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ESTUDO DO SUBSOLO DE ESTREMOZ POR APLICAC A O DE TE CNICAS GEOFI SICAS

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Academic year: 2021

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XXXV CAP – Curso de Atualização de Professores de Geociências | Uma Terra, várias visões

ESTUDO DO SUBSOLO DE ESTREMOZ POR APLICAÇÃO DE

TÉCNICAS GEOFÍSICAS

Bento Caldeira(1), José Fernando Borges(2), Mourad Bezzeghoud(3) Escola de Ciências e Tecnologia da Universidade de Évora e Instituto de Ciências da Terra

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bafcc@uevora.pt(2)jborges@uevora.pt(3)mourad@uevora.pt

Resumo

A Geofísica é uma ciência que estuda a Terra por aplicação dos princípios e leis da Física. Na sua forma aplicada usa um conjunto de técnicas de investigação do subsolo a partir dos valores de várias grandezas físicas medidas à superfície. O resultado são modelos da distribuição espacial das propriedades físicas do subsolo, relacionáveis com as estruturas que compõem esse subsolo. Esses modelos são obtidos por processamento dos dados registados à superfície, através da aplicação de leis físico-matemáticas desenvolvidas para o efeito. O âmbito da aplicação destas técnicas é muito amplo uma vez que abrange o estudo desde as regiões mais profundas da Terra até à detecção de estruturas muito superficiais.

Nesta atividade pretende-se por em destaque o trabalho experimental em geofísica mediante a aplicação de duas técnicas de prospecção do subsolo (Sísmica e Georradar) de um local de Estremoz a eleger e com vista à detecção de um tipo de estrutura também a definir. A experiência irá englobar todas as fases envolvidas no processo: 1) instalação do equipamento no local escolhido; 2) implementação do programa de recolha de dados; 3) processamento de dados e obtenção dos resultados; 4) interpretação dos resultados e definição de modelos.

O programa será cumprido em três fases:

Fase 1 (30 min) Onde são apresentados os fundamentos subjacentes à aplicação das principais técnicas de prospecção geofísica e sua aplicação corrente. Aproveitaremos esta fase para discutir os critérios de escolha e metodologias a aplicar quando se planifica uma campanha de prospecção geofísica.

Fase 2- (60min) – Implementação de dois programas de recolha de dados: refração sísmica e georradar. Para que todos possam participar, os participantes serão divididos por dois grupos e cada grupo vai colaborar na aplicação de uma técnica.

Fase 3 (90 minutos) – Processamento de dados e interpretação de resultados. Nesta fase, cada grupo participará no processamento de dados sobre a técnica em que colaborou. Nos últimos 30 minutos os participantes voltarão a reunir-se todos para se discutirem os resultados e sua interpretação.

Generalidades sobre as técnicas a utilizar

A característica comum a todos os métodos de exploração Geofísica é serem não destrutivos; em nenhum caso produzem uma alteração permanente do terreno onde se aplicam. Cada método possui uma capacidade distinta de análise do objecto de

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embora por vezes com uma resolução baixa. Pese essas limitações os modelos geofísicos constituem uma importante ferramenta de trabalho em todas as situações em que seja necessário obter informação sub-superficial.

Georradar (GPR)

O georradar é o método electromagnético de grande aplicabilidade e atualmente um dos preferidos na prospecção próxima da superfície, devido à rapidez de aquisição de dados e à qualidade dos modelos produzidos. O alcance e resolução desta técnica variam com a frequência das antenas utilizadas, que vão tipicamente dos 100 MHz a 1,6 GHz e que possibilitam a detecção de estruturas entre 5 cm e 70 m abaixo da superfície. Por exemplo, com uma antena de 400MHz, como a que vamos utilizar nesta experiência conseguem-se alcances próximos dos 2m e resolução que ronda os 20cm.

O funcionamento do georradar (Milson, 2003) consiste na transmissão de pulsos electromagnéticos com determinada frequência através de uma antena (Tx) dirigida para o subsolo e na recepção, noutra antena (Rx), da parte da energia desses pulsos refletida nas estruturas enterradas no solo (Fig. 1a e b). Cada registo corresponde a um pulso de onda procedente do solo, com determinada duração, cuja amplitude em cada instante é relacionável com as propriedades elétricas e magnéticas do meio atravessado em cada profundidade (Fig.1c).

