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ANÁLISE DA EFICIÊNCIA NA COMERCIALIZAÇÃO DE ABACAXI DA REGIÃO NORTE FLUMINENSE

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Academic year: 2021

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ANÁLISE DA EFICIÊNCIA NA COMERCIALIZAÇÃO DE ABACAXI DA REGIÃO NORTE FLUMINENSE

Adelmo Golynski CPF: 083700727-55

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias – CCTA

Av. Alberto Lamego, 2000 - Parque Califórnia - CEP: 28013-600 - Campos dos Goytacazes – RJ. Tel.: (22) 2726- 1443/1548 Fax: (22) 2726- 1549

Endereço eletrônico: adelmo@uenf.br Poliana Daré Zampirolli

CPF: 080988967-65

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias – CCTA

Av. Alberto Lamego, 2000 - Parque Califórnia - CEP: 28013-600 - Campos dos Goytacazes – RJ. Tel.: (22) 2726- 1443/1548 Fax: (22) 2726- 1549

Endereço eletrônico: poliana@uenf.br Paulo Marcelo de Souza

CPF: 020110687-62

Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias - CCTA

Av. Alberto Lamego, 2000 - Parque Califórnia - CEP: 28013-600 - Campos dos Goytacazes – RJ. Tel.: (22) 2726- 1543/1548 Fax: (22) 2726- 1549

Endereço eletrônico: pmsouza@uenf.br José Pacelli Sarmet Moreira Rocha CPF: 771100217-34

Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias - CCTA

Av. Alberto Lamego, 2000 - Parque Califórnia - CEP: 28013-600 - Campos dos Goytacazes – RJ. Tel.: (22) 2726- 1543/1548 Fax: (22) 2726- 1549

Endereço eletrônico: jps@uenf.br

Grupo de pesquisa: 1- Comercialização, Mercados e Preços Agrícolas. Categoria de apresentação: Pôster

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ANÁLISE DA EFICIÊNCIA NA COMERCIALIZAÇÃO DE ABACAXI DA REGIÃO NORTE FLUMINENSE

Adelmo Golynski1 Poliana D. Zampirolli2 Niraldo José Ponciano3 Paulo Marcelo de Souza4 José Pacelli Sarmet5

RESUMO:

Este artigo analisa a causalidade e a intensidade da transmissão de preços entre níveis de mercado e o grau de eficiência na comercialização do abacaxi. A causalidade dos preços e a elasticidade de transmissão de preços foram medidas por meio do teste de Granger e análise de regressão. A eficiência dos sistemas de comercialização foi analisada por meio de margens relativas de comercialização. Os resultados mostraram que o atacado foi o nível de comercialização mais importante; o varejo reduz o impacto de variações de preços no atacado; as margens do atacado se apresentaram crescentes, mas não tão grande quanto as do varejo; a margem do varejo de abacaxi tem diminuído nos últimos anos; a participação dos agricultores no preço do varejo está caindo. Os formuladores de políticas precisam tomar cuidado com o poder econômico do varejo e a fraqueza dos agricultores.

Palavras Chave: abacaxi, comercialização, eficiência.

1. INTRODUÇÃO

Com base em estatísticas divulgadas pela Organização de Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO), o Brasil destaca-se na produção mundial de frutas, ocupando a terceira posição, precedida da China e da Índia. A participação brasileira na produção mundial de abacaxi (Ananas comosus (L.)) é ao redor de 13% (Santiago & Rocha, 2001). O abacaxi é a terceira mais importante fruta tropical cultivada no Brasil, cuja indústria de processamento tem crescido fortemente nesta década. De acordo com a FAO (1998), o Brasil tornou-se o segundo maior produtor do mundo de abacaxi em 1997, com um volume de 1,9 milhões de toneladas métricas, produzido numa área cultivada de 55.214 ha.

De acordo com o IBGE (2004), no Brasil, a produção de abacaxi concentra-se nas regiões Sudeste e Nordeste. Em 2003, estas regiões foram responsáveis, respectivamente, por

1

Doutorando em Produção Vegetal da Univ. Est. do Norte Fluminense, Campos, RJ. Email: adelmo@uenf.br 2

Doutoranda em Produção Vegetal da Univ. Est. do Norte Fluminense, Campos, RJ. Email: zampirolli@uenf.br. 3

Professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos, RJ. Email: ponciano@uenf.br 4

Professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos, RJ. E-mail: pmsouza@uenf.br 5

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39,16% e 33,15% da produção brasileira de abacaxi, cabendo os 27,69% restantes ao conjunto das demais regiões.

