implantares e a qualidade de higiene por parte do paciente. A aná-lise radiográfica das radiografias panorâmicas confirmou se havia ou não alguma alteração da adaptação das próteses sobre os intermediários ou implantes, permitiu a avaliação do osso na região peri-implantar, além de servir como documentação comparativa de todos os atendimentos clíni-cos realizados pelos clientes.

A média de idade dos pacientes foi de 64,14 anos (variando entre 52 e 84 anos) com desvio padrão ± 10,52 anos. Com relação ao gênero dos pa-cientes, cinco eram homens e nove mulheres, 36% e 64% respectivamen-te. A presença de complicações ou falhas nas próteses foi praticamente inexistente. A maioria das complicações como fratura do implante, fratu-ra do pafratu-rafuso do abutment, ffratu-ratufratu-ra da barfratu-ra metálica, ffratu-ratufratu-ra do acrílico não estavam presentes na amostra estudada, apresentando 100% de sucesso clínico (Figura 1).

*Fi – fratura do implante; FPA – fratura do parafuso do abutment; FBM – fratura da barra metálica; FPP; fratura do parafuso protético; FA – fratura do acrílico

figura 1 – Complicações protéticas registradas.

A fratura do parafuso protético também não ocorreu, contudo, uma pacientes apresentou afrouxamento de parafuso, e a prótese se apresentava com mobilidade necessitando de apertamento do mesmo. A principal complicação foi a fratura ou desgaste dos dentes de acrílico da prótese representando 36% dos pacientes. Quatro apresentaram diferentes graus de desgaste dos dentes e uma paciente apresentou fratura do elemento 41.

O tempo de instalação das próteses teve uma grande variação (dois a 96 meses) e com média de 32,07 meses com desvio padrão de ± 30,51 meses. Essa grande diferença se deu porque uma das pacientes apresentou fratura do dente de acrílico dois meses após a instalação da prótese, enquanto o controle de maior duração foi de uma paciente que apresentava a mesma prótese com acompanhamento de oito anos (Figura 2). Dos pacientes analisados nove (64%) realizavam controle posterior após a instalação das próteses, enquanto que os demais haviam feito uma ou nenhuma manutenção.

figura 2 – Tempo de acompanhamento das próteses tipo protocolo em meses. O maior acompanhamento foi de 96 meses (oito anos) e o menor de 2 meses.

Quando avaliado o grau de higiene dos pacientes (Figura 3), nenhum paciente apresentou higiene péssima. Aqueles que apresentaram higiene entre níveis ótimo e bom foram reorientados quanto à higiene oral e os que apresentaram graus entre regular e ruim foram orientados e encaminhados para realização de uma sessão de limpeza da prótese. A presença de placa e cálculo foi o achado mais encontrado dentre os pacientes analisados no estudo (Figura 4)

figura 3 – Grau de higiene dos pacientes de acordo com a presença de placa e/ou cálculo.

figura 4 –Presença de placa na região dos implantes anteriores evidenciando a dificuldade de higienização da área.

Com relação à satisfação dos pacientes com a prótese, quando questionados sobre a estética, fonética e função mastigatória, apenas

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sAT_EsT – satisfação estética; sAT_Fun – satisfação funcional (mastigatória); sAT_FOn – satisfação fonatória

figura 5 – Grau de satisfação dos pacientes.

Todos os pacientes apresentavam PT convencional como antagonista. Desses, três necessitaram de reembasamento, dois deles devido à presença de tecido gengival flácido (Figura 6) e um devido à desadaptação. Além disso, alguns pacientes necessitaram de ajuste oclusal (Figura 7) das próteses, o que foi realizado para tirar o paciente de uma condição oclusal insatisfatória.

figura 6 – A) A presença de gengiva flácida no rebordo do paciente levou a necessidade de reembasamento da prótese. B) Tecido gengival flácido sendo manipulado.

figura 7 – PT convencional com necessidade de ajuste oclusal.

apresentou pigmentação da prótese por fumo. Essa mesma paciente após controle de um ano e sete meses apresentava uma perda óssea significante (Figura 9) na região do elemento 41 evidenciando as roscas do implante (Figura 10), porém a prótese ainda apresentava estabilidade satisfatória e o implante estava sem mobilidade.

figura 8 – Orifícios de resina com alteração de cor (setas) de uma paciente com controle de oito anos.

figura 9 – Paciente com reabsorção óssea horizontal na região dos incisivos inferiores, devido o hábito de fumar. A paciente apresentava roscas expostas no implante da região do elemento 41, porém a osseointegração estava satisfatórias.

figura 10 – Perda óssea acentuada na região do elemento 41 por fumo e aparecimento das roscas do implante.

