SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE
Dia 27 de Maio de 2018
“Batizai-os em nome do
Pai, e do Filho e do Espírito
Santo”
LEITURAS: 1ª leitura: Dt 4,32-34.39-40; Salmo 32 (33), 4-6.9.18-19.20.22 (R/ 12b); 2ª leitura: Rm 8, 14-17; Evangelho: Mt 28, 16-20.
COR LITÚRGICA: BRANCA OU DOURADA
Animador: A festa da Santíssima Trindade é como um convite a olhar para trás, a fazer
uma síntese. Agora, após ter vivido intensamente o tempo do Natal e o tempo da Páscoa, a liturgia nos convida a contemplar o rosto do Deus que se revelou na vida de Jesus e no início da Igreja. A liturgia nos fez reviver novamente estes acontecimentos, a fim de que Deus não seja a memória de um passado sempre mais longínquo, mas se torne para nós presença viva e atual, abrindo sempre mais novas e ricas perspectivas de futuro.
1. Situando-nos brevemente
Neste domingo (depois de Pentecostes) retomamos o Tempo Comum que se estenderá até as vésperas do 1º Domingo do Advento.
Hoje, celebramos a solenidade da Santíssima Trindade. Celebrar esta solenidade, justamente no domingo depois de Pentecostes, pode ser interpretado como um agradecido olhar retrospectivo sobre o cumprimento da salvação – mistério que, segundo a antiga teologia dos Santos Padres, é realizado pelo Pai, através do Filho, no Espírito Santo (BERGAMINI, A. Cristo desta da Igreja. São Paulo, Paulinas, 1994, p. 427).
Celebrar o mistério da Trindade desperta em nós, “povo reunido pela unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, o desejo de abrir-nos a tão grande mistério. A iniciativa é sempre d’Ele, que se manifesta, se revela e se dá a conhecer.
2. Recordando a Palavra
O Evangelho de Mateus pertence à narrativa da páscoa da libertação, a entrega total de Jesus (cáps. 26-28), na qual culmina toda a obra de Mateus. A “Galileia das nações” era uma região estratégica que favorecia o acesso de povos diversos e também a dominação, como a dos assírios no passado (2Rs 15,29). Jesus realizou grande parte de seu ministério na Galileia, especialmente junto às pessoas mais sofridas e marginalizadas. Desde o capítulo 4,12-25 até o capítulo 19,1, quando partiu para a Judeia, Ele anunciou
a Boa-Nova do Reino de Deus na região da Galileia, e reuniu à sua volta um grupo de discípulos comprometidos com sua missão libertadora.
A promessa do encontro com Jesus na Galileia, antes de sua morte (26,32), é confirmada na manhã da Páscoa (Mt 28,7.10). Iluminados pelo caminho pascal, “os discípulos foram para a Galileia, à montanha que Jesus lhes havia indicado”. A montanha é o lugar especial da revelação de Deus. Na montanha, Jesus foi tentado (4,8), ensinou (5,1; 8,1; 24,3), orou (14,23), curou os doentes e alimentou os famintos (15,39), foi transfigurado (17, 1.9). A montanha, no texto de hoje, sublinha a expectativa da realização plena do Reino de Deus. Jesus se revela como o Filho do Homem, a quem é dado todo o poder (Cf. Dn 7,13-14; Rm 1,4). Com essa autoridade divina sobre o céu e a terra, plenificada na Páscoa, Jesus envia seus seguidores e promete-lhes sua presença permanente.
Os discípulos reconhecem Jesus como o Senhor, o Kyrios, através de um gesto de adoração: “Quando o viram, prostraram-se” (Mt 28, 17). Eles experimentaram Jesus “vivo” em seu meio, de modo especial enquanto permanecem unidos na oração (18,20), e na missão solidária (25,35). Jesus ressuscitado revela o sentido da missão universal: “Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações, e batizai-os em no do Pai, e do Filho e do Espírito santo. Ensina-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenado” (28,19-20). A missão aos gentios, indicada de modo especial em 2,1-12, realiza-se plenamente através dos discípulos chamados a transcender os limites de Israel (10,5-15).
O apelo para fazer discípulos é acompanhado de dois particípios: ensinando e batizando. Os novos discípulos devem ser iniciados em uma comunidade nova pelo ensino e “Batismo no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Jesus também foi batizado no Espírito (3,16) e realizava o ministério em comunhão com Pai: “Quem me viu, tem visto o Pai. Eu estou no Pai e o Pai está em mim” (Jo 14, 9.10). O testemunho do encontro com Cristo na Palavra, na oração, o coração aberto ao mundo e aos horizontes de Deus despertam novos discípulos.