Os Estados de Minas Gerais e Paraíba são os maiores produtores de abacaxi, cujas produções somadas, representaram no ano de 2003, em média 33,15% da produção brasileira. Em seguida, com produções menos representativas, destacam-se: Pará, Bahia, São Paulo, Rio Grande do Norte, Espírito Santo e Rio de Janeiro.

O Estado do Rio de Janeiro neste mesmo ano foi responsável por 4,79% da produção nacional de abacaxi, e apresenta um perfil adequado e bastante propício ao seu cultivo. Segundo Gadelha et al. (1996), estudos realizados pelo Ministério da Agricultura sobre a aptidão agrícola dos solos concluíram que, dentre as oito regiões que compõem o Estado, as Regiões Norte e as Baixadas Litorâneas são as mais aptas e promissoras para a exploração da cultura do abacaxi em escala comercial, com médio ou alto nível tecnológico. Após esse estudo verifica-se um crescimento relativamente expressivo na produção a partir do ano de 2001, que pode ser constatado na Tabela 1.

Tabela 1. Produção de abacaxi (mil frutos), no período de 1995 a 2003

Ano Brasil Rio de Janeiro R. Norte do Estado

1995 950.907 24.510 24.420 1996 763.987 27.750 27.750 1997 1.073.263 26.353 26.250 1998 1.113.219 26.968 26.838 1999 1.247.157 28.250 28.170 2000 1.335.792 22.880 22.830 2001 1.430.018 57.274 57.224 2002 1.433.234 66.206 65.883 2003 1.440.013 68.975 67.900 TMGCa1 7,44% 14,52% 14,42%

Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal 1/

Taxa Média Geométrica de Crescimento anual.

Verificou-se que a Região Norte Fluminense é responsável por 98% da produção de abacaxi do Estado do Rio de Janeiro tendo apresentado o dobro do crescimento em relação à produção nacional.

A boa adaptação da cultura no Estado do Rio de Janeiro vem sendo demonstrada através dos altos índices de produtividade quando comparados com a média nacional, o que pode ser visualizado na Tabela 2.

No período em análise o Brasil apresentou uma expansão da área em torno de 21% e a Região Norte 195%, essa expansão na Região ocorre a partir do ano de 2001, através de

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incentivos Estaduais, que passou a financiar o plantio e deu incentivos para que indústrias processadoras da fruta se instalassem na região.

Analisando a produtividade o que se observa é que no Brasil houve um aumento, já na Região Norte do Estado o que se observa é uma redução da produtividade a partir do ano 2001, o que pode ser explicado através da inserção de novos produtores, os quais não apresentavam experiência no cultivo do abacaxi (Tabela 2).

Tabela 2. Área cultivada (ha) e produtividade (frutos/ha) de abacaxi no Brasil, no Estado do Rio de Janeiro e na Região Norte do Estado

Brasil Rio de Janeiro Região Norte

Ano

Área Produtividade Área Produtividade Área Produtividade

1995 47.967 19.824 818 29.963 814 30.000 1996 47.498 16.085 925 30.000 925 30.000 1997 55.029 19.504 896 29.412 888 29.561 1998 56.632 19.657 895 30.132 885 30.325 1999 59.455 20.976 947 29.831 939 30.000 2000 62.976 21.211 772 29.637 767 29.765 2001 63.282 22.598 1.919 29.846 1.914 29.898 2002 62.862 22.800 2.314 28.611 2.302 28.620 2003 58.155 24.762 2.435 28.326 2.407 28.209

Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal

Mesmo com redução da produtividade na Região Norte, a mesma ainda apresenta uma diferença considerável de produtividade, quando comparada a média nacional, o que confere aos produtores da Região Norte Fluminense, forte poder competitivo com os produtores de outras regiões.