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Com relação aos resultados radiográficos, todas as próteses estavam em perfeitas condições de osseointegração e estabilidade, com exceção de uma paciente com controle de oito anos com intermediários tipo convencionais (Standard) (Figuras 11 e 12), e soltura dos parafusos protéticos o que causou a falta de desadaptação da barra aos pilares na imagem radiográfica (Figura 13), comprovado após colocação dos parafusos corretamente.

figura 11 – Paciente apresentou soltura do parafuso final da prótese. note a grande quantidade de placa sob a barra e a exposição das roscas dos implantes da região anterior.

figura 12 – imagem radiográfica de uma paciente com prótese instalada há 8 anos.

figura 13 – imagem radiográfica da panorâmica aumentada. Presença de “gap” (setas) entre a estrutura metálica e os pilares devido ao afrouxamento dos parafusos finais.

DISCUSSÃO

Nos últimos anos, houve um aumento na população idosa e consequen-temente um aumento dos pacientes submetidos a tratamentos com im-plantes osseointegrados. As próteses fixas implantossuportadas são hoje uma das principais indicações para os pacientes que possuem qualidade e quantidade ósseas adequadas e almejam próteses que permitam maior estabilidade e retenção, bem como uma estética favorável20.

Porém, como todos os sistemas, pode apresentar complicações tanto na fase cirúrgica, como na fase de instalação da prótese. Além disso, no perí-odo pós-instalação, é de extrema importância que o paciente participe de um rigoroso controle longitudinal para acompanhar a prótese sob função e se for necessário realizar as manutenções corretivas. Logo, o sucesso do tratamento com próteses do tipo protocolo depende também da participa-ção ativa do paciente durante esse período. A reversibilidade das próteses tipo protocolo é uma facilidade que favorece o prognóstico satisfatório do tratamento, caso ocorra alguma intercorrência. Além disso, permite uma avaliação individual do implante, inspeção do tecido mole, modificações protéticas necessárias e se houver algum tratamento necessário futura-mente este poderá ser mais fácil e menos custoso12,14.

Foi realizada avaliação clínica e radiográfica de 14 pacientes da clíni-ca particular. A maioria das compliclíni-cações protéticlíni-cas pesquisadas estava ausente: em nenhum dos pacientes foi verificada fratura do implante, fratura do parafuso do abutment, fratura da barra metálica, fratura do acrílico ou fratura do parafuso protético. Esse quadro de 100% de sucesso é atribuído a diversos fatores como ausência de discrepâncias de adapta-ção implante/abutment, má distribuiadapta-ção das cargas oclusais, oclusão pre-matura, hábitos parafuncionais, reabsorção óssea excessiva e/ou cargas oclusais em implantes mal posicionados3. Além disso, as próteses

apre-sentavam passividade de inserção, e sua estrutura metálica formato que evitava enfraquecimentos estruturais, com soldas adequadas evitando o aparecimento de bolhas durante sua fundição7. Outro dado relevante a

ser notado é o fato das próteses serem confeccionadas em uma clínica particular, onde o profissional tem um contato aproximado com os proté-ticos, reduzindo assim possíveis falhas laboratoriais que possam ocorrer durante o processo de confecção e instalação da prótese.

O tempo de instalação das próteses variou de dois a 96 meses com mé-dia de 32,07 meses e desvio padrão de ± 30,51 meses. Essa grande variação ocorreu, pois uma paciente retornou após dois meses de instalação da pró-tese com fratura de um dente de acrílico. A complicação de maior ocorrência foi o desgaste ou fratura dos dentes de acrílico. Dos 14 pacientes, quatro apresentaram desgaste dos dentes e uma apresentou fratura do elemento 41. A paciente relatou que o dente fraturou “enquanto comia pão”. Estudos demonstram que o desgaste e a fratura dos dentes de resina, além da fratura dos demais componentes protéticos parafusados, indica estresse de carga12.