Fig. 1 – (a) esquema da propagação de um pulso GPR através do solo; (b) reflexão de pulsos de onda pelo mesmo objecto, com a antena em 3 posições distintas; (c) sequência de registos de pulsos de onda ao longo de perfil que intercepta refletor como o esquematizado em (b).

O registo sequencial destes pulsos de onda numa antena que se arrasta ao longo de determinado perfil pode ser representado num diagrama bidimensional denominado radargrama (Fig. 2a ). O radargrama surge então sob a forma de uma imagem que dá uma visão invulgar da distribuição pelo subsolo das propriedades electromagnéticas das estruturas que constituem o meio por onde as ondas se propagam (resistividade elétrica, constante dieléctrica e permeabilidade magnética). A interpretação do

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3 CALDEIRA, BORGES e BEZZEGHOUD

radargrama permite estimar a localização das estruturas enterradas e suas dimensões sobre um plano vertical. Por interpolação de radargramas contíguos é possível modelar tridimensionalmente a distribuição especial das estruturas sob da superfície (fig 2b ).

Fig. 2 – (a) radargrama; (b) modelo 3D do subsolo onde se identificam várias estruturas, obtido por interpolação de radargramas (vestígios do palácio real S. Francisco – Évora)

Sísmica

A utilização dos métodos sísmicos envolve a geração de ondas sísmicas que seguem percursos no interior da Terra com regresso à superfície onde são registadas por sismógrafos (geofones) aí instalados. O regresso à superfície acontece porque as ondas sísmicas quando, na sua propagação para interior da Terra, atravessam materiais com propriedades elásticas diferentes e são desviadas devido aos fenómenos de refração e reflexão. Por questões metodológicas a análise da propagação da onda sísmica que segue um percurso determinado por reflexões é interpretado pelas leis da reflexão de ondas e a propagação das ondas sísmicas cujo percurso é determinado por refrações é analisado pelas leis da refração (Chapman, 2004). A análise separada destes duas formas de interpretar a propagação das ondas sísmicas pelo interior da Terra dá origem a dois métodos diferentes da técnica sísmica: a sísmica de refração e a sísmica de reflexão.

As principais aplicações destas métodos sísmicos são a exploração de combustíveis fosseis, prospecção de depósitos minerais, aplicações na área da engenharia geotécnica, investigação da estrutura da Terra e raramente investigação arqueológica.

Qualquer dos métodos de sísmica consiste na instalação de geofones segundo perfis longitudinais, espaçados de uma distância regular conhecida (Fig. 3). É necessário produzir ondas sísmicas através de uma fonte que pode, consoante a aplicação, consistir numa pancada no solo dada por um simples martelo (marreta) de ~8Kg, ou chegar a um sofisticado sistema vibratório colocado em contacto com o solo e impulsionado pelos motores de vários pesados camiões em simultâneo. Este ultimo sistema é usado em prospecções profundas de reflexão sísmica, envolvendo perfis de geofones com várias dezenas de quilómetros. Em qualquer dos casos o que se pretende é que a interação com o solo (chamada disparo) produza as ondas sísmicas necessárias para a aplicações da técnica. Para perfis compatíveis com uma fonte de marreta, a distância longitudinal do perfil não exceder os 100m, e a distância entre os geofones não ultrapassar os os 5m, para garantir uma precisão razoável.

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resulta em modelos de velocidade de propagação das ondas. Para isso é preciso registar o tempo entre o instante do disparo e a chegada da primeira perturbação a cada geofone. As ondas diretas são as primeiras a chegar, a partir da chamada distância crítica chegam as ondas refratadas que são as que se propagam pelo subsolo (Fig. 4).

Fig. 4 – (painel superior) representação de uma secção sísmica composta pelo registo de 48 sismogramas relativos a um tiro central; (painel inferior) modelo de velocidades das ondas sísmicas P resultante da interpretação das refrações das ondas sísmicas em várias secções

sísmicas de uma linha sísmica a linha sísmica (Anta do Belo - Monforte)

Palavras-chave:

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5 CALDEIRA, BORGES e BEZZEGHOUD

Referências Bibliográficas

Chapman, C. (2004). Fundamentals of seismic wave propagation. Cambridge University Press.

Mendes, M. S. & Teixidó, T. (2008). Near Surface 2008 - 14th EAGE European Meeting of Environmental and Engineering Geophysics.

Milson, John., (2003). Field Geophysics third edition. John Wiley and Sons Ltd. Chichester.

Referências

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