No presente trabalho analisou-se a possibilidade de aumento da competitividade do abacaxi da Região Norte do Rio de Janeiro no mercado local e nacional. Nesse sentido, objetivou-se identificar o mecanismo de formação e transmissão de preços, entre os níveis de produtor, atacado e varejo, além da eficiência da comercialização do abacaxi.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Levantamento e tratamento dos dados

Os dados utilizados referentes à preços pagos aos produtores da Região Norte do Estado do Rio de Janeiro foram obtidos junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE (2004). Os preços referentes ao atacado foram obtidos junto as Centrais de Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro (CEASAs), e os preços do varejo foram obtidos da Fundação Getúlio Vargas (2004).

(5)

2.2 Cálculo das margens de comercialização

De acordo com Marques e Aguiar (1993), margem de comercialização é a diferença no preço do produto nos diversos níveis de mercado expressa em unidades equivalentes. A margem absoluta é definida como a diferença entre o nível superior e inferior de mercado, com preços ajustados para as unidades do nível inferior. Em outras palavras, a margem absoluta (M) é obtida por:

M = Preço de venda – Custo do produto (1).

De modo semelhante é obtida a margem relativa (MR), que é, entretanto, expressa em termos do preço de venda, isto é:

100 Pr ) (Pr x venda de eço produto do custo venda de eço MR= − (2);

A margem pode ser apresentada de diversas formas, envolvendo todas, ou apenas alguma das categorias de intermediários, podendo ainda ser absoluta (em R$ por Kg), ou relativa (em relação ao preço de venda). A análise da evolução da margem absoluta permite verificar se os intermediários estão recebendo mais reais por unidade vendida, o que pode representar ineficiência, caso o produto não tenha sido melhorado, ou caso não tenha havido aumento de preço de insumos de comercialização. A margem relativa, dada em relação ao preço no varejo, permite analisar a distribuição do gasto do consumidor entre todos os agentes. Uma margem relativa decrescente pode decorrer de uso de poder de mercado, por outros níveis de mercado, ou de maior ganho de produtividade (Alves e Aguiar, 1996).

Assim, sendo Pv o preço no varejo, Pa o preço no atacado e Pp o preço ao produtor, tem-se, dependendo do nível de mercado considerado, as seguintes margens (Marques e Aguiar, 1993):

a) Margem total ou despesa do consumidor com o processo de comercialização (MT)

MT =PvPp (3); b) Margem total relativa (MT’)

' ( )x100

Pv Pp Pv

MT = − (4); c) Margem relativa do varejo (Mv’)

( )x100 Pv Pa Pv Mv= − (5);

(6)

e) Margem relativa do atacadista (Ma’) 100 ) ( ' x Pa Pp Pa Ma= − (6);

2.3 Causalidade da transmissão de preços

Com o teste de causalidade tentaremos desenvolver alguma evidência empírica de uma barganha entre produtores, atacadistas e varejistas da cadeia produtiva do abacaxi no Estado do Rio de Janeiro para o período janeiro de 2001 a julho de 2004. Para tanto, procuramos desenvolver testes de causalidade de Granger entre os preços do produtor, atacado e varejo.

Uma análise de regressão pura e simples entre duas variáveis não implica causalidade. Como afirma Carneiro (1996), uma relação estatística entre duas ou mais variáveis nunca pode estabelecer uma relação causal entre elas. A relação de causalidade deve-se originar de fora da estatística, baseando-se fundamentalmente em alguma teoria já estabelecida ou até mesmo no senso comum. Entretanto, estatisticamente se faz possível identificar uma relação de causa e efeito entre variáveis X e Y quando existe uma relação de precedência temporal entre as duas variáveis. Dessa forma, são sinônimos, no sentido estatístico, precedência temporal e causalidade.

O teste de causalidade de Granger assume que “o futuro não pode causar o passado nem o presente”. Entretanto, podemos dizer que a série X precede Y, ou Y precede X, ou há bicausalidade entre X e Y. É isso o que o teste de Granger faz.

Uma hipótese básica de Granger é que a informação relevante para a predição das variáveis X e Y está contida exclusivamente nas séries de tempo dessas variáveis. O procedimento adotado é testar se os valores defasados de Y melhoram ou não (ou seja, são conjuntamente diferentes de zero) a regressão de X contra suas defasagens.

