Os novos
gestores
do
mal
parado
Acreditam que sãocapazes de dar a volta a empresas que não conseguem pagar as
suas dívidas àbanca. Fernando Esmeraldo
(ECS), Pedro Gonçalves (Vallis), Rodrigo Guimarães (Explorer), Carlos Costa Pina (Ongoing) eAntónio Carrapatoso lideram fundos de capital que estão aser criados para ganhar com acrise es
Solução
para
bancos
e
empresas
endividadas
Fundos de
investimento
trocam malparado
por
participações
de capital para
salvarempresas
em dificuldadesFernando Esmeraldo, da ECS Capital, fechou um fundo para oturismo no valor de
€385
milhões oI
3 N 3 _l O ePedro Gonçalves gere o fundo de consolidação de construtoras que pode ir até €1000 milhões
í
LU I-a 5 sChamam-lhes fundos de
capitali-zação empresarial, são um fenó-meno recente e pretendem dar resposta àfalta de financiamen-to das empresas portuguesas.
Com atorneira da banca quase
fechada, aesperança para recu-perar créditos eativos ou
conso-lidar sectores em dificuldades
es-tá agora depositada nesta nova vaga defundos deinvestimento. Na linha da frente está aECS
Ca-pital, fundada por Fernando Es-meraldo, ex-quadro do Citi-group, eAntónio deSousa, presi-dente da Associação Portuguesa
de Bancos, com um fundo já fe-chado epronto aarrancar.
Vocacionado para oturismo, o
Fundo Lazer, Imobiliário e
Tu-rismo
(FLIT),
constituído no úl-timo trimestre de 2011, ascende a€385 milhões e tem a partici-pação do BCP, doBanif, da CGDe do BES. O Expresso apurou que agestão deste fundo é inde-pendente dos seus
participan-tes, nomeadamente dos bancos, que subscreveram unidades de participação. O Colombo's Re-sort, em Porto Santo, eoHilton
Conrad, no Algarve, fazem par-te dos oito projetos que o
FLIT
integra. Objetivo: identificar os
casos que possam ter viabilida-de económica "potenciando alte-rações na gestão doprojeto e
si-nergias através de ganhos de
es-cala", adianta fonte envolvida neste fundo.
Consolidar
construtoras
Ganhos com sinergias é tam-bém o objetivo do fundo que
es-tá a ser criado para consolidar empresas no sector da
constru-ção, cujo valor máximo pode
as-cender a
€1000
milhões. Segundo apurou oExpresso, aEdifer, aOpway, controlada
pe-lo BES, ea MonteAdriano são as
construtoras que jáchegaram a
acordo para integrar o fundo que a banca está aorganizar pa-ra minimizar os danos na indús-tria da construção (só num ano, as seis maiores construtoras cor-taram perto de 5 mil empregos).
Como éque funciona?
A
banca transforma os créditos emparti-cipações einjeta liquidez na no-va empresa que resulta da fusão
das construtoras aderentes. As marcas atuais desaparecem e a
gestão transfere-se para o
fun-do,gerido por Pedro Gonçalves, ex-presidente da Soares da
Cos-ta, e Eduardo Rocha, ex-admi-nistrador financeiro da Mo-ta-Engil. As três construtoras
es-tão no top 10 do sector, com uma produção conjunta de
€800
milhões.A Edifer reconhece "que as
ne-gociações se encontram na fase
final, envolvendo acionistas, bancos e o próprio fundo". A MonteAdriano "segue com
aten-ção o que se passa" emanifesta interesse "em ser um ator ativo na consolidação do sector". Já a FDO chegou a invocar aadesão ao fundo, mas foi recusada por não cumprir os parâmetros fi-nanceiros definidos pelo fundo.
Contactado pelo Expresso, Pe-dro Gonçalves, apenas diz que
"o processo está a avançar, mas não osuficiente para comentar-mos". Os bancos com maior
ex-posição aosector foram
aborda-dos pelos responsáveis deste
fun-do,cujo valor dependerá da
ade-são de vários intervenientes. Pedro Gonçalves é o rosto do fundo da Vallis Capital Partners, empresa de Eduardo Rocha, pa-raa construção. Mas a socieda-de socieda-de capital socieda-derisco, criada em 2010, está apostada em investir mais no segmento de fundos de consolidação empresarial.
