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Guia de recolha de amostras

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Academic year: 2021

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em dermatologia

Citologia, tricograma, raspagens, culturas, etc.

Concerteza já ouviu falar de todas estas

técnicas. Mas, saberá utilizar a técnica mais

adequada para realizar a recolha?

Os problemas dermatológicos desenvolvem-se com uma grande variedade de lesões. Numa pri-meira consulta, após uma extensa anamnese, deveria ser realizada uma recolha de amostras básicas das lesões cutâneas. As correctas análises e interpretação das amostras recolhidas depen-dem, em grande parte, da técnica utilizada para realizar a recolha. Este artigo pretende abordar as diferentes técnicas utilizadas na obtenção de amostras numa primeira consulta de dermatolo-gia, que variam em função do tipo e localização da lesão, assim como da suspeita clínica.

A citologia está indicada em qualquer

problema de pele, especialmente

em doenças descamativas,

alopécias e naquelas que se

desenvolvem com prurido.

Pilar Brazis•Glòria Pol•UNIVET•

Serviço de Diagnóstico Veterinário

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As 5 técnicas mais frequentes

As técnicas mais utilizadas na recolha de amos-tras em dermatologia são as seguintes:

Citologia

Raspagens superficiais e profundas Tricograma

Cultura de fungos Cultura microbiológica

G. Pol

Citologia

A citologia está indicada em qualquer problema de pele, especialmente nos casos das doenças

desca-mativas, alopécias e naquelas doenças que se

desenvolvem com prurido. De uma maneira geral, esta técnica deveria realizar-se de forma rotineira, já que permite observar a presença de bactérias, fun-gos, leveduras e diagnosticar infecções bacterianas e/o fúngicas. Consoante a zona e o tipo de lesão, poder-se-á utilizar uma modalidade diferente.

Técnica da impressão fita cola

Indicada quando a superfície cutânea é lisa e tem pouca gordura, é utilizada para avaliar a presen-ça da levedura Malassezia. Também é de bastan-te utilidade para identificar células inflamatórias como neutrófilos, células epiteliais nucleadas (se se suspeitarem de alterações da queratinização), presença de bactérias e parasitas que residam na superfície (como Cheyletiella).

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Deve-se colocar um pedaço de fita cola sobre a superfície a analisar. Após pressionar, o pedaço de fita cola é descolado da pele de forma rápida e procede-se à coloração por qualquer técnica stan-dard, tipo Diff Quick, sem passar pela primeira solução (alcoólica). O pedaço de fita cola, já com a coloração, é analisado ao microscópio (figura 1).

Impressão directa com lâmina

É útil quando a pele se apresenta com gordura, húmida ou se fôr observada supuração. É reali-zada colocando directamente a lâmina sobre a superfície a analisar e fazendo pressão para que o material cutâneo fique aderido. Depois deixa--se secar ao ar e procededeixa--se à coloração (figura 2).

Técnica da Ansa

Nos ouvidos, espaços interdigitais e pregas cutâ-neas, recomenda-se a utilização de uma ansa para recolher material da superfície da pele. Se a super-fície estiver muito seca, deve-se humedecer a ansa com uma solução salina estéril. Uma vez recolhida a amostra, esta é espalhada pela lâmina de uma forma homogénea e deixa-se secar para posterior-mente proceder à sua coloração (figuras 3 e 4).

Material necessário para a citologia

Cada uma das diferentes técnicas utilizadas na recolha de amostras em dermatologia requer determinado tipo de material. No caso da citolo-gia, deve-se ter em conta a técnica eleita: Técnica da impressão fita cola:

• Fita cola

• Lâmina

• Técnica de coloração Impressão directa com lâmina:

• Lâmina

• Técnica de coloração Técnica com ansa:

• Ansa

• Lâmina

• Técnica de coloração

Raspagens superficiais e profundas

As raspagens são importantes para detectar a presença de parasitas, que podem encontrar-se nas camadas mais superficiais ou mais profun-das da pele. É recomendável recorrer a esta

téc-nica nos casos de doenças que se desenvolvam Figura 3. Introdução do material no ouvido para a recolha da amostras. Figura 2. Citologia por impressão sobre uma lesão na extremidade posterior. Figura 1. Preparação da impressão fita cola para

obser-vação ao microscópio.

G. Zanna

G. Pol

M. Bar

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com descamação e prurido, mediante suspeita da presença de algum parasita.

Tipos de raspagens

A profundidade da raspagem varia em função do parasita que se pretenda encontrar:

• Raspagem superficial: para detectar parasitas dos géneros de Cheyletiella spp., Otodectes

spp., Sarcoptes spp. ou Notoedres spp.

• Raspagem profunda (até provocar algum san-gramento): para evidenciar a presença de parasitas do género Demodex.

Técnica de raspagem

Deve ser retirado o pêlo da zona de onde se vá realizar a raspagem. Depois coloca-se uma gota de óleo de forma a impregnar a lâmina do bistu-ri que se utilizará para a raspagem. E necessábistu-rio beliscar a zona a raspar e ter atenção às pregas de pele (figura 5).