O teste de causalidade é feito entre: produtor e atacado; produtor e varejo; e varejo e atacado. Supondo, como exemplo, o teste entre produtor e atacado, as equações a serem estimadas são: T Pa Pa Pa Pp Pp Pp Ppt =

α

10+

α

11 t−1+

α

12 t−2+...+

α

1m tm+

β

11 t−1+

β

12 t−2+...+

β

1m tm+

γ

1 (7); T Pp Pp Pp Pa Pa Pa Pat =

α

20+

α

21 t−1+

α

22 t−2+...+

α

2m tm+

β

21 t−1+

β

22 t−2+...+

β

2m tm+

γ

2 (8); Em que:

Ppt = preço em nível de produtor no mês t; Pat = preço em nível de atacado no mês t; T = variável tendência;

γ e β ,

α são os parâmetros a serem estimados nas equações;

Com as equações estimadas, o sentido de causalidade é verificado, mediante o teste F, em nível de significância de 5%, que consiste em testar as seguintes hipóteses:

(7)

Hipótese 1) Ho: β11 =β12 =...=β1n =o (na equação 7) Ha:não Ho

Hipótese 2) Ho:β21 =β22 =...=β2n =0 (na equação 8) Ha:não Ho

O teste é feito por meio da estatística F, aplicando-se a seguinte fórmula:

q) (n SQRu p) (q SQRu) (SQRr F − − − = (9). Em que:

SQRr = soma dos quadrados dos resíduos da regressão com restrição, isto é, incluindo apenas a variável presente e as 12 variáveis passadas;

SQRu = a soma dos quadrados dos resíduos da regressão sem restrição; q = o número de parâmetros, estimados na regressão sem restrição; p = o número de parâmetros, estimados na regressão com restrição; n = número total de observações.

Se a hipótese para a equação (9) for rejeitada, e a da equação (10) não o for, têm-se condições necessárias e suficientes para estabelecer causalidade de Pa para Pp (Pa → Pp). Caso ocorresse o contrário, ou seja, não fosse rejeitada a hipótese para a equação (9), e fosse rejeitada para a (10), o sentido da causalidade seria de Pp para Pa (Pp → Pa). A rejeição das duas hipóteses, da equação (9) e da equação (10), indicaria uma relação bi-causal. Caso ambas as hipóteses, para (9) e (10), não fossem rejeitadas, haveria ausência de causalidade entre as variáveis Pp e Pa. Este mesmo procedimento de análise de causalidade vale nos testes envolvendo os demais níveis de mercado.

2.4 Elasticidade de transmissão de preços

A elasticidade de transmissão de preços mostra em que percentagem varia o preço num nível de mercado, quando ocorre uma variação de 1% no preço em outro nível de mercado (Aguiar et al., 1993).

Diante da constatação, por parte de diversos estudos, da importância do atacado na formação de preços de produtos hortifrutícolas, utiliza-se como referência o modelo de Barros (1990):

a) Os preços em nível de atacado ajustam-se instantaneamente, de acordo com o excesso de demanda, em conseqüência das três condições levantadas por Eckstein e Fromm (1968): ¾ O custo de mudança de preço é negligível, por serem as vendas centralizadas em local e

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¾ A freqüência de transações é elevada, de forma que compradores e vendedores mantêm-se em comunicação, possibilitando o entendimento mais ou menos contínuo acerca de alterações de preços;

¾ São grandes as perdas por deixar de efetuar uma transação, devido à perecibilidade e aos grandes volumes negociados.

b) Para o nível de varejo e produtor as transações ocorrem de forma descentralizada e defasada em relação às transações ao atacado, de forma que as modificações de preço processam-se por meio de ajustes parciais.

Admite-se que o varejo promove ajustes parciais para atingir o seu markup, um preço-meta. Este preço é estipulado pelo varejista, baseando-se na sua estrutura de custos, e seria cobrado de imediato, caso ele tivesse certeza de que a variação de preço verificado no atacado fosse de caráter permanente. Porém, a incerteza com relação a este caráter leva o varejista a proceder ao ajuste de preço gradativamente, até atingir o preço-meta. O ajuste gradativo é feito para evitar um impacto maior sobre o consumo.