A
ló-gica de atuação da Vallis é fun-cionar como patrocinadora deImobiliário
éapetecível
Mas existem outros grupos na calha.A
Explorer Investments, sociedade liderada por Rodrigo Guimarães, está a estudarsolu-ções para o sector do turismo, mas não presta declarações
so-bre o assunto.
A
Capital Criativo ainda não tem nenhum fundo desta nature-za sob gestão, mas "temos tido conversas eestamos disponíveis para assumir fundos que façam sentido nanossa estratégia eem que tenhamos competência de gestão", avança Nuno Gaioso Ri-beiro, presidente da sociedade— participada pela N Partners (dele próprio), pela Urbanos, pe-laPTepela Promovalor.
O sector do turismo edo imobi-liário éum dos alvos com poten-cial para esta capital de risco, que está atenta à possibilidade de avançar com a gestão integra-da de hotéis demédia dimensão. Assim como a recuperação de empresas.
Ainda na área imobiliária,
Car-los Costa Pina, ex-secretário de Estado do Tesouro edas
Finan-ças, contratado pela Ongoing
após ter saído do governo, foi quem apresentou o fundo On-going International avários
ban-cos. O objetivo deste fundo que pertence à família Rocha dos
Santos, que também controla a
diferentes iniciativas, mas não interferir ao nível da gestão. Pa-ra tal, constitui uma equipa
espe-cífica para cada um dos fundos que venha acriar. Pedro
Gonçal-ves lidera o primeiro.
Ongoing SGPS (liderada por Nu-no Vasconcellos), étrocar
crédi-tos malparados na banca por unidades de participação no
fun-do, onde osbancos serão
acionis-tas. O Expresso contactou a On-going para saber em que fase se
encontra a constituição do
fun-do, mas não obteve resposta. Outro exemplo é odeAntónio Carrapatoso, presidente da ad-ministração da Vodafone, que tem feito apresentações àbanca para a constituição de um fundo na áreado imobiliário eda recu-peração de empresas.
Carrapa-toso não comenta ainformação
do Expresso. Mas adianta: "Já temos em Portugal fundos de
di-versos tipos, geridos por socieda-des gestoras capazes, mas preci-samos ainda demais fundos que promovam oinvestimento, a
ca-pitalização e o crescimento das nossas empresas e economia".
O Ministério da Economia, através da Secretaria de Estado
do Empreendedorismo,
Compe-titividade e Inovação, está a in-tervir nas conversações entre bancos egestores de capital de risco, com aintenção de "contri-buir para estes novos fundos de reestruturação", revela uma fon-te ligada aos fundos. Até ao
fe-cho desta edição, não foi
possí-vel obter um comentário por parte do secretário deEstado do
Empreendedorismo, Carlos Oli-veira, pelo que fica em aberto o
tipo de compromisso que o
Esta-do terá neste processo: em ter-mos de legislação ou de capital?
ISABEL VICENTE, MARGARIDA
FIÚZA eABÍLIO FERREIRA
FUNDOS MAIS AVANÇADOS
¦
A ECS Capital já constituiu oFundo Lazer, Imobiliário e
Turismo (FLIT) que integra oito projetos etem um período de 20 anos. Com o FLIT, no valor
de €385 milhões, o montante de
fundos de recuperação sob
gestão daECS ultrapassa os
€1100 milhões
¦
A Vallis Capital é asociedade gestora de Eduardo Rocha que está alançar ofundo de consolidação no sector da construção, liderado por Pedro Gonçalves. Edifer,MonteAdriano eOpway são
algumas das construtoras que
irão integrar o fundo. O
montante sob gestão pode
ascender a€1000 milhões
De
fora
do
baralho
Apesar de se apresentarem
como a solução para os
problemas de financiamento de alguns sectores e uma oportunidade para as
sociedades gestoras de capital de risco, os fundos de consolidação empresarial não são, para já, apetecíveis para todos. Questionado sobre o seu interesse neste tipo de fundos, João Talone, que lidera uma das principais sociedades de capital de
risco da Península Ibérica, admite que a Magnum foi sondada para criar fundos dessa natureza, mas "poderia haver conflitos de interesse nesta fase com os nossos
investidores e portanto não avançámos". Na base desta decisão está ofacto de a Magnum Capital representar
"os maiores investidores institucionais mundiais" eter "cerca €300 milhões" para investir na Península Ibérica. Também a ASK — Advisory Services Kapital, gerida por Nuno Miranda, está aoptar por não lançar fundos deste género. Oseu
posicionamento é nos fundos de recuperação de ativos, e