Para permanecer no caminho da escuta e na prática dos ensinamentos propostos especialmente nos cinco grandes discursos: sermão da montanha (cap. 5-7); missão (cap. 10); parábolas (13,1-52); comunidade eclesial (cap. 18) e vigilância na espera da vinda definitiva do Reino: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (28,20). Jesus, o Emanuel, o Deus conosco (Cf. 1,23; Cf. Is 7,14) conduz seus seguidores até a realização plena de seu reinado, o “cumprimento de toda a justiça” (3,15), missão confiada pelo Pai em seu batismo (3,13-17) e que proporciona novas relações de comunhão e fraternidade.
A leitura do livro do Deuteronômio convida-nos a reconhecer a presença salvadora do Deus solidário junto ao povo oprimido. Apresenta um resumo da história de Israel desde o Horeb até o Jordão. A partir desse contexto (4, 32-40), na perspectiva de Isaías 40-55, mostra que o povo exilado na Babilônia procura fortalecer sua fé no Senhor, como o Deus único e verdadeiro e celebrá-Lo através do culto. A contemplação da história salvífica “desde o dia em que Deus criou o ser humano sobre a terra” (4,32) leva a reconhecer que o Senhor é o Deus próximo que estabelece a aliança e caminha com o povo. Diante das maravilhas da salvação, o povo compromete-se a guardar os mandamentos do Senhor e meditá-lo no coração.
O Salmo 32 (33) é um hino de louvor a Deus por sua palavra e ação, que se manifesta na criação e na caminhada do povo. Em Jesus Cristo, a palavra criadora e eterna do Pai, o projeto salvífico universal de Deus Para toda a humanidade chegou à plenitude.
A leitura da carta aos Romanos reflete sobre a vida nova no Espírito, que nos torna filhos e herdeiros de Deus em Cristo. Por meio do Batismo recebemos o espírito de filhos, que nos possibilita chamar a Deus de Abba, expressão aramaica que Jesus utiliza para falar com o Pai (Mc 14, 36), assim como as crianças se dirigiam carinhosamente aos pais. Como filhos e herdeiros, conduzidos pelo Espírito que liberta, somos impelidos a testemunhar a vida em Cristo mediante relações de misericórdia e solidariedade.
Paulo, na Carta aos Romanos, escrita por volta do ano 57 ou 58, durante sua terceira viagem missionária, sublinha que a salvação é dom gratuito do amor de Deus. Diante da fragilidade do ser humano (1,18-3,20), Deus revela sua bondade que salva através de Jesus Cristo (3,21-5,11). A adesão ao projeto salvífico leva a participar da vida nova no Espírito (5,12,8,39), que proporciona a identificação com Cristo e a experiência de comunhão filial como Pai.
3. Atualizando a Palavra
Os discípulos, iluminados pela Páscoa de Jesus, ensinam a exercer uma missão universal, destinada a todos os povos, sem preconceitos. Eles mostram que o ensino e o Batismo, duas fases essenciais da iniciação cristã, qualificam o ministério a serviço do Reino. O discípulo era instruído a acolher e praticar as palavras e os gestos de Jesus, mediante o caminho do catecumenato. O Batismo selava a comunhão do discípulo com o Pai, o Filho e o Espírito santo. Jesus promete estar presente em todos os que seguem seu projeto “até o fim dos tempos”, até a vinda do Reino de Deus em sua plenitude.
A Trindade celebra o amor do Pai, manifestado no dom gratuito do Filho e na ação do Espírito Santo. O Papa Francisco sublinha que a solenidade da Santíssima Trindade apresenta à nossa contemplação e adoração à vida divina do Pai, do Filho e do Espírito Santo: vida de comunhão e amor perfeito, origem e meta de todo o universo e de todas as criaturas em Deus. Na Trindade, reconhecemos também o modelo da Igreja, à qual fomos chamados para nos amarmos como Jesus nos amou. O amor é o sinal concreto que manifesta a fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Ele é o distintivo do cristão, como Jesus nos disse: “Nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 35).
Somos todos chamados a testemunhar e anunciar a mensagem de que “Deus é amor”, que Deus não será distante nem é invisível às nossas vicissitudes humanas. Ele está próximo de nós sempre ao nosso lado, caminha conosco partilhando nossas alegrias e dores, esperanças e desânimos.