A curto prazo, admite-se que as funções de produção de serviços de comercialização apresentam coeficientes fixos, tanto no atacado, quanto no varejo, tal que:

V = min {A/b1, Z/b2} A = min {P/c1, X/c2}

Em que:

V, A e P são quantidades, comercializadas do produto ao varejo, ao atacado e ao produtor, respectivamente Z e X são quantidades de insumos de comercialização, usadas no varejo e no atacado, respectivamente bi e ci (i = 1 e 2) são coeficientes técnicos de produção.

A demanda de varejo (Vtd) é uma função linear do preço corrente ao varejo (Pvt):

Vtd =q0 + q1 Pvt q1 < 0 (10);

Os agentes varejistas estabelecem seus preços-meta (Pvt*) de acordo com:

(Pvt*) = b1 Pat + b2 Pzt (11);

Em que:

Pat e Pzt são preços do produto ao atacado e do insumo de comercialização do varejo, respectivamente. Este "preço-meta" corresponde à maximização do lucro para mercado competitivo, retornos constantes à escala e à função de produção de coeficientes fixos.

O ajustamento de preço no varejo processa-se da seguinte maneira:

Pvt – Pvt – 1 = α (Pvt* - Pvt – 1) 0 < α < 1 (12);

Em que:

Pvt – 1 é o preço ao varejo, no período anterior.

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Pat – Pat – 1 = δ (Atd – Ats) δ >0 (13); Em que:

Pat – 1 é o preço ao atacado, no período anterior; Atd é a demanda ao atacado; Ats é a oferta ao atacado.

A demanda ao atacado é obtida pela conversão da demanda ao varejo (Vtd), observada no período anterior:

Atd = b1 Vtd (14);

A oferta ao atacado (Ats) é obtida por conversão da oferta ao produtor (Pts):

(Ats) = Pts / c1 (15);

A oferta ao produtor é uma função linear do preço, recebido no período anterior:

Pts = γ0 + γ0 Ppt–1 γ > 0 (16);

Em que:

Ppt–1 é o preço ao produtor, no período anterior.

O preço-meta ao produtor (Ppt *), ou seja, o valor para o qual o preço ao produtor caminha, caso a causa da mudança de preço (ao atacado) permaneça, é estabelecido segundo:

(Ppt *) = Pat – c2Pxt (17);

c1

Em que:

Pxt é o preço do insumo de comercialização do atacadista.

No curto prazo, o ajustamento do preço ao produtor dá-se de acordo com a expressão:

Ppt – Ppt–1 = β (Ppt * - Ppt–1) 0 < β < 1 (18);

A seguir, substituindo os preços-meta Pvt * em (10) e Ppt * em (16) por seus respectivos valores,

dados nas equações (09) e (15), obtêm-se as equações de transmissão de preços do varejo (17) e do produtor (18), a serem estimadas:

Pvt = (1 – α) Pvt–1 + α b1 Pat + α b2 Pzt (19);

Ppt = (1 – β) Ppt–1 + β Pat + β c2 Pxt (20);

(10)

Busca-se então mensurar a transmissão de preços, estimando-se as equações (19) e (20). As elasticidades de transmissão de preços serão calculadas em termos parciais (de curto prazo – dentro do mesmo mês da variação) e totais (de longo prazo – período necessário para que o ajustamento total ocorra), sendo dadas pelas expressões apresentadas no Quadro 1, a seguir, juntamente com o número de meses para que ocorra 95% do ajustamento total.

Tabela 3. Expressões das elasticidades de transmissão de preços de curto e longo prazos e período para 95% do ajustamento total do modelo de Barros (1990)

Níveis envolvidos Elasticidade curto

prazo Elasticidade longo prazo Nº de meses para 95% do ajustamento total atacado-varejo εPvPa = αb1 Pa Pv ηPvPa = b1 Pa Pv n(19) = ln (0,05) ln(1 – α) atacado-produtor εPpPa = β Pa c1 Pp ηPpPa = 1 Pa c1 Pp n(20) = ln (0,05) ln(1 – β) 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Margens de comercialização do abacaxi

A eficiência da comercialização, em parte, pode ser avaliada através das margens de comercialização. Outros fatores devem, entretanto, ser levados em conta para uma avaliação mais precisa como os custos e os serviços prestados. Para essas margens, fatores como custos e serviços, não foram retirados dos valores reais praticados mensalmente, dessa forma apresentaram uma supervalorização das margens (Figura 1).