O maior tempo de acompanhamento das próteses instaladas foi de oito anos. A paciente apresentou afrouxamento do parafuso protético e a pró-tese apresentava mobilidade correlacionado à presença de forças oclusais excessivas ou mesmo hábitos parafuncionais, porém neste caso a paciente apresentava a prótese instalada há muito tempo, e durante todo esse perí-odo havia feito apenas um controle longitudinal. Quando comparamos com outros trabalhos6 podemos verificar que a incidência de afrouxamento dos

parafusos está dentro dos números encontrados com relação ao tempo.

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aqueles pacientes que possuem maior nível de exigência. Outra grande van-tagem deste perfil de acrílico é poder o cirurgião dentista acrescentar ou remover o acrílico na parte cervical/gengival desta prótese de acordo com a dificuldade de higienização de cada cliente. Porém, ao avaliar a satisfação dos pacientes encontrou-se 100% de satisfação estética e fonética após a instalação da prótese, o que é atribuído pela passagem de uma condição desfavorável para uma condição favorável de retenção e estabilidade na qual a estética passa a ser um fator secundário.

Uma paciente relatou estar parcialmente satisfeita com a função mastiga-tória, devido à presença de desgaste dos dentes de acrílico. O achado é atri-buído ao histórico da paciente no período de carga protética. Durante os seis anos de instalação a paciente parou de fumar havia dois anos, entrou em de-pressão e a partir daí passou a mascar chicletes diariamente o que causou uma sobrecarga funcional e consequentemente desgaste dental12. Apesar disso, a

satisfação dos pacientes está de acordo com outros estudos longitudinais5,17.

A presença de placa nas próteses foi o achado mais encontrado. O acú-mulo de placa na prótese pode trazer prejuízos para o prognóstico do trata-mento podendo causar problemas como mucosite ou até mesmo levando à perda óssea ao redor dos implantes18. Quando o grau de higiene foi avaliado,

nenhum paciente apresentou qualidade de higiene péssima. Uma paciente relatou não utilizar escova interdental ou fio para limpeza da prótese apesar de sua condição de higiene estar parcialmente satisfatória, sendo assim foi classificada com grau de higiene ruim.

Um fato verificado após a colocação das próteses tipo protocolo é a dificuldade que os pacientes têm com a higienização pelo motivo de-les virem de uma prótese total destacável, e esta agora ser parafusada. A prótese deve apresentar um perfil que favoreça a higienização e re-duza o acúmulo de alimentos, e uma alternativa são as próteses com perfil gengival reversível8. Esse perfil gengival reversível possibilita nós

aumentarmos ou diminuirmos o espaço para essa higienização depen-dendo do comportamento dos pacientes em relação à higiene após a colocação das próteses. Aqueles que apresentam dificuldades para hi-gienização devem ser muito bem orientados quanto às técnicas e dispo-sitivos adequados, ou durante o planejamento deve-se optar pelo perfil padrão, no qual os pilares promovem um espaço entre o tecido gengival e a prótese, o que causa maior acúmulo de alimentos, porém nesse caso facilitaria a higienização. O profissional deve estar atento para que os pacientes que receberem próteses fixas implantossuportadas tenham facilidade não só no momento da instalação, mas que, com o passar dos anos e o aparecimento de comprometimentos motores fisiológicos, a higiene não seja comprometida.

figura 14 – A) paciente com perfil de prótese estético promovendo menor espaço para higiene e consequentemente menos “espaços negros”. B) paciente com perfil protético onde o comprimento dos pilares deixa um maior espaço para higiene, porém com estética inferior.

Uma dessas pacientes possuía as manchas devido ao hábito de fumar. De qualquer modo, esse é um achado relativamente raro encontrado na literatura, mas que deve ser avaliado durante a manutenção da prótese23. Essa mesma paciente teve uma grande exposição das roscas

do implante na região do dente 41, com apenas 19 meses de insta-lação, o que evidencia o impacto negativo do fumo no prognóstico do tratamento. Apesar da exposição do implante a prótese apresentava estabilidade clínica. Outra paciente também apresentou aparecimento das roscas, na região anterior inferiores, atribuído ao longo período de instalação (oito anos) somado à grande presença de placa, e ausência de controle posterior, levando a reabsorção óssea6. As pacientes foram

encaminhadas para sessão de limpeza da prótese e orientação de hi-giene, pois apresentava grau de higiene regular.