Ama-nos tanto e a tal ponto que se fez homem, veio ao mundo não para julgar, mas para que o mundo seja salvo por meio de Jesus (Jo 3, 16-17). Este é o amor de Deus em Jesus, este amor tão difícil de entender, mas que o sentimos quando nos aproximamos de Jesus. Ele perdoa-nos sempre, espera-nos sempre, ama-nos muito. O amor de Jesus que sentimos é o amor de Deus.
O Espírito Santo, dom de Jesus Ressuscitado, comunica-nos a vida divina e, deste modo, nos faz entrar no dinamismo da Trindade, que é amor, comunhão, serviço
reflexo da Trindade. Uma família na qual todos se amam e se ajudam uns aos outros é um reflexo da Trindade. Uma paróquia na qual os fiéis se amam e partilham os bens espirituais e materiais é um reflexo da Trindade. A Eucaristia é como a “sarça ardente” na qual humildemente a Trindade habita e se comunica. Por isso a Igreja celebra a festa de Corpus Christi depois da Trindade.
Relembrando a fórmula trinitária usada no Batismo cristão “em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”, somos chamados a renovar nosso compromisso de comunhão e vida com o mistério do amor de Deus. Por meio da Palavra e da oração, mas sobretudo com nossa vida cristã e nosso testemunho, anunciamos a mensagem libertadora de Jesus que desperta novos discípulos para o Reino. A ação do Espírito Santo, que recorda as palavras e os gestos compassivos de Jesus (Jo 14, 16), nos conduz a anunciar o Evangelho com a ousadia de Paulo que afirma: “Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho!” (1Cor 9,16).
4. Ligando a Palavra com ação litúrgica
O amor da Trindade Santa nos gerou para uma vida nova. Mergulhados na água, fomos batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Inseridos neste mistério de amor, somos convocados a nos reunir para bendizer a Santíssima Trindade, como reza a antífona de entrada: “Bendito seja Deus Pai, bendito o Filho unigênito e bendito o Espírito Santo. Deus foi misericordioso para conosco”.
A oração litúrgica é dirigida ao Pai, pelo Filho, no Espírito Santo. Já iniciamos a celebração em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. A Trindade Santa nos reúne e nos une na celebração e na vida. Como afirma a Carta aos Romanos 8,16-17: “O próprio Espírito se une ao nosso espírito, atestando que somos filhos de Deus. E, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo; se, de fato, sofremos com ele, para sermos também glorificados com ele”.
“A graça do Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo” é a saudação proposta por Paulo aos cristãos de Corinto que revela que a Trindade no confere a plenitude dos dons e dos bens necessários para nossa vida cristã: a graça, o amor e a comunhão.
De rito em rito, vamos mergulhando no mistério inefável que nos toca e nos transforma em pessoas novas, ressuscitadas.
Preces dos fiéis
Presidente: Louvemos e adoremos nosso Deus e apresentemos confiantes nossos
pedidos e nossas necessidades.
1. Senhor, que a Igreja possa sempre ser anunciadora da tua bondade e misericórdia, Tu que és a comunidade perfeita. Peçamos:
T.: Trindade Santa, atendei-nos!
2. Senhor, que os governantes possam ver em cada pessoa humana a imagem da Trindade, que está em cada um de nós. Peçamos:
3. Senhor, fortalecei os que sofrem livrando-os sempre do mal. Peçamos:
4. Senhor, que sois a comunidade perfeita que vive no amor, fazei que nossa comunidade possa ser reflexo de tua bondade. Peçamos:
5. Senhor, abençoai todos os nossos dizimistas que colaboram, com tanto amor, para nossa comunidade. Peçamos:
(Outras intenções)
Presidente: Senhor, atendei as preces que teus filhos e filhas apresentam, para que
nossa fé seja vivida sob a proteção de teu amor. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
LITURGIA EUCARÍSTICA
ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS:
Presidente: Senhor nosso Deus, pela invocação do vosso nome, santificai as oferendas
de vossos servos e servas, fazendo de nós uma oferenda eterna. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
ORAÇÃO APÓS A COMUNHÃO:
Presidente: Possa valer-nos, Senhor nosso Deus, a comunhão no vosso sacramento, ao
proclamarmos nossa fé na Trindade eterna e santa e na sua indivisível Unidade. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
RITOS FINAIS
Presidente: Pai da graça, Trindade Santa, olhai por todos os teus filhos e filhas, que
consagrados pelo batismo, tornem-se templos vivos a vós dedicados.
Todos: Amém.
Presidente: (Abençoa a assembleia e despede a todos com carinho) Todos: Amém.