O tamanho das margens, por si mesmo, não permite inferir a maior ou menor eficiência de um ou outro setor, mas pode dar sim uma idéia do comportamento ao longo dos anos. A Figura 9 exibe a representação gráfica das margens de comercialização.

(11)

0% 20% 40% 60% 80% 100% 2001 01 2001 02 2001 03 2001 04 2001 05 2001 06 2001 07 2001 08 2001 09 2001 10 2001 11 2001 12 2002 01 2002 02 2002 03 2002 04 2002 05 2002 06 2002 07 2002 08 2002 09 2002 10 2002 11 2002 12 2003 01 2003 02 2003 03 2003 04 2003 05 2003 06 2003 07 2003 08 2003 09 2003 10 2003 11 2003 12 2004 01 2004 02 2004 03 2004 04 2004 05 2004 06 2004 07 MCA MCV PP

Figura 1. Margens de comercialização, do atacado (MCA) e do varejo (MCV), e preços pagos aos produtores (PP) no período de janeiro de 2001 a julho de 2004.

Os preços pagos aos produtores ao longo dos anos apresentaram uma média de 32,99%, com desvio padrão em torno de 5,78%; a média das margens dos atacadistas ficou em 27,12%, com desvio padrão de 13,53%. Na análise da figura está nítido o crescimento da margem de comercialização por parte dos atacadistas, este aumento pode ser explicado em parte, com o aumento nos custos de comercialização para os atacadistas, que tem como fatores mais consideráveis o aumento no custo do frete e da mão-de-obra, utilizada para operacionalizar este setor. O que pode ser visualizado também é que nos períodos de menor produção no Estado do Rio de Janeiro, que são os meses de março, abril, maio, e junho, a margem dos atacadistas aumenta, devido o aumento do custo de transporte, pois o abacaxi vem de outros Estados, e esse custo é repassado diretamente no preço de comercialização.

Na análise das margens dos varejistas, constatou-se que a média ficou em 39,41%, com desvio padrão de 11,32%. De certa forma o que se verifica é um comportamento contrário ao do atacado, pois quando a margem do atacado aumenta a do varejo diminui, ou seja, as maiores margens estão justamente no período de safra do Estado.

Fazem-se necessárias algumas ponderações antes de concluir o assunto margens de comercialização. Primeiramente, deve-se considerar que as séries de preços utilizadas não refletem os preços de uma mesma fonte de coleta de dados, para os preços ao produtor foram utilizados os preços coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e para o os preços referentes ao atacado e varejo foram utilizados os preços coletados pela Fundação Getúlio Vargas. Assim, podem ocorrer erros em função de o abacaxi poder ter preços diferentes devido a origem dos dados. A segunda observação está relacionada com a equivalência do produto, ou seja, não foram consideradas perdas no percurso, desde o produtor até o consumidor final. Portanto, os valores de margens encontrados estão super dimensionados. Porém estes problemas não comprometem a precisão das análises.

3.2 Causalidade da transmissão de preços

Os resultados apresentados na Tabela 4 indicam que, em geral, o sentido de causalidade predominante é do atacado para os demais níveis. Resultados semelhantes foram observados por Barros (1990), para banana, batata-inglesa, cebola e tomate, no Estado de São Paulo, por Barros & Martines-Filho (1987), para laranja, banana e outros produtos, também para o Estado de São

(12)

Paulo, e por Alves e Aguiar (1996), para abacaxi, banana e laranja para o Estado de Minas Gerais. Os testes de causalidade foram feitos com um nível de significância de 5 e 10%.

Tabela 4. Teste de causalidade entre os preços de abacaxi, em níveis de produtor (Pp), atacado

(Pa) e varejo (Pv), no Rio de Janeiro, no período de janeiro/2001 a julho/2004

Variável Independente Variável Dependente Número de Defasagens Número de Observações Teste de Freqüência Pp Pa 08 35 0,65NS Pa Pp 08 35 2,69** Pp Pv 08 35 1,21NS Pv Pp 08 35 3,18** Pv Pa 08 35 1,55NS Pa Pv 08 35 2,18* *

Significativo, a 10%; **Significativo 5% NS Não-significativo.