Todos os pacientes apresentavam PT convencional no arco superior. Desses, três necessitaram de reembasamento, dois deles devido à presença de tecido gengival flácido e um devido à desadaptação. En-quanto outros necessitaram de ajuste oclusal das próteses, o que foi realizado para tirar o paciente de uma condição oclusal insatisfatória. A presença de tecido gengival flácido atribuísse à resiliência do rebordo alveolar superior totalmente desdentado devido à mastigação con-stante na região anterior após perdas dentárias posteriores inferiores caracterizando a síndrome da combinação21. O uso de PT convencionais

como antagonista de próteses inferiores do tipo protocolo é bastante comum nos estudo longitudinais e a necessidade de reembasamento é uma realidade presente no período de manutenção9,12.

As radiografias panorâmicas são meios complementares do controle dos pacientes com próteses do tipo protocolo. Dos pacientes analisa-dos, todos apresentavam osseointegração satisfatória. As radiografias possibilitam avaliar a estrutura metálica da prótese fixa implantossu-portada como um todo facilitando a percepção de alterações estrutu-rais. Uma paciente apresentou desadaptação da prótese que pôde ser verificada através da radiografia panorâmica. Essa desadaptação ocor-reu pelo afrouxamento dos parafusos finais de retenção da prótese, vindo a confirmar a adaptação após a colocação dos parafusos corre-tamente. Alguns estudos avaliam o grau de perda óssea desenvolvida durante o período da prótese sob função1. Porém, como nosso estudo

teve caráter transversal, não foi possível fazer uma comparação dos va-lores de sondagem pré e pós-instalação da prótese.

Dos pacientes que retornaram para realizar controle e que possuíam próteses instaladas há vários anos, todos haviam realizado apenas um controle ou em alguns casos nunca realizaram controle posterior ou qualquer manutenção da prótese. Foi relatado que o protocolo de manutenção dos implantes deve incluir visita a cada três meses15. Para

complementar as consultas a cada três meses, o dentista deve obter uma radiografia a cada seis meses, a fim de documentar mudanças na topografia óssea ou a presença de espaço peri-implantar, denotando problemas ou falha no implante.

Durante os último anos, vários acompanhamentos tem sido reali-zados comprovando a eficácia do tratamento com próteses fixas im-plantossuportadas1,9,22. Nosso estudo não só confirmou a qualidade

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dessa opção de tratamento, mas também possibilitou verificar que os pacientes precisam melhor compreender que o sucesso do tratamento depende da participação ativa deles no período de manutenção.

CONCLUSÃO

Dentro das limitações do estudo e após a análise dos resultados obtidos na pesquisa pode-se concluir que não houve ocorrência de complicações protéticas como fraturas dos componentes metálicos, enquanto que o desgaste e/ou fratura dos dentes de acrílico foi a ocorrência mais evidente no estudo. As radiografias panorâmicas são métodos complementares fundamentais no controle de pacientes com próteses fixas implantossuportadas para a verificação de falhas ou alterações no tecido ósseo peri-implantar.

A prótese protocolo de Brånemark, apesar de ser uma opção de tratamento mais onerosa, é a opção mais favorável para reabilitação de pacientes edêntulos totais de mandíbula, solucionando proble-mas de estabilidade, estética e funções proble-mastigatória e fonatória. Além disso, a reversibilidade das próteses é um dos principais fatores que as tornam uma ótima escolha para tratamento.

Setenta e nove porcento dos pacientes apresentaram higiene boa à ruim, mas nenhum apresentou higiene péssima o que pode ser atribuído ao perfil gengival reversível que possibilita acrésci-mos ou reduções do espaço para higienização dependendo do comportamento dos pacientes em relação à higiene após a colo-cação das próteses.

Maior atenção deve ser dada pelo profissional no ensinamento dos pacientes com relação à importância do controle e manutenção das próteses fixas implantossuportadas para o sucesso do tratamento. Dessa maneira, o controle e a manutenção periódica são os fatores mais importantes da reabilitação oral, mantendo em perfeitas con-dições o sistema estomatognático.

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Referências

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