O material recolhido com a lâmina do bisturi é colocado na lâmina, e é homogeneizado com o óleo. De seguida, cobre-se a lâmina com a lame-la para impedir que o material seque, e observa--se ao microscópio (figura 6).

As raspagens são importantes para

detectar a presença de parasitas,

que podem ser encontrados nas

camadas mais superficiais ou mais

profundas da pele.

Figura 4. Colocação numa lâmina do material recolhido com uma ansa.

Figura 5. Raspagem cutânea numa zona lesionada.

Material necessário

Para realizar uma raspagem de pele precisaremos de:

• Lâmina de bisturi

• Óleo mineral

• Lâmina

• Lamela

Tricograma

O tricograma, ou análise do pêlo, é uma técni-ca de bastante utilidade naqueles pacientes que apresentem alopecia e nos casos em que se suspeitar de dermatofitose. Permite avaliar a fase de crescimento na qual os pêlos se encontram e se se apresentam de alguma for-ma afectados pelo prurido dos anifor-mais. Esta técnica é especialmente útil em gatos nos quais é difícil saber se a alopécia se deve à queda espontânea do pêlo, ou se é auto-indu-zida por o animal se lamber.

Com a ajuda de pinças, deve-se arrancar pêlos da zona de pele afectada (se se tratar de uma

G. Zanna

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lesão circular é melhor recolher pêlos dos bor-dos da lesão) e colocá-los numa lâmina. Observa-se depois ao microscópio com baixa intensidade lumínica para avaliar a estrutura do pêlo (figura 7).

Cultura de fungos

A cultura de fungos deve ser realizada nos casos em que exista uma suspeita de derma-tofitose e em pacientes que apresentem um quadro com alopecia, pápulas, pústulas e/ou crostas.

Para a realização desta técnica deve-se desin-fectar a zona com álcool a 70% e esperar uns minutos. Com a ajuda das pinças, recolhem-se pêlos e descamações da periferia da lesão, que se devem colocar num recipiente estéril para o envio ao laboratório.

Cultura microbiológica

As culturas bacterianas a partir de lesões cutâ-neas estão indicadas nos pacientes que sofram de infecções recidivantes e nos casos onde, na citologia cutânea, se visualizarem bacilos

Gram (-).

No caso das otites, as culturas microbiológicas deveriam ser sempre realizadas para evitar recidivas e evolução da cronicidade.

Devem realizar-se em lesões o mais intactas possível, e nunca se deverá desinfectar a superfície da pele. Em função da lesão presen-te, utiliza-se uma das técnicas abaixo referidas.

• Pústulas e pápulas: deve-se romper a super-fície com a ajuda de uma agulha estéril e recolher o material que sai com a zaragatoa para cultura.

O tricograma é especialmente útil

em gatos que apresentem alopécia,

nos quais é difícil saber se esta é

devida a uma queda espontânea do

pêlo ou é auto-induzida pelo lamber

do próprio animal.

Figura 6. Preparação do material recolhido na raspagem para visualização ao microscópio. G. Pol

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• Colaretes epidérmicos: passa-se a ansa 3-4 vezes pela lesão, e introduz-se no meio de cultura.

• Fístula: introduz-se a ansa ao máximo na lesão, evitando tocar a superfície.

Após recolher a amostra, introduz-se a ansa num meio de cultura estéril. É importante que o transporte da amostra para o laboratório dure menos de 24 horas.

Antes de proceder à recolha da amostra é recomendável suspender durante uma semana a administração de qualquer tipo de anti-biótico.

Antes de se obter uma amostra

para cultura microbiológica é

recomendável suspender durante

uma semana a administração de

qualquer tipo de antibiótico.

Juntamente com qualquer amostra enviada ao laboratório para realizar uma cultura, aconse-lha-se enviar sempre uma citologia da lesão.

Figura 7. Imagem de um tricograma ao microscópio.

L. Or

deix

ALOPÉCIA. Queda natural ou patológica do pêlo, carac-terística de muitas doenças de pele.

BACILO. Bactéria alargada cuja forma faz lembrar um bastão recto.

CITOLOGIA. Análise de células para diagnosticar qual a doença que se encontra na causa da lesão da pele. DESCAMAÇÃO. Desprendimento da epiderme seca em forma de pedaços de pele.

GRAM. As bactérias podem ser divididas em dois gru-pos: Gram positivo (+) e Gram negativo (-). Esta divisão baseia-se na capacidade de reacção das bactérias frente ao método de coloração, desenvolvido por Christian Gram em 1884. As que adquirem cor com o corante são

Gram (+) e aquelas que não adquirem cor com o coran-te são Gram (-).

PÁPULA. Lesão da pele de consistência sólida que faz relevo. É inferior a 1 cm.

PRURIDO. Sensação de ardor que faz com que os ani-mais se cocem. O facto de se coçarem continuamente pode levar ao aparecimento de lesões importantes na pele.

PÚSTULA. Pequena elevação da pele cheia de pus. Nor-malmente tem uma cor amarelada, embora também possa ser avermelhada.

RECIDIVA. Reaparecimento da doença depois de um período de cura.

Referências

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