Como pode-se averiguar, o atacado é o nível de mercado onde predominantemente se originam as oscilações de preços por esse nível possuir maior acesso à informação, já que os atacadistas trabalham com poucos produtos e comercializam grandes quantidades, além do custo de mudança de preço no atacado ser muito menor que nos outros níveis de mercado.

3.3 Elasticidade de transmissão de preços

A Tabela 5 apresenta os resultados das estimativas das equações (09) e (10). Observa-se que os coeficientes dos preços foram todos significativos.

Tabela 5. Equações de transmissão de preços do abacaxi, no período de janeiro/2001 a julho/20041 Var. Independentes Equação Estimada Variável Dependente Pv v – 1 Pp t – 1 Pa t r2 (37) Pv t 0,863449 (12,00) * – 0,215438 (1,93) ** 0,51 (38) Ppt – 0.911880 (19.74)* 0.067501 (1.742)** 0,73 1

Entre parênteses estão os dados da estatística t. ** significativo a 1% para o teste t. * significativo a 5% para o teste t. NS Não significativo

As equações de transmissão de preços são importantes, porque, a partir delas, é possível estimar as elasticidades de transmissão de preços. A Tabela 6, a seguir, apresenta as elasticidades de transmissão de preços e os períodos de tempo, em meses, necessários para que ocorram 95% dos ajustamentos dos preços, em nível de varejo e de produtor, em decorrência de uma variação dos preços em nível de atacado.

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Tabela 6. Estimativa das elasticidades de transmissão de preços de curto prazo e de longo prazo para o maracujá Atacado/Produtor Atacado/varejo Curto Prazo 0,12 0,13 Longo Prazo 1,37 0,94 Meses 32,7 20,3

Fonte: Resultados da pesquisa

Os resultados registrados mostram que as variações de preços em nível de atacado estariam sendo transmitidas para o varejo menos do que proporcionalmente, em um primeiro momento, e proporcionalmente, no longo prazo. O prazo em meses para repassar 95% do valor ajustado faz-se por completo em 20,3 meses, esse pode ser considerado um prazo bem longo, mas quando testado em menor percentagem de ajuste o mesmo caiu consideravelmente no tempo de ajuste. Para o atacado e o produtor, as variações são transmitidas para o produtor em um primeiro momento menos que o proporcional; já para longo prazo este repasse se faz mais que proporcionalmente apresentando de certa forma uma certa margem sobre o ajuste real.

4. CONCLUSÕES

O mercado atacadista apresenta liderança na transmissão de preços em relação aos demais níveis de mercado, em função do crescimento de suas margens. Dessa forma o acesso às informações de mercado parece ser o fator fundamental na explicação da liderança de preço do atacado.

O nível de varejo, que aparentemente estabelece seus preços por markup, tem diminuído sua remuneração absoluta, no mercado de abacaxi. Assim, alguma ineficiência de poder de mercado, está afetando o mercado varejista de abacaxi.

Por outro lado, o produtor de abacaxi da Região Norte Fluminense apresenta perdas bem representativas, quanto aos preços recebidos, possivelmente em função de ausência de crescimento em produtividade, o que poderia reduzir os custos de produção e aumentar as receitas.

Em adição o mercado do abacaxi tem apresentado ajuste de preços relativamente longos e em magnitude fora do que se esperava teoricamente. A atuação do atacado merece preocupação sob a visão política. Devem ser tomadas medidas que aumentem a competitividade, reduzindo o poder de mercado e aumentando a produtividade do atacado. Tais medidas podem tornar os mercados do abacaxi mais eficientes. Da mesma forma, medidas que facilitem o acesso à informação e aumentem o poder de barganha dos produtores podem melhorar as condições de renda deste setor.

Os resultados deste trabalho fornecem indicações aos produtores de abacaxi, sobre as épocas de melhores preços de venda, permitindo um planejamento racional da produção e comercialização do produto. Essas informações também podem ser úteis à indústria de processamento para planejar melhor as suas compras e ao governo para adotar políticas de abastecimento que regulem o suprimento e estabilizem os